Amigos - a Melhor Aliança escrita por camila_guime


Capítulo 7
Totalmente à flor da pele...


Notas iniciais do capítulo

Sem muito a dizer, apenas que espero que vocês
se lembrem da conversa no telefone do Alan e da discussão da Vi com o Stark...
Aqui vão sequências dessas duas partes...
Beijos!



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7.

Foi tudo um sonho. Um ridículo e imbecil sonho. Porém, algo continuou:

TAN! TAN! TAN!


***


Era alguém batendo à porta. Logo, um arrepio passou pela sua espinha.


― Oh, Deus! – Começou a pedir amedrontada, se erguendo do tapete. ― Eu juro que vou tomar juízo. Nunca mais vou ficar dando cantadas pra qualquer gato que me interessar. Eu não flerto mais. Eu nunca mais quero saber de playboy, mesmo que ele seja totalmente hot. Por favor, por favor, que não seja ele... – Ela pediu enquanto ia até onde alguém batia insistentemente.


Fechou os olhos, rente à porta. E se seu sonho tivesse sido uma premonição? E se Stark entrasse ali naquele momento e, depois, magicamente, se transformasse naquele francês inútil que a deixou?


“@#¨$%#!” – Ela insultava mentalmente.


Girou a maçaneta levemente, de olhos fechados e sentiu a porta sendo aberta. Agitada, gritou em desespero:


― Não! Eu não quero saber o que você quer! Não me beija! – Berrou escandalosamente protegendo o rosto com os braços.


Ficou estática e, por um momento, não ouviu nada. Porém, segundos depois, alguém se estourava de rir. Vickie abriu os olhos devagar e a reconheceu:


― Ah! É você!


― Relaxa sua louca! Eu não sou tarada por você não! – Rachel disse gargalhando.


Vickie sentiu seu rosto esquentar e uma raiva súbita a atingiu: fora ridiculamente idiota.


― Eu não acredito que é você! – Rugiu a loira puxando a amiga pra dentro do quarto, fechando a porta à chave em seguida.


Rachel ainda tentava parar de rir.


― Eu é não acredito no que ouvi! O que foi? Esperava que fosse outra pessoa? Alguém que abrisse a porta e te lascasse um chupão! – Rachel gargalhou.


― Claro que não! – Vickie exclamou indignada.


― Ah, que bom... Por um momento pensei que você estava esperando o Stark!


― Pô, Rachel! Para de graça. Nem pense nisso! – A loira passou a mão no cabelo exasperada e depois foi abrir as janelas. O sonho havia sido tão real que ela estava até vestida da mesma forma.


― Fala aí, sua maluca, o que aconteceu? Que bicho te mordeu? Ou foi alguém? – Rachel continuou.


― HAHA, hilariante, minha amiga! – Vickie desdenhou. ― Mas por que você não avisou logo que era você!


― Ah, e eu lá sabia que você estava esperando um ataque desses?


Rachel recebeu um olhar quase assassino de Vickie e calou a boca.


― É que eu tive um sonh... Um PESADELO! E foi tão real que poderia ser um presságio...


Vickie contou a Rachel o que aconteceu.


― E então? – Perguntou apreensiva à amiga.


Rachel estava com os olhos vidrados nos de Vickie, uma expressão imaculada, totalmente insondável. Quando menos se esperava, a morena então explodiu:


― Amiga, sinceramente você precisa de terapia urgente! Venha, deite aqui. Doutora Rachel a seu dispor! – Falou dando palminhas no travesseiro.


Noutras circunstâncias, Vickie teria estourado, mas naquele momento, achou que não podia se dar ao luxo de perder uma oportunidade boa dessas. Deitou-se com um travesseiro fofo e Rachel começou;


­­—Vejamos: você sonhou com uma jogada boa do nosso amigo Stark, mas terminou frustrada por que era o outro garoto?


— Não. Frustrada não. Só... Assustada.


— Entendo... Então isso quer dizer que o francesinho te incomoda.


— Incomodar é forte demais, prefiro dizer que ele me meche um pouco.


— Ok. Mas, até então eu só não entendi uma coisa... – Rachel olhou fixamente os olhos da amiga.


— O que? Pode perguntar.


— Por que o Stark apareceu? Quer dizer... Como, entre todos os rapazes que nós conhecemos, tinha que ser justamente ele?


Pela primeira vez não havia pretensão no tom de Rachel sobre esse assunto, era uma dúvida sincera, que talvez ajudasse realmente. Vickie, por sua vez, percebeu que sabia a resposta tanto quanto entendia trigonometria, ou seja: nada. Rae prosseguiu:


— Por acaso, você já parou pra considerar que talvez, só talvez, você sinta... Quer dizer, você não se... Sabe, o Stark é um cara...


— Rae, não! – Vickie disse em tom dócil. — Não tem como ser isso. O cara é um bobalhão e, no fundo, no fundo, me sinto mal quando estou perto dele...


Rachel se assustou com a declaração tão sincera. O tom da loira saiu derrotado.


— Mal? Como assim?


— É simples: ele é terrível. Stark é divertido, mas é galinha. Ele é amigo, mas nada sensível. Ele pode até ser companheiro, mas não sabe ser a boia salva-vidas no meio do mar, sabe? Perto dele eu posso chorar de rir, mas na mesma proporção, posso simplesmente chorar. Ele me faz sentir triste. Sempre está à frente, inabalável, inatingível. Posso ser louca e totalmente sem noção, mas sou totalmente à flor da pele, e perto dele, me sinto vulnerável a feridas...


Rachel ficou calada como uma lápide enquanto Vickie desabafava. Nunca ela falara tão sensível e séria. Talvez apenas quando fala com seus pais. Ela também dificilmente para e se abre assim. Esses momentos são largos e raros. Rae pelo menos percebeu uma coisa: Vickie está mais exposta do que ela imaginara. Seja lá o que tenha acontecido entre ela e o tal francês, isso só a deixou ultra-sensível.


— Vi... Eu não tinha ideia... – Rae disse realmente tocada. Sua amiga tinha os olhos molhados, onde lágrimas estavam sendo engolidas à força. — Stark realmente é imaturo, mas, pense por esse lado: nada que ele faz é por mal.


— Mas, caramba, ele bem que poderia não ser tão irritante assim! Parece que ele é incapaz de notar que um amigo do seu lado está triste. Ele continua todo palhação enquanto o outro não está nem aí pra isso! Odeio me sentir pior, e é assim que ele está me deixando...


— Mas Vickie, você também não pode jogar a culpa de sua amargura na alegria dele, né? – Rachel falou num tom doce, porém, Vickie só reparou no sentido da frase, ficando assustada.


— Ele me disse isso. – Admitiu cansada.


— O que? Como assim? Ele soube do...


— Não. Eu não contei isso pra ele. Foi tudo numa... Discussão que tivemos. De alguma forma ele disse algo sobre eu não ter o direito de jogar a culpa de outro sobre ele...


— Explica direito.


— Antes de cairmos no lago, nós dois brigamos. Foi feio e eu falei coisas más dele. Mas depois que ele disse a mesma coisa que você acabou de dizer, eu meio que caí na real. E, como sempre, ele ignorou a tristeza e inventou de se arriscar comigo, nos metendo naquele lago... - Vickie rolou os olhos.


— Mas então vocês ficaram de bem?


— Pelo menos ele acha... O problema é que não me deixa nada feliz que ele fuja da tristeza maquiando-a com um momento de palhaçada. Por que, depois, quando ele sai, eu caio de novo... Pode me chamar de egoísta, mas... A espontânea alegria dele faz eu me sentir mais triste...


Era esse o ponto: ver Stark feliz enquanto Vickie está triste. Mas, para ela havia uma boa razão para isso. Eles são a dupla mais engraçada e maluca do grupo, e de certa forma eles têm uma parceria nisso e, “é totalmente ruim quando uma parte desta parceria está quebrada e a outra parece nem notar!”. Se ao menos ele se tocasse disso...


Rachel abraçou a amiga enquanto esta deixava escorrer algumas lágrimas silenciosas que não se conteram nos olhos. Vickie estava naquele momento arrasada como uma cidade desfeita por um vendaval francês, e ela sabia que nada mais além do tempo poderia reconstituí-la, por isso, agradeceu mentalmente por Rachel não ter dito mais nada, nada clichê que, com certeza, não faria efeito algum.


***


Alan estava descendo no elevador enquanto enrolava as mangas da camisa na altura dos cotovelos. Guardara a chave do quarto no bolso e a de sua moto levava na mão, assim como o capacete. Tinha apenas dezessete anos, não podendo dirigir ainda, mas, de toda forma, ele podia... (Bem, entenderão mais para frente).


Tudo que ele queria: chegar à saída sem nenhum contratempo. Para isso, o que ele não queria: esbarrar com algum de seus amigos no caminho (obviamente com ênfase em uma em especial: Rachel).


Alan tinha praticamente certeza de que ela não o entenderia. Rachel pode fazer parte do grupo mais sem noção de toda a escola, mas ela era a salvadora de todos eles. Na verdade, ela e ele eram considerados os únicos que tinham a cabeça no lugar, porém, ultimamente, este título estava o fazendo se sentir culpado. Odiava enrolar seus amigos e queria sinceramente poder contar para eles, e contar com eles. Mas não estava a fim de arriscar.


Por outro lado, não havia mal nenhum. Ele tem suas coisas, e isso não tem como interferir nas suas amizades. Não deve afetar ninguém. E Rachel poderia ter um pouco mais de fé nele!


Contrapondo e rebatendo a si próprio, Alan suspirou menos tenso quando chegou à portaria da pousada, ileso e despercebido como queria.


— Como vai? – Cumprimentou o porteiro.


Alan acenou cortesmente de volta. No estacionamento, um homem sobre uma YBR125 prateada acenou um OK para Alan que, inconscientemente, ergueu um canto dos lábios num sorriso aliviado. Caminhou até perto do tal sujeito.


— Seja feita sua vontade... – O cara disse ironicamente, mas em tom divertido. Era o mesmo da discussão ao telefone. Pelo visto, o sujeito havia cedido à vontade de Alan.


Ambos apertaram as mãos. Alan pareceu instantaneamente satisfeito.


— Só preciso voltar antes das sete. – Anunciou.


— Voltará. É só fazer o seu melhor.


— Como sempre. – O garoto finalizou com um sorriso garboso no rosto. Pegou seu capacete e se dirigiu até sua Harley.


O sujeito da YBR 125 acelerou primeiro e saiu na frente. Alan deslizou com destreza pelas pedras do estacionamento até discorrer na pista fora da pousada, sumindo rua afora.

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Notas finais do capítulo

E AGORA?
CURIOSOS...???
ah, eu não!
*.-
aushauhs (zoando)
Até logo gentemmm!!!!

Mila.



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