Diário

21 de maio, sexta-feira.

“-Eu vou embora”

“-Eu não te amo mais”

“-Bella, você não é boa o bastante pra mim”

Já se passaram oito meses desde que ele se foi, me deixando para trás, porém ainda consigo escutar sua linda e aveludada voz pronunciando essas palavras. A cada instante é apenas isso que eu penso: Edward, Edward, Edward. Não tem mais sentido viver sem ele ao meu lado, apenas sobrevivo, apenas existo.

Isabella não pode deixar de rir com aquelas palavras, em seguida suspirou pesadamente contrariada. Ela não acreditava que estava realmente fazendo isso, naquele momento ela poderia estar se arrumando para a festa daquela noite. Porém Jacob havia jurado que nunca mais a levaria a festa alguma se ela não escrevesse tudo o que estava sentindo em um diário.

Isabella sabia que ele estava fazendo isso apenas porque se preocupava com ela e, por alguma razão, achava que aquilo iria ajudar, mas ela não pode deixar de passar bastante tempo discutindo com o melhor amigo por causa disso, apenas para, no final, se dar por vencida.

Voltou-se, então, para o caderno novamente.

Ok, nada disso é verdade, acho melhor levar isso a serio, caso Jake venha conferir.

Realmente faz oito meses que os Cullen se foram, mas, diferente do que muitos imaginaram, eu não me entreguei a uma depressão profunda, onde eu, praticamente, me humilhava por eles. Isso quase aconteceu. É quando Jacob entra na historia. Ele se tornou uma das poucas pessoas em que eu realmente posso confiar, além de ser meu melhor amigo e, novamente diferente do que muitos imaginaram, ele é apenas meu amigo.

Outra coisa que eu tenho que enfatizar é que era absolutamente mentira quando eu escrevi que eu não tenho mais vida, que eu apenas sobrevivo. Na verdade, nunca vivi tão intensamente: aprendi a dirigir uma moto, a dançar, beber, tocar guitarra e violão e até me arrisco um pouco no piano. Impressionante a quantidade de coisas que se dá pra aprender quando não esta babando por um vampiro.

E Edward? Bom, eu realmente mudei bastante desde a última vez que eu o vi. E uma das coisas que aprendi foi a indiferença, os pesadelos diminuíram e eu aprendi a ignorar a dor no meu peito, o buraco que ele deixou pra trás, ou fingir ignorar, não faz muita diferença, o importante é que eu sei que ela está lá, sempre me lembrando de nunca me entregar total e incondicionalmente a ninguém, que nunca se deve para de pensar e confiar tanto em alguém.

Uma lagrima traiçoeira desceu pelo rosto frio de Bella. Escrever aquilo estava se saindo um pouco mais difícil do que imaginara. Só a estava fazendo lembrar o quão estupida se achava por ter caído na velha estória do príncipe encantado.

Ela riu de si mesma. Poucos acreditariam se ela dissesse que estava chorando, se surpreenderiam, mas, por mais incrível que parecesse, Isabella Swan ainda tinha sentimentos, só havia aprendido a escondê-los.

O buraco em meu peito também me lembra de uma coisa bastante curiosa: o amor é um sentimento passageiro e banal. Não importa o quanto demore, dois dias ou vinte anos, uma hora ele acaba. E o “amor” de Edward por mim acabou, isso se ele algum dia realmente me amou, o que é meio difícil de saber.

Por isso que eu digo, garota não se engane, você esta sendo usada. Essa pessoa com você não é sua cara metade, alma gêmea, seu príncipe encantado, ou qualquer outra coisa que você acredita que seja. Não importa o quão perfeito ele seja, ele vai te magoar, ele vai te fazer sofrer. Use-me como exemplo, mas pense bem: você tem um amigo lobo pra te ajudar a não se matar?

Definitivamente não sou mais aquela menininha desastrada, iludida, idiota e gentil. Agora sou uma mulher inteligente, gostosa, independente, sarcástica e experiente. Tem filas de homens que me desejam em suas camas por, pelo menos, uma noite, não que eu fique mais do que isso com qualquer pessoa.

Isabella ao pode deixar de rir ao lembrar das noites de diversão, onde o único cara que sempre está com ela, é o único que não a deseja dessa forma: Jacob.

Pensando nele se lembrou que, graças ao mesmo, iria ter que se familiarizar com aquele caderno, pois seria obrigada a escrever nele sempre que algo importante, emocionante ou relevante acontecesse com ela, o que é a todo momento.

Acho que já havia escrito o bastante por enquanto. Olhou no relógio, Jake passaria em sua casa dali a quatro horas e meia, então os dois iriam para uma festa no carro de Bella, cujo após insistência de Jake, vendeu a caminhonete e, com ajuda do seu dinheiro pra faculdade, comprou uma moto. Semanas depois, ganhou de presente dos pais uma linda Ferrari preta.

Demorou quarenta minutos no banho, vestiu uma lingerie, se enrolou em um roupão, secou o cabelo e se deitou na cama do jeito que tava e cochilou.

Eu estava em uma floresta bastante familiar, em minha frente eu podia ver duas pessoas, uma de frente para outra, me assustei quando percebi que era eu e Edward. Sabia que estava sonhando, porém não conseguia acordar. Não queria ficar ali, sabia exatamente o que iria acontecer e não estava com muita vontade de ver.

Desesperada por sai dali, fiz de tudo, de pular tentando chamar a atenção de alguém à gritar tentando acorda. Por fim, percebi que nem Edward nem a outra eu, iriam me ouvir. Então, sentei em um tronco caído e chorei silenciosamente, assistindo a cena que tanto me assombrava se desenrolar.

Meu pequeno inferno particular. Assisti tudo: a conversa, o choro, a humilhação, o rápido e frio beijo na testa, e ele partindo.

Então, de repente, a cena mudou. Eu estava na escola, encostada em meu carro, a minha frente estava Jake. Nós dois conversávamos animadamente, rindo de alguma coisa, porém, de uma hora para outra, Jacob ficou serio, olhando, por cima do meu ombro, alguma coisa atrás de mim.

-Vamos sair daqui, rápido

-Por quê? – perguntei confusa com sua rápida mudança.

-Apenas obedeça, Bells

-Não, me diga o porquê.

Ele fez menção de explicar, mas apenas continuou olhando para alguma coisa atrás de mim. Imediatamente, me virei para descobrir o que ele tanto encarava, não acreditei em meus olhos: os Cullen, todos eles.

Eles olharam para mim, depois para Jake e para mim novamente, então começaram a caminhar em nossa direção…

(8) Can't stay at home, can't stay at school

Old folks say, ya poor little fool

Down the street I'm the girl next door

I'm the fox you've been waiting for (8)

Isabella despertou assustada, com o som de seu celular tocando uma de suas musica preferidas: Cherry Bomb. Aquele era o toque de Jacob.

-Alô – ela atendeu rapidamente

-Oi Bella, e ai? Já está pronta?

-Er...

-Deixa ver se adivinho: tomou banho e cochilou, então você esta na cama de roupão, certo?

-Talvez – os dois riram.

-Ok, estou indo pra ai, chego em meia hora, não me importo se você estiver ou não arrumada, nós vamos assim que eu chegar, então é melhor você se apressar.

Ela não esperou ele dizer mais nada, sabia que ele falava serio. Desligou na sua cara e começou a se arrumar o mais rápido que pode. E vinte e cinco minutos depois ela estava pronta.

Sorriu satisfeita encarando o próprio reflexo no espelho. Estava linda, como sempre. Usava um vestido vermelho com detalhes pretos, que ia até metade de sua coxa, para acompanhar uma sandália preta com o salto bastante fino e uma maquiagem levemente escura.

Sentou-se na cama suspirando pesadamente, se recuperando da verdadeira maratona que tinha sido se arrumar tão rapidamente, tentando não pensar no sonho que acabara de ter, quando a campainha tocou.

Desceu e foi em direção a porta da entrada, onde seu melhor amigo lhe esperava.

-Nossa, você está linda – ele elogiou

-Nada diferente do normal – ela falou sorrindo.

-Sabe, depois de ser elogiada, a pessoa deve agradecer, envergonhada, e, em seguida, soltar alguma coisa positiva sobre o outro.

-Oh, sinto muito.

-Eu te desculpo.

Ela sorriu.

-Você também está… bonitinho.

-Vindo de você deve ser uma coisa incrível.

Ele sorriu de lado. Estava usando uma calça jeans preta, uma camisa branca e uma jaqueta de couro preto, o cabelo levemente bagunçado, apenas por passar a mão no mesmo a todo instante, deixando totalmente seduzidas todas as garotas que passavam por perto.

Jacob pegou a chave da Ferrari de Bella, os dois entraram no carro, e seguiram em velocidade para Port Angeles, onde beberam e dançaram a noite inteira.

***

Chegaram na casa dos Swan às sete horas da manhã, incrivelmente, Charlie ainda estava dormindo. Bella e Jacob trocaram de roupa e desceram novamente para o cafe-da-manhã.

Não muito tempo depois, Charlie também desceu.

-Bom dia, crianças. Como foi a noite?

-Ah, não muito boa. – Jake começou.

-Nós voltamos cedo. O lugar que fomos estava cheio de gente bêbada, então achamos melhor não nos envolvermos – Bella disse fazendo a melhor cara de inocente.

-Pois fizeram muito bem – ele falou com uma postura de policial Swan – Ah, esses jovens que acham que beber é tudo… - ele falou com pesar

-Eles estão jogando a vida deles fora – Jacob disse.

-Concordo – Bella falou com ar de indignação.

-Vocês vão pra La Push? – perguntou Charlie mudando de assunto

-Mais tarde.

-Então nós nos encontramos lá, to indo pescar com o Billy e ver a Sue

-Claro pai, depois agente se vê.

Ele terminou seu café e seguiu para a viatura.

-O que nós vamos fazer hoje? – Jacob perguntou quando o carro não podia mais ser visto.

-Você que sabe, mas aviso logo amanhã é domingo e eu vou passar o dia em casa dormindo.

-Nós não dormimos ontem e também não vamos dormir hoje, então você tem o direito de dormir o dia todo amanhã.

-Ok.

-Então que tal irmos ao cinema, depois almoçaremos em um restaurante qualquer. Então vamos pra reserva, vai ter uma fogueira hoje. Você lembra? Sentar ao redor da fogueira e contar as histórias dos Quileutes

-Lembro sim – ela respondeu pensando na primeira vez que foi à uma dessas – Quem se transformou?

-Ah, dois garotos ai, você não os conhece ainda, mas também vai uma pessoa que não é lobo.

-Quem?

-Charlie

-Charlie? Charlie Swan?

-O próprio.

-A-A relação dele com Sue deve estar seria mesmo.

-É, além disso, ele é seu pai e é o melhor amigo do meu pai. Ele é quase da família e já está percebendo que tem alguma coisa estranha com a tribo.

-Hum, como você acha que ele vai reagir?

-Sei lá, ele é seu pai, não meu.

-Eu também não sei… mas vamos esquecer isso por enquanto.

Arrumaram-se e fora ao cinema, o filme escolhido foi uma comedia romântica que acabara de estrear. Quando o filme acabou, já estavam com fome, porém sem vontade de ir à algum restaurante, então comeram em uma lanchonete do McDonalds que havia por ali.

O resto do dia passou rápido e quando perceberam já estava mais do que na hora de irem para La Push. A fogueira começaria logo, e depois haveria uma festa, e se existe alguém que sabe dar uma festa são os lobos.