Não era possível. Eu não estava vendo aquilo. Não. Ele havia me dito que não viria à essa festa. E ele está aqui. Beijando outra menina. Tom...não é possível...

Quando Boo sumiu com o menino bonitinho, eu fiquei sobrando na pista e fui para o bar, beber alguma coisa. Minha garganta estava seca. Tinham tantos meninos bonitos...fiquei estudando cada um. Até que eu vi uma pessoa da qual eu conhecia. ‘Aqueles dreads...TOM! O que ele está fazendo aqui?’. Cheguei mais perto e vi que ele estava com uma mão na parede. Inclinei a cabeça e toquei seu ombro. Foi aí que meu mundo caiu.

Uma menina loira o estava beijando. E eu a conhecia. Era Jenn Curbstomp, uma das minhas melhores amigas da escola. Ela se separou dele rapidamente e ficou surpresa. Tom fez o mesmo. Eu não consegui falar nada. Saí correndo para o banheiro. Não podia ter terminado assim! Não mesmo...nós namorávamos há onze meses e meio, quase um ano. Ele me amava, eu o amava...éramos o casal mais fofo do mundo. Os dois guitarristas alemães das bandas mais famosas da atualidade...nós éramos perfeitos. Chorei tudo o que tinha pra chorar. Borrei minha maquiagem, baguncei o cabelo, mas nada mais me importava. Olhei para minha imagem no espelho, segurando com força as bordas da pia. Tom me deixara machucada por dentro. Soquei o espelho, que se quebrou em pedacinhos. Minha mão sangrava. Saí e fui para a sacada, longe deles.

- Ô pirralha, o que foi isso na sua mão? Deu pra virar emo agora e ficar se cortando? – essa voz maldita que me acompanhava durante 16 anos me tirou dos pensamentos.

- GE? O que cê tá fazendo aqui?

- Me divertindo, oras.

- Mas...mas...isso é uma festa alternativa!

- Vai dizer que eu não to alternativo?

Ele havia cortado o cabelo, o longo cabelo que ele tanto amava, e agora estava parecendo terrivelmente com o Danny, do McFly, na época do cabelo grande. Usava calças pretas apertadas e uma blusa do Green Day, a banda do meu ódio que ele gostava. Sorri.

- Pior que tá. Tô levando meu maninho pro lado gay da força.

- Haha. Ei, mas por que cê tava chorando? – ele chegou mais perto.

- E-eu não tava chorando... – fiquei de costas para ele, tentando esconder a mão machucada.

- Foi o Tom? – mesmo de costas deu para perceber que ele levantara a sobrancelha. Como irmãos, tínhamos uma ligação impressionante. E eles eram companheiros de banda, então...

- Não...

- Samantha... – disse, sério. Eu nunca conseguia mentir para ele. Suspirei e virei em sua direção, encarando meus pés.

- Tudo bem, foi sim. – comecei a chorar novamente. Georg me abraçou, envolvendo-me com os músculos cultivados na academia particular no quarto dele, e aí pude sentir seu cheiro. Na mesma hora, me senti diferente. Nunca tinha pensado em fazer o que fiz a seguir, mas dei a louca.

Levantei a cabeça, encarando os olhos verdes dele, herdados do nosso pai. Eu, por causa da maldita genética, não os herdei. Ele examinou minha mão, chupou o sangue como fazíamos quando éramos pequenos e nos machucávamos, a fim de estancar o sangramento, afastou minha franja para o lado, enxugou minhas lágrimas e aproximamos nossos lábios. Talvez fosse uma demonstração de carinho entre dois irmãos, mas parecia que para nós dois aquilo era mais, muito mais. O beijo se aprofundou, ficando mais quente. As mãos macias dele desceram do meu rosto e foram parar na minha cintura. Entrelacei minhas mãos ao redor de seu pescoço.

- Incesto não é legal. – sussurrei em seu ouvido.

- Você gosta de ler fanfic de incesto.

- Mas...isso é diferente.

- Você se importa?

- Eu não. E você?

- Nem um pouco.

Rimos e voltamos a nos beijar. As mãos dele agora subiam por baixo da minha blusa. Eu dei um tapinha nele.

- Em casa.

- Tuudo bem. - ele riu.