Capitulo 8

-Viktoria o que? – eu perguntei incrédula

-É isso mesmo o que você ouviu. Ela bateu o pé, se formou e agora é guardiã de um Lord Dashkov. Minha mãe me ligou desesperada dizendo que minha avó tinha ameaçado colocá-la pra fora de casa e que Vika não se importou e seguiu em frente mesmo assim. – ele disse me contando a história.

-Bem, isso é ótimo! – exclamei. – Eu sei que é o costume da sua família, mas eu sempre achei esse pensamento machista demais, e bem... Pra ser sincera eu tive medo que Vika seguisse um outro caminho.

-Como assim “um outro caminho”? – perguntou-me. Dei me conta de que eu nunca tinha contado a ele sobre a história de Viktoria com Rolan.

-Bem... Quando eu estive em Baia atrás de você, ela estava tendo um casinho com um Moroi chamado Rolan. Teve um dia que ela saiu pra se encontrar com ele usando um vestido que, wow... Uma garota de família nunca usaria. E ele também tava levando ela para um lugar que eu suspeito fosse um antro de meretrizes... – Dimitri de repente ficou pálido. Acho que ele nunca esperou isso da irmã caçula. – Eu até tentei falar com ela, mas ela não quis me ouvir... Então, fico feliz de saber que no fim ela fez uma boa escolha.

-Eu nunca esperei algo assim vindo dela. Mas uma coisa é certa. – ele disse me olhando com admiração. – Minha irmã decidiu ser uma guardiã por sua causa. Ou pelo menos foi a desculpa que ela me deu.

-Nunca imaginei isso, mas eu fico feliz de saber disso. Vika é uma boa pessoa, só estava sendo má influenciada. – então eu ri um pouco melancolicamente. – Eu me lembro de olhar pra ela e quase ver você.

-Bem... Acho que todas as minhas irmãs se parecem um pouco comigo. – ele disse com vergonha.

-Sim, acho que sim. Mas não era fisicamente que eu estava falando.

-Então como... ?

-Foi a reação dela quando eu contei o que tinha acontecido no ataque a escola... – eu disse um pouco incomodada. Depois de todos esses anos eu ainda não conseguia falar sobre isso. – Ela manteve uma expressão totalmente neutra e foi firme, forte... Me lembrou muito você...

-É... Minha mãe diz que ela se parece muito comigo nesse aspecto. – ele disse meio distante

-Você sente muita falta deles não é?

-Sim. Especialmente depois que você os conheceu. Eu meio que me afastei mais por que toda fez que eu falava com eles, eles me falavam de você. – ele parou e soltou uma risada. – Minha mãe me contou que você disse que nunca me imaginou assando pão. – disse rindo ainda mais.

-Bem, não fazia parte da persona sexy e devastador que eu ligava a você. – disse colocando um pedaço de torrada na boca e falando de uma forma bem casual.

-Acho que talvez um dia eu deva assar um pra você. Quem sabe você muda de idéia? – imaginar Dimitri na cozinha com um avental branco, todo sujo de farinha era muito sexy.

-Dizem que os padeiros são super sexy. Será que é verdade? – perguntei num tom de brincadeira

-Quem sabe um dia podemos descobrir... – um silencioso se abateu sobre a mesa e eu decidi voltar ao assunto da sua família

-E você tem noticias recentes de como eles estão? – perguntei

-Hm? – ele perguntou

-Tava distraído hein?! – brinquei. – Perguntei sobre sua família. Teve noticias recentes deles?

-Estão todos bem. Paul logo se forma na Academia. Ele está ansioso pra “cair no mundo”. Karolina não esta muito contente com a situação. Afora isso esta tudo na mesma... – disse-me

-Paul já vai se formar? – lembrei-me de que quando o conheci ele tinha apenas dez anos

-Acho que estou ficando velha, hein...

-Em geral as mulheres não esperam ate os trinta pra começarem a se preocupar com a idade? Se você esta velha imagine eu... – ele disse brincando

-Nah! Os homens só tendem a ficar melhores com o passar do tempo. Já as mulheres... Se não se cuidarem acabam velhas, gordas e cheias de rugas. – balancei minha cabeça tentando apagar a imagem de mim nesse estado

-Rose! Você luta, malha... Como vai ficar velha, gorda e cheia de rugas? – ele disse gentilmente. – Mulheres como você só ficam melhores. São como um bom vinho...

-Vinho? Essa era a minha teoria sobre os homens... “Quanto mais velho melhor...” – eu disse e Dimitri riu.

Depois de termos terminado de jantar Dimitri disse que havia um parque por perto e perguntou se eu queria dar uma volta. Nos sentamos em um banco de frente para uma fonte. A lua estava cheia e brilhava intensamente no céu. O mundo estava tão quieto e ao lado de Dimitri uma paz tão grande parecia me alcançar e isso me fez pensar que se o mundo fosse o lugar que deveria ser esse seria o rumo certo que minha vida deveria tomar. Eu e Dimitri pertencíamos um ao outro, deveríamos estar juntos. Mas como pessoas preocupadas em fazer o certo, nós acabamos nos afastando e colocando o dever em primeiro lugar. Quem sabe? Talvez algum dia nós encontrássemos uma forma de fazer dar certo e enfim ficarmos juntos...

-No que você esta pensando? – perguntou-me

-Nada que você queira ou deva saber.

-Você tem certeza? Eu sempre quero saber o que você pensa. – ele disse ardentemente, o que me fez ficar vermelha. De novo.

-Nah! Nem tudo o que eu penso deve ser dito em voz alta. Algumas coisas é melhor que eu apenas guarde em minha cabeça pra mim mesma. – respondi

-Sim. O problema é que você raramente consegue guardar seus pensamentos pra você. – ele disse rindo

-Como você pode ter tanta certeza? Tem muita coisa que eu penso que eu não conto pra ninguém. E algumas coisas que acontecem que eu não conto nem mesmo para Lissa.

-Ok, você tem um ponto. – ele disse. – Mas você sabe que não consegue mentir pra mim. Você não quer me dizer o que ta pensando, até ai tudo bem. Mas não queira me dizer que é uma coisa ruim, por que eu sou capaz de ver o sorriso em seus olhos. – juro, quando ele falou isso eu fiquei sem fôlego. Falta de homem nunca foi um problema em minha vida, mas nenhum deles me tratou como Dimitri me tratava. Sempre com carinho, amor e devoção... Nem mesmo Adrian, que me tratava como uma princesa conseguia fazer comigo o que Dimitri fazia.

-Eu só estava pensando em como essa noite esta incrível... – eu respondi com uma meia verdade

-Pra mim também essa é uma noite muito especial. O que faz com que eu aproveite e te faça um convite irrecusável. – convite irrecusável? – Será que a Senhorita me daria a honra de me acompanhar no baile de amanhã? – ele me perguntou

-Mas Dimitri, nós vamos estar trabalhando. – era nossa obrigação fazer a guarda do salão. Strigoi não eram um perigo, alunos encrenqueiros sim.

-Eu sei. Mas nós também podemos aproveitar pelo menos um pouco as coisas boas do nosso trabalho.

-Bem, o chefe é você, neah... Se você diz que tudo bem, então por mim, tudo bem. – eu respondi

-E você já tem o seu vestido? – ele perguntou-me

-E você acha que a Lissa perde uma chance de gastar dinheiro? – perguntei

-Ótimo. Mas já vou avisando, você vai ter que dançar comigo. – ele avisou

-E por algum acaso você sabe dançar? – perguntei em tom de flerte.

-E por que eu não saberia?

-Ah, é? Quero ver. – eu o desafiei

-Ok. Você quer que eu dance aqui? Você também vai ter que passar por isso. – respondeu-me

-Não aqui. – disse-lhe. – Tem uma boate bem ali na esquina. E ai, topa? – perguntei...