Jacob me arrastou o dia todo por La Push, eu sabia que algo estava errado, mais não deixei transparecer em nenhum momento.

Onde passamos ganhamos beijos e abraços de pessoas desconhecidas — para mim — da reserva, todos desejando felicidades e coisas do tipo. Nós ainda não nos casamos e todos já dizem isso, engraçado, típico humano.

Fomos até a casa dele, Paul e Rachel estavam lá, Paul era exatamente como Emmett, só que com piadas mais sujas, eu não conseguia evitar rir assim mesmo.

Rachel era muito parecida com Jacob, era gentil, simpática e muito amável. Billy ria como uma criança vendo seus dois filhos ambos felizes, e ele ficava feliz também.

A casa dos Black vinha se tornando cada vez mais familiar, mais aconchegante a cada visita, logo essa se tornaria a casa da minha família, se bem que eu sempre pensei em Billy como família, agora isso era um fato.

— Nessie! — Rachel disse animada. Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo desajeitado, ela usava um vestido floral em forma de “A”.

— Rachel! — eu a abracei com entusiasmo, ela tinha um enorme sorriso no rosto.

— Me deixe ver esse anel. — ela puxou minha mão delicadamente. — Você acredita que Jake escondeu de mim? — ela se fingiu de ofendida. — Ficou fazendo suspense. — ela bateu no braço dele.

— Hei, Billy. — Paul disse passando por nós. — Olha quem veio parar aqui.

Billy estava na pequena sala quadrada, um livro nas mãos. Ele colocou o livro no colo e se empurrou para frente parando do meu lado.

— Bom te ver Nessie. — eu me abaixei e o abracei delicadamente, ele beijou minha bochecha levemente. — Então, como vai a vida de noivos? — perguntou.

— Por onde começar, me deixe ver, estão produzindo bebezinhos? — Paul brincou se jogando no sofá. — Rachel bateu em seu ombro, Billy riu levemente.

— Você vai ficar para o almoço? — Billy perguntou ansioso. Eu olhei para Jacob, ele sorriu.

— Claro, eu adoraria. — sorri amarelo.

— Eu vou fazer a famosa receita de spaghetti do papai.  — Rachel propôs animada se levantando e indo para a cozinha.

— Passada por gerações. — Billy se gabou com uma voz grave.

— Nem tanto tempo assim pai. — Jake bufou, ele e Paul explodiram em uma risada alta.

— Eu te ajudo. — eu disse seguindo para a cozinha.

— Ei. — Rachel me recebeu, ela estava segurando alguns pacotes de maçarão, tentando equilibrar todos nos braços finos.

— Ajuda? — perguntei, ela assentiu e eu peguei alguns e coloquei na mesa.

— Obrigada. — ela sorriu. — Você parece muito feliz, e Jacob não para de sorrir um minuto. — ela disse animada.

Eu corei levemente.

— Nós estamos muito felizes. — eu disse orgulhosa.

— Renesmee, eu queria te agradecer por ser tão compreensiva com meu irmão, Jake é uma pessoa maravilhosa assim como você, e você o faz tão feliz, eu sei que essa coisa toda de imprinting não é algo fácil de aceitar, mais você o fez, por ele.

— Não precisa agradecer, eu espero sempre fazer ele feliz, não importa o quanto custe, e eu sou a mulher mais feliz desse mundo, e vocês são tão amáveis comigo, eu que agradeço por isso. — eu disse sorridente.

— Sabe, quando eu fiquei sabendo de tudo isso, sobre os lobos e depois sobre o “imprinting” — ela fez aspas no ar. — eu fiquei tão atordoada, precisei de um tempo a sós, mais depois eu consegui aceitar tudo isso.

— Eu te entendo, eu não queria transparecer muito, e é ótimo finalmente desabafar com alguém que me entende, eu não queria mostrar o quanto eu estava atordoada com tudo isso, e no fundo eu cheguei a pensar que ele só me amava por causa disso. — suspirei.

— Você sabe que não é assim. Não é como parece, é só difícil de explicar, mais eu vejo como Jake olha para você, todo o amor e devoção, é como um cego vendo a luz pela primeira vez. E eu sei que ele te amaria, com ou sem imprinting, pois você é uma pessoa maravilhosa.

Eu precisei engolir o nó em minha garganta para evitar chorar. Ela rapidamente pegou os pacotes de macarrão e ligou o fogão, começando seu spaghetti. Eu cortei alguns tomates e temperos para ela enquanto conversávamos animadamente.

— As mulheres da minha vida parecem estar se dando muito bem. — Jake me abraçou por trás e beijou meu pescoço nu, eu estremeci com seu toque.

— Como não gostar dela, a Nessie é uma menina maravilhosa, impossível resistir. — Rachel disse afagando meus cabelos.

— Como estamos? — ele perguntou beijando minha pele exposta dos ombros.

— Aprendendo a cozinhar seria uma boa resposta. — brinquei.

— Eu posso cozinhar para você sempre, se você não se importar de comer lanches e macarrão. — ele me apertou, rindo em meus cabelos.

— Eu poderia me acostumar a isso. — me virei rápido e beijei seus lábios rapidamente. — Agora, pegue isso e coloque na mesa. — eu empurrei uma travessa de frango que eu havia feito.

— Eu tento ser romântico e ela me coloca para arrumar a mesa. — ele zombou olhando para Rachel, ela deu de ombros rindo.

— Vamos, a comida está pronta! — Rachel disse colocando o ultimo talher na mesa.

Os três estavam sentados na sala, falando sobre um jogo que passaria na TV hoje a noite, eles se levantaram num solavanco, Paul empurrou Billy até que se encostasse na mesa, nós nos sentamos rapidamente.

— Então Nessie, já começou os preparativos para o casamento de vocês? — Rachel perguntou na metade do jantar.

— Eu duvido que Alice me deixe fazer algo, a não ser escolher cores e sabores, mais já estamos pensando em viajar para escolher o vestido, Alice diz que a cerimônia gira em torno dele, logo tem que ser o primeiro a ser escolhido.

— Onde vocês pretendem comprar? — ela perguntou animada.

— Alice disse que tem um amigo estilista em Paris, e que ele é realmente bom no que faz, então estamos pensando em ir esta semana. — sorri no final.

— Eu não estava sabendo destes planos. — Jake brincou. — Só mulheres, Paris e cartões de crédito, ual, vocês vão mesmo aproveitar isso. — ele disse. Eu sorri amplamente.

Continuamos a conversar amenamente enquanto comíamos.

— Hei, por onde anda Bella? — Paul perguntou.

— Não sei, na verdade eu não vejo nenhum deles, exceto por Esme desde ontem a noite.

— O que será que aconteceu? — Billy perguntou.

— Não sei. Quando acordei a casa estava vazia e logo eu fui expulsa de lá também, então eu sei tanto quanto vocês. — brinquei.

— Eles foram fazer algumas compras, eu disse que cuidaria de você hoje. — Jake disse ligando a TV.

Rachel e eu fomos até a cozinha com o pretexto de lavar a louça. O que ela realmente queria era conversar.

— Então, você e Paul? — perguntei.

— Nós começamos a namorar logo depois do casamento de sua mãe, dezenove messes depois ele me pediu em casamento, um ano e meio depois nós fomos morar juntos e nos casamos. — ela sorriu amplamente. — Agora estamos pensando em filhos.

— Ah.

— Acho que está na hora, estamos casados há três anos, felizes, então não precisamos mais esperar por nada. E vocês já pensam em filhos?

— Filhos? — perguntei suspirando. — Ainda não conversamos sobre isso, mais eu gostaria que fosse logo. — sorri. — Adoraria ser mãe.

— Eu adoraria ser titia. — ela sorriu também.

— Jake, eu acho que já está um pouco tarde. — eu disse. Já eram quase oito horas.

— Tudo bem. — ele disse se levantando. Seu celular tocou no mesmo momento. — Um minuto. — ele saiu para atender, ultimamente ele vivia recebendo ligações e eu só sabia que elas não eram do bando, um minuto se passou. — Vamos? — ele perguntou abrindo a porta.

Nós nos despedimos de todos, Rachel disse que queria me ajudar com algumas coisas sobre o casamento. Billy me abraçou forte de novo, eu sabia o quão ele estava feliz por ver seu filho se casar.

Quando estávamos no carro eu decidi quebrar o silencio.

— Quanto eles estão te pagando para me manter fora de casa? — brinquei.

— Nada. — ele sussurrou.

— O que eles estão tramando? — perguntei me virando no banco para que olhasse em seus olhos.

— Eu não sei. — ele sorriu.

— Hmmm. — murmurei.

Suas mãos se apertaram no volante quando eu afaguei sua perna. Correndo os dedos até seu joelho e voltando, subi meus dedos gélidos até sua nuca.

— Jake. — suspirei. Ele segurou minha mão rapidamente me assustando e riu, beijou a palma e depois o anel.

— Não estávamos tramando nada, eu só queria passar um tempo com a minha namorada, eles aproveitaram o dia de folga para caçar. — ele sorriu.

— Hmmm. — eu fiz um bico. — O que estamos fazendo aqui? — eu perguntei quando ele estacionou.

— Terminando o dia com chave de ouro. — ele brincou, seu sorriso não me pareceu muito sincero, e logo se desfez.

Ele saiu do carro e logo estava abrindo minha porta, ele me ofereceu a mão para que eu saísse do carro. Gentilmente segurei sua mão e desci.

As ondas calmas quebravam na areia, o vento lançava meu cabelo fortemente para trás, Jake segurou minha mão e olhou em meus olhos, parando de andar.

— Nós precisamos conversar. — ele disse me fitando. Seus olhos se conectaram nos meus, um lampejo de tristeza passou rapidamente por eles, indecisão e tristeza novamente.

— Geralmente o “Precisamos conversar” é seguido por um “Precisamos dar um tempo” ou um “Não é você, sou eu.” — eu hesitei.

Houve um momento de silêncio, as pontas de seus olhos pareceram suavizar um pouco.

— Eu não pretendo terminar com você, o que eu menos quero é ficar longe ou dar um tempo, agora que você aceitou se casar comigo, eu vou te perseguir para sempre. — ele brincou.

Me senti aliviada por isso, mais ele ainda continuava me encarando, seus olhos relampejaram indecisão novamente, ele olhou para baixo ao notar que eu estava examinando-o.

— Jake? — perguntei, fazendo com que ele me olhasse. — O que está acontecendo?

Seus olhos negros estavam me desconfiando pela primeira vez, meu estomago se revirou como se soubesse que algo estava por vir.

Engoli seco discretamente e tentei ignorar meu estomago revoltado. Eu capturei seu olhar rapidamente, sua boca foi definida em uma linha reta, mas seus olhos continuavam quentes e vivos.

Eu contemplava seu olhar intenso e sedutor, minha respiração ficou presa em minha garganta, ele sorriu levemente e meu coração perdeu uma batida. Seu sorriso aumentou.

— Ness. — ele disse suave. — Eu preciso te contar algo. — sua voz falhou no final.

—Sim? — eu perguntei.

— Eu. — ele parou abruptamente. — Isso é tão difícil, eu não queria que fosse assim, não agora. — ele parou de novo.

— Jake, você esta me assustando. — eu murmurei. Ele segurou minha mão entre as suas e me olhou novamente, a decisão se formando em seus olhos, meu estomago protestou novamente.

— Eu vou ter que viajar, por algum tempo. — ele disse rápido. — Por duas semanas para ser mais preciso.

— Viajar. — eu repeti perplexa.

— Eu estava esperando uma confirmação para poder te contar, eu me apliquei para um curso em Nova York, em uma empresa de carros, eles ficaram sabendo sobre os carros que eu montei e me fizeram essa oferta.

— Nossa. — eu soei animada.

— Me diga uma palavra, algo que me faça ficar aqui, se você quiser eu não vou, basta falar. — ele apertou mais minha mão.

— Não é isso, é que é tanto tempo. — eu baixei o olhar.

— Pense no lado positivo, você vai passar uma semana em Paris, nem vai se lembrar de mim, e quando voltar terá tantas coisas para fazer que uma semana passará rápido. — ele riu desanimado. — Eu sei o quanto é difícil, para mim também é.

— Sim, eu sei. Mais Jake, e quanto ao baile? — eu mudei de assunto.

— Eu não sei se conseguirei voltar a tempo, mas prometo fazer o possível. — ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Ok. — eu suspirei. — Tudo bem.

— Me desculpe. — ele disse. — Eu queria ficar aqui com você, mais é uma ótima oportunidade, eu voltarei tão rápido que você nem vai perceber. — ele sorriu.

— Eu duvido. — reclamei.

— Eu também. Eu prometo, te ligarei todos os dias, voltarei o mais rápido possível. — ele beijou meus cabelos.

— Ok. — eu disse. Levei um momento para encontrar minha voz de novo. — Sentirei sua falta.

Ele deu um passo para mais perto, de repente nossos corpos estavam separados por nada mais do que uma superficial margem de ar.

— Eu já te disse o quanto esses lindos olhos são irresistíveis? — ele curvou sua cabeça para o lado, me estudando em outro ângulo. — Seus lábios curvilíneos. — um arrepio percorreu meu corpo.

— Jake. — eu disse suspirando.

Eu senti um enorme desejo de dizer algo mais, selecionando os pensamentos emaranhados em minha mente, tentei encontrar algo que fizesse algum sentido.

— Eu te amo tanto. — suspirei em seu peito, afundando meu rosto em sua pele quente. Senti a umidade invadindo meus olhos e depois encharcando sua camiseta. — Vão ser as duas semanas mais longas da minha vida. — enterrei meu rosto em seu peito.

Levantei meu queixo depois de algum tempo, eu já havia parado de chorar, segurando os meus olhos tão unicamente com os seus próprios, ele havia esculpido um mundo pequeno e privado para nós que ninguém mais podia alcançar.

Me senti segura, eu sabia que uma semana, ou duas não eram nada, que mesmo enquanto eu ficaria totalmente desligada, pensando nele a cada dia, eu sabia, bem lá no fundo, que nós conseguiríamos superar estas semanas.

Eu me sentia atraída por ele como eu nunca havia me sentido por ninguém, não que eu houvesse procurado muito, mais nós éramos como imãs, havia um magnetismo forte entre nós.

— Eu te amo. — ele disse com uma voz rouca.

Meu coração pulou uma batida quando vi seus olhos me fitando furtivamente, nossos olhos se trancaram por instantes, eu recebi um sorriso vagaroso que se espalhou por seu rosto.

As batidas do meu coração ficaram erráticas, eu disse a mim mesma para me controlar, tinha algo em Jacob, algo nele era incrivelmente sedutor... sexy. Eu sorri em resposta ao seu sorriso.

— Eu tenho que te devolver as oito. — ele sussurrou em meu ouvido. Um arrepio involuntário percorreu meu corpo. Meu coração deu um salto inesperado com o tom sedutor e rouco de sua voz.

— Hmmm. E que horas são? — eu disse preguicosamente.

— Sete e quarenta e cinco. — ele beijou meu pescoço.

— Então, eu acho que devemos ir. — eu me separei lentamente dele.

A semana passou irritantemente devagar, como se os dias se arrastassem de propósito, para me irritar dia após dia. Na sexta feira, todos se despediam tristemente, nosso ultimo dia de aulas, as férias de verão começavam hoje.

Mais o final de semana chegou e consigo trouxe uma onda de tristeza, Jake viajaria na segunda e eu ficaria em Paris cinco dias inteiros. A parte boa, eu ficaria cinco dias sendo arrastada de loja em loja e não teria tempo nem para pensar.

— Suas malas já estão prontas? — ele beijou meu pescoço.

— Eu não te vi entrando. — ultimamente eu estava alheia a tudo.

Eu estava em meu quarto, tinha ligado meu Ipod na caixa de som no volume máximo, um rock alto que não me deixava escutar meus pensamentos, estava parada em frente a minha cama, dois cabides em mão, decidindo qual levar.

— Está tudo bem? — suas sobrancelhas se levantaram em preocupação.

— Sim. — eu menti. — Tentando me animar com tudo isso. — me virei novamente para minha mala em cima da cama. Ele me abraçou por trás, eu senti a eletricidade de seu corpo em minha pele.

— Tudo ficará bem. — ele beijou meu nariz quando me virei.

— Sim. — eu sibilei.

— Eu trouxe um presente. — seus olhos brilharam.

— Presente? — eu perguntei me virando.

— Sim. — ele puxou algo do bolso.

Quando ele abriu a mão eu notei um pequeno objeto brilhante em sua palma. O pequeno bracelete prata era delicado e lindo.

Pequenos anéis se juntavam formando a pulseira e uma fina faixa de prata na horizontal unia as duas pontas da pulseira. Ele virou a faixa de prata, nela estava escrito “Te amarei, para sempre. J&R”

— É lindo! — eu disse pulando em seus braços.

— Tenho que ir. — ele soou desanimado. — Meu vôo sai em algumas horas e eu tenho que chegar pelo menos duas horas antes.

Eu me apertei mais forte em seu abraço, mostrando imagens de nós dois juntos quando ele voltasse, no aeroporto. Mandei lembranças de nossos momentos juntos.

Descemos as escadas de mãos dadas. Minha mãe passou sorrindo por nós e se despediu de Jake, Alice, Carlisle, Esme, Emmett e Jasper fizeram o mesmo.

Rosalie proferiu um palavrão e depois um “Já vai tarde”. Todos riram. Eu beijei ele como se nunca houvesse feito.

— Traga meu coração de volta, e logo. — eu disse em seu ouvido.

— Sim madame. — ele me beijou novamente e se foi.