A sala de estar era magnífica, e o resto da casa não deixava por menos. Os cômodos pareciam vindos de um palácio da realeza com objetos que variavam desde os séculos XV, passando pelo XIX com coisas que lembravam minha infância e objetos modernos do século XXI. O interior da mansão Salvatore, inacreditavelmente, parecia ainda maior do que quando olhada pelo lado de fora.

– Esse é o meu quarto e este aqui ao lado pode ser o seu já que pelo visto Stefan escolheu o quarto do primeiro andar. – Eu esqueci de mencionar que tinha três andares? “O terceiro é praticamente um sótão, nunca fizemos nada lá então continua vazio a não ser por entulho que ninguém mais usa.”, explicara Damon quando eu fiquei chocada com o fato da casa ter 3 andares apesar de todo aquele espaço nos dois andares de baixo.

– O que acha do seu quarto? – Disse ele abrindo uma porta que ficava ao lado do quarto dele. Como ele conseguia parecer temeroso de que eu não gostasse?!

– Meu quarto..? – Ele me deu um quarto na mansão mais linda do mundo...

– Minha nossa, Damon eu te amo!!!! – Não havia nada mais a dizer. Eu o abracei com o máximo de força que eu consegui fazer sem quebrar ele.

– Você é o melhor irmão do mundo todo! – Eu estava ficando histérica de tanta felicidade.

– Tudo bem, tudo bem. Pode me agradecer depois, agora temos que conversar sobre um assunto nada agradável.

Fomos para seu quarto, eu me sentei em uma poltrona encostada na parede, e ele se sentou na beirada da cama, olhando para mim.

– Então, você sabe toda a história sobre o que aconteceu em 1865; como eu e Stefan fomos transformados, a morte de Katherine e quando eu fugi para Leesburg e fui morar com sua família.

– Sim, você já me contou isso. – Eu me lembrava da história toda mesmo não tocando no assunto há anos.

– Bem, eu acho que não te contei porque fui para sua casa naquela época. – Pensei um pouco a respeito. Era verdade. Eu nunca havia notado, mas até hoje não sabia porque Damon foi para minha casa.

– Eu já estava com raiva pelo que tinha acontecido com Katherine, e então descobri que Stefan havia matado nosso pai e se alimentado dele. Não consegui acreditar. Tudo bem matar alguém para se tornar imortal ao invés de morrer, mas que tipo de monstro usa o próprio pai para isso? – Damon estava falando bem rápido. Eu podia ver que estava desabafando uma coisa que queria ter me contado há muito tempo atrás.

– Eu não sabia o que fazer, então me afastei da cidade por um tempo, até que descobri que Stefan tinha fugido para a Europa. Decidi segui-lo. Foi naquele dia que comprei as passagens de navio, lembra? Fui atrás dele. E você também. – Ele disse.

– E eu tentei ser alguém melhor porque cuidava de você; e não o monstro vingativo que eu teria me tornado. – Ele riu ao dizer isso porque era exatamente o que ele se considerava: um monstro vingativo. - Eu até melhorei. Eu só queria ser um bom irmão mais velho... Pelo menos uma vez na vida. – Disse ele pensativo.

– Você sempre foi um bom irmão mais velho, tenho certeza disso.

– Então tudo certo entre nós Lizzie? – Perguntou ele esperançoso.

– Tudo certo. Desde que você pare de atormentar a vida de Stefan; ele é seu irmão também!– Eu disse. Não havia motivo para odiar Damon, era o meu irmão mais velho.

– Eu prometo! E, ahn...Por falar em maninho... – Ele parecia nervoso e quase com medo.

Nem precisou terminar a frase. Sua fala foi seguida do barulho da tranca da porta ser aberta e depois trancada atrás da pessoa que havia acabado de chegar. Com um pulo da poltrona eu me pus de pé e fui até a soleira da porta do quarto, Damon ao meu lado. Eu podia sentir o nervosismo dele se misturar ao meu. Ouvimos os passos enquanto ele entrava pela casa adentro. O verdadeiro caçula Salvatore. Damon apertou a mão na minha e juntos começamos a descer as escadas para encontrar com ele. Pela janela eu vi que já havia escurecido lá fora. Não percebi a passagem do tempo.

– Você tem certeza disso, não é? – Sussurrou ele em meu ouvido.

Fiz que sim com a cabeça. Descemos.

É hora do show.