Sexo, Escola e Rock And Roll escrita por Fernanda Lima
Notas iniciais do capítulo
* Versão de Isabel Rigardi *
Um dia congelante, depois da geada. Cinco e quinze da manhã. Mochila pesada. Andar na rua sozinha.
Um dia comum na minha preciosa vida.
Depois de pegar múltiplos ônibus, acompanhados de engarrafamentos e chuva, cheguei à escola. Allen, Maria e Jack estavam na entrada, olhando para um quadro verde cheio de papéis coloridos.
- O que estão olhando?
Os três me ignoraram. Puxei o cabelo de Jack. Depois de alguns segundos, sua cabeça girou roboticamente para minha direção.
- B-bom d-ia. - Beijei-o delicadamente. Seus lábios estavam gélidos.
- A-ah, o-oi B-bel. - Allen voltou-se para mim.
- O-ohay-ou.
Eu tinha esquecido que meus amigos era uns friorentos frouxos.
- Se estão com tanto frio, por que não vão para a sala?
- A-ah. Estamos olhando o quadro de aniversários.
Encarei o quadro. Havia as divisões dos meses, com os aniversários das pessoas do ensino médio espalhados por eles. Vi nomes conhecidos. "Isabel Rigardi Agarelli - 13 de novembro". "Maria Yukai Kouto - 15 de dezembro". "Allen H. T. P. L. Johnson - 21 de agosto". "Jackson Ernest McMiller - 01 de janeiro". Mas o que mas me chamou a atenção foi o espaço daquele mês. "Sabrina Svarowski van Gerard - 25 de fevereiro".
- Quer dizer que a loira - Sim, ela evoluiu - faz aniversário hoje. - Observei.
- Pois é. Estávamos meio que pensando em uma coisa... - Os três voltaram-se para mim. Começamos a andar até a sala.
- Digam.
- Vamos levá-la para algum lugar. Já deve ter um tempo que ela não se diverte de verdade. - Maria tinha uma voz sincera.
Respirei fundo.
- Só se o Allen pagar.
- É claro que ele vai pagar. É o único que tem dinheiro aqui. - Olhamos para ele.
- Vocês só me dão prejuízo. Só porque moro no Centro não quer dizer que tenha dinheiro.
- Ah, não. Porque uma pessoa sem grana pode muito bem pagar por um apartamento de 300 m² que custa zilhões de reais, e porque todos podem ter uma Mercedes E uma BMW na garagem, com um motorista para cada uma. - Minha casa de férias, dona Yukai.
- Pra sua informação, despedimos o outro motorista. E era uma dos apartamentos mais baratos de lá, foi uns 2 milhões.
Fizemos questão de bater nele bem forte.
- Vocês que começaram! Idiotas.
- Então, para onde vamos levá-la? - Jack finalmente se manifestou.
- Pensei em irmos no Zefir's Armazens.
Allen adorava jogar na nossa cara que podia pagar 90 reais para comer no Zefir's.
- E será que ela vai aceitar? Pode ser aquele tipo de pessoa alérgica a burguesia. - Opinei.
Fizemos o mais simples. Fomos até ela, demos os parabéns e convidamos-na. Ainda bem que tínhamos a cara-de-pau da Maria para fazer esse tipo de coisa.
- O Zefir's não é aquele restaurante caro que fica no Centro?
Ela não sabia de nossa arma secreta. Empurramos Allen para sua frente. Ele sorriu e acenou.
- Pois é, eu que vou pagar por tudo.
Os olhos da loira se arregalaram sutilmente.
- Está brincando? Tem ideia de como aquele lugar é caro?
- Erm... na verdade, eu costumo almoçar lá toda semana... - Ele deu um sorrisinho amarelo.
- Pois é. Apesar de não parecer, esta coisa aqui tem uma continha milionária. - Maria se queimava de inveja. Sempre quis ser rica. Bom, eu também não reclamaria.
Ficamos em silêncio por um minuto.
- Mas se você tem tanto dinheiro, por que não estuda em uma escola melhor?
Grilos.
- Não sei. Estudo aqui desde que me entendo por gente. Essa escola é boa, apesar de ser pública. Costume, talvez.
- E está tudo bem para você pagar isso tudo num almoço para nós?
- Eu já falei com meu pai. Ele achou ótimo "ir a um local de qualidade com meus companheiros".
- Ah, sim. O pai de Allen tem ações em várias grandes empresas. Fora que é muito gostoso para alguém de 40 anos.
Tive uma crise de náuseas.
- Que nojo, Maria! Não se refira ao meu pai com adjetivos que uma garota usaria para definir o Jack. Eca...
- Tá chamando ele de gostoso, é? - Ela adorava fazê-lo sofrer. Ele corou e se irritou.
- Não, caramba. Eu só estou usando a opinião geral. - Realmente. Jack era muito gostoso. Mas esse não deveria ser o assunto principal.
- Sabe, eu continuo aqui. E Allen, obrigado pelo elogio. - Ele bagunçou o cabelo do baixinho, que ficou emburrado. Rimos.
- Ignore esses idiotas. Então, você topa ir? - Perguntei à loira, que nos observava com um olhar de interrogação.
- Olha, não sei se me sentiria confortável com você pagando por tudo... - Ela olhou para Allen.
- Se isso faz você se sentir melhor, parte do meu dinheiro vem do que você gasta no McDonald's.
Ela pensou por alguns instantes.
- Tudo bem, eu vou. Ahm, isso é quando?
- Hoje, naturalmente. - Respondi por todos, que concordaram através do silêncio. - Que tal irmos ao estúdio do seu namorado depois? Combinamos isso há alguns dias, então acho que está tudo bem, certo?
- Ah, claro. Se estiverem dispostos, tem uma casa de jogos aqui perto. Abre às 16 horas. Que tal irmos à noite?
Nos entreolhamos.
- ...Que tipo de casa de jogos é essa exatamente?
Ela riu com o olhar - já que sua expressão geral era, como sempre, indiferente.
- Não, não. Não é nada disso que vocês estão pensando. Acho que usei um termo antiquado. Quis dizer que é como um fliperama.
- Fliperama?! Eba, oba, vamos, vamos? Podemos?? - Algum casal de baixinhos estava bastante animado para jogar.
- Quietos. - Jack fez sua voz de Capone, e os dois se calaram. - A hora nos dirá se será possível, tudo bem? - Que formalismo.
- Capisci. - Não pude deixar de pensar em algo como "papéis invertidos". Parece que os outros também pensaram nisso.
- Você falando assim parece com a Bel quando chegou nessa escola. Falava que nem aquele pessoal de Passione.
Eram mesmo uns imbecis.
- Ah, claro. Porque dá para adquirir muito sotaque tendo vindo da Itália com 5 anos de idade.
- Pior que dá. Você tinha. Na verdade até hoje tem um pouco. - Allen riu.
- Ah, é mesmo. Você é italiana de nascença, não é, Isabel? Percebi que tinha um pouco de sotaque, mas não sabia de onde. Seu sobrenome também...
Ótimo. O papo era minha nacionalidade agora. O sobrenome dela era polonês/alemão/russo/[insira nacionalidade da Europa Oriental aqui], e nem por isso ela falava [insira idioma complicado aqui].
- Não sei como ela conseguia entender as aulas... E como fez tantos cursos logo que chegou aqui.
- Mas na idade dela estava bom para aprender.
Bem, já que era para saber da minha vida...
- Já que estão todos falando de mim, então vão escutar sobre mim. Isabel Rigardi Agarelli, nascida em Napoli, Italia, - Fiz questão de falar tudo em italiano. - no dia 13 de novembro de 1994. 1,65 m, 56 kg, minha comida favorita é Nhoque Bolognesa. Gosto de animês, e não vivo sem assistir Hetalia e Tsubasa Chronicle. Felizes agora, bando de stalkers?
Todos me olharam, sérios.
- Isso ficaria melhor num quadro de apresentações...
- Enfim, a aula vai começar. - Eles foram até seus lugares.
Idiotas... começavam a falar de mim e depois faziam isso.
Também fui até minha carteira. Até tal instante, tudo em seu devido lugar.
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Leitores, aproveito a apresentação de Isabel - feita por ela mesma - para fazer um mural de dados dos outros protagonistas. Não, não vou arranjar mais situações forçadas para fazer esse tipo de coisa...
Allen H.T.P.L. Johnson
Porto Alegre, RS - 21 de agosto de 1994. Podre de rico, o pai é um acionista sortudo. Por parecer com o Misaki de Junjou Romantica, frequentemente tem sua masculinidade testada. Consegue gostar muito de alguém e nunca demonstrar tudo o que sente. Tem 1,63 m de altura e pesa 57,5 kg. Sua comida favorita é lagosta à thermidor.
Maria Yukai Kouto
São Paulo, SP - 15 de dezembro de 1995. Nikkei, aprendeu japonês com seus familiares. Vive em uma família um tanto diferente - descobriremos mais depois, hehe. Sua comida predileta é anko-mochi*. Mede 1,58 m de altura e pesa 47 kg. Era sempre chamada de "anã", mas foi mais respeitada depois de revelar-se karateca experiente.
Jackson Ernest McMiller
Rio Branco, AC - 01 de janeiro de 1994. Loiro, alto e forte, parece muito com Cloud Strife, de Final Fantasy VII - Advent Children. É frequentemente alvo de brincadeiras por suas características peculiares, como ter nascido no ano novo, no Acre, e ainda por cima ser canhoto e não saber dobrar a língua - sendo chamado de "Darth Maul" e "Rei dos normais". Sua comida preferida é sopa de caranguejo. Tem 1,87 m de altura e pesa 85 kg.
Sabrina Svarowski van Gerard
São Paulo, SP - 25 de fevereiro de 1993. Apesar do nome, é descendente distante de poloneses e russos. Sempre teve uma vida extremamente difícil, e por conta disso, possui grande dificuldade nos estudos e nos relacionamentos com colegas de classe. No entanto, tem ótimos atributos físicos, toca vários instrumentos e canta muito bem. Mede 1,70 m e pesa 58 kg.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
* Bolinho de arroz recheado com anko - doce de feijão azuki.