Entre o Amor e o Ódio escrita por Sophie Swan


Capítulo 15
15. Caindo na estrada




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Ao passar por aquele portão, ao ligar aquele carro, eu olhei, olhei pela ultima vez a linda casa em que passei um ano da minha vida.

Eu estava em casa procurando algo para comer no armário quando o telefone tocou. Corri até a sala e o atendi.

- Alô?

- Boa tarde, eu poderia falar com o Edward, é do trabalho dele.

-... Ele não está no momento... Que deixar algum recado?

- Ah, sim. Diga que ele tem reunião às três horas.

- Ok.

Desliguei o telefone assim que a mulher disse um "Tchau". Fui até o escritório de Edward  e me sentei na cadeira em frente ao computador dele. Abri a primeira gaveta em busca de papel e caneta. Quando eu abri vi um bolo de papéis, peguei alguns deles procurando por um em branco quando um me chamou a atenção. Levantei-me da cadeira e comecei a ler. Levei um choque ao ver do que se tratava. No papel dizia que a uma empresa era do meu pai; e que ela estava sob os cuidados de Edward  assim como a herança que minha mãe deixou para mim até que eu completasse 18 anos.

Guardei todos os papéis na gaveta apenas separando o que eu havia acabado de ler.

- Não é possível... Como eu nunca soube disso? Esse dinheiro todo estava parado no banco esse tempo todo? E essa empresa? Quem a estava dirigindo todo esse tempo?

Sai do escritório e fui até o meu quarto. Coloquei o papel em cima da cama e fui até o banheiro lavar o meu rosto.

- Não, Edward não faria isso comigo... - Falei me olhando no espelho.

[...]

Eu estava sentada no sofá, esperando Edward voltar, já era de noite. Eu já estava ficando meio preocupada, o celular dele só dava caixa postal e ele não estava no trabalho. Ouvi um barulho na porta e meu coração acelerou.

Eu o vi entrar pela porta com uma mulher, ela o abraçava. Ela era morena, alta e muito mais bonita do que eu. Devia ter uns 22 anos, por ai. Ela o beijou e eu paralisei naquele momento.  

- Bella, eu quero te apresentar uma pessoa... Essa é a Kelly, Kelly essa é a Bella. 

Eu não falei nada, apenas me retirei da sala, subindo as escadas e me tranquei no meu quarto.

Já no meu quarto olhei para aquele papel idiota. Eu não chorei, eu não ia chorar. Eu sabia que um dia ia acabar acontecendo isso... Afinal, eu sou apenas uma adolescente de dezessete anos, que está prestes a fazer dezoito. Não sou como a Kelly. 

Fiquei apenas sentada na cama observando o céu enquanto ouvia um murmurinho vindo da sala, até que ele se cessou. Depois de algumas horas resolvi sair do quarto, desci as escadas e encontrei-o sentado no sofá, com um copo na mão, logo identifiquei o líquido que estava no copo. Vodca.

Assim que ele me viu se levantou.

- Bella, eu juro que tentei te contar... Eu tentei...

- Não me importa mais nada nesse momento, eu só quero saber a verdade - Eu falei decididamente.

- Eu estava te traindo com a Kelly....

- A quanto tempo?

- Desde... Desde... Lembra-se daquele dia, das tatuagens? Comecei a namorar ficar com ela dois dias antes. 

- E isso? Como você explica? - Perguntei jogando o documento da minha herança em cima dele.

- Como você descobriu isso?

- Isso não importa! Eu quero saber a verdade.

- Eu ia te falar Bella, eu juro que ia te falar...

- Quando?

- Amanhã... - Ele falou gaguejando. 

Naquele momento eu soube que ele estava inventando, ele não ia me contar. Mas, a troco de quê afinal? Por que ele fez isso, por quê? 

- Bella eu ia te contar...

     Eu não podia estar acreditando no que eu estava ouvindo nesse momento... As lágrimas escorriam pelo meu rosto. As enxuguei com pressa, tentando demonstrar sinal de fraqueza. Olhei para ele friamente, e o encarei com a leveza e seriedade de uma mulher adulta, e não com as lágrimas de uma criança...

O teto desabou sob mim... O meu mundo caiu. Todas as lembranças voltaram, como se eu tivesse saindo de um conto de fadas e voltado para a realidade...

O olhei profundamente e disse:

     - Eu me lembro de todas aquelas coisas malucas que você disse, você as deixou passando pela minha cabeça, você sempre estava lá, você estava em toda parte, todas aquelas coisas malucas que fizemos, não pensamos a respeito, apenas fomos na onda, você sempre estava lá, você estava em toda parte, fingindo, me enganando.

      "Pensei que aquelas tatuagens fossem algo, que representavam algo, mas para você... não representou nada! Mas que droga! Naquele dia que acordei no quintal com você ao meu lado e vi as tatuagens me passou várias coisas na minha cabeça, mas você me disse que não fazia importância, que não importava o que fizemos naquele dia, que as tatuagens eram apenas mais uma prova do nosso amor... Eu acreditei Edward, eu acreditei...

     "Todos os meses que se sucederam todos os dias, todos os momentos foram marcados com segredos. Você mentiu e me escondeu várias coisas Edward. Sinceramente, tenho pena agora de você. E não sei se conseguirei ficar aqui...

      Eu me afastei dele, como se ele tivesse uma doença contagiosa. Retirei-me da sala, subindo as escadas e entrando no quarto.

      A lembrança do dia em que descobri as tatuagens veio a minha mente.

    Eu estava com a mão tapando a minha boca, Edward levantou- se da grama resmungando algumas coisas incoerentes. Pergunto-me o que estávamos fazendo ali... Lembro de cada detalhe daquele dia...

Arrumei as minhas malas lentamente, deixando para trás os presentes de Edward e só colocando algumas fotos na mala. Peguei a chave do meu carro e olhei pela janela o jardim. Eu sentiria falta daquele local que ocupa boa parte das minhas lembranças. 

   Desci as escadas com as duas malas. Ele estava parado no meio da sala. Ele se virou para mim quando ouviu o barulho das malas. Nossos olhos se encontraram, e pela primeira vez eu não senti nada além do que mágoa.

   Continuei o meu caminho em direção á porta, a abri e coloquei a mala no quintal, voltando para pegar a outra que estava na sala. Quando eu estava passando por ele novamente ele me parou segurando o meu braço.

   - Bella... Por favor, fique.

   -Lembro-me de quando você me disse: Eu te amo.

   "Lembro-me de quando você disse:
   - Eu só quero que você me dê à certeza de que vou me arrepender amargamente do dia em que te fizer sofrer. - Estávamos abraçados em sua cama, depois de fazermos as pazes.
Eu o olhei desconfiada e falei: - Você não me faria sofrer... Faria?
E você só me dera ilusões, esperança quando me disse: Eu nunca magoaria você!

   "Tudo não passava de uma mentira, de uma força... Ele não me amava, ele mentiu para mim. Disse-me que me adotou porque gostou de mim, era tudo mentira...
   Olhei para o meu carro estacionado na calçada e depois desviei os meus olhos para Edward.
   - Você não me contou que eu tinha uma herança. Não me contou que minha mãe na verdade era rica. Não me contou que eu tinha uma empresa que eu herdara do meu pai. Apenas manteve a mentira.
   "Sempre vivi na simplicidade. Eu não sabia que os meus pais eram ricos, eles tinham uma casa simples, minha mãe adorava aquela casa. Seis anos e esqueci a sua fisionomia, seis anos e esqueci a sua voz. Seis anos se passaram e eu não lembro mais da minha família... Do meu irmão, da minha mãe e do meu pai. A minha única família.
   "Parabéns, você rompeu o casulo que eu havia feito, justamente para me proteger de pessoas como você, alimentando as minhas esperanças, e destruindo a única coisa que me restava, a sanidade.
   "Você o rompeu, e me fez enxergar o mundo lá fora. Ele se foi e agora não o tenho mais como proteção. Agora e só eu e o mundo lá fora, sem nada para me proteger.
   "Foi mágico aquele dia, o que houve entre nós dois, mas eu acordei e não te encontrei lá. Você me deu desculpas esfarrapadas e eu acreditei cega pela paixão que tomava o meu corpo. Você abriu os meus olhos quando a levou para casa. Eu não tive uma crise de choro, apenas me tranquei no quarto. E hoje eu abro a porta do meu quarto para escutar mais desculpas esfarrapadas, mas o que eu ouço é a verdade. A nua e crua verdade, aquela que rasga o meu coração em vários pedaçinhos pequeninos, que fez quebrar o encanto que você pôs sobre mim.
   "Olhe para os meus olhos, eu não sou a mesma. E quando eu olho para os seus, vejo: você não é a mesma pessoa de antes. Nosso relacionamento foi baseado em mentiras, em mentiras ditas por você.
   Soltei-me do seu aperto e sai de dentro da casa, passando pelo jardim peguei a minha outra mala e abri o portão.
   - Fique - ouço a sua voz e me viro em sua direção.
   - Eu não posso. Eu não posso fazer isso. Eu tenho que ir. Não agüentarei mais um minuto com você.
   Coloquei as malas no carro e entrei no carro.
   - Mas para onde você vai?
   O olhei e respondi: - Sei me virar muito bem sozinha.

Afastei as lembranças da minha mente e me concentrei na estrada a minha frente.


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