- Ela logo vai acordar. – ouvi alguém dizer. Eu estava um pouco tonta e confusa, não me lembrava de ter desmaiado.

Lentamente abri os olhos. Logo deduzi que estava na casa dos Cullen, deitada em um sofá.

Todos – todos mesmo – estavam me olhando: Esme estava em um canto da sala, e seu rosto que me lembrava a Branca de Neve era de compaixão. Carlisle estava ao seu lado, sorrindo amigavelmente. Um pouco mais adiante Thalia “brincava” com uma espada, enquanto me olhava descontraidamente sorridente. Rosalie não sorria, e seu rosto era de mesma apatia de sempre. Emmett, por sua vez, parecia encantado e exibia um sorriso – um tanto quanto assustador – de 32 dentes. Annabeth e Percy estavam abraçados perto de Jasper, que se encolhia contra a parede. E por último restavam Alice, Edward e Nico, todos sorrindo para mim. Devo assinalar que o sorriso de Edward quase me fez desmaiar novamente, coisa que quase nunca acontecia. Tudo bem, talvez acontecesse mais frequentemente do que o necessário, mas fazer o que? Ser uma meio-sangue não era a melhor coisa do mundo, afinal.

Reparei nos olhos de Alice. Não eram mais dourados, e graças aos deuses não eram verdes também. Eram anis. Digo, uma mistura surpreendentemente linda de azul com negro. Os olhos dela pareciam uma noite de verão.

- Eu desmaiei? – perguntei, envergonhada.

- Um pouquinho... – disse Percy, e eu revirei os olhos. Como Hades alguém podia desmaiar um pouquinho? – Eu quis dizer que você só ficou desacordada por 3 minutos, entendeu? “Um pouquinho”, e não faça essa cara de minotauro risonho para mim.

Ignorei sua acusação absurda e, sentando, perguntei a Alice:

- Como se sente?

Ela sorriu.

- Bem normal, a minha maneira. A única coisa diferente é que a alguns segundos eu  vi pessoas realmente gigantes discutindo – falou ela, calmamente.

Dei um sorriso de lado. Era fato que os deuses nunca paravam de discutir, jamais, em hipótese alguma, com chuva ou sol lá estavam eles em seus enormes tronos batendo boca.

- Eu acho que... – Alice começou a dizer, mas calou-se de súbito. Em um piscar de olhos, Jasper colocou-se ao seu lado e todos os outros (inclusive eu) começaram a ir até a anã.

1,2,3...10 segundos. Com certeza não mais do que isso.

Alice piscou, olhou para Thalia e falou:

- Ártemis quer que você volte.

Então, voltou-se para todos nós e anunciou:

- Hermes está em Seattle, mas não vai ficar lá por muito tempo... Ele está indo visitar o mundo inferior.

Droga. Por que ele não podia ir para a Hawaii?

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Faziam mais de duas horas que tínhamos saído de Forks. Bem mais de duas horas que Edward dirigia feito um louco. Muito mais de duas horas desde que eu fizera um ritual. Sem dúvidas muitíssimo mais de duas horas.

- O dia logo vai clarear. – falou Alice, que estava espremida entre Nico e Annabeth – Vamos precisar parar em algum lugar. Há um hotel a menos de dez minutos. Seria bom para vocês um pouco de descanso.

“Vocês”. Às vezes eu gostaria de ser invulnerável, afinal, dormir era realmente um enorme perda de tempo.

- Alice tem razão. Vamos até o hotel, parece que o dia vai ser ensolarado, e mesmo que quiséssemos não poderíamos prosseguir.

Virei meu corpo para trás, dando uma olhada do tipo “não fala nada” para Nico, que tinha um sorriso idiota na cara e lançando um olhar suplicante para Alice, que sorriu e disse:

- Ele tem razão.

É claro que sim.

Menos de dez minutos depois, Edward estacionou o carro na frente de um hotel simples, embora bem pintado e com um jardim maravilhoso na frente.

- Eles só tem 3 quartos vagos. – disse Alice, e depois completou, olhando para Percy e Annabeth – Acho melhor vocês dois ficarem no mesmo quarto logo, pelo menos não ficarão tão mal-humorados.

Eu ri da cara que eles fizeram, embora internamente concordasse totalmente com a Anã.

- Tick, tack, gente! – disse Nico, irônico como sempre, enquanto saia do carro – Não temos todo o tempo do mundo, lembram?

Na recepção havia um recepcionista, nem um pouco feliz e muito menos simpático do que deveria ser.

O homem nos informou que só haviam 3 quartos e Edward disse que não havia problema. Reservou todos os quartos vagos e pagou a diária, apesar de eu insistir em pagar.

Por fim, Alice e Edward ficaram em um quarto ao lado do meu e de Nico e Annabeth e Percy ficaram no quarto mais distante, é claro.

Nem a Anã nem o Cullen disseram por que não podiam sair no sol e se retiraram, assim como o casal 007.

Eu e Nico seguimos o exemplo e fomos para o quarto. Lá havia uma cama de casal e um sofá. Sorri diabolicamente, olhando de Nico para o sofá e do sofá para Nico.

Ele suspirou, captando a mensagem.

- O sofá parece confortável. – murmurou – Fique com a cama, Bella.

Eu abri ainda mais um sorriso que já estava brincando em meus lábios e, enquanto lhe abraçava, falei:

- Já disse que adoro você, caveirinha?

- Já. – retrucou, rindo – Mas pode repetir.

Eu ri. Depois de um tempo de conversas idiotas eu me deitei – com a roupa que estava usando mesmo – e fechei os olhos, achando que não fosse pegar no sono, já que eu dormira bastante antes do ritual. Até parece que eu estava certa.

Eu estava na sala do trono do Mundo Inferior. Hades estava lá, com seu estilo “Zé Ramalho” de sempre.

Depois de um tempo, Perséfone se juntou a ele, colocou a mão em seu ombro e o mesmo sorriu, mas logo o sorriso saiu da face do dia... deus.

- Perséfone, - falou – você sabe o que eu penso sobre ela. Sabe muito bem.

Minha mãe suspirou e colocou-se na frente de Hades, olhando-o com seus olhos cor de chocolate.

- Hades, você sabe o que penso de Nico e o que eu pensava de Bianca, mas eu não tentei mata-los. Você também não pode matar Isabella.

Engoli em seco. Que raio de conversa era aquela?

- Mata-la? – riu Hades – E ter de aturar a pirralha por todo o sempre? Nem pensar!

Perséfone sorriu, mas seus olhos eram sombrios como a morte.

- Estou preocupada, não sei se ela aguentará tanto. – disse minha mãe

Hades ia responder e eu ia descobrir o que era “tanto”, mas alguém chamava meu nome.

- Bella! Bella!

Eu conhecia aquela voz.

O cenário mudou. Eu estava em algum lugar. Era lindo. Flores, borboletas, pássaros, campos verdejantes.

- Bella! – exclamou, e eu me virei. Ela sorriu, seus olhos brilharam de felicidade – Nós logo nos veremos novamente, acredite. Estou com saudades de todos... Ah! Mal posso esperar.

Sorri e me precipitei para abraçá-la, mas não pude.

Um forte cutucão me trouxe de volta a realidade.

- Bella! – exclamou Nico, assim que abri os olhos – Estou tentando te acordar a mais de meia hora! Você não parou de falar.

- Falar? – a lembrança do sonho ainda era forte e eu estava preocupado com o que minha enorme boca deixara escapar.

- Sim, você não parou de dizer...

Ele se interrompeu e eu perguntei, temerosa:

- O que eu disse, Nico?

- Bianca. – falou ele engolindo em seco – Você não parou de repetir o nome de minha irmã.