Remember Yesterday escrita por Shaarp


Capítulo 13
Capítulo 13 - Razorblade Kiss


Notas iniciais do capítulo

Bom, vou pedir de novo desculpas pela formatação, nao consigo mudar isso, quando posto no site a fonte fica tamanho 20 .-.Então pegue seus oculos ou afaste o monitor e enjoy



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Razorblade Kiss

Katherine Casay.

Bam havia inventado a desculpa perfeita: Fiquei bêbada de mais, saí para andar e dormi nos bancos do jardim de entrada. Após Bam sair do quarto, eu e Ville nos fitamos por alguns segundos e começamos a rir descontroladamente, nos abraçamos e nos beijamos.

_Vamos tomar um banho, sweetheart? Aí você sai daqui limpinha e já vai pro seu quarto. –Ville me sorria amavelmente.

         Enchemos a banheira com água morna e tomamos banho, contando piadas e brincando com a água. Tudo parece perfeito de mais para se acreditar. Ville me entendia, entedia minha timidez por tentar cobrir o corpo, percebera que estava tensa, e então pulara por cima de mim, espalhando água e espuma por todo o pequeno banheiro branco, me fizera cócegas e me mandara parar de ter vergonha.

_Afinal, eu já vi isso tudo. –Me sorriu safado. –Me deixe ver de novo agora, na luz do dia.

         Eu corei e tirei as mãos que cobriam meus peitos, Ville estava em cima de mim, sorriu e me beijou delicadamente.

_Você não deve ter vergonha, somos namorados agora, lembra darling?

E então gargalhamos juntos novamente, mais água caía para fora da banheira. Parecíamos apenas bons amigos, tirando o fato de estarmos tomando banho, nus, depois de uma noite de sexo.          

        

         Troquei-me rapidamente, Ville me emprestara uma de suas cuecas, ele era tão magro que nossas cinturas eram quase da mesma largura. O que era certamente bizarro, do jeito que eu gostava.

_Eu saio primeiro, vejo se não tem ninguém no corredor, e então você vem logo atrás. –Ele me dizia sorrindo –Se alguém aparecer, já sabe o que dizer, não?

_Sim, você me encontrou no jardim, já sei. –Lhe sorri meigamente.

         Ninguém apareceu no corredor, descemos o elevador juntos, fingindo que aquele era apenas um amanhecer comum, caso alguém aparecesse. Ville de um lado do cubículo, eu de outro, nos olhávamos às vezes, e riamos enquanto o elevador enguiçado funcionava lentamente. Parei no meu andar, Ville seguiu seu rumo até a sala de jantar.

         Vai e vem; Vai e vem; Deitei na cama e fechei meus olhos ainda sentindo seu corpo próximo ao meu, seu cheiro forte e cítrico de colônia masculina. Suas mãos suaves tocando meu corpo com habilidade. Seus olhos famintos. Troquei de roupa para parecer que havia tomado banho em meu quarto, sorrindo e cantarolando aquele trecho que nunca me saiu da cabeça.

         You are my heaven tonight.

         I’m Love with you.

         You are my heaven tonight.

         I’m Love with you.

         Desci o elevador com pressa, batendo o pé no chão impaciente. Não via à hora de pegar Bert de canto e terminar tudo aquilo. Eu sabia o que queria agora. Cheguei na sala de jantar, poucas pessoas estavam almoçando, se espantaram ao me ver. Mano! Você dormiu no jardim? Mesmo? O Bam contou que te achou e te levou pro seu quarto. Você vai pegar um resfriado desse jeito, Katie. É, eu sei, chapei de mais, mas estou legal agora, tomei um banho quente, estou com fome...

         Fui até a cozinha com os passos apressados e tentando segurar o riso, não estava com fome na verdade, peguei um prato rapidamente e me dirigi ao self-service e lá estava Ville, também se servindo. Trocamos sorrisos e continuamos mudos, o garoto então aproveitara o momento para largar seu prato na pequena mesa de canto, veio até mim e puxou meu braço carinhosamente, me dando um beijo longo.

         Saímos de lá junto, e nos sentamos um ao lado do outro, provavelmente só para se provocar. Eu podia ver pela visão periférica que ele segurava o riso enquanto cutucávamos o pé um do outro abaixo da mesa. Ninguém percebeu.

         Mais tarde fomos apoiar o segundo show da My Chemical Romance. Estávamos na área VIP, uma bancada alta feita de metal, aconchegante, com algumas mesas e bebidas. Enquanto a banda fazia sua festa, os fãs pulavam de um lado para o outro, e no meio pude ver um início de Bate-Cabeça, que foi se agravando até tomar quase todos os cantos do pátio.

_Dude, vamos pular? –Bam perguntou ao Ville, que bebia uma cerveja alemã ao meu lado, apoiando-se na grade.

         E quando me dei conta, Ville e Bam estavam pulando a grade e caindo direto no público do bate cabeça. Só consegui dar gargalhadas e continuei tomando meu energético. Tentava achá-los no meio da bagunça, mas era impossível. Ja estava acostumada com as câmeras sempre ao nosso lado, nao me incomodei quando percebi um dos cameras dando zoom no meu decote. Apenas me perguntei o que ele viu de interessante alí.

         E então Gerard parou de cantar por uns instantes, voltei a olhar para o palco, Bert estava lá, ao lado do vocalista, lhe dando um belo de um beijo francês enquanto as fãs iam à loucura. Canalha. Mentiroso...

         Aquele era um ótimo motivo pra inventar uma briga e terminar com Bert. Deus, como ele foi burro, ele sabia que obviamente eu estaria assistindo aquele show. 

         Assim que o show acabou, passei pelos guardas alegando ser amiga da banda, fácil. Entrei no Backstage e fui direto a Bert, lhe dei um tapa na cara, me fazendo de muito furiosa, bom, eu estava mesmo furiosa. Discutimos, chamei Bert de tudo quanto era nome, e quando percebi os garotos da My Chem tinham abandonado o Backstage...

_Está tudo acabado, Bert! –A frase mais clichê de Hollywood. –Não quero mais nada com você, nem ao menos amizade! –Levantei a mão para lhe dar mais um tapa na cara, mas Bert me impediu segurando meu pulso com força. –Me solta... Tá me machucando... Bert! –Ele olhava fixamente em meus olhos, me segurando cada vez mais perto de si, tentei lhe bater com a outra mão. Sem sucesso. Agora Bert segurava meus dois pulsos com força bruta, e me puxando pra cada vez mais perto. Bert me beijara a força, um beijo cheio de ódio, grotesco. Eu não conseguia fugir de sua língua, que passeava por minha boca a força, comprimi os olhos em nojo.

         Quando consegui me soltar de seus braços, vi uma silhueta pela visão periférica e virei o rosto. Era Ville. Oh não... Não é nada disso que você está pensando, por favor. Seu rosto se contraia em discórdia, as sobrancelhas quase unidas de ódio, balançou a cabeça em negação e virou as costas, andando depressa.

_Opa. Peguei alguma coisa no ar. –Bert dizia com a voz cantante, irônico. Enquanto ainda segurava uma de minhas mãos.

         Me soltei do garoto, lhe dei o tapa mais forte que pude no rosto, o som estalou pelo Backstage como um cinto estalando no ar. Antes de me virar e tomar meu rumo para fora, Bert me revidou com um soco forte o suficiente para fazer meu corpo girar para o outro lado. Fiquei parada, lhe olhei com todo meu ódio sem dizer uma palavra, e lhe dei as costas com o rosto latejando fortemente.

         Saí do Backstage sentindo o rosto inchado, a grande massa do público já havia saído, o sol era escaldante. Olhei para os lados, nenhum sinal dele.

_Vamos voltar pro hotel? Amanha seguimos viajem... –Bam veio atrás de mim. –Opa, o que houve com seu rosto!?

_Bert me bateu. –Bam pareceu furioso, tive de segurá-lo para não tentar ir atrás do garoto, não queria mais brigas.

_Relaxa, Bam. Deixa pra lá.

_Mas porque ele fez isso?

         Tentei explicá-lo o que aconteceu, inclusive a parte em que Ville apareceu e me olhou com cara de ódio. Bam não sabia onde Ville estava, me mandou ficar nas bancadas da área VIP, colocando o gelo do pote de vinho na bochecha, enquanto ele buscava os outros. Fiquei ali, sem saber o que faria. Ele vai ter que acreditar em mim, vai ter.        

         Ville adentrou pela área VIP ainda com muito ódio no olhar, e me viu sentada ao lado da mesa. Ele respirou fundo e fez como quem ia dar meia volta. Ele provavelmente não percebera que segurava rente à face esquerda um saquinho de gelo.

_Ville, espera! Calma, por favor. –O chamei alarmada, ele parou de costas para mim, com a mão na maçaneta da porta.

_Eu não tenho nada pra falar com você. –Disse seco, sem se virar. Sua voz de ódio me fazia ter vontade de chorar.

_Ville, me ouve, por favor. –Respirei fundo, tomando fôlego. –Aquilo que você viu, não é nada do que você esta pensando...

_Ah, é claro. –Respondeu rudemente irônico. –E tem como pensar em outra coisa? –Se virou pra mim, que me postava logo atrás dele, ficou serio por um momento. –O que houve com seu rosto?

_É isso que estou tentando te dizer, pode me ouvir agora? –Minha voz saía tremula de mais e quase falhava. Ville fez que sim com a cabeça, não tirando os olhos sem emoção de meu rosto, que devia estar bem vermelho e inchado.

_Bert me agarrou a força enquanto estávamos discutindo. Foi nessa hora que você entrou... –Eu gaguejava, as lágrimas rolando por meu rosto e ardendo como sal em ferida. –Eu dei um tapa na cara dele, e aí ele... –Soluçava assustadoramente. –Acredita em mim, por favor. –Lhe abracei forte, querendo esconder as lagrimas.

         Ville não se moveu, como se não tivesse sentido nada. Me afastou de seu corpo segurando meus ombros, me olhou nos olhos com certa compaixão e me deu um beijo na testa, virando as costas e saindo do cômodo. Fiquei sem saber o que fazer ou falar. Ele acreditou em mim afinal?

_Ei, você! Pode parar aí! –Ouvi de longe a voz de Ville, grave como um trovão. Advertindo Bert, que atravessava o pátio agora vazio, com uma mochila nas costas.

         Sem dizer nada, Ville se aproximou de Bert com passos rápidos e lhe acertou um gancho de direita. Bert rodopiou no ar, deixando a mochila cair. Não pude explicar a mim mesma o que estava acontecendo, desci as escadas da aera VIP correndo e me aproximei dos dois, Ville agora se mantinha em cima de Bert, lhe acertando socos consecutivos no rosto. Eu gritava para pararem, pelo amor de Deus, mas nada adiantava. Logo os garotos da The Used se aproximaram, e logo todos os outros estavam parados ali, só olhando, sem fazer nada. Eu pedia que parassem com aquela briga, mas todos ficaram parados, pasmos, vendo Ville acertar sem parada o rosto de Bert.

         Então Jeph correu e agarrou Ville pelas costas, o puxando para cima pela camisa e o tirando de cima de Bert, Ville virou e acertou em Jeph outro murro de direita. Não se mete! Bert se levantara nesse meio tempo e simplesmente pulara como um guepardo em cima de Ville. Agora era Bert que se mantinha em cima do finlandês, fazendo o mesmo que lhe ocorrera. Sangue. Sangue para todo o lado. Minha vista parecia embasada, eu gritava sem parada, com medo de me aproximar. Senti ódio, todos ao meu lado olhavam e gritavam, mas não faziam nada. Bert proclamava palavrões em voz alta enquanto eu abraçava Jeph tentando me acalmar. Antes que alguém parasse Bert, o mesmo se levantou e desferiu dois ou três chutes rápidos em um Ville agora prostrado no chão como morto. Gerard, Bam e Branden seguravam  Bert agora pelas mangas da camisa, todos gritavam algo que não pude entender. Eu não entendi mais nada, a respiração começara a ficar ofegante, eu chorava agarrada nos braços de Jeph.

         Um fio de sangue caia do nariz de Bert até a camisa com estampa de zebra, uma zebra que agora era branca,preta e vermelha. Seus olhos alucinavam enquanto tentava se soltar dos braços dos garotos, ele tinha uma força incrível. Ao se soltar dos garotos, Bert correu até Ville e lhe desferiu mais um chute no estômago. Sangue. Mais Sangue sendo cuspido da boca do garoto ao chão. Que mantinha os braços sobre a barriga como se sentisse a pior dor do mundo, eu não podia ver seu rosto dali, todos estavam a minha frente. Antes que Bert desferisse o próximo chute, Jeph se soltou de mim rapidamente, pulou por cima de Ville e golpeou Bert no rosto, dando a chance ao outros de jogá-lo ao chão e o imobilizar. Eu gritava, minha vista embaçava e a respiração sumiu, tudo começava a ficar escuro e distorcido. Ataque de pânico. Eu me mantinha ajoelhada no chão, com Roxane tentando me reanimar e me tirar dali. Eu gritava o nome de Ville sem sucesso, a voz simplesmente não me saia da garganta arranhada. Tudo parecia confuso de mais. Só via pernas e silhuetas de pessoas na minha frente, apertava os olhos tentando enxergar algo, o ar me faltara novamente. Ataque de pânico. Meu corpo parecia desmanchar-se sobre o colo de Roxane o coração doía por bater tão forte contra o peito, as vozes agora eram só ecos, eu continuava gritando, eu sabia que estava gritando, mas não consegui controlar nada no meu corpo, continuava como morta no colo de minha prima. Todas as vozes se misturaram num som abafado e grave como se tivesse um avião decolando dentro de minha cabeça. A vista ia e voltada como num fade-in e fade-out de um filme. Vi Dunn tentando reanimar Ville sem sucesso, seu rosto estava banhado em sangue. Tudo culpa minha. Tudo culpa minha.

         Então senti meu corpo ser puxado para traz pelos braços.

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Razorblade Kiss _HIM


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