A New Woman escrita por Tina


Capítulo 2
A Fogueira e o Retorno dos Cullen




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O resto do dia passou rápido e quando perceberam já estava mais do que na hora de irem para La Push. A fogueira começaria logo, e depois haveria uma festa, e se existe alguém que sabe dar uma festa são os lobos.

A Fogueira e o Retorno dos Cullen

Isabella e Jacob foram para casa do Swan, em seguida para La Push, Bella em seu carro e Jake de moto. A fogueira começaria oito horas e terminaria cerca de duas horas depois. Quando acabasse todos jantariam ali mesmo, então, quando os anciões e a maioria dos adultos já estão dormindo, os jovens que moravam ali vão para trás de um morro que tem perto dali, onde os lobos instalam grandes aparelhos de som e distribuem bebida à torto e direito. O morro impede que o som se propague para a reserva, assim ninguém os escuta.

Assim que chegaram notaram que algumas pessoas já estavam ali e que Billy Black estava bastante tenso.

-Papai está nervoso. Provavelmente preocupado com a reação que Charlie terá.

-Ah, eu entendo ele – Bella disse se sentiu exatamente igual ao pai de seu amigo.

-Bells, você sabe que seu pai vai ficar sabendo… er, deles.

-De quem? – ela se fez de inocente.

-Não faça isso Bells, idiotice nunca combinou com você. Sabe que estou falando dos Cullen.

-E…?

-E que ele vai saber que você… namorou um… vampiro.

-Se ele aceitar os lobos, será fácil convence-lo sobre vampiros, e, bom, já passou, ele não pode fazer mais nada com relação a isso.

-Tem razão – ele concordou, mesmo sabendo que ela não estava sendo sincera com toda aquela dureza.

-Jake, Bella, esperávamos por vocês – Billy falou quando a viu.

-Claro, que mais tem os detalhes internos dos Frios – disse com desprezo um ancião que detestava Bella.

-É, quem mais? – ela perguntou olhando nos olhos dele, desafiando-o.

Ele bufou e saiu dali, caminhando vagarosamente.

-Então, o que estamos esperando para começar? – Charlie apareceu ali sorridente, ao lado de Sue.

-Acho que… nada – Billy respondeu visivelmente nervoso.

Uma grande fogueira estava acessa ali perto, todos se sentaram ao redor dela, lobos, imprings e, até, alguns humanos.

-Antes de tudo – um ancião falou com a voz rouca pela idade – quero avisar ao novos participantes, Charlie, Thomas e Benjamin, que absolutamente tudo que será dito aqui é real. Algumas histórias passadas de pai para filho. E algumas – ele falou dando um rápido olhar para Bella – são bastante recentes.

Charlie foi o único que estranhou aquele pequeno aviso. Os outros dois, Thomas e Benjamin, eram novos lobos, sabiam que aquilo era real, pois estavam vivendo aquilo. Então as lendas começaram a ser contadas e cada palavra dita Charlie Swan ficava mais pasmo.

No momento em que começaram a falar sobre os frios, ele não pode evitar interromper:

-Ok, acho que chega de tanta invenção – ele disse de pé.

-Não é invenção, pai – Bella disse, se levantando também.

-Você acredita nessa loucura, Bells?

-E-Eu tenho meus motivos – ela falou encarando o chão.

-Quais?

-Se deixar que terminem a historia, você saberá.

-Primeiro, me provem que isso é verdade.

Jacob suspirou pesadamente, tirando a camisa.

-Fechem os olhos garotas… ou não, né.

-O que você está fazendo?

-Você pediu pra provar, eu estou provando.

-Ficando nu?

Ele ignorou a pergunta, tirando o restante da roupa que sobrara, sem se importar com algumas garotas que o encaravam com interesse, então explodiu em um imenso lobo com pelugem avermelhada.

Charlie, involuntariamente, deu meio passo para tras, arregalando o olhos o máximo que pode. Não pode ser, foi a única coisa que conseguia pensar.

Jacob, rapidamente, voltou ao seu estado humano, vestindo a roupa com naturalidade. Então, com um meio sorriso nos lábios, questionou Charlie.

-Acredita agora?

-Hum, er… - ele pigarreou – Acredito.

-Então… hum, podemos continuar – Billy falou com certa cautela.

Ele, então, contou a historia dos primeiros Frios que conheceram. Quando o homem atacou a aldeia e foi morto pelos lobos, fazendo assim com que sua parceira viesse atrás de vingança.

Então, um dos novatos, Thomas perguntou sem timidez:

-Vampiros – ele falou como se ainda não tivesse se acostumado com aquela palavra – são criaturas mortas e sem… er coração, certo? Por que, então, a mulher voltou pelo parceiro?

Os anciãos me olharam, suspirei e respondi a pergunta:

-Vampiros são criaturas muito… vingativas. E, sim, eles estão mortas, mas amam como qualquer um vivo. Não, eles amam ainda mais intensamente. Quando um vampiro ama… é para sempre – eu suspirei, me recompondo - Uma forma mais fácil de entender é comparando com um impring, é bastante parecido, na verdade, é um amor incondicional, geralmente à primeira vista.

Falar sobre isso doía em Bella, mas ela tinha aprendido a ser uma ótima atriz, ninguém, além de Jacob e uma menina loira, havia notado seu estado de espirito, mas ela já aceitara o fato de que nunca iria conseguir enganar a nenhum dos dois.

-Como você sabe dessa coisas, Bells? – Charlie perguntou, trazendo Bella de volta para o presente – Pensando bem, por que apenas eu fiquei surpreso com o fato de Jacob ser um… um lobisomem.

-Pai, eu sei muito mais do que apenas isso… - ela encarando o chão a sua frente.

-Como o que? – perguntou curioso Benjamin, outro novato, com certo fascínio na voz

-Ah, varias coisas, por exemplo você pode identificar qual dieta o vampiro segue pela cor dos seus olhos, vermelhos: sangue humano, dourados: sangue animal. Existem alguns poucos vampiros que seguem a segunda opção. Apenas dois clãs, eu acho. Eles se consideram… vegetarianos – ela falou surpreendendo a maioria. Ela olhos para todos antes de continuar – Os olhos, tanto dos “carnívoros” quanto os “vegetarianos”, tende a escurecer a medida que ficam sem se… alimentarem, quanto mais escuro, mais sede o vampiro está.

Alguns refletiam sobre a importância daquilo, Benjamin a olhava interessado no assunto.

-Você sabe mais? – ele perguntou.

-Er – ela disse tentando se lembrar de algo que não a comprometesse – Alguns vampiros tem… poderes – dessas vez todos arfaram, exceto por Jacob e Julia, a loira que ela não conseguira enganar anteriormente.

-Como assim poderes? – Sam perguntou

-Como você sabe dessas coisas? – Charlie perguntou, mas foi descaradamente ignorado.

-Bem, todos nós temos alguma grande característica, que se sobressai ainda mais, quando… somos obrigados a ir para essa outra vida – um antigo ancião resmungou com a gentileza de Bella ao se referir a transformação – Essa característica pode se transformar em um poder.

Todos a encaravam intrigados, esperando por mais daquela emocionante informação, exceto por Charlie, que a única curiosidade era como sua filha única sabia tantas coisa que até poucos minutos ele mesmo julgava não existir, porém quando ia verbaliza, novamente, sua duvida, Bella voltou a falar:

-Por exemplo: uma pessoa qualquer – Carlisle, ela pensou – é muito boa, quando virar vampira sua principal característica vai ser a bondade. Se alguém for bom em… convencer as pessoas – Jasper, pensou – quando virar vampirou poderá, talvez, fazer os outros sentirem o que quiser…

-Como você…? – Charlie tentou mais Bella continuou sua explicação.

-… se você, por acaso, tiver sonhos que se realizem – Alice – poderá ver o…

-Já chega – Charlie gritou – Isabella, é melhor você me explicar agora como sabe tudo isso – ele falou com o volume normal, mas sua voz era preocupada.

-Er, Sam eu… posso? – ela perguntou hesitante

-O acordo diz que os Quileutes não podem falar nada, não fala nada sobre você – ele disse dando de ombros.

-Ok, mas Charlie – ela chamou – prometa que não irá contar para ninguém, pode ser… perigoso.

Ele assentiu. Como se alguém fosse acreditar em algo, ele pensou.

-Eu sei de tudo isso porque, depois que eu vim pra Forks, eu… namorei um vampiro.

-A única pessoa que você namorou foi o… Ah meu Deus – ele disse – Edward é um…

-Todos os Cullen – ela disse apenas.

-Mas Carlisle… ele é medico, como pode…?

-Séculos de pratica. Não seria capaz de ferir, fisicamente, sequer uma mosca – apenas fisicamente, ela pensou magoada com aquele que ela considerara um pai.

-Você… namorou um vampiro? – Benjamin perguntou impressionado.

-Você não tinha medo de ele te atacar? – Thomas perguntou tão interessado quanto o primo.

Bella se pegou perguntando a si mesma se aqueles dois eram irmãos de Seth, ou se apenas haviam tomado muito café.

-Por que vocês não estão mais juntos? Você não disse – um dele perguntou depois do silencio de Bella – que quando um vampiro ama é para sempre?

Isabella não pode evitar a risada sarcástica.

-Em algum momento eu disse que ele me amou?

Um silencio tenso se instalou por cerca de três segundos, até um dos novatos quebra-lo novamente.

-Você conheceu bem os Cullen? – Benjamin perguntou.

-Um pouco.

-Quais eram as características deles que aumentaram? – Paul perguntou antes que Ben pudesse faze-lo.

-Carlisle era uma pessoa muito boa, misericordiosa até. Esme, devido a alguns acontecimentos, era muito… maternal – Bella sorriu triste ao pensar nos dois – Rosalie e Emmet são bastante óbvios, ela é anormalmente bonita, até mesmo para uma vampira, e ele é forte como nenhum outro pode ser. Jasper era muito bom em … convencer, agora é capaz de manipular e sentir emoções. Alice é um pouco mais complicada, não sei ao certo, mas de alguma forma quando humana ela tinha pequenas visões ou talvez sonhos, agora, é capaz de ver o futuro – suspirou pensando na antiga melhor amiga e se preparando para falar do próximo – Edward pode ler pensamentos – ela disse apenas.

-Eles não irão ficar com raiva se descobrirem que contou essas coisas para nós?

-Não sei se realmente se importariam, afinal, quando voltarem para essa cidade é provável que todos nós não estejamos mais aqui – ela falou dando de ombros e se surpreendendo com o quanto aquilo estava ficando desagradável.

Varias perguntas depois, e um pequeno resumo da primeira e ultima vez que os Cullen pisaram em terreno Quileute, alguns dos mais antigos anciãos se declararam cansados e se retiraram para seus aposentos. Após isso, todos acharam sensato e respeitoso fazerem o mesmo, sem sequer a reunião para o jantar.

Assim, os jovens não viram nenhum obstáculo para seguirem para as colinas e começarem mais cedo a tão aguardada festa.

Bella seguiu, com sua moto, para o local cada vez mais familiar, onde sempre ocorriam aquelas festas Quileutes. Quando chegou, se surpreendeu ao ver que a maioria já estava bebendo e dançando como se não se importassem com mais nada, e, por experiência própria, Bella sabia que realmente não se importavam.

-Você está bem? – Jake a abordou assim que a viu ali – Quer dizer, com relação a toda aquelas perguntas na fogueira?

-Sim, claro. Quer dizer, - ela continuou quando viu que ele não iria desistir – me abalou um pouco, mas nada que uma boa festa não possa curar.

-Então você está no lugar certo, minha amiga.

-Onde está Julia? – ela perguntou sorrindo, olhando ao redor a procura da amiga.

-Provavelmente, bebendo e dançando por aí com Seth – ele falou dando um sorriso malicioso.

Eles logo desistiram de procurar a garota. Era uma festa e Jacob possivelmente estava certo sobre o paradeiro dela: deveria estar dançando e bebendo. E era exatamente isso que eles deveriam estar fazendo.

Sem perder mais tempo, Isabella puxou Jake para o meio das pessoas e começou a dançar com ele no ritmo contagiante da dança. Depois de quase uma hora, resolveram para um pouco, se dirigindo ao bar, começaram a conversar e beber. A festa estava apenas começando, e muita coisa ainda estava por acontecer. E eles, melhor que todos, sabiam disso.

***

Bella olhou no relógio: duas horas da manhã. Chegara ali, mal eram dez da noite, o tempo havia passado mais rápido do que ela pensara. Haviam passado um bom tempo sentada, bebendo, com a companhia do melhor amigo e, depois de tanto tempo, já deveria ter aprendido que quando conversa acaba se distraindo e bebendo mais do que o previsto.

Apesar de ter ingerido muito álcool em pouco tempo, de sua cabeça estar mais pesada que o normal e não conseguir andar em linha reta, ela tinha certeza de que não estava bêbada.

Alguns metros a sua frente ele viu Jacob gargalhando com uma amigo, sem nenhum motivo aparente.

-Jaake, vem aqui dança comigo – ela gritou, porém o amigo não ouviu, devido ao som alto – Oh claro – ela falou para um garoto que passava ao seu lado – Vou o chamar com a força da minha mente – ela falou com se fosse a coisa mais obvia do mundo. O garoto apenas assentiu, sem saber sobre o que ela falava.

Jake, Jakezinho, ela chamou, pensando o mais alto que pode, porra Jacob, vem logo aqui.

-Talvez eu esteja um pouco bêbada – ela disse agora para uma garota da sua idade – Eu nem sequer consigo controlar meus poderes mentais – ela disse triste.

-É, acho que chega de álcool para você por hoje – a menina disse, rindo de Bella, que estava visivelmente alterada pela bebida.

Bella sorriu inocentemente para a garota, e, então, segui na direção do amigo, que ainda ria à toa.

-Jacob, eu estava te chamando – ela disse quando chegou até ele.

-Ooooh, desculpa Bellinha – ela disse dando um beijo na bochecha da amiga – Eu não te ouvi – ele disse com a voz se arrastando.

Imediatamente os dois começaram a rir audivelmente.

-Você tá bêbado – Bella gritou acusatoriamente, enquanto ria.

-Você tá pior que eu – ele disse rindo.

Ficaram um bom tempo rindo sem lembrar o por quê, às vezes se xingavam, outras vezes tinha conversas sem sentido, mas se entendiam, e voltavam a rir. Quando iam voltar a dançar, a música parou. Houve um longo, triste e coletivo “aaah”. Sam subiu em uma mesa, perfeitamente sóbrio, afinal, alguém ali teria que estar e si.

-Calma galera – ele começou – Daqui a pouco a música volta – ele falava alto para que todos pudessem ouvir – Como muitos aqui sabem, essa festa depois da fogueira é como uma tradição, mas às vezes as tradições precisam mudar um pouco – ele sorriu travesso – Agora que todos já estão… um pouco bêbados, nós queríamos chama-los para uma pequena brincadeira… Verdade ou Consequência.

Após uma pequena explicação sobre como ocorreria a brincadeira, muitos se animaram por assistir, porém poucos se aventuraram a participar. Além dos lobos, apenas Isabella Swan, Julia Moriarty, Rachel Black, que havia se formado mais cedo e ido passar um tempo em La Push, e algumas outras poucas garotas e garotos.

Julia é uma garota de estatura mediana, branca, de lindos cabelos loiros e olhos castanho claro. Um ano mais nova que a melhor amiga, Bella, estava presta a fazer dezessete anos. Havia se mudado para La Push cerca de um mês após a partida dos Cullen, apesar de morar ali, estudava em Forks High School, cursava o segundo ano e Bella o terceiro. Seth havia sofrido um impring por ela no instante que a viu, os dois estão completamente apaixonados um pelo outro, porém não admitiam, os dois inseguros nesse quesito, não acreditavam que eram correspondidos.

Rachel era levemente alta, com a pele morena e cabelos tão escuros quanto o do irmão, era bastante bonita. Havia acabado de voltar para La Push, pois havia se formado mais cedo e se sentia culpada por ter deixado de lado o irmão mais novo e o pai. O que ela não esperava era se apaixonar tão perdidamente por Paul Lahue, fazendo com que ela passasse mais tempo do que esperava naquele lugar que ela se sentia tão desconfortável.

Sam girou a garrafa com um sorriso travesso nos lábios.

-Jared pergunta para Jacob – ele declarou.

-Ok. Jake, amigão, verdade ou consequência? – ele perguntou sem muita consciência do que fazia.

-Eu quero verdade, não, não. Desafio, não, espera. Quais são as opções mesmo? – ele perguntou confuso.

-Ah, vai ser desafio mesmo – Jared disse.

-Mas eu quero verdade – Jacob declarou triste.

-Ok, é verdade que você era apaixonado pela Bella?

-O que? Eu era completamente louco por ela – ele abraçou a amiga que estava ao seu lado – Mas agora ela é como uma little sister pra mim – falou dando um beijo estalado na bochecha da mesma.

Alguns riram, outros reviraram os olhos, e muitos estavam decepcionados, pois esperavam que Jacob se declarasse quase que pedindo Isabella em casamento.

-Leah pergunta para Julia – Sam disse alto.

-Legal – Leah disse animada – Verdade ou…? O que eu tinha que perguntar mesmo?

-Não sei, mas vai esse ai mesmo – Julia respondeu sorrindo.

-Ok, Julia… você o que você tem a dizer sobre o meu irmão, Seth Clearwater? – ela perguntou sorrindo maliciosa.

-Pra inicio de conversa – Julia disse seria, mas logo começou a rir -, Leah você está muito bêbada, amiga. Ok, agora o seu irmão. Ah, fácil, ele é o elefantinho mais cute que eu já vi.

-Elefantinho? – Seth perguntou confuso

-É, por que você é um lobo com o pelo um pouco cinza e elefantes são cinzas – Julia disse – Elefantes são cinzas, né? – ela perguntou insegura e ele assentiu, fazendo-a sorrir abertamente – Ótimo, você também é como uma caixa de lápis de cor, mas aquelas com vinte e quatro cores, ok?

-Como assim?

-Ah Seth, ela tá se declarando para você e você não entende nada, é muito insensível mesmo – Rachel falou – Você é muito alegre, uma caixa de lápis de cor é colorida, logico, e colorido é sinônimo de alegria.

-Ou de gay – Isabella disse, fazendo Seth a olhar assusto -, mas tenho certeza que Julia estava falando de alegria.

-Isso mesmo, obrigada – Julia falou se virando para Seth – Viu, elas entendem.

-Ok, mas isso significa que você gosta ou não dele – Leah perguntou sabendo a resposta.

-Ah, isso não precisa nem responder, é mais que obvio que eu gosto dele, ele é o único ser no planeta que não sabe disso – ela falou indiferente, como se aquilo não fosse assim tão surpreendente.

Todos ficaram chocados, se perguntando como ela reagiria quando se lembrasse disso no dia seguinte. Apenas Seth pensava em outra coisa, algo como: Ela gosta de mim, ela disse que gosta de mim.

-Bella pergunta para Seth – Sam declarou após girar a garrafa novamente.

-E ai, Seth, verdade ou desafio? – Bella perguntou sorrindo.

-Verdade – ele respondeu rápido demais.

-Covarde. Você está com medo de mim? Do que eu posso te desafiar? Uma menina inocente e…

-Ok, desafio, desafio.

-Ótimo, te desafio a beijar Julia – ela falou simples, vendo os olhos da amiga se arregalar, assim como o do garoto a sua frente.

-Eu, eu… er… só se você beijar Jake – ele disse.

Isabella rapidamente se levantou, trazendo Jacob consigo. Seth fez o mesmo com Julia. Sem pensar muito, para que não houvesse arrependimentos antes mesmo de fazerem alguma coisa, os dois primeiros se beijaram. Os outros dois fizeram o mesmo. Enquanto Jake e Bella se beijavam cautelosamente, com medo da reação do outro, Julia e Seth o faziam quase que com desespero, havia esperado meses para aquele momento.

Porém, antes que qualquer um dos casais pudesse se separar, todos ouvem um voz grossa gritar alto:

-QUE PALHAÇADA É ESSA?

Ninguém respondeu, todos, inclusive os que a pouco se beijavam, o olhavam com descrença. O que Charlie Swan, chefe de policia, estava fazendo ali? Todos se perguntavam.

-É MELHOR TODO MUNDO SAIR CORRENDO DAQUI NOS PROXIMOS CINCO SEGUNDOS.

Desesperados, sem saber o que chefe Swan iria fazer a quem ficassem ali, todos realmente saíram correndo, entraram em seus carros, ou até mesmo no carro de outras pessoas, e começaram fugiram o mais rápido possível.

No meio de toda a confusão, Bella se perdeu de todos os conhecidos e se viu em frente ao seu pai.

-Nós conversamos em casa, Isabella – ele disse olhando-a nos olhos quando ela fez menção de falar alguma coisa.

Ela não hesitou em sair dali rapidamente também. Pegou sua moto, percebendo que a de Jake ainda estava estacionada ali, e seguiu o mais rápido possível para casa.

Assim que chegou, percebeu que tudo estava exatamente como ela tinha deixado, porém ela sabia que alguém tinha estado ali. Alguma coisa estava diferente, talvez um cheiro novo no ar? Ela não sabia, a velocidade da moto a havia deixado ainda mais tonta por causa do álcool, porém o vento a deixou um pouco mais sóbria, mas ela ainda não estava cem por cento bem.

Subiu direto para seu quarto e se jogou na cama, se lembrou de que havia deixado seu carro em La Push antes de ir para a festa, no dia seguinte teria que ir lá pega-lo.

Começou, então, a pensar na situação em que se encontrava.

-Eu estou muito fudida – ela não pode evitar dizer em voz alta.

Eu beijei meu melhor amigo e não sei qual vai ser a reação dele, e meu pai, que é chefe de policia, me pegou bêbada em uma festa que ele não sabia que estava acontecendo, ela enumerou em sua cabeça, é, eu posso sair dessa, eu posso sair dessa.

-Só não sei como – ela disse, alto novamente.

Porém antes que ela pudesse sequer pensar em mais alguma coisa, um barulho de carro estacionando e alguém entrando em casa a tira de seus pensamentos.

-Isabella, desça aqui – Charlie disse, no pé da escada, em um tom autoritário.

Bella rapidamente desceu e sentou no sofá, seu pai ficou de pé na sua frente.

-Pai, eu… - ela começou, mas ele a interrompeu.

-Não acredito que fez isso. Não imagina o quão decepcionado eu estou. Nunca esperei uma coisa assim, eu tinha total confiança em você. Achei que você fosse responsável, que tivesse cabeça pra não se meter nessas coisas – ele respirou fundo – Bells, eu não vou te castigar, você já tem dezoito anos, é grande o suficiente para saber que o que você fez foi errado. Mas eu não quero ficar sabendo de algo assim novamente.

-Você não vai – ela disse firme e sincera. Não vou parar, mas vou tomar mais cuidado para você não saber de nada, ela completou mentalmente.

-Você… - ele estava falando em um tom mais manso, quando olhou pela janela da sala, olhando a entrada da casa – Aquilo é uma moto? – ele perguntou tentando não gritar – Aquela moto é sua?

-N-Não – ela se socou internamente por ter gaguejado.

Isabella pode ver seu pai indo em direção a moto, analisando-a. Quando chegou ao lado da mesma, ele ficou vermelho de raiva, ela sabia o que ele tinha visto. Na lateral direita da moto, com letras elegantes e tinha branca própria para aquilo, fazendo contraste na moto preta, uma assinatura: Isabella Swan.

Pisando firme, respirando forte e com o rosto bastante vermelho de raiva, Charlie entrou em casa novamente.

-Uma moto? – ele perguntou em descrença - Isabella Marie Swan, você tem uma moto? – ele não deu tempo para ela responder – Chega, pro seu quarto imediatamente, e é melhor você ir se acostumando com ele, porque você vai passar bastante tempo lá, só vai sair de casa pra ir para a escola – ele falou bastante alto, ainda tentando não gritar.

-Mas você disse que eu sou grande o suficiente, que não vai me castigar.

-Eu acabei de mudar de ideia.

Ela o encarou nos olhos, desafiando-o, ele não desviou o olhar. Ela logo cansou, não ia o fazer rever sua decisão apenas o encarando, fechou a cara e subiu para o quarto.

Tomou um banho rápido, trocou de roupa e se deitou em sua cama. Ele achava mesmo que isso iria prender ela? Logo ela, Isabella Swan? Ele não sabe que prender a fera só faz com que ela queira fugir?

Quando estava quase dormindo, um barulho de seu celular: uma mensagem.

Oi Bella, estou com saudades. Sei que esta tarde, mas vi um borrão de você chegando em casa agora, gostaria de saber por que chegou tão tarde. Eu passei ai mais cedo, não tinha ninguém em casa, eu esperaria, mas estava um horrível cheiro de cachorro, que tipo de companhia você anda tendo? Logo você vai me explicar tudo, apenas não sei quando é o logo, por alguma razão não consigo te ver direito, mas não irá demorar.

Beijos, Alice Cullen.

Bella olhou confusa, assustada e surpresa para o próprio celular. Que tipo de mensagem era aquela? Por que Alice Cullen estava na casa dos Swan, mais cedo? O que ela queria dizer com logo? Aquilo martelava irritantemente a mente de Isabella, porém para o bem de sua sanidade mental e sua noite de sono, achou melhor pensar nessas coisas no dia seguinte.

Acordou seis da manhã quase que em ponto, assustada com o sonho que acabara de ter. Tinha a sensação que havia acabado de dormir, o que não era necessariamente mentira se considerasse que a mesma havia dormido há menos de três horas.

Com bastante vontade de continuar na cama, se arrastou até o banheiro, onde tomou um demorado banho com a agua gelada, aquilo sim iria ajudar na ressaca que ela provavelmente iria sofrer. Saiu do banheiro se sentindo bem melhor, porém faltando apenas meia hora para sua aula começar.

Vestiu-se e desceu, tomou um rápido café-da-manhã, e quando estava preste a sair, encontrou um bilhete sobre a mesa da sala.

Bells, ainda estou bastante chateado com você, mas precisamos conversar sobre os Cullen, você precisa me explicar certas coisa e eu preciso te dizer uma coisa, mas acho que ira descobrir na escola. Precisei sair mais cedo, boa aula.

Charlie.

Perfeito, ela pensou sem sarcasmo. Charlie havia saído mais cedo, ela poderia ir para a escola com sua moto sem ter que ouvir seu pai a importunando com sermões desnecessários, ela comemorou, ignorando o resto do bilhete.

Colocou óculos escuros para proteger seus olhos, não sabia onde estava o capacete e estava atrasada demais para procura-lo, afinal, se a policia, também conhecida como seu pai, a pegasse, capacete seria a menor de seus problemas.

Ao chegar a escola estacionou em um lugar próprio para motos, procurou o carro de Julia, encontrou não muito longe dali.

-Oi Juh – ela cumprimentou quando chegou a amiga.

-Oi Bells, você já está sabendo? – ela perguntou em sua sempre presente animação – Alunos novos chegarão hoje.

-Alunos novos? Nossa, que interessante, conta mais? – Bella perguntou sem interesse algum.

-Sim, eles estão vindo do Alasca, eu acho – ela continuou ignorando o sarcasmo da outra – Todos estão falando neles, parece que já estudaram aqui antes.

-O que? Como assim?

-É o que estão falando – Julia sorriu ao capturar a atenção de Bella – Lauren estava comentando o quanto você iria amar a chegada deles.

-Lauren me odeia.

-Por isso achei melhor avisar.

-Ela disse mais alguma coisa.

-Não prestei atenção, não gosto de perder meu tempo com gente do tipo dela, mas deve ter comentado alguma coisa sobre um medico extremamente lindo, acho que ele é pai dos alunos.

Isabella sentiu seu coração bater mais rápido. Não podia ser, não agora que as coisas estavam finalmente se ajeitando. Com certeza eles estavam falando de alguém que morara ali antes de Bella chegar, afinal, nem tudo gira em torno do Cullen, e não existe apenas um medico bonito no mundo, certo?

-Você sabe o nome deles? – ela perguntou fazendo um grande esforço para não se deixar gaguejar.

-Sinto muito, eu não sei – Julia disse, preocupada de repente – Você os conhece?

-Espero que não – ela disse.

Não se passaram sequer trinta segundos, quando todos se viraram para a entrada de carros, nas costas de Bella. Ela sabia perfeitamente o que, ou quem, todos encaravam: os novatos. Ou para ser mais especifica, se ela estivesse certa, seus incríveis e chamativos carros.

-Nossa, gostei dos carros – Julia falou como se para apavorar ainda mais a amiga.

Bella se virou, pronta para usar sua mascara de indiferença e sarcasmo com todo a habilidade que havia adquirido nos últimos meses.

Porém, Bella teve que admitir, realmente era carros incríveis. Definitivamente modelos novos, talvez do ano seguinte, um Porsche de uma cor vibrante de amarelo e uma BMW com o perfeito tom de vermelho.

-Será que tem alguém querendo chamar atenção? – ela falou quando viu os carros, testando seu tom de desprezo.

-Bem, eles conseguiram – Julia falou, fazendo com que a outra sentisse imensa vontade de soca-la.

Aquilo estava sendo bastante difícil para Edward. Ele finalmente estava ali, em Forks, onde tudo havia acontecido, porém a ansiedade o estava matando. Ele queria pular daquele carro, correr em velocidade vampira, e abraçar a razão de sua existência.

Porém estava ali, vagarosamente dirigindo em direção à uma vaga. Sem falar nos pensamentos que o atacavam a todo o instante. Primeiro o de seus irmãos: Emmet distraído, seus pensamentos em o que pretendia caçar nos próximos dias. Jasper culpado, ainda achava que era por sua causa que havia mudado de cidade.

Rosalie, bem, Rosalie diferentes de tantas outras vezes, estava um tanto difícil de se decifrar, e Edward não tinha animação para tentar. E, por fim, Alice, sua irmã predileta estava ansiosa, temerosa, e um tanto de outras emoções juntas, porém fazia o máximo possível para não pensar, estava com raiva dele e não queria falar com o mesmo sequer por pensamentos.

Quando os dois carros estacionaram um ao lado do outro, e os Cullen saíram dos mesmos, os murmúrios aumentaram ainda mais.

-Nossa, elas são…

-… lindos

-… eles eram tão…

-…perfeitos, ano passado?

Os comentários, claro, puderam ser ouvidos por todos os Cullen presentes e, apesar de estarem acostumados, ainda sim os incomodavam.

Olharam rápido o estacionamento, a procura da chamativa caminhonete velha de Bella, não a encontraram, se perguntaram, então, se ela não teria ido a aula, porém logo avistaram ela, ao lado de outra garota, que os analisava, interessada.

-Nós vamos até ela? – Jasper perguntou.

-Claro – Rosalie disse – O que? – ela perguntou olhando os irmãos – Vocês não vieram até aqui para ficar olhando de longe, certo?

-Eles são…? – Julia perguntou, porém Bella a olhou seria, como se dissesse para a mesma não falar certas palavras muito alto.

-São – ela disse apenas, sabendo que ela questionara sobre a raça deles.

As duas os encararam descaradamente, assim como o resto do colégio estava fazendo. Porém seus olhares eram diferentes. Julia interessada naquele novos vampiros, Bella, com a sobrancelha arqueada, desafiando-os a ir até ela e, para sua surpresa, foi exatamente o que eles fizeram.

Não sabendo exatamente o que estava sentindo, Bella olhou atentamente aquele grupo andar em sua direção, do outro lado do estacionamento. Eles estavam exatamente como ela lembrava, talvez mais bonitos. Eram bem vestidos e sua presença intimidadora, havia certa formalidade que eles sempre insistiam em carregar, era quase que natural não conseguir agir com naturalidade.

-Olá – cumprimentou – Sou Rosalie – disse para a desconhecida.

-Julia – ela disse sorrindo levemente.

-Oi Bella – ela disse, surpreendendo Julia, Rose se virou novamente para ela – Esses são Emmet, Jasper, Edward e Alice, somos os Cullen.

Bella ainda não havia reagido a incrível cara de pau deles, porém a simples menção desse nome despertou raiva em Julia.

-Cullen? – ela disse sem tentar esconder o desprezo, eles assentiram confusos, ela revirou os olhos e saiu dali, puxando Bella consigo.

Rapidamente se afastaram dali, deixando o clã ainda mais confuso. Não era exatamente isso que eles tinham planejado, o que havia acontecido?

Ainda andando, Julia pegou o celular e rapidamente digitou um numero, ela parou de andar, enquanto esperava a pessoa atender.

-Alo, Jake? Você precisa vim pra cá… Não, tem que ser agora… Como assim fora do país?… Ok, mas é melhor que depois da aula vocês estejam aqui… - ela riu – Quando você chegar, irá descobrir, tchau.

Ela, então, desligou o celular sem sequer esperar a resposta, estava consciente que os Cullen estavam observando e ouvindo-as e não se sentia nada confortável com isso. Por reflexo, as duas olharam em direção a eles, apenas para confirmar o que já sabiam.

-Swan – uma voz forçadamente fina e inevitavelmente irritante chamou.

-O que foi agora? – Bella perguntou sem humor, se virando para encarar Lauren.

-Ah, nada de mais, apenas queria saber se você já foi cumprimentar o seu namoradinho?

-E você, querida, já foi rodar bolsinha na esquina? – ela perguntou retoricamente.

-Eu só estava perguntando – ela falou tentando passar o papel de inocente.

-Claro, eu também. Agora, faz um favor pra mim e pra você e sai daqui, porque eu não estou com a mínima paciência para ficar aturando pessoas como você – ela disse indiferente.

-Cuidado como você fala comigo, Swan – ela disse ameaçadoramente, sua voz não estava mais fina, porém continuava irritante – Eu sou a ultima pessoa que você vai querer como inimiga.

Bella teve vontade de rir audivelmente e foi o que fez.

-Você não faz mal sequer a um inseto insignificante. Acha que pode me intimidar com suas simples palavras, como você faz com todo mundo nessa escola? Não, comigo as coisas não funcionam assim – Bella disse, o sorriso sarcástico não estava mais em seu rosto – Você é covarde, Lauren. Nunca irá fazer um terço das coisas que fala, agora, eu sou um pouco diferente, eu cumpro com minhas ameaças, então, sai da minha frente.

Lauren olhou para Isabella chocada, como ela ousava falar com ela assim? Estava indignada, porém não sabia como revidar à aquela agressão verbal, então, com o queixo erguido e a arrogância nítida, virou de costas e entrou no colégio.

-E então? – Bella perguntou, revirando os olhos, para Julia – Você estava falando com Jake?

-Sim, disse para virem para cá, mas eles estão fora do país, perseguindo um vampiro. Ele disse para não nos preocuparmos.

O clã, do outro lado do estacionamento, observava aquelas duas amigas atentamente, ainda estavam se recuperando da cena que acaram de ver Bella fazer, quando ouviram uma palavra que os fizeram voltar a prestar atenção: vampiro. Aquela garota sabia dos vampiros? Porém o comentário seguinte chocou-os ainda mais.

-Calma, Juh – Bella falou notando o estado tenso da amiga – Seth sabe se cuidar, adora um boa luta, deve estar se divertindo – Julia quase pulou ao ouvir aquele nome, Bella sorriu – Na verdade, ele deve estar entediado, é apenas um sanguessuga, não vão sequer conseguir brincar com ele.

-V-Você acha?

-Tenho certeza, eles vão chegar no fim da aula, comentando sobre a exagerada animação dos novos lobos em matar seu primeiro sanguessuga.

Os Cullen arfaram com aquilo. Não por causa dos lobos, eles já o haviam encontrado uma vez, tinham um tratado com eles, aquilo era o de menos. Claro que os preocupava saber que Bella estava andando com aquele tipo de gente, poderia ser muito perigoso, porém não era isso que lhes ocupava a mente.

As meninas agora comentavam algo sobe a noite anterior, elas riam e faziam graça uma com a cara da outra pelos vexames, culpando sempre o álcool, contudo os Cullen não ouviram isso, estavam chocados demais. Uma palavra ecoava em suas cabeças: sanguessuga, aquela que havia sido pronunciada com tanto desprezo pela garota que eles tanto amavam.

Não sabiam o que pensar, menos ainda o que falar. Os pensamentos deles estavam a mil, cada um formulando uma desculpa aceitável, e que não os fosse machucar, para aquilo ter acontecido, porém Edward nada ouvia, nada pensava, apenas repetia e repetia a cena: a razão de sua existência, falando daquela maneira de sua espécie.

O sinal bateu e rapidamente o estacionamento ficou quase deserto, um pouco tarde, os Cullen notaram esse fato, fazendo com que Edward e Alice entrassem no colégio, Emmet, Rosalie e Jasper ficaram de fora, supostamente era para eles já estarem na faculdade, então não podiam ir também.

Os dois aparentemente mais novos seguiram para suas aulas, que já haviam sido totalmente manipuladas para que coincidissem com as de Isabella. As três primeiras Alice estaria, as três ultimas estaria Edward.

Sentada em sua cadeira de sempre, Bella esperava pacientemente pelo professor de Álgebra, teria as duas primeiras aulas dessa matéria e estava se preparando psicologicamente para isso quando Angela chegou, sentou a seu lado e a cumprimentou.

Bella gostava de Angela, ela era diferente das outras garotas do colégio, não pensava apenas em si mesma, era tímida, inteligente e não falava com malicia, era por isso que as duas eram parceira em todas as aulas que tinham juntas, inclusive nessa, se davam bem, o que fazia Angela se perguntar por que Lauren e Jessica implicava tanto com a Bella.

O professor entrou em classe e junto com ele uma das ultimas pessoas que Isabella queria ver: Alice Cullen. Elas se encararam por alguns segundos, Bella demostrando indiferente e Alice com um sorriso receoso, antes do professor começar a falar.

-Acho que todos aqui se lembram da senhorita Cullen – ele disse para a turma depois voltando-se para ela – Sente-se com o senhor Newton, por favor.

Alice fez uma pequena careta quando o viu se ajeitar na cadeira e dar um sorriso que ele achava ser sedutor e irresistível, porém não reclamou ao sentar ao lado dele.

-Oi, sou Mike Newton – ele riu – Não sei por que estou me apresentando, tenho certeza que se lembra de mim.

-Na verdade não, mas oi Mike – ela disse sem querer ser grossa.

O professor começou a explicar a matéria nova, fazendo com que ele não tivesse outra oportunidade de puxar assunto, até o horário seguinte, quando foi passado exercício e o professor se calou.

-Bem, quem sabe, pra ajudar você a lembrar de mim, a gente possa sair um dia e… - Alice se virou para ele e deu um sorriso educado, fazendo-o se calar.

-Preste atenção Mike, porque eu não quero repetir, eu não quero ser nem um pouco mal-educada, mas tenho que deixar claro que sou muitíssimo bem comprometida, e que mesmo se não fosse eu não iria ficar com você.

-P-Por quê? – Alice suspirou pesadamente, geralmente tinha bastante paciência, porém por causa das coisas que estavam acontecendo ela estava bem estressada, quando ela ia falar algo que o faria calar a boca de vez, o professor disse.

-Senhor Newton, senhorita Cullen, algum problema?

-Não, eu sou estou pedindo para ela me explicar uma questão – Mike disse.

-Já que você está com tanta dificuldade, sente-se com a senhorita Swan, ela é uma de minha melhores alunas e já terminou o dever.

Antes que Mike pudesse sequer falar algo, Isabella se levantou em um pulo, revoltada com a situação.

-Professor se que sou uma de suas melhores alunas, por que tenho que ser castigada, sentando com ele e ainda tendo que ensina-lo?

-Você não quer? – ele perguntou um pouco assustado com a reação da aluna, ela negou – Ok, er, senhorita Webber, você poderia ajuda-lo?

-Claro – ela disse, porém Bella notou que foi a contragosto.

-Ótimo, sente-se ao lado dele. Senhorita Cullen, vá para o lugar dela.

Isabella engoliu seco, se soubesse teria preferido ensinar para o Newton. Alice estava lhe olhando com medo? Tentou não se importar com isso, simplesmente olhou-a dos pés a cabeça com puro desprezo, depois voltou-se para seu caderno, revisando as questões que acabara de resolver.

Pelo canto do olhou, viu a cadeira ao lado ser arrastada e alguém sentando nela.

-Bella? – fingiu não ouvir – Bella – novamente foi ignorada - Bella, você pode olhar para mim um instante? – ela perguntou com uma pontada de impaciência.

Isabella suspirou pesadamente, e se virou brutalmente, soltando um “que foi?”. Alice não esperava por isso e levou alguns segundos para se recuperar do susto.

-O-O que aconteceu? – Bella a olhou fingindo confusão.

-Nada, deveria ter acontecido algo? – ela perguntou com um sorriso sarcástico.

-Bella, por favor¸ estou preocupada, me fala – ela disse quase implorando.

-Talvez outra hora… fora de sala – Bella disse tentando com sucesso não demostrar real interesse, querendo ou não, e ela não queria, ela não gostava de ver Alice assim.

-Senhorita Cullen, precisa de algo? – o professor perguntou quando viu a mão da aula levantada.

-Sim – ela disse com a voz falhando – E-Eu não estou me sentindo bem.

-Acho melhor você ir à enfermaria, senhorita Swan acompanhe sua parceira, por favor.

Isabella tentou contestar, porém o professor não estava muito feliz com sua ultima afronta, então ela se viu obrigada a ir. Ela e Alice andaram lado-a-lado, caladas, em direção a enfermaria, quando estavam na metade do caminho, a segunda parou, fazendo a outra imita-la.

-Estamos fora de sala, agora me diga o que aconteceu – ela disse seria, olhando nos olhos de Bella.

-Já disse que não aconteceu nada, e, se tivesse acontecido, definitivamente não seria da sua conta.

Alice a olhou machucada.

-Como não aconteceu nada, Bella? – ela disse suplicante – Olhe pra si mesma, como você ousa dizer que não aconteceu nada? Que roupas são essas? E a maneira como você falou com Lauren? Aquela não era você – ela disse com os olhos marejados, com lagrimas que não poderiam cair – Onde está a Bella Swan que eu conheço? Onde está minha melhor amiga?

Isabella não pode evitar a gargalhada sarcástica e amargura que acabou soltando.

-Sua melhor amiga? – ela riu novamente – A Bella Swan que você conhece? Qual? Aquela idiota, que se deixava ser pisada e que sempre pensava nos outros? Bem, ela morreu – ela disse com indiferença – Morreu quando foi abandonada pelo namorado e traída pela melhor amiga.

Os olhos de Alice rapidamente saíram de foco, para nos instante seguinte voltar ao normal. Bella ficou tentada a perguntar qual havia sido sua visão, mas ficou calada.

-Eu não te traí, nunca te trairia – ela disse com a voz embriagada pelo choro.

-Então me diz, o que foi aquilo? Porque se não foi traição, não sei o que foi. Você me deixou no momento em que eu mais precisei de você.

-Eu…

-Você e seu irmão mataram aquela garota. Se hoje eu bebo às sextas, falo palavrão e trato mal as pessoas a culpa é exclusivamente de vocês.

-Mas Bella, eu não…

-Não me venha com eu não – a interrompeu – Você me tem culpa nisso tanto quanto ele. Vai dizer o que? Que não queria ir? Se você também tinha cansado de brincar comigo, podia ao menos dizer isso na minha cara… foi o que o Edward fez.

-Ele fez o que? – Alice perguntou verdadeiramente confusa.

-Ok que não precisava de toda aquela cena na floresta, mas ele disse o quanto já estava ficando cansativo fingir que se importava comigo, teria sido legal você fazer o mesmo.

-Eu nunca falaria algo assim, nunca mentiria dessa forma, Bella – Alice disse sentindo a raiva pelo irmão crescer em seu peito. Como ele tinha sido capaz de uma coisa assim.

-Claro que não – Bella disse com todo o sarcasmo que conseguiu.

-Bella, por favor, acredite em mim, você é minha melhor amiga, eu te amo, e nunca queria ter te deixado – ela tocou no braço de Bella, mas a mesma se afastou.

-Não encoste em mim – o desprezo visível em sua voz – Você me traiu tanta quanto ele, você me machucou e magoou tanto quanto ele, me enganou tanto quanto ele… e eu te odeio tanto quando odeio ele.

Aquilo fora a gota d’agua. Alice imaginara que Bella poderia estar com raiva ou extremamente magoada, mas nunca pensara na possibilidade de que ela a odiaria, nunca pensara que veria esse sentimento tão marcado no olhar dela e a voz dela tão cheia de desprezo.

Ela viu Bella virar de costas e seguir em direção ao refeitório. Sentiu suas pernas amolecerem e não tentou evitar cair  ajoelhada no chão, encarando o chão, seu corpo balançando em função dos soluços, porém seu rosto, apesar de distorcido pela tristeza, estava isento de lagrimas.

Não haviam se passado sequer três segundos quando sentiu todos os Cullen se colocaram ao lado dela e ela sentiu os braços de Jasper sobre seu ombro, não hesitou em se jogar em cima dele, abraçando-o fortemente e enterrando seu rosto no peito dele.

Passou-se mais de meia hora e Alice estava na mesma posição, tirando alguns pouco momentos em que ela sussurrava ela me odeia, ela me odeia. Jasper já havia desistido de usar seu poder nela, pois não fazia efeito algum, então, simplesmente acariciava seu cabelo, murmurando frases tranquilizadoras.

De repente, ela se soltou do marido, os dois se levantaram, ela controlou os soluços e disse tentando manter a voz calma:

-É melhor irmos, logo será o intervalo e todos sairão de suas salas. Não consigo imaginar o que diriam se vissem os Cullen desse jeito.

Quase como se estivesse esperando sua deixa, no instante que ela terminou de falar, o sinal tocou, anunciando o almoço. Os Cullen, totalmente composto, se dirigiram ao refeitório. Alice olhou para Edward, em seu rosto nenhum sinal de que algum dia havia sequer pensado em chorar, porém ela sabia que ele, há alguns minutos, se encontrava no mesmo estado que ela.

Em uma falha tentativa de se distrair, Alice passou o intervalo inteiro tentando ver o futuro, porém nada conseguia ver, então se lembrou de que Julia, a amiga de Bella, havia ligado para alguém pedindo para os lobos virem no colégio, imaginou que não pudesse ver o futuro dele, pois ele era seu inimigo natural.

Pensou no cheiro que havia sentido no dia anterior quando foi a casa de Bella: cachorro molhado, definitivamente um lobisomem. Preocupou-se, como Bella era capaz de andar com esse tipo de gente? Bem, de uma coisa ela tinha certeza, não precisava ver o futuro para saber que o encontro com os lobos no final da aula não ia ser coisa boa.


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