Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 19
Problemas




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– Vem logo Kat, se não ficaremos muito para trás!

Estávamos indo para a aula de educação física, que provavelmente seria mais uma aula para treinarmos com nossas armas, já que alguns ainda não haviam se acostumado o bastante para poderem fazer uma luta amistosa para competir ou algo do gênero. Eu não estava muito a fim de ir, já que a minha ultima experiência lá não fora tão, digamos, legal.

Nathale parecia nervosa, claro, porque nem vampira era na verdade, só estava com uma fantasia – muito bem feita, claro – do mundo humano, não poderia nem invocar uma arma. Ainda não sei como ela arranjou aquilo, mas qualquer dia desses ainda vou a fazer falar.

Ela estava indo bem na escola, não faz nem duas semanas que entrou aqui na Umbrae e já fez vários amigos, alguns do grupo de Alice, outros de mais alguns grupos ali, e pronto: já era popular. Ela sempre foi a mais extrovertida de nós duas, falava com todos, fazia amigos rápido... Bem diferente de mim, sou totalmente o contrário dela, introvertida, tem dificuldade em fazer amigos, e vários outros. Irônico, eu sei.

Enquanto caminhávamos até as áreas florestais atrás dos prédios da escola, fiquei imaginando tudo o que acontecera a mais ou menos uma semana antes... Aquele homem, um tal de Miguel, me atacara e eu quase morri, se não fosse o namorado de Mary, nem sei se estaria aqui agora. Aquele homem era aterrorizante, mas ao mesmo tempo parecia tão solitário, sozinho... Quando me olhou nos olhos, aquelas poucas frações de segundos, pude ver todo o seu sofrimento e angústia presos dentro de si, que foi provavelmente causado por algum antepassado meu. Se eu conhecesse meu pai... talvez eu poderia saber quem fez isso...

– Escutem bem, alunos! – o professor gritou, me tirando de meus pensamentos – Esta aula será somente um treino normal, então, façam suas duplas e vão treinar. Se precisarem de mim, estarei na quadra.

– Nathale, você vem comigo! – disse rapidamente, agarrando-a pelo braço. Se alguém fizesse dupla com ela, seria desastroso, já que ela não pode invocar nenhuma arma para treinar – Você tem com quem ficar, Mary?

– Eu me viro, sempre tem alguém que sobra – ela disse, colocando a mão sobre os olhos, fazendo como que procurasse alguém – e se eu pegar o Caleb, você não se importa não é? – e ela riu.

– Claro que não, caramba. Já disse que não temos nada.

– Opa, quem, quando, onde? A Katzinha aqui tem namorado é? – Nathale brincou, rindo – quero que me conte tudo. Tudo.

– Não tenho nada para contar, porque nada aconteceu. Simples. Agora vamos logo antes que não sobrem mais lugares na floresta.

– Tudo bem, tudo bem, vamos logo. Até depois Mary!

– Até – e ela saiu á procura de alguém para ser sua dupla. Se Alice estivesse aqui, não precisaria procurar alguém...

Fomos andando adiante na floresta, vendo um lugar bem distante de todos, para ninguém ver que Nathale não pode invocar uma arma. Ela estava apreensiva até demais, olhando para os lados a todo o momento, no começo pensei que estava com medo de alguém estar por perto, mas estava é com medo de que criaturas aparecessem. Bruxas, zumbis, fadas, e toda essa besteira que falam que existe.

– Nathale, não tem com o que se preocupar, não existe nada aqui que possa te machucar, bem, somente os vampiros, é claro, mas mesmo se eles te atacassem, eu não ia deixar – então paramos em uma área com poucas árvores, onde a movimentação poderia ser bem grande – vamos ficar aqui, é um bom lugar.

– Tá, mas... Onde ficam as armas para treinar? Eu não vi nenhuma lojinha ou algo parecido por aqui – ela perguntou inocentemente, com uma cara de ponto de interrogação.

– Hahaha, não é assim não, tonta – dei uma grande risada por um instante, então parei para poder explicar – os vampiros invocam suas próprias armas. Cada vampiro pode invocar um tipo de arma, e ela está decidida desde que você nasce ou quando é transformado – sentei em um tronco, e apontei para outro na minha frente, para que ela se sentasse.

– Legal, mas acho que ser transformada somente para invocar uma arma não vale a pena – ela olhou para o chão – deve ser horrível, como nos filmes.

– Sim, e é mesmo – olhei para o chão também – pelo que li nos livros da aula de ciências, a transformação de um humano para vampiro é rápida, porém dolorosa. Para ser transformado, um vampiro deve te morder e te dar um pouco de seu sangue, ou, se durante a mordida houver o contato do sangue do vampiro com a ferida. Se isso acontecer, não há volta, você se transforma.

– Que horror. Quer dizer então que se... Bem... Você me mordesse, eu seria... t-transformada? – Nathale disse, quando veio me encarar.

– Você sabe que eu nunca te morderia, Nat – eu disse, tranquilizando-a – mas, se houvesse tal possibilidade, sim.

– Esse assunto me dá calafrios, vamos falar de outras coisas. Vejamos... Você pode invocar uma arma também? Adoraria ver!

– Sim, eu vou lhe mostrar – me levantei e tomei uma distância razoável, então cruzei os braços, fechei os olhos para me concentrar, como fiz da primeira vez, e senti formigamento e queimação em minhas mãos. Da primeira vez não tive coragem de olhar, mas agora tinha, então abri os olhos. Um círculo colorido, com desenhos muito bonitos, brilhava aos meus pés, em um tom roxo vivo. Olhei para minhas mãos, então vi o brilho tomando forma e formando meus sabres, com seus pingentes de estrela. O brilho foi diminuindo aos poucos até, por fim, acabar, e então me virei para Nathale, que estava com os olhos brilhando de admiração.

– Mas isso é tão... Legal! – ela disse, correndo em minha direção para olhar a arma mais de perto – é lindo demais! Você fica toda brilhando com um brilho roxo, é muito lindo! Queria muito fazer isso, mas não vale o preço.

– Não vale mesmo, nem pense nisso, ouviu? Não quero que você vire isso, se eu pudesse escolher eu seria normal, lá na vila, como humana, mas como não posso, tenho que aprender a lidar com isso – disse com um sorriso fraco nos lábios.

– Não se sinta assim ok? Você sempre será normal, você tem um pouco dos dois lados, por que não aproveitar os dois, hein? – ela sorriu entusiasmada, então, colocou as mãos na cintura – vamos lá, quero ver você treinando. Olhe, tem alguns troncos pequeneninhos ali, vou arremessá-los e você terá de defender, ok?

– Está bem, está bem. Só tente não se machucar, seria um saco te carregar até a enfermaria – e ri, preparando meus sabres.

– Vamos ver quem vai se machucar... Começar! – e ela começou a jogar os troncos em mim, literalmente, enquanto eu tentava esquivar, partindo os troncos ao meio quando podia, somente desviando ou sendo acertada mesmo.

Passamos algum tempo assim, até acabarem todos os troncos – que eram muitos, muitos mesmo – e cairmos exaustas no chão.

– Certeza que nunca jogou Baseball? Seu arremesso é muito bom, e olha que disso eu não sabia – disse eu, deitada sobre a grama.

– Nunca, mas tenho habilidade em jogar bolinhas de papel e pedaços de borracha em pessoas chatas, vulgo Stefani e Helena.

E então rimos juntas.

Mas então, eu ouvi barulhos.

Eram passos.

Levantei no mesmo instante, pensando que poderia ser algum inimigo, mas era somente Caleb e Mary, cansados como nós, aparecendo dentre as árvores, nos procurando. Ainda bem! Pensei que poderia ser aquele homem estranho das cobras.

Está tudo bem então. Ou melhor, estaria, se no meio do nosso treino, Nathale não tivesse tirado toda a fantasia, e estivesse totalmente como uma humana normal agora.

Droga.


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Notas finais do capítulo

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Não gostou? Review.
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-n



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