Full Circle escrita por Bella P


Capítulo 3
Capítulo 3




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Capítulo 3

 

- Ei Jacob. - Bella sentou ao lado do rapaz no banco de ferro do enorme jardim dos fundos da casa dos Cullen e onde uma Reneesme corria e ria enquanto era perseguida por um lobo de pelagem marrom acinzentada.

- Bells. - Jacob assentiu levemente com a cabeça, reconhecendo a presença da mulher ao seu lado, e Bella sorriu. A relação dois dois ainda estava abalada desde o retorno do lobisomem de Chicago para auxiliá-los com o Volturi e então a permanência dele com os Cullen para proteger Kaylee, mas aos poucos ela sentia que eles estavam voltando a ser os bons amigos que foram, embora vez ou outra ainda pudesse flagrar os longos olhares que o rapaz mais jovem lhe lançava como se perguntasse: “por que ele e não eu?”.

- Carlisle nos contou o que descobriu no Livro da tia da Kaylee. - Jacob torceu levemente o nariz. A história e a conversa com o Dr. Cullen mais cedo ainda estava martelando na sua mente, na mente dos dois, de Kaylee e ele. No fim, quando tudo foi esclarecido e o médico falou que todos os dados que possuía sobre o assunto terminavam ali, Whitaker levantou-se de supetão do sofá onde estava e deu meia volta, saindo do escritório como se o fogo do inferno estivesse em seus calcanhares e sumindo dentro da mansão. Jacob pensou em segui-la mas foi impedido por Carlisle.

- Deixe-a ir, com certeza também é difícil de assimilar. Os poderes de um Curador são extremamente contraditórios. Ela tem a mente lógica que muitos médicos morreriam para ter, capaz de manter o controle sob pressão e ainda estar raciocinando mesmo que ela esteja tomada totalmente pelo emocional. Por outro lado os dons dela têm origem mística, coisa que esta mesma mente lógica não consegue computar porque não consegue explicar.

- E o quê, exatamente, ela é capaz de fazer? - Jacob o tinha indagado curioso. - O Livro não diz?

- Não. Creio que por segurança do Curador o Clã dela explicou a história mas não colocou em muitos detalhes caso venha a ser de conhecimento da pessoa errada a existência deste volume. Mas pelo que já presenciamos, o sistema dela parece ser imune a qualquer veneno.

- Qualquer veneno?

- O veneno de um vampiro é o mais potente que existe, Jacob. Se ela sobreviveu a ele, creio que outros não devam nem ter efeito sobre ela. Cura-se rápido.

- E a capacidade cognitiva? Ela tem um conhecimento cientifico que vai além do normal.

- Sim... Mas isto pode ser tanto o poder de Curador quanto ela poder ser um gênio como tantos outros por aí. Só vou saber fazendo testes. - afirmou e Carlisle não se surpreendeu ao ver as íris de Jacob ficarem mais escuras que o normal e ele franzir o cenho em uma expressão de desagrado.

- Não vai transformá-la em uma cobaia Dr. Sangue-Suga. - sibilou o rapaz entre dentes e o médico não se abalou nem um pouco com a ofensa.

- Não irei fazer nada contra a vontade dela... Ou a sua. Principalmente a sua. - a afirmação pareceu pegar Jacob de surpresa, o que o fez recuar e perder toda a sua postura ofensiva.

- Como?

- O Livro deu a entender que o laço Guardião e Curador é bem forte e eterno. Fazer algo contra o Curador, contra a vontade do mesmo e sem o consentimento do Guardião, não é uma atitude sensata. Creio que você mesmo pode afirmar isto pelo modo como é protetor e possessivo em relação a Kaylee.

- Não sou protetor e possessivo, apenas me preocupo. Quando a conheci ela estava sendo atacada por um vampiro e sangrando em um beco imundo. Não é um fim justo para uma pessoa tão jovem.

- É protetor Jacob, mesmo que ainda não perceba. Você não pensou duas vezes em ir sozinho batalhar com os Volturi para salvá-la, ou deixar tudo para trás para fugir com ela, e cada vez que acha que alguém está minimamente ameaçando a segurança da Kaylee já mostra os dentes para a pessoa. - Jacob prendeu a respiração diante de tantos pontos difíceis de contra argumentar. Carlisle tinha razão em tudo e ele surpreendeu-se ao lembrar que tinha presenciado as mesmas atitudes em lobos que haviam imprimido. - O que se passa na sua cabeça? Ficou calado de repente.

- É que você listou tudo isso e eu lembrei que as minhas atitudes lembram as dos meus irmãos com as suas impressões.

- Acha que imprimiu na Kaylee?

- Não, porque não aconteceu nada do que eu ouvi Sam falar, ou que já li Seth, Quil e Paul pensarem ou vivenciarem na mente deles. Sem contar que eu não sou dependente da Kaylee, posso ficar afastado dela sem problema algum. E agora que penso nisto... O que pode acontecer se um dia eu...

- Imprimir? - Carlisle completou por ele e voltou os seus olhos dourados para a capa velha do Livro. - Não creio que vá acontecer Jacob. Não mais com você.

- Por quê?

- O laço entre Curador e Guardião é forte... - o vampiro hesitou. - forte o suficiente para quebrar qualquer outro laço e evitar futuros laços. - ponderou mais um pouco e finalmente prosseguiu. - Pelo que está escrito no livro e pelo que compreendi... No fim o laço entre Curador e Guardião só terá um fim. - Jacob engoliu em seco.

- Qual?

- Enlace. - Jacob piscou repetidamente.

- Como?

- Todos os Curadores e Guardiões só tiveram um tipo de relacionamento: amoroso. - o rapaz riu diante das palavras de Carlisle e o vampiro esperou pacientemente até ele se recompor do seu ataque de nervoso.

- Doutor... Kaylee e eu não nos vemos desta maneira. Somos amigos, nada mais.

- Os outros Curadores e Guardiões, a maioria, também eram amigos... Para no fim tornarem-se amantes.

- Ela é apenas uma menina.

- Não tanto assim. Você não envelhece Jacob e ela não ficará eternamente presa aos quinze anos. Em poucos dias mesmo será o aniversário dela.

- Ainda sim não consigo nos imaginar desta maneira.

- Talvez sim, talvez não. Não digo que é mandatório vocês serem amantes, talvez serão o primeiro Curador e Guardião apenas amigos. Pode acontecer. - Jacob assentiu com a cabeça em concordância. - Ou não.

- Jacob? - a voz de Bella o chamando o trouxe de volta para o presente, o retirando das lembranças da conversa com Carlisle mais cedo. - Estava longe, algum problema?

- Kaylee não pareceu tão feliz assim com tudo o que descobriu.

- Percebemos pelo modo como a porta do quarto dela bateu e pelo fato de que podemos ouvir os passos dela de um lado para o outro no andar de cima. - Bella comentou, voltando o olhar para o jardim quando um gritinho extasiado de Nessie chamou a sua atenção. Ela agora agarrava-se aos pelos de Seth que trotava com a menina nas suas costas por entre as flores de Esme.

- O que exatamente Carlisle falou para vocês? - Jacob virou-se para mirar o perfil da mulher ao seu lado.

- Que Kaylee era uma Curadora e você o seu Guardião, nada mais. Explicou sobre a lenda de Esculápio e de onde vinham os Curadores e os Guardiões, mas disse que não tem conhecimento da capacidade dos poderes dela e que irá conversar novamente com ela mais tarde quando tudo se acalmar. - aparentemente Carlisle pincelou a história e não comentou a profundidade do laço entre Curador e Guardião, o que era bom, pois não queria vampiros fofoqueiros ou Leah com a sua língua afiada dando palpites sobre a sua vida.

- Bom... - murmurou, apenas por falta do que dizer. Era tão estranho, ele sempre pôde conversar tudo com Bella mas agora não conseguia trocar nem meias palavras com essa nova mulher que mesmo depois de meses ainda parecia uma completa estranha para ele. E mesmo que por sob os traços perfeitos ele tenha encontrado, depois de muito avaliar, resquícios de sua amiga de infância, ainda sim tentava achar mais provas dela. O jeito desajeitado não mais existia e a insegurança característica da Bella sempre emotiva morreu junto com a humana. A personalidade teimosa ainda era a mesma, assim como o gênio difícil, mas ainda sim era muita pouca coisa para fazê-lo se sentir confortável na presença dela.

- Jacob... - a mão pálida e gélida tocou a sua morena e quente e Jacob teve que se segurar para não retirar a sua mão de sob a dela.

- Ei! - Emmett surgiu entre os dois, inclinando-se sobre o encosto de ferro, e o nativo aproveitou essa interrupção para discretamente recolher a sua mão da de Bella. - Me digam qual é o melhor. - abriu a vista deles um catálogo de concessionária de carros, folheando algumas páginas até chegar a que queria, uma que exibia vários modelos de picape.

- O que houve com o seu carro Emmett? - Bella franziu as sobrancelhas negras. Os Cullen quando se mudaram tinham praticamente trocado todos os seus veículos automotivos, exceto a nova integrante da família que não quis se desfazer da Ferrari que ganhara de Edward e que mal tinha usado, portanto a mesma foi trazida diretamente de Forks para Lafayette. - Não faz nem dois dias que está sob a sua posse e já o quebrou?

- Não... Estou pensando em qual desses vou dar de presente para a Kaylee. - o vampiro disse pensativo e Bella arregalou os olhos surpresa.

- Vai dar uma picape para ela?

- Aniversário de dezesseis anos, vai tirar a carteira, ela precisa de um carro decente. - Emmett se justificou.

- E o que a Rosalie pensou da sua ideia? - Bella perguntou. Rosalie como sempre não era fã dos lobos e muito menos da humana vivendo sob o teto dos Cullen, portanto não iria ficar nada feliz em saber que o marido planejava dar um carro daquele porte para dita humana.

- Cá entre nós... Mas Rose também vai assinar o presente, mesmo que não assuma na hora. - Emmett piscou um olho matreiro, recuando em um reflexo rápido quando Jacob ergueu-se do banco de supetão com os punhos fechados firmemente e o cenho franzido.

- Jacob? O que foi? - Bella chamou o amigo que partiu em direção a casa a passos pesados e parecia prestes a soltar fumaça pelas orelhas. - Jacob! - virou-se para o cunhado que tinha pulado o encosto do banco e agora se sentava ao seu lado. - O que deu nele? - Emmett gargalhou.

- Dor de cotovelo. - disse misterioso, continuando a folhear o encarte da concessionária a procura do carro mais possante e mais caro do catálogo, pois sentia que a sua aposta estaria ganha somente com este presente.

 

oOo

 

- Por que está tão para baixo?

- Virgem Maria! - Kaylee deu um pulo no lugar ao ouvir a voz atrás de si.

- Não... - veio a risada melodiosa. - Alice. - a garota virou para se deparar com a expressão sorridente de Alice.

- Como você entrou aqui?

- Pela varanda. - a vidente apontou para a porta da varanda aberta por onde uma suave brisa soprava e balançava levemente as cortinas. - Qual o problema?

- Nada. E por que está me perguntando? Com certeza você já sabe qual é o meu problema.

- Na verdade não. Você está tendo um conflito interno sobre revelações que foram feitas por Carlisle sobre as suas origens, mas nada que irá afetar decisões em um futuro próximo, portando não prevejo nada. Se fosse Edward aí seria diferente, ele apenas leria a sua mente.

- Edward não consegue ler a minha mente, esqueceu?

- E então? - Alice saltitou até a cama dela, sentando-se na beirada e dando tapinhas sobre o colchão, a convidando para se sentar ao seu lado. Depois de dois segundos de indecisão Kaylee foi até onde estava a vampira e acomodou-se junto a ela. - Quer compartilhar comigo os seus problemas? Sou uma ótima ouvinte e conselheira.

- Pensei que Jasper fosse o psicólogo da família com toda a habilidade empata dele. - Alice sorriu.

- Ele não consegue ler você, esqueceu?

- Verdade.

- Pois bem... O que a aflige? É sobre os seus dons? Pensei que já estivesse acostumada com o sobrenatural.

- Alice, nunca vou me acostumar com o sobrenatural. Cada vez que olho para vocês, os Cullen, Jacob, Leah e Seth, na minha mente eu sei o que são, mas aos meus olhos não consigo vê-los além de humanos. Quando vou dormir, me iludo achando que estão fazendo o mesmo. Se não os vejo comendo, abstraio tal fato e para mim a beleza anormal é pura genética elevada e nada mais. Para mim Jacob humano e o lobo são duas entidades separadas e agora saber que eu faço parte do clube do sobrenatural não me anima.

- Por quê? Não gosta de ser diferente?

- Somos todos diferentes Alice. A cadeia de DNA de cada ser humano se difere, o que faz que cada um seja singular. Até mesmo gêmeos idênticos são diferentes. O que me irrita é que tudo isto que acabei de dizer, todo este conhecimento, não é meu.

- Como não é seu? Estudou para saber disto...

- Não, não estudei. - Kaylee levantou da cama em um gesto brusco e começou a perambular na frente de Alice, passando a mão pelos cabelos alisados. - Nunca fiz esforço algum para aprender o que fosse em matérias relacionadas a ciência. Bastava abrir o livro, ler a linha uma única vez e já compreendia. Ou então só de ouvir o professor tudo já estava arquivado e esclarecido na minha mente e saber que tal capacidade de absorção é por causa de algum hócus pócus é deprimente. Não é nada mérito meu. Até a minha vontade de ser médica não é minha, é influência de ser um Curador.

- E quanto ao seu poder de cura?

- É esclarecedor finalmente saber de onde ele vem, mas ao mesmo tempo confuso, pois não sei nem como ele funciona.

- E não tem curiosidade?

- Como assim?

- Disse que tudo isso não é mérito seu, mas é. O símbolo da medicina é o caduceu, o caduceu de Esculápio, o primeiro Curador, o que propagou esta ciência, que causou uma revolução e proporcionou a humanidade algum conforto. Quem não garante que é por isso que vocês nascem, existem? Para ajudar a medicina a evoluir. E você só vai saber do que é capaz e de como os seus poderes funcionam somente se testar. Sabe... Não lembro muito da minha vida como humana, mas lembro que sempre tive as minhas visões e quando humana as temia. Quando me tornei vampira as aceitei e foi assim que me libertei e pude testar os meus limites.

- O que sugere então? Que eu simplesmente pare de fazer perguntas e apenas aceite?

- Não foi assim que você viveu os últimos anos quando não sabia de nada? Apenas aceitava? E não vivia bem?

- Sim, mas...

- Mas nada. Apenas aceite que você é uma pessoa especial com um dom que pode ajudar os outros. - Kaylee parou de perambular e mirou Alice longamente.

- E quanto aos testes?

- Como assim?

- Como eu poderia me testar? - a vidente deu um meio sorriso.

- Bem... testes médicos temos o Carlisle para isto. Agora testes físicos temos o Jasper.

- Testes físicos?

- Você se cura rápido... É resistente e ficou forte por causa do sangue de Jacob, mas acho que os testes que fizemos com você em Forks não foram suficientes. E eu tenho a sensação de que vai além disso.

- Tem a sensação ou previu alguma coisa? - Alice deu um sorriso misterioso para ela.

- Vista alguma coisa confortável... Estou esperando por você no jardim. - anunciou, saindo pela mesma via que entrou, pela varanda. Vestir algo confortável. Mais fácil falar do que fazer, pois o seu closet fora composto por Alice e nada ali dentro parecia ser confortável ou relativamente barato para ser destruído.


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