Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 20
Instintos




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Ai merda, merda, merda. Tudo estava tão bem até agora, ninguém tinha suspeitado de que a Nathale era humana, tampouco que estava aqui no meio de tantos vampiros.

Milhares de possibilidades se passaram na minha cabeça: eles poderiam ver ela, entender o que estava se passando ali e não contar para ninguém sobre o que viram ou sobre Nathale. Mas isso não ia acontecer.

– Kat... o que é isso... – Mary me encarou por um instante, olhando diretamente nos olhos, então se virou para Nathale. Juro que pude ver um brilho assassino brilhar em seus olhos, mas estava tentando se conter, sabendo que conhecia a humana que estava ali diante dela.

– Mary, e-eu posso explicar – disse, avançando um passo adiante e tentando me manter entre eles e ela.

Caleb olhava Nathale intensamente, como se eu fosse totalmente invisível, ou como se fosse feita de vidro e ele pudesse me atravessar com os olhos. Seus olhos brilhavam em um vermelho tão intenso e forte como nunca havia visto antes, ele parecia um leão observando atentamente sua presa antes de abocanhá-la. Por um instante pensei que ele avançaria, mas ele colocou a mão em sua testa, segurando os cabelos, e se ajoelhou de leve. A batalha dentro dele, de seu humano e vampiro interiores, estava totalmente tensa, mas ele estava fazendo o máximo para se controlar.

Ele fechou bem os olhos, fazendo um esforço enorme, então os abriu e me olhou com os seus belos olhos castanhos. Ele teve que fazer aquilo, mesmo diante de Mary, para que não atacasse Nathale. Então se virou para Mary, que estava bem ao seu lado.

– Mary, vamos lá, respire. Se acalme. Você não vai machucar ninguém aqui, vamos – ele falava calmamente, como se a situação fosse outra, mas não era. Nesse momento, eu estava bem próxima de Nathale, tentando protegê-la de qualquer movimento que Mary fizesse, e podia ver que ela estava totalmente apavorada, segurando-se a parte de trás da minha camisa branca de Naruto preferida com força.

Ela nos olhava com intensidade, quase sendo dominada por seu instinto assassino, mas a batalha dentro de si ainda era travada, sendo difícil saber qual das forças estava ganhando.

– Mary... – eu disse, dando um pequeno passo á frente, Nathale me acompanhando, e olhava diretamente nos olhos dela, que brilhavam em um vermelho vivo, que por alguns instantes brilhava em um amarelo vibrante, então voltavam à cor original – sei que você deve estar achando totalmente bizarro, mas vamos conversar civilizadamente e...

Tarde demais. Não pude ver seus movimentos direito, mas senti algo batendo em meu ombro com força e me jogando diretamente á uma arvore que estava bem distante de lá. Fiquei tonta alguns instantes pela força do impacto, mas quando olhei de volta vi que Caleb protegia Nathale de Mary, totalmente tomada pela sua fera interior, com seu bastão. Ela avançava ferozmente, mas Caleb defendia com a mesma intensidade que ela, as vezes protegendo Nat com o próprio corpo, sendo vítima dos ataques de Mary, que nem lutava com uma arma. Se ela tivesse invocado sua arma – duas adagas intrincadas e totalmente afiadas – estaríamos perdidos. Um grito de Nathale me chamou de volta á realidade. Precisava fazer algo.

Peguei meus sabres que permaneciam no chão do nosso treino, e fui ajudar eles. Caleb já estava totalmente machucado, mas ainda segurando as fortes investidas de Mary. Nathale permanecia atrás dele, distante em alguns passos, totalmente em choque e sem saber o que fazer.

Os dois ainda estavam se empurrando, mas Caleb – machucado demais, por sinal – estava de joelhos, mas Mary não tinha um ferimento sequer e nem olhava para o moreno, mas sim para Nathale. Em um esforço final, Caleb caiu ao chão, exausto da rápida, porém brutal, batalha que travara ali agora. Mary avançou diretamente em Nathale, a segurando firmemente enquanto abria sua boca, expondo seus caninos brancos e afiados, indo em direção ao pescoço dela. Droga! Ainda estava longe!

– DROGA! – gritei em pleno os pulmões, fazendo um esforço enorme para correr mais rápido, mas não conseguia. Parecia que o espaço entre nós ia aumentando a cada passo que dava, e o espaço entre a boca de Mary e o pescoço de Nathale estava bem pequeno – CALEB! FAÇA ALGO!

Em um esforço significativo, Caleb olhou para cima e pegou seu bastão, o encaixando no pescoço de Mary e a puxando para trás e a mantendo assim, até então eu chegar e ficar entre elas. Coloquei meus sabres em forma de x no pescoço dela, como uma tesoura.

– Droga, Mary! Para com isso, se não vou cortar esse teu pescoço! – gritei novamente, aterrorizada com a cena de Mary mordendo minha melhor amiga em minha mente, tentando afastar esta dali – Inferno! Se controle cacete!

Mary me olhou fixamente, então piscou uma vez com dificuldade, e assim a cor de seus olhos foi sendo abaixada um pouco, deixando de ser o vermelho sangue para algo mais parecido com um tom de vinho.

– Eu... – ela ainda me olhava com dificuldade, os olhos um pouco fechados, então depois de ter percebido o que tinha feito, os arregalou e estes lacrimejaram – ah, meu deus... O que eu fiz? – colocou as mãos nos olhos e começou a soluçar.

– Calma, calma, relaxa. Todos nós sabemos que você não fez por querer, e aquela parte de cortar seu pescoço era mentira tá? – um brilho roxo rodou entre os meus sabres enquanto eu os abaixava e eles sumiam aos poucos, deixando espaço para que eu abraçasse a minha amiga.

– E-eu não q-quis fazer aquilo... e-eu... – ela chorava rios de lágrimas, derramando todos na base de meu pescoço, onde seu rosto se encontrava - ...tentei me c-controlar, mas...

– Relaxa ai, nós sabemos que você nunca faria isso – ainda abraçada com Mary que derramava rios em meu ombro, me virei levemente onde Nathale se ajudava Caleb a levantar – vocês estão bem?

– Eu sobrevivo – Caleb disse, se levantando com ajuda de Nathale que o sustentava sobre os ombros – e você Nathale?

– Estou bem, só um pouco assustada – ela disse se levantando com Caleb nos ombros. Ela pegou o braço dele e passou por trás do pescoço, para servir de apoio.

– Já que estamos todos bem, preciso explicar algumas coisas, não é? – soltei Mary, que parara de chorar, mas estava soluçando bastante, e me virei para Nathale e Caleb, que permaneciam me olhando. O que aconteceu com Mary foi pura sorte, agora sei o que poderia realmente acontecer se estas pessoas descobrissem que Nathale é humana, e seria bem pior.


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Notas finais do capítulo

Já sabem né? Quero reviews! ò.ó
Beijos, até o próximo.



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