Sonhei. Mas não foi com Renesmee ou Bree, e sim Quil. Era estranho, nunca havia sonhado com meu amigo. O mais estranho era que eu não parava de repetir a frase: Pare de beber, seu retardado. Quil não estava bebendo, não estava bêbado, ou com alguma prova de bebida acoólica nas mãos.

  Tá, eu estava completamente pirado nesse sonho. Finalmente o despertador tocou, me fazendo acordar daquele sonho idiota. Quil não bebe. Pode ser um galinha e metido a doidão, mas ele não bebe - assim como não fuma ou estupra garotinha indefesas.

  Tomei banho e comi meu café-da-manhã rapidamente. Hoje eu iria buscar Nessie. Seria surpresa para ela - e espero que seu pai não arranque meu couro.

  Eram 7:30h da manhã quando cheguei em sua casa. Toquei a campanhia e esperei. Foi Bella quem atendeu.

  _Oi - disse ela. - Você não é o irmão da Rachel?

  _Sim - respondi, tentando parecer tranquilo. - Eu vim dar uma carona para a Ness... quer dizer, Renesmee.

  _Ah, claro, Jacob - disse ela. - Pode entrar. Ela está tomando café.

  _Na verdade - eu disse -, acho que vou esperar aqui.

  _Tudo bem - disse Bella. - Vou chamá-la então.

  Eu assenti e ela fechou a porta. Acho que Nessie ainda não contou sobre o namoro. Em instantes ela apareceu na porta, com a mochila já nas costas. Ela correu para mim e me abraçou, então sussurou em meu ouvido:

  _Sem beijo agora.

  Olhei para a janela e vi que sua mãe nos espionava. Eu ri, e a pedi para entrar no carro.

  _Não acha que ela vai desconfiar do abraço? - Eu disse enquanto ligava o carro.

  _Espero que sim - disse ela. - Só não quero que meus pais nos vejam aos beijos. Seria constrangedor.

  Ela fez cara feia, mas logo depois riu.

  _Meu pai sabe sobre nós - disse ela. - Agora, depois do nosso abraço, minha mãe deve desconfiar, e me encherá de perguntas quando eu chegar em casa. Ah, antes que eu me esqueça, meu pai quer que você volte lá em casa, para fazermos a coisa direito.

  _A coisa direito? - Perguntei, mas sabia exatamente o que era.

  _É. Tipo, oficializar. Ah, e não se preocupe com os gritinhos histéricos que minha mãe provavelmente dará. Ela é assim mesmo. Puxou a minha vó.

  _Tudo bem - eu disse. - Hoje mesmo vou à sua casa para "fazermos a coisa direito".

  _Sabe - disse ela -, isso pode esperar. Meu pai já nos aceitou. Ele só quer ter uma conversa de duas horas com você. Acredite, isso pode mesmo esperar.

  _Tá legal - eu disse. - Mas quanto mais cedo eu for, melhor.

  _Que tal depois da excursão? - Sugeriu ela.

  _Pode ser - concordei.

  Ah, a excursão para Forks! Suspirei só de pensar que iríamos para o lugar onde nosso amor nasceu. E eu tinha mesmo que ir, tinha um certo Volturi prester a dar o bote.

  Chegamos à escola em cima da hora. Assim que estacionei o carro, o sinal tocou.

  _A hipótese de matar aula passa por sua mente? - Perguntei.

  _Não mesmo - respondeu ela.

  _Então, vamos para a tortura.

  Peguei sua mão e corri com ela para dentro, senão chegaríamos atrasados para a primeira aula, que era História. O que significa que ficaríamos mais um tempo juntos.

  POV RENESMEE

  Fomos direto para a aula de História e, por sorte, o professor Houston ainda não havia chegado. Me sentei no fundo, ao lado de Jane, que sorriu para mim e fez cara feia para Jacob. Ele se sentou ao meu lado e deu um "oi" simpático para ela, que não respondeu.

  _Alec vai me deixar louca - disse Jane. - Ele não pára de falar em você. Só de te ver ele ficou apaixonado. Estou falando sério.

  _Não deve ser nada de mais - eu disse. - Ela não está apaixonado por mim. Me conheceu ontem.

  _Nessie, você já ouviu falar de amor à primeira vista? - Perguntou ela.

  Olhei para Jacob, que conversava com Quil.

  _Já sim - eu disse, sorrindo.

  Então o professor chegou à sala. Era impressionante um professor tão legal ensinar uma matéria tão chata.

  Felizmente o tempo passou rápido. O professor Houston é tão legal, que não nos deu dever de casa - amém! Quando estávamos saindo da sala, me lembrei de perguntar à Jane sobre sua mãe, mas poderia fazer isso depois.

  A segunda aula foi Biologia. Claire estava eufórica para me contar alguma coisa.

  _Nessie, Nessie, Nessie - disse ela, aos pulinhos, quando me viu.

  _O que foi? - Perguntei. Ela me empurrou - tecnicamente - para a cadeira ao lado da sua.

  _Realizei meu mario sonho - disse ela num suspiro. - Beijei aquela boca linda de Quil Ateara. - Ela disse isso fazendo um biquinho. Então colocou a mão no coração e suspirou profundamente.

  _Que maravilha! - Eu disse. - Mas ele foi educado, certo?

  _Um verdadeiro príncipe - ela disse, com outro suspiro. - Ei! Por que você sumiu ontem? Certo que estava chateada, mas achei que voltaria para a escola. Alec não nos contou nada. - Ela apontou com o queixo para o garoto na fileira ao lado da minha.

  Além de ver Alec, vi também a cadelinha da Bree. Ela estava conversando com uma garota ruiva que usava óculos, mas parecia tão cachorra quanto a própria Bree. A garota ruiva usava uma super-mini-saia jeans e uma blusa rosa de manga curta, com os dizeres EAT ME (Coma-me) pregados bem em cima dos seios. Fiz cara de nojo só de ler aquilo. Que tipo de pessoa usa uma roupa dessa? Fácil. A garota ruiva que usa óculos.

  _Ei, Claire - eu disse. - Qual é o nome daquela garota conversando com a Tanner?

  _Genevieve Fleure - disse Claire. - Se diz francesa, mas parece que nasceu em Bervely Hills. Olha só como a vaca se veste.

  _Sei que ela parece mesmo uma vadia - eu disse -, mas seu xingamento foi tão forte. Algum motivo em especial?

  _Ela é uma das urubuzentas que ficam atrás de Quil e... Jacob.

  Agora sim tenho vontade de torcer o pescoço dessa ruiva. Se eu der sorte, acho que torço o pescoço de Bree de brinde.

  O professor chegou - atrasado, mas chegou - e fez todos se calarem imediatamente.

  _Como estou atrasado - disse ele -, vou logo aos exercícios. Exercícios de 1 à 5 da página 24. Quem trouxe hoje os formulários assinados, coloque-os em cima da minha mesa. Quem não trouxe, vou lembrar que a data de entrega é só até amanhã. Não me venham sexta-feira com formulários, pois não receberei de ninguém. Isso é tudo.

  Houve uma agitação na sala. Barulho de livros sendo abertos e páginas sendo passadas. Fiz o memso, mas antes de começar a fazer os exercícios, fui entregar meu formulário ao professor.

  _Aqui está, senhor - eu disse, colocando o papel em sua mesa.

  _Muito bem, srta. Cullen - disse ele. - Fico feliz de poder contar com a senhorita nessa viagem.

  Apenas sorri para ele e voltei para o meu lugar.

  _Podemos nos sentar em duplas, professor? - Ouvi Alec perguntar.

  _Façam o que quiserem - disse o professor, meio desatento.

  Alec imediatamente colocou sua carteira colada à minha.

  _O que houve ontem? - Perguntou ele. - Tipo, você sumiu e o Black também. Ele fez alguma coisa contra você?

  _Ele não fez nada contra mim - respondi imediatamente. - Apenas nos resolvemos.

  _Como assim, se resolvera?

  _Estamos namorando - eu disse. Ele fez uma cara de quem havia levado um chute nos Países Baixos.

  _Bom para vocês - disse ele, olhando, de mal humor, para seu livro. Parecia que ele ia quebrar a caneta que segurava.

  _Alec, escuta - eu disse. - Nos conhecemos ontem. Eu e Jacob nos conhecemos já faz algum tempo e eu o amo. Não havia como nada acontecer entre eu e você. Não quero que se sinta mal.

  _Não, eu tô bem - disse ele. - De verdade. Sorte de Jacob por ter você. E mesmo não me conhecendo direito, quero que saiba que estarei aqui, caso mude de ideia.

  Eu respirei fundo.

  _Desculpe, Alec - eu disse -, mas não vou mudar de ideia. - É o que espero, pensei, mas não disse em voz alta.

  _Estarei aqui mesmo assim - disse, voltando sua atenção para o exercício.

  Tentei não pensar naquilo e ignorar o fato de que Jane estava certa. A melhor coisa que podia fazer para não ficar pensando na paixonite aguda de Alec, era pensar em Jacob.

  Infelizmente o sonho não voltou durante a noite. Na verdade, não sonhei com nada. Foi como se minha vida noturna tivesse sido apagada aquela noite.

  De tanto pensar, acabei me assustando quando o sinal tocou. Próxima aula: Tédio Mortal, o que se traduz como Matemática. Felizmente Leah era da minha classe - e Alec também.

  A aula foi como eu disse, um tédio mortal. Literalmente, sou um aberração nessa matéria - e meus pais são experts. Eu não sei nem o valor de PI - e isso meus pais sabem de cór.

  Como era a pior aula, o tempo demorou a passar. Quando o sinal tocou, fui a primeira a me levantar e sair correndo. Alec não havia falado comigo a aula inteira. Imagino como deve estar chateado, mas eu apenas fui sincera.

  Quando entrei no refeitório, peguei meu lanche e fui para nossa mesa. Jane já estava lá, com o rosto enterrado nas mãos.

  _O que aconteceu? - Perguntei. Quando levantou o rosto, percebi que estava chorando.

  _Nunca pensei que ela fosse conseguir - murmurou Jane, voltando a enterrar o rosto nas mãos. - Achei que ele nunca ligaria para ela.

  _Do que está falando? - Quis saber, já ficando preocupada.

  _Claire e Quil - disse ela. - Ela conseguiu o que queria. Ela o tem.

  _Por que isso te incomoda?

  _Porque eu o amo - ela quase berrou. Alguns rostos curiosos se viraram para nós. - Não há nada pior do que amar o mesmo cara que sua amiga. Sempre tentei fingir minhas emoções quando ela falava dele. Mas aí hoje, quando ela me contou, eu simplesmente explodi. Foi um bate-boca feio. Ainda bem que o professor não havia chegado ainda.

  _Olha, Jane - eu disse, tentando acalmá-la. - Sei que deve ser difícil. Mas você é capaz de superar. Logo logo aparece outro cara mais interessante que Quil Ateara.

  Ela limpou o rosto molhado e tentou sorrir. Leah se sentou ao seu lado - como sempre - e Claire se sentou ao lado de Leah. Todas ficaram em silêncio, até Leah, que já devia saber o que aconteceu.

  _Vocês não podem ficar assim - eu disse, sem pensar direito. - São amigas. Não podem deixar a amizade ser quebrada por causa de um cara.

  _Nessie tem razão - Leah concordou.  - Por favor, meninas. Não ajam como crianças.

  Claire e Jane se entreolharam. Os olhos azuis de Jane estavam inchados de tanto chorar; os olhor verdes de Claire estavam tristes de tanto sentir culpa.

  _Desculpa, Jane - disse Claire. - Eu não sabia o que você sentia por ele. Se tivesse me contado, poderíamos ter evitado isso tudo.

  _Você não deixaria de amá-lo - retrucou Jane.

  _Nem você - disse Claire. - Escuta. Vamos esquecer o Quil, e vamos pensar apenas em nossa amizade. Não vale à pena ser destruída.

  Jane a olhou, sem saber o que dizer.

  _Nem gosto dele tanto assim - disse Jane. Sabi que estava mentindo, mas era bom ver que ela estava tentando. - Pode ficar com ele. E você tem razão. Não vale à pena destruir nossa amizade por causa disso.

  Elas sorriram uma para a outra, e tudo parecia ter ficado bem. Eu imaginava como Jane devia estar se sentindo por dentro.

  Meus olhos se voltaram para a pessoa que havia se sentado ao meu lado.

  _Oi, meninas - ele cumprimentou. Nenhuma delas respondeu.

  _Tudo bem - eu disse. - Ele não é um bicho de sete cabeças.

  _O problema - disse Leah - é que ele só tem uma, e ela funciona bem até de mais.

  Bem, sabia que Leah não estava falando da cabeça em cima do pescoço de Jacob, mas ignorei sua ironia.

  _Tá legal - eu disse.  - Hmmm... Garotas, eu e Jacob estamos namorando. Ponto final.

  _Nessie, você não fez isso - Claire protestou.

  _Há coisas que vocês não entendem - disse Jacob.

  _Tipo o quê? - Jane perguntou. 

  _Acho melhor não entrármor em detalhes - eu disse. - Só quero que confiem em mim. Jacob não será mais o mesmo.

  Eu olhei para ele e sorri. Ele também sorriu e segurou minha mão.

  _Vamos dar um voto de confiança - disse Leah.

  _É - concordou Claire.

  _Mas, hai de você se fizer alguma coisa com essa garota - Jane completou. Seus olhos já estavam desinchando.

  _Querem que eu faça um juramento? - Disse Jacob, de brincadeira. Elas assentiram. - Tudo bem - disse ele, então levantou a mão direita. - Eu, Jacob Black, juro...

  _Não precisa jurar nada - o interrompi, abaixando sua mão. Confiava nele.

  _Tem certeza? - Perguntou Claire. - Acho melhor você aceitar o juramento.

  Olhei de cara feia para ela, mas não conti o riso. Em instantes estávamos todos dando gargalhadas.

  Era tudo perfeito e romântico. O dia da nossa excursão já estava chegando, e eu ficava arrepiada só de pensar em voltar à Forks.

  No final das aulas me encontrei com Jane e me lembrei de perguntar sobre sua mãe. Sim, Athenodora Volturi é mesmo mãe de Jane e Alec. Jane confirmou que a mãe é uma mulher muito elegante e que dá tudo de si para aquela butique.

  Quinta-feira. O dia parecia estar correndo. Mal percebi o tempo passar. As garotas trataram Jacob melhor, e eu adorei isso. Engraçado o fato de eu tê-las conhecido não faz nem uma semana e já parecemos amigas de infância. É, nos demos bem mesmo.

  Alec se manteve afastado, não falou direito comigo, mas pude perceber seus olhares. Ah meu Deus! Eu não queria fazer ninguém sofrer.

  Como eu disse, o dia passou rápido. Já estava indo para a cama quando minha mãe me chamou. Seus olhos estavam completamente molhados.

  _Oh, querida! Vou sentir tanto sua falta! - Disse ela, me abraçando.

  _Mãe - eu disse -, só vou ficar fora por uma semana. Não estou indo para a guerra.

  _Para mim, uma semana é uma eternidade - disse ela. - Nunca fiquei tão longe de você. Tirando a vez que você fugiu de casa, mas...

  Ela desabou no choro novamente. Tive vontade de dar um ataque de risos, mas me controlei. A deixei fazer seu drama, então dei boa noite e fui para o quarto. Não contive o riso no meio do caminho.

  Tinha que dormir cedo para acordar às seis em ponto amanhã. Não é meu horário habtual, mas fazer o quê. O professor queria todos que fossem à excursão às sete em ponto na escola.

  Demorei à pegar no sono. Eu estava deitada de lado, olhando a lua pela janela. O céu era estrelado. Parecia uma noite perfeita para sair com o namorado. Fechei os olhos, com a esperança de dormir e aquele sonho finalmente voltar.

  Minha mente ficou vagando por um tempo, até que consegui dormir. Sonhei desta vez, mas não era o mesmo sonho.

  Era noite e estava chovendo. Postes de luz iluminavam a rua escura. Meu coração acelerou - de medo - quando vi alguém se aproximar. Não vi seu rosto, mas sabia que era homem. Usava calça jeans preta e blusa pólo branca. Quando vi seu rosto, quis soltar um grito, mas tudo que saiu da minha boca foi um gemido baixo.

  _Ele não está aqui, Nessie - disse Alec. - Podemos nos divertir.

  Ele estava ensopado pela chuva - e eu também. Quando se moviam, seu cabelo louro escuro fazia movimentos graciosos, mesmo molhados. Sua beleza era de fazer qualquer garota suspirar pelos cantos. Menos eu! Eu sou de Jacob.

  Enquanto Alec se aproximava, com um sorriso triunfante no rosto, tentei me fazer acordar. Sim, eu sabia que estava sonhando. Felizmente, também sei que em todo sonho, acordamos antes de morrer ou sermos atacados por pessoas indesejáveis - até as desejáveis. Apenas fechei os olhos e esperei que eu acordasse. Não deu certo. Alec se aproximava cada vez mais.

  _Vou ter que morrer para acordar? - Gritei. Ele não se alterou, continuou seguindo em minha direção, em passos lentos e torturantes.

  Procurei por qualquer coisa que pudesse causar a minha "morte". Então percebi que a rua em que estava não era uma rua. Era uma ponte. Fuia té a borda e vi que lá embaixo havia o mar.

  Alguns perguntariam se isso era mesmo necessário. Mas a questão é a seguinte: eu não queria trair Jacob nem mesmo em sonho. Como sabia que iria acordar antes de chegar à água, tomei essa decisão.

  Subi em cima da cerca e obsevei Alec se aproximar cada vez mais.

  _Eu quero acordar! - Gritei, então me joguei, soltando um grito extremamente feminino enquanto caía.

  Acordei arfando que nem uma louca. Meu cabelos grudavam no rosto pelo suor. Acendi a luz do abajur e tentei diminuir as arfadas. Olhei para o relógio. 5:59h da manhã. Então houve o despertador. 6h da manhã. Bem à tempo, Renesmee.