Mayumi corre em direção ao quarto de Hero e chegando alguns metros antes vê os dois homens responsáveis pela segurança mortos, um parece que teve o pescoço quebrado e o outro tinha um tiro na cabeça. Ela se aproxima do segurança morto à bala e olha para seu ferimento:

- Mas como? – toca no ferimento. - Ninguém nem ouviu nada? – Ela olha a sua volta, o corredor está completamente vazio.

- Bom... Seria difícil alguém ouvir alguma coisa... Corredor vazio e com certeza foi usada uma pistola com silenciador. – Mas isso é o que menos importa, o importante é que agora a jovem tem a certeza de que Hiroto está mesmo de volta e com certeza disposto a tudo.

O desespero volta a tomar conta dela, seu coração se aperta de tal forma que a agente mal consegue respirar, mais uma vez ela teme em entrar e encontrar Hero... ah...ela não quer pensar nisso.Ela tem que fazer alguma coisa.

Deixando seu medo de lado ela se aproxima cuidadosamente da porta do quarto.

O bandido está lá dentro, parece ainda mais furioso e insano. Ele ameaça o moreno com uma pistola apontada em direção a sua cabeça, os dois estão de frente um para o outro:

- Dessa vez você não terá a mesma sorte, seu imbecil... Não sei por que isso acontece...Todas as mulheres lindas dariam a vida por você e você não vale nada

Hero nem tem muita coragem para enfrentá-lo, já que conhece todas suas atitudes e sabe que ele é uma pessoa extremamente covarde e, além de tudo, tem uma arma. Ele apenas permanece calado olhando diretamente para o delinqüente que continua a falar:

- Há! Cadê sua coragem? Nem parece aquele gayzinho cheio de pose querendo me enfrentar e tudo...

O homem está tão concentrado em aterrorizá-lo que nem percebe a chegada de Mayumi, que abre a porta bem devagar e ao ver que seu ídolo mais uma vez corre perigo se joga contra Hiroto agarrando-o pelo pescoço, envolvendo suas pernas ao redor de seu corpo e o segurando bem forte.

Ela grita:

- Foge Hero, vai chamar a segurança!

O rapaz hesita um pouco, sabe que a policial ainda está muito fraca por causa os ferimentos e que se deixa-la ali sozinha com Hiroto ela não terá muitas chances. Percebendo a hesitação do rapaz ela grita ainda agarrada ao pescoço do bandido que se debate como uma besta fera, ele grita feito louco jogando-se contra a parede tentando fazer com que May o solte:

- Anda logo Hero, vai chamar o tenente, ele deve estar na lanchonete. Vai... eu não vou poder segurar essa besta por muito tempo...- Mayumi  não parecendo se importar com as constantes batidas que leva.

Hero decide não obedecer ao desejo da moça. Ele de forma nenhuma faria algo desse tipo, nunca a deixaria sozinha com aquele monstro e, além do mais, tem que se vingar de todas as covardias que sofrera. Então enquanto o homem ainda se debate aproveita um momento oportuno e o chuta entre as pernas, os olhos do homem se reviram de dor e ele cai no chão de joelhos com May ainda segura as suas costas. O rapaz olha para o lado de sua cama e vê que na mesinha ao lado tem uma bandeja, não parece muito pesada, mas...-  Ela vai servir... –pensa ele que pega a bandeja, nem se importa com o copo de suco de laranja e o pedaço de pudim que estava terminando de comer antes de ser surpreendido pelo maldito. Seu lanche cai no chão com o movimento rápido, então ele usa toda sua força e acerta o bandido na cabeça. O homem fica tonto e cai no chão por cima da arma, parece estar desmaiado.

Mayumi finalmente o solta, se abaixa ao seu lado para ter a certeza de que realmente está desacordado, vendo que provavelmente sim ela olha para Hero e parecendo meio surpresa diz:

- Nossa! Não sabia que você era tão forte assim.

Ele sorri e lhe responde:

- Está achando que eu sou algum fracote?

A menina olha para ele de cima em baixo, suspira e diz:

- Nem um pouco. Você é... é...muito saudável e forte Hero...(queria dizer outra coisa...mas.achou melhor deixar quieto)... Agora vai chamar a segurança e o Sousuke, eu vou ficar aqui pra ficar de olho nesse imbecil.

- Tá bem... Volto bem rápido. - Hero sai correndo.

Hiroto começa a acordar e a jovem nem percebe, ele pega sua arma e sem ela esperar a empurra contra a cama. Mayumi cai sentada batendo com as costas no lado perto do pé da cama e enquanto isso o monstro se levanta calmamente com a arma na mão e um sorriso sádico no rosto:

- Você faz jus ao seu “titulo” de gata, tem várias vidas,... mas um dia todas elas vão acabar e esse dia chegou...

Se levantando com um pouco de dificuldade pois seu ferimento na barriga começou a incomodar ela diz:

- Ah... Meu odioso psicótico... Você está enganado....Não vai ser você que vai me matar, não aqui e nem agora. - Mayumi parte pra cima dele tentado lhe aplicar um soco, só que o homem se esquiva e lhe aponta a arma. Os dois se encaram. No olhar de May seria possível ver faíscas de ódio. Ela começa a lamentar profundamente, não, lamentar não seria a melhor palavra, ela começa a sentir uma profunda raiva por se sentir tão fraca naquele momento e não poder mais uma vez se jogar contra o delinqüente e lhe dar tudo o que ele merece.

Hiroto passa a mão sobre a testa onde levou a pancada, sentiu seu sangue começar a escorrer, ele olha para sua mão, vê o liquido e fica ainda mais furioso:

- Maldito! Mas eu ainda vou acabar com ele... - Volta a olha-la.

- E com respeito a você... Não querida... Eu não costumo me enganar duas vezes e ainda mais com a mesma pessoa... Nessa distância um tiro será fatal...Pode começar a dar adeus para essa sua vidinha medíocre de fã do Kim JaeJoong...

A moça se vê totalmente encurralada, desarmada e na mira de uma arma. Começa agora a temer pela sua vida, na verdade ela não tinha medo de morrer, tinha medo de assim se tornar incapaz de proteger o seu grande ídolo. Na verdade a sua morte nunca lhe assustou, tempos atrás ela chegou a desejá-la, mas naquele momento ela tinha uma razão para continuar vivendo e ninguém poria um ponto final em sua vida, não naquele instante. Então ela começa a olhar ao seu redor e finalmente se lembra de sua tesoura que deixou cair enquanto lutava agarrada ao pescoço de Hiroto. Ela avista a bendita tesoura que está a poucos centímetros a sua frente, mas atrás daquela besta, então ela pensa:

- É essa a hora... Vou ter que partir pro tudo ou nada... - May sabe que não poderia se lançar em direção à possível arma branca que seria capaz de salvar sua vida. Ela sabe que antes terá que fazer alguma coisa, terá que desnortear aquele maldito que estava na sua frente. Mas um chute qualquer não seria capaz de derrubá-lo, não teria tanta força para isso, então ela decide usar o mesmo golpe baixo que Hero tinha usado minutos atrás e acerta o homem entre as pernas. O chute dessa vez não é  tão forte, mesmo assim Hiroto ainda se contorce de dor, mas não deixa de apontar a arma para ela. A agente usa toda sua agilidade, em questão de segundos pega sua tesoura e parte para cima do bandido, ele ainda consegue atirar, mas antes tem a tesoura cravada em seu peito e com a dor acaba errando o tiro.

May tinha usado todas sua última força para cravar a tesoura até perfurar o coração do bandido e isso felizmente aconteceu. Foi muita sorte, nem ela tinha a certeza de que tudo aquilo daria certo, as chances eram mínimas, mas o destino lhe ajudou.

Tudo acontece em uma velocidade incrivel e agora a agente observava o homem.Ela assistiu oahomem cair lentamente à sua frente, cada suspiro agonizante dele lhe trazia um extremo alívio. A tranqüilidade tomava conta dela e ela olhava para o homem já em seus últimos suspiros vitais, ao redor de seu corpo uma não muito grande poça de sangue começava a se formar. Quando finalmente teve a certeza de que o maldito estava morto chegou a sentir um pouco de alegria. Mas logo uma dor terrível voltou a incomodá-la, ela olhou para o lado esquerdo do seu abdomem e percebeu que estava começando a sangrar:

- Os pontos devem ter se aberto. – colocou uma das mãos por cima do ferimento a fim de estacar um pouco o sangue. Naquele momento sentiu tudo escurecer na sua frente, sentia que estava prestes a desmaiar, mas não se deixou levar, ainda tinha uma coisa a fazer.

Ela saiu caminhando com dificuldade, se apoiava nas paredes, estava procurando por Hero. Queria vê-lo para ter a certeza de que tudo estava realmente acabado. Queria falar isso pra ele olhando em seus olhos. Cada passo parecia durar um século, ela já nem sentia mais dor, não sentia quase nada só suas pernas bambearem, mas mesmo assim continuava. Um dos enfermeiros a viu caminhando já como uma morta-viva pelos corredores e tentou ajuda-la a ir para seu quarto, mas a menina não aceitou de forma nenhuma, se debateu, o empurrou, não sabia de onde ainda tirava forças para tudo aquilo. No final, vendo que não podia mais lutar contra nada e ninguém apenas pediu a ajuda dele para levá-la até a recepção, disse que depois iria para o quarto sem nenhum problema. O enfermeiro logo percebeu que não poderia fazer nada contra a vontade dela, ninguém nunca poderia, então decidiu ceder ao seu pedido.

Com a ajuda do homem ela finalmente chegou ao lugar que lhe parecia a recepção.

Todos os meninos da banda estavam lá abraçando Hero que tentava de todas as maneiras se desvencilhar e ir à procura de Sousuke.

Quando o vê uma emoção intensa toma conta dela, uma emoção tão grande que faz com que uma lágrima role sobre seu rosto, finalmente ela tinha salvado a vida de uma pessoa que ela realmente amava, finalmente tinha feito algo que prestava na vida.

Os meninos notam sua presença, menos Hero que até então estava de costas recebendo os abraços e tapinhas no ombro dos amigos. Eles olham para ela que está sendo amparada pelo enfermeiro. Todos percebem que ela não está nada bem e uma expressão de preocupação toma conta de seus rostos. Hero percebe o olhar de todos e se vira também.

Mayumi sente que agora pode descansar um pouco, ela sorri e quase desaba sucumbindo ao desmaio que agora lhe parece inevitável.

O moreninho a vê e antes mesmo que ela caia, corre e a segura em seus braços.

Ela abre seus olhos por alguns segundos e sorri dizendo:

- Eu nem posso acreditar, mas tudo finalmente acabou. Estou tão feliz por você está bem. Minha missão está cumprida.

Então ele diz também sorrindo pronto para pega-la em seu colo:

-Muito obrigada por tudo e você vai ficar bem... Acredita em mim...

- Eu acredito... -ela desmaia em seus braços.

Nessa hora Sousuke chega com um copo de capuccino na mão, parece totalmente despreocupado, com uma expressão até bem serena. Ao dar de cara com a cena ele fica sem entender nada do que tinha se passado, mas não gosta nem um pouco de ver sua amada nos braços do seu suposto “rival”. Sua expressão muda completamente, agora para um misto de raiva, ciúme e preocupação...

Ele corre em direção aos dois, a toma em seus braços de uma forma meio áspera e ainda olha para Hero com raiva. Ninguém lá entende esse seu olhar, apenas ele que leva a menina para o quarto sem falar nada e é acompanhado pelos médicos.

Todos os rapazes do grupo ficam olhando para ela admirados.

Nenhum deles tinha imaginado que existia alguém como ela, nenhum deles sabia o que tinha se passado lá dentro, mas sabem que no mínimo devem se deixar admirar.

Todos, especialmente Max, se lembram da primeira vez que a encontraram, estava completamente histérica. Ela não se parecia nada com aquela mulher de antes, a força dela deixavam todos bestas, principalmente Hero.

Só ele sabia todas as atitudes que ela tivera, atitudes meio loucas, mas muito corajosas.

Realmente poucas pessoas têm a sorte de encontrar alguém como ela.

Isso deixa o moço com um ar e o olhar meio abobalhado (quase o mesmo olhar de Sousuke quando May se mostra a garota cheia de atitude que é) e ele diz:

- Sem dúvida... Ela é uma garota maravilhosa. A gente não encontra muitas como ela por ai...

Micky também fala ao lado dele:

- Ela me parecia muito doida, mas me surpreendeu. Mas o que será que aconteceu lá dentro?

Hero agora o olha sério:

- Era isso que eu estava tentando dizer pra vocês. Aquele maldito do Hiroto entrou no meu quarto e me atacou novamente. O cara trouxe até uma arma. Mas eu o deixei desmaiado no chão e tava tentando chamar a segurança... Mas vocês não deixaram...

Max olha para Sousuke levando May, os dois já estão desaparecendo virando a esquerda do corredor:

- Mas você não disse nada. Não coloca a culpa na gente.

- E por acaso vocês me deixaram? – Hero ainda sério.

- Ah... Isso não importa mais. Só espero que a garota fique bem... – Xiah apoiando o braço no ombro de Yunho, que não parece muito feliz e permanece mudo.

- Eu também... – Max dando um sorriso meio escondido.

- Mas o que deve ter acontecido com o tal do Hiroto? – Micky olhando para todos.

- Eu acho que não foi boa coisa... Pelo que ela disse ele não teve um fim muito agradável... – Xiah demonstrando muita raiva.

- Aposto que teve o que merecia... – Max demonstrando a mesma raiva.

- Vamos deixar isso pra lá... Eu só quero ver como ela está. – Hero sai em direção ao quarto e alguns passos a frente dos companheiros de banda ele pára, olha para eles e pergunta:

- Não vêm comigo?

- Claro! – Max, que é o primeiro a acompanhá-lo.

- Estou indo! – Micky indo logo atrás.

- Me espera que também vou. – Xiah os seguindo.

Yunho é o único que permanece parado no mesmo lugar. Não tinha dado nenhuma palavra, não sabia o que dizer. Tinha percebido o olhar de Hero para May e sentia um pouco de... Ah... Para ele não precisa tanta “babação de ovo” pra cima dela, afinal, ela só estava fazendo o trabalho dela. Por isso ele apenas permanece imóvel, com uma cara de poucos amigos, apenas olhando para Hero que sem perceber nada o pergunta:

- E você não vem?

- Não! Vou ficar aqui... Ainda tem umas coisas que preciso resolver.

- Tá bem... A gente já volta... – Hero sai acompanhado dos três.

Os quatro já estão na porta do quarto de May que permanece desacordada e sendo examinada pelos médicos que proibiram até a entrada de Sou. O caso dela não era de extrema urgência, mas inspirava cuidados.

O tenente já estava quase sem dedos de tanto que roia as unhas de preocupação, essa era uma de suas manias ocultas...

Sousuke olha para os quatro bem seriamente, não dá nenhuma palavra.

Ele nota que Hero também está bem preocupado porque o rapaz não para de andar de um lado para o outro, então o tenente decide falar parando finalmente de roer as unhas, mas antes ainda cospe um pedaço. Isso faz com que Max e Micky dêem um discreto sorriso:

- Esse ai tem umas manias bem estranhas. – Max desvia o olhar para evitar sorrir ainda mais.

O tenente então fala sem ter notado o sorriso dos dois:

- Não adianta... Eles não vão deixar ninguém entrar tão cedo... Seria bom vocês saírem e voltarem outro dia.

- De jeito nenhum! Vou ficar aqui. Tenho que falar com ela direito. – Hero parando de braços cruzados em frente à porta, parece irredutível, mas Sou continua:

- Com certeza você tem que descansar. Outro dia você vem e todos vocês conversam. Aproveita que agora você já pode sair tranquilamente e descansar sem nenhuma preocupação...

Todos pensavam que Sousuke dizia aquilo porque se importava com Hero, pelo menos um pouco, mas a verdade era que ele queria ver “aquele pop star” o mais longe possível da SUA Mayumi. Ele não era bobo, para ele tudo aquilo, toda aquela preocupação lhe parecia mais do que um mero gesto de agradecimento.

Os rapazes dão razão a Sousuke e acabam convencendo o moreno, Xiah é o primeiro a falar:

- Ele tá certo! Você passou por muita coisa. Tem que sair desse lugar e descansar...

- Outro dia você volta... - Max recostado sobre a parede.

- É cara! Outro dia a gente volta e vamos todos falar com ela. – Micky se aproxima e coloca a mão sobre o ombro do rapaz que se deixa convencer:

- Tá! Está bem! Eu vou. Mas... -se volta para o tenente: - Agradeça à ela por mim...

- Está bem. Pode ficar tranqüilo... - Sou parecendo bem prestativo, mas só parecendo...

Hero estende a mão e o tenente hesita um pouco ao apertá-la, mas para o clima não ficar chato o faz. Aperta a mão do jovem pop star com certa força e se sente um pouco de desapontamento por este não demonstrar nenhum desconforto.

Os quatro saem sob o olhar nada amigável do policial.

Depois de alguns dias a recuperação de May seguiu sem complicações.

 Sousuke não deu o recado de Hero que pelo trabalho não tivera tempo de cumprir a promessa e ir visitá-la. Surgiram muitas entrevistas, todos queriam saber em detalhes sobre o seqüestro.

Ele queria mandar todos para o inferno. Não sabiam respeitar o momento pelo qual tinha acabado de passar? Mas Kaori, sua assessora, não permitira que ele deixasse de dar as entrevistas, isso seria muito mal para a “imagem da banda”... Então ele teve que dar essas “malditas entrevistas” (palavras dele)...

Mayumi em sua recuperação não deixava de assistir a essas entrevistas, xingava todos os jornalistas de sanguessugas infelizes. “Porra! Ele acabou de sair de uma situação traumática e ninguém se toca. Todos são uns imbecis...” (pensamento dela).

Sousuke continuava ao lado dela, tinha tirado licença no trabalho só pra fazer isso. Uma licença de apenas uma semana, mas era melhor que nada.

Então a vida deles seguiu normalmente, ou talvez nem tanto...

Fim (?)