Breaking Dawn a Transformação escrita por Ludmilaaa


Capítulo 3
Capítulo 2 - Lendas Acusações e Remorso




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Ao abrir a porta era Kaure que estava lá. Tinha um prato de comida nas mãos e dizia que queria deixar para mim e Bella, que precisávamos nos alimentar. Porém em seus pensamentos ficava claro o medo e a repulsa que ela sentia. Ela sabia que eu era algo muito terrível. Ela me via como o monstro que eu era. E sabia que Bella, ao estar comigo se machucaria, sofreria. E por mais que me doesse admitir eu sabia que ela estava certa. Eu não merecia Bella, eu não devia poder estar com ela aqui.

Me afastando desses pensamentos nebulosos, eu me pus a pedir para Kaure ir embora, eu não precisava de mais alguém para me culpando. Eu já fazia um ótimo trabalho sozinho.

No entanto, ela insistiu. "Eu não vou embora, Sr. Cullen," Pude ver o arrepio de medo em sua pele ao proferir meu nome. "O Sr. me pagou para servi-lo, estou cumprindo meu papel. Eu via o medo em seus olhos, nenhum humano já me enfrentara assim. Sabia o instinto daquela mulher era correr dali o mais rápido possível, mesmo assim ela permanecia firme em ver se Bella estava bem, viva.

Eu podia tê-la impedido de entrar. Seria fácil, aquela mulher nada podia fazer contra a minha força, mas eu, mais do que ninguém naquele momento precisava dessa confirmação: Bella está viva e continuará assim, eu não podia fazer mal aquela mulher, afinal de contas ela estava ali para defender tudo aquilo que eu mais amava no mundo e também não tinha sentido discutir mais, eu nunca me sentira assim, tão fraco tão debilitado. Então eu abri espaço e deixei Kaure entrar na casa. " O Sr. na frente." Disse ela não querendo dar as costas para mim.

Nunca aquele corredor me pareceu tão grande. Caminhava em direção a cozinha onde estava Bella, com um enorme peso nos ombros. Eu sabia que aquela mulher a minha frente que tinha uma compreensão maior desse mundo mítico existente iria ver exatamente o que eu ainda não conseguia acreditar por mim mesmo. Ela iria expor cada erro meu com Bella e eu não sabia se estava pronto para perceber meus erros e atrocidades gritadas por outra pessoa.

Eu entrei na cozinha e mais uma vez vi Bella encolhida e triste, com lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto, me aproximei secando-as e falei ao seu ouvido:

"Ela está insistindo em deixar a comida que trouxe – ela fez o jantar pra nós." Acho eu até ela viu o quanto a situação era absurda. "É uma desculpa – ela quer ter certeza que eu ainda não te matei." Minha voz ficou rouca de raiva na última frase.

Kaure vagava nervosamente pelos cantos da cozinha com um prato coberto nas

mãos. Eu queria acabar com aquilo logo. Não fazia sentido ficar ali para satisfazer a curiosidade daquela índia. Os olhos dela se revezavam entre nós dois. Eu a vi analisar o rosto de Bella, a umidade nos seus olhos. "Vou deixar a comida aqui" e pôs o prato no balcão. Ela disse enquanto terminava de avaliar Bella que estava, obviamente, viva. Porém ela notou a mudança em Bella, além da tensão no ambiente ela conseguiu captar instintivamente a diferença de uma forma que nem sua mente conseguia explicar.

" Você já atrapalhou o suficiente por hoje, espero que isso não volte a se repetir"

Respondi, a voz dura, seca para assustar mesmo. Havia tantas coisas em que pensar hoje, Kaure não podia ser mais uma delas.

Ela se virou pra ir embora, todavia o movimento que ela fez ao girar a saia parece ter despertado a ira novamente dos enjôos de Bella, o cheiro forte e desagradável, fez com que mais uma vez meu anjo vomitasse violentamente na pia da cozinha. Eu tentava ajudar como podia, passando a mão em sua testa e repetindo - para nós dois - que tudo ia ficar bem. Assim que eu senti a respiração de Bella mais fácil, eu corri e coloquei o prato na geladeira, deixando o ambiente livre daquele cheiro. Voltando para perto dela, continuei a passar minha mão por seu rosto na esperança de que o contato frio de minha pela pudesse fazê-la melhorar do mal estar. Ela lavou a boca na pia e eu sabia que ela estava melhor, eu a girei, puxando-a para meus braços. Ela descansou a cabeça no meu ombro. Suas mãos sobre seu estômago

Envolvido em socorrer Bella, eu me esqueci que não estávamos sozinhos. Só me lembrei de Kaure quando escutei sua exclamação – havia medo, surpresa, indignação e até choque, misturado com compreensão.

Ela juntara os pontos. Sabia que Bella estava grávida.

Ela prendeu a respiração, assim como eu.

Seus pensamentos eram confusos, ela estava tão apavorada com a idéia daquela menina abrigando um demônio em seu ventre que seu primeiro instinto foi cortar o mal pela raiz. Coloquei Bella atrás de mim numa tentativa de protegê-la. Meus braços ao redor dela, eu estava quase com medo que ela fugisse de mim.

O silencio reinava. Eu conseguia ouvir apenas o bater do coração de Bella, o coração de Kaure e nossas respirações.

Kaure começou a gritar. " Seu monstro, demônio. Então foi para isso que trouxe essa menina para essa ilha, foi para poder gerar seu filhote nas entranhas dela. Como alguém pode ser tão cruel? Como alguém pode iludir tanto? Você disse amá-la né? Disse para convencê-la a estar com você. Enganou para conseguir o que quer?" Ela olhava nos olhos de Bella enquanto dizia. " Usando alguém puro o suficiente para poder você usar, pensou em tudo antes, quantas mulheres você já usou? Quantas você já matou?" Ela falava sem parar, De repente então ela começa a orar em sua língua natal.

Oh! Grande Espírito,
Cuja voz ouço nos ventos, e cujo alento dá origem a toda a vida.
Ouça-me, sou pequeno e fraco, necessito de Sua força e sabedoria.

Deixa-me andar na beleza,
Faze meus olhos contemplarem sempre o vermelho e o púrpura do Pôr do Sol.
Faze com que minhas mãos respeitem as coisas que criastes,
e que meus ouvidos sejam aguçados para ouvir a Tua voz.

Faze-me sábio para que eu possa compreender as coisas que ensinaste ao meu povo.
Deixa-me aprender as lições que escondeste em cada folha, em cada rocha.
Busco força. Não para ser maior que o meu irmão,
mas para vencer o maior inimigo, eu mesmo.

Faze-me sempre pronto para chegar a Ti,
com as mãos limpas e olhar firme, a fim de que quando a vida se apague,
como se apaga o poente, o meu espírito possa chegar a Ti sem se envergonhar.

Ela fazia essa oração como se pedisse aos deuses dela que enxergasse o que fazer, como ajudar Bella, e de alguma forma ela sentiu pena de mim. Sabia que eu estava acabado desiludido.

E nesse momento eu vi que precisava me agarrar em alguma coisa, qualquer coisa que pudesse amenizar a culpa que eu sentia. Continuei a oração por ela, a minha oração não era para nenhum deus para o qual Kaure fazia suas preces. A minha oração era para Bella a única divindade que transformou minha vida, essa oração era um pedido de perdão por minha fraqueza, por não ser digno dela.

Não era assim que todos os devotos se sentiam perante a seus deuses?

Que você possa vir pela água, pelo vento,
caminhos limpos ou cheios de folhas de outono.
Mas que, de qualquer modo, você venha, e que se cumpram
todas as profecias dos deuses e deusas que um dia nos conheceram,
quando éramos ainda mais crianças em espírito.

Que se cumpram todas as promessas que fizemos um ao outro,
sob a luz da lua e enquanto tínhamos o solo sagrado sob os nossos pés.
Eu te consagro nesse momento e em todos os outros
em que ainda vou olhar o horizonte distante, e esperar por você.

Eu peço o poder das estrelas e de toda a dança do Universo,
Para receber você em meu coração, de onde, na verdade, você nunca saiu.

Eu não sei responder o que foi exatamente que ela viu em meus olhos. Eu não sei exatamente, pois eu estava exposto demais em frente àquela mulher para conseguir me fazer ler seus pensamentos. Ela se silenciou por um momento, surpresa por meu conhecimento de suas tradições e principalmente pela dor que toda a situação me causara. Ela vira que eu não era tão ruim assim. Eu estava tão arrependido. O remorso e a culpa eram demais, nenhum ser humano sofreu tanto com esses sentimentos, não havia meio de sobreviver assim.

"Ela está mesmo grávida?" – Perguntou ela. Eu não conseguia responder, não era possível, só balancei a cabeça.

" Eu não sabia que era possível? Nós nos apaixonamos, eu nunca, jamais faria qualquer coisa que pudesse machuca-la... Ela é meu mundo, a única coisa que me fez feliz em toda essa minha vida escura, vazia e sem sentido. Se eu soubesse eu... eu jamais teria tocado nela." Contradizendo minhas palavras, acariciei sua bochecha, precisando daquele contato para não ser pior, era Bella que me mantinha forte.

"Duvido que um demônio como você possa saber disso" – Respondeu Kaure praticamente cuspindo as palavras – "Amor...Monstros que se alimentam do sangue dos outros não amam, não sabem o que é isso"

Então ela começou a falar sobre as lendas de sua tribo. "O filhote mata a mãe aos poucos, não deixa que ela se alimente, e a medida que cresce vai quebrando o corpo, tudo que ele toca, destrói... Ele não é um bebe que ela cuidará." E para enfatizar o que disse Ela fez um movimento com as mãos, fazendo uma mímica que parecia ser um

balão saindo de seu estômago.

"Isso é verdade?" Foi só o que eu consegui perguntar

Ela me respondeu ainda dura. "Você sabe o que você é, então porque você acha que sua cria será?"

"Quanto tempo eu tenho?" Perguntei sem querer a resposta, pela primeira vez desde que comecei a discutir com Kaure eu me permitir a olhar para Bella, que estava ainda imóvel com o rosto assustado e confuso.

" Não sei...É pouco..."

Engoli seco e me forcei a dizer, "Então o destino dela é?..."

Ela caminhou lentamente para a frente até que ela estava perto o suficiente para colocar sua pequena mão no topo da mão de Bella, sobre o estômago. Ela disse uma palavra em Português.

"Morte", ela suspirou baixinho. Então ela se virou e deixou a cozinha.

Aquela palavra me quebrou ainda mais, para Kaure não havia alternativas, o destino de Bella estava traçado. O meu destino estava traçado.

Ouvir aquilo dito por outra pessoa foi muito mais doloroso do que eu poderia imaginar. Bella morreria e sofreria se insistisse naquilo. Eu não conseguia articular as palavras suficientes para pedir perdão, ou falar ou fazer qualquer coisa.

Eu era um fraco.

Sai do meu transe ao perceber Bella se afastando, eu não merecia, mas eu queria, precisava dela ali, perto de mim.

"Onde você está indo?" Havia uma pontada de pânico, desespero e dor na minha voz.

"Escovar meus dentes de novo."

"Não se preocupe com o que ela disse. Não são nada além de lendas, mentiras

velhas contadas para divertir."

"Eu não entendi nada" Eu não podia julgar se ela estava sendo inteiramente sincera ou não. Apesar de me aliviar um pouco o fato dela não ter entendido minha conversa com Kaure, eu não queria que ela sofresse mais, ela não precisava disso.

"Eu coloquei sua escova de dentes na mala. Eu vou pegar pra você."

Ele caminhou na minha frente até o quarto.

"Estamos partindo em breve?" Ela me perguntou.

"Assim que você acabar."

Eu fiquei esperando Bella até ela acabar de escovar os dentes enquanto a última palavra de Kaure ainda ecoava em minha cabeça: "Morte, Morte, Morte"

Não, aquilo não ia acontecer eu não ia deixar, nós voltaríamos para Forks e tudo ficaria bem. Carlisle cuidaria dela, tudo daria certo.

Eu tinha que acreditar...

Ela me entregou a escova assim que voltou.

"Eu vou colocar as malas no barco." Eu disse ainda mal conseguindo encará-la.

"Edward" – Meu anjo me chamou.

"Sim?"

Ela hesitou antes de falar. Bella parecia distante, abatida, triste e angustiada e ver isso ainda me fazia muito pior. "Você poderia... guardar um pouco de comida? Você sabe... caso eu fique com fome de novo?"

"É claro", eu disse aliviado dela dizer que não me queria por perto, ou dizer que assim que tudo se resolvesse ela nunca mais iria querer me ver. "Não se preocupe com nada.

Na verdade, nós vamos encontrar com Carlisle dentro de algumas horas. Tudo isso estará acabado em breve."

Eu esperava poder estar certo sobre isso.


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Notas finais do capítulo

Espero q tenham gostado!
Bjus
Ludmilaaa