Coroner Stories escrita por themuggleriddle


Capítulo 4
Not the best morning




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Tom quase deu um pulo ao sentir o celular vibrar dentro de seu bolso. O homem resmungou alguma coisa, antes de procurar pelo aparelho e levá-lo até a orelha para atendê-lo.

- Achei que você tivesse morrido – uma voz feminina riu do outro lado da linha.

- Bom dia para você também.

- Bom dia, Tom. Agora, diga-me: o que você vai fazer hoje a noite?

- Não sei, trabalhar? – o homem falou, enquanto andava até a mesa de seu escritório e começava a arrumar alguns papéis que estavam ali em cima – Tenho que cuidar de uma papelada e visitar alguns...

- Você vem jantar aqui em casa.

-Mesmo? – ele riu – Que horas?

- Hmm... Sete horas, está bom?


- Claro.

- Charles e eu queremos falar com você sobre algumas idéias que nós tivemos – a mulher falou.

Tom mordeu o lábio inferior enquanto ouvia a amiga falando, aproveitando o tempo que estava ao telefone para juntar o amontoado de lápis, borrachas, réguas e outros objetos de desenho que estavam jogados sobre a mesa.

- ... você sabia que o filho deles, Peter, começou a trabalhar já? Parece que foi ontem que ele era um menininho correndo pela casa! Mas, então, eles também virão.


- Parece ótimo.

- É, vai ser ótimo... Oh, tenho que ir, já estou quase atrasada para o trabalho! Vejo você de noite, Tom.

- Até lá, Ellen.

O homem ficou sorrindo ao encerrar a ligação. Era por isso que ele gostava de estar em Londres: seus amigos estavam lá...

Sacudindo a cabeça, Riddle enfiou o telefone no bolso novamente, antes de sair do escritório para se preparar para sair para mais um dia de trabalho.

***

- O que está acontecendo? – Hermione apressou o passo ao ver como alguns enfermeiros se apressavam até um quarto específico da sua ala – Hey, hey! – a mulher chamou um rapaz que tinha os olhos arregalados e, assim como os outros, parecia meio assustado – O que houve?

- Uma paciente está nos dando um certo trabalho – o enfermeiro respondeu.

- Quem?

- Lestrange.

- Bellatrix? – ela perguntou, amaldiçoando-se por ter feito uma pergunta tão tola quanto aquela. Bellatrix era a única Lestrange que estava internada na sua ala – Vou ver se precisam de mim.

- Não é melhor deixar a Dra. Bones cuidar dela? Quero dizer,  Sra. Lestrange...

- Não gosta muito de mim, eu sei.

Ignorando a expressão assustada no rosto do rapaz, a médica começou a andar na direção da onde, agora, podia-se ouvir gritos. Alguém estava gritando desesperadamente, insistindo que não deveria estar ali, que estavam conspirando contra ela, que aqueles médicos idiotas não tinham nada que se meter em sua vida...

- Bellatrix.

- Não chegue perto, sua nojentinha.

Hermione não pôde conter o suspiro que escapou de seus lábios ao ver a mulher que gritava feito louca dentro daquela sala acolchoada, sendo segurada por dois enfermeiros, que pareciam estar a ponto de fugir de perto dela.

- Eu não vou chegar perto de você, Bellatrix – a médica falou, calmamente, antes de se virar para uma moça que estava parada ao seu lado – Vocês deram alguma coisa para ela?

- N-Não, Dra. Granger, ela simplesmente começou a gritar e...

- Certo – a Hermione virou-se novamente para encarar a paciente, que a encarava com um olhar quase assassino – Bellatrix, você quer me falar o que aconteceu para você ficar assim?

- É claro, doutora – a mulher falou, sarcasmo praticamente pingando de cada palavra que saía de sua boca – Eu acordei, olhei em volta e percebi que não estava na minha casa, mas nesse lugar imundo, rodeada de gente nojenta feito você! Quantas vezes eu preciso repetir que eu não preciso estar aqui!? Quem deveria estar no meu lugar é você, Granger, VOCÊ! VOCÊ E TODOS ESSES IDIOTAS QUE TRABLHAM AQUI!

-Aplique um sedativo nela e a coloque em uma camisa de força – a médica sussurrou para a enfermeira – É melhor que a Dra. Bones cuide dela, você viu como ela... fica mais agitada quando eu estou por perto.

- Sim, Dra. Granger – a moça concordou com a cabeça, antes de sair correndo da sala, em busca do medicamento que a outra havia indicado.

- Quando eu sair daqui, eu vou acabar com vocês, ouviram? – Hermione olhou mais uma vez para a paciente, vendo como ela tentava se livrar dos dois enfermeiros que a seguravam, antes de dar-lhe as costas – EU VOU ACABAR COM VOCÊS! ACABAR!

Quando finalmente chegou a uma altura do corredor onde os gritos da mulher não alcançavam, Hermione encostou-se na parede mais próxima e suspirou pesadamente. Bellatrix Lestrange estava internada em Hogwarts fazia um ano, depois de ser transferida de Durmstrang, e nunca havia deixado a Dra. Granger se aproximar dela. Lestrange havia sido internada a primeira vez quando atacou sua ex-psicóloga, Alice Longbottom, e seu marido, Frank. Depois de algum tempo, a paciente conseguiu fugir, ficando sem dar notícias por alguns anos, antes de reaparecer, mas sempre escapando de todos que tentavam interná-la... Pelo menos até dois anos atrás, quando Bellatrix acabou matando seu primo, Sirius Black, e apenas não foi condenada a prisão por causa da sua condição psicológica. Ao invés de ir para um presídio de segurança máxima, foi parar em Durmstrang e, depois, em Hogwarts.

A médica desencostou-se da parede, decidindo dar uma passada no necrotério para ver se o seu novo “colega” de trabalho não estava precisando da sua ajuda, mesmo achando que seria bem provável que ele a expulsasse do lugar assim que a visse na porta.

Quando finalmente parou na frente da porta do necrotério, a mulher respirou fundo, preparando-se para todo o tipo de sarcasmo e xingamentos que poderiam vir do legista, antes de entrar.

- Olá – Hermione falou, empurrando a porta fria de metal e entrando na sala.

- O que você quer?

- Ora, eu trabalho aqui também, esqueceu? – ela sorriu.

Tom Riddle a encarava por detrás dos óculos de proteção sem que ela pudesse distinguir a sua expressão graças a máscara que ele também usava, mas o médico não parecia estar muito feliz. Olhando em volta, a mulher percebeu que o necrotério estava mais cheio do que o normal, já que havia um grupo de médicos mais novos parados logo atrás de Riddle, observando a cena com curiosidade.

- Oh, não sabia que você tomava conta dos residentes.

- Smith faltou, tive que ficar com o trabalho dele – ele apontou para o grupo de jovens.

- Interessante – Hermione se aproximou, tentando ignorar os olhos frios do legista que pareciam não desgrudar dela.

- Não.

- Não o que?

- Não chegue perto.

- Por que não?

- Alguém pode me dizer a razão pela qual a Dra. Granger deve ficar fora do meu necrotério? – Tom perguntou. Os residentes ficaram em silêncio, encarando os dois médicos, com os olhos arregalados – Ninguém? – o legista virou-se para encarar os mais novos – Vocês fizeram faculdade ou saíram do ensino médio e vieram direto para o hospital?! – uma moça entre os residentes parecia estar prestes a sair correndo da sala – Olhem para os pés dela! Sapatos abertos, seus gênios! Será que vocês nunca aprenderam a não entrar em um laboratório de anatomia quando estiverem usando sapatos abertos? – Riddle revirou os olhos – Saiam. Agora.

O grupo de médicos apressou-se para tirar as roupas cirúrgicas, máscaras, luvas, toucas e outros aparatos que estavam usando, para então sair, quase que correndo, do necrotério, deixando apenas Riddle e Granger na sala.

- Você precisava ser tão grosso? – a médica soltou um muxoxo e cruzou os braços frente ao peito – São residentes, pelo amor de Deus!

- Isso é uma regra básica de segurança dentro de um necrotério, Granger – o homem resmungou, dando as costas para ela e olhando para o cadáver que estava deitado em uma das mesas de metal – Você também deveria se lembrar disso, doutora.

- Me desculpe – ela respirou fundo – Eu me esqueci de trocar os sapatos antes de vir para cá, foi uma falha minha – Hermione passou a mão pelos cabelos presos e suspirou – Meu dia não começou da melhor maneira possível.

- Mesmo?

- Sim, uma paciente acabou de jurar que iria acabar comigo caso um dia fosse liberada da internação.

- E há alguma previsão para que ela seja liberada?

- Bom, não...

- Então não há com que se preocupar, Granger.

- Ela já fugiu uma vez.

- Mesmo?

- É.

- Bellatrix Lestrange?

- Como você...? – a médica perguntou, encarando o outro com os olhos arregalados.

- Eu trabalhava em Durmstrang, lembra? Bellatrix era conhecida lá.

- Hm...

Por um tempo, Hermione ficou observando o outro médico fazer o seu trabalho, percebendo o quão concentrado ele parecia estar enquanto deslizava o bisturi pelo peito do cadáver, abrindo a pele deste.

- Bom, eu queria saber se havia algum trabalho que eu pudesse...

- Não há nada, Granger.

- Hm... Certo, acho que eu vou voltar para a minha ala – ela acenou para Riddle, mesmo sabendo que este não veria – Da próxima vez eu venho com sapatos fechados.

Hermione deu as costas para o legista e saiu do necrotério, sem ver como o outro médico interrompeu, por um momento, o seu trabalho apenas para observar ela sair, com uma expressão curiosa no rosto.

***

Tom sorriu meio sem graça para o casal na sua frente. A mulher lhe lançava um olhar brincalhão, quase provocante, que parecia passar despercebido aos olhos do marido. Ellen e seu marido, Charles, não paravam de tagarelar sobre como Ellen havia sido nomeada chefe de enfermagem no hospital onde trabalhava, Hog-alguma-coisa, enquanto Peter, o mais novo entre eles, encarava tudo com uma expressão entediada.

- Mãe, eu realmente preciso ir.

- Peter, querido, você não pode avisar a sua namorada que você não pode ir hoje?

- Ela é minha noiva, mãe, e eu já confirmei que iria visitá-la hoje.

- Querido – a mulher loira virou-se para encarar o filho – Seu pai está cansado da viagem, eu estou cansada...

- Eu posso ir dirigindo.

- Nem pensar – o pai de Peter, William, falou – Você bebeu quase uma garrafa de vinho inteira e só vai pegar as minhas chaves quando todo esse álcool sumir do seu sangue.

O mais novo soltou um muxoxo e revirou os olhos.

- Cecilia, William... – Riddle começou a falar, chamando a atenção do casal – Eu posso dar uma carona para o Peter, se vocês quiserem.

- Não queremos incomodar você, Tom – a mulher sorriu – Peter pode muito bem ir visitar a noiva amanhã.

- Mãe, ela disse que era importante.

- Certo! – Cecilia respirou fundo, fechando os olhos por um momento, antes de se virar para o amigo – Tom, você é um amor.

- Eu não tenho nada para fazer agora a noite, então não será incomodo nenhum – o homem sorriu e olhou para o mais novo – Você só terá que me dar o endereço...


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Notas finais do capítulo

N/A: Outro cap... meio sem graça ): Mas eu preciso dele pra dar continuidade a história.

1- Bellatrix Lestrange: ela merecia aparecer entre os pacientes da ala psiquiátrica, não acham?

2- "Sapatos abertos, seus gênios!": nunca entre em um laboratório de anatomia com sapatos abertos. Nunca entre em um necrotério com sapatos abertos. Nunca entre em qualquer sala de cirurgia com sapatos abertos, pronto. Quero dizer, um bisturi pode cair e... bom, você sabe, cortar o seu pé D: e isso pode ser bem ruim, ui, realmente... Coisas que você aprende na aula sobre Biossegurança :D

3- Acho que vocês descobriram quem era a mulher com o Tom no capítulo passado... e descobriram que aquele Tom não era bem o Tom que eu acho que vocês achavam que era :D

Me desculpem pelo capítulo sem graça D:
Espero que tenham gostado :D


Beijos ;*
Ari.