O Passado Oculto escrita por Dani Ferraz, Luisa Hale


Capítulo 3
Voltando Para Casa *PDV Lizzie*


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a volta para Fell's Church..



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- Você está melhor? – Perguntou ele. Melhor. Nada de “você está bem?”. Como eu já esperava, não dá para esconder nada de Damon. Por mais que eu tivesse tentado, ele sabia exatamente como eu me sentia.

- Estou. – Não era bem uma mentira. Desde que o conheci sempre me sentia melhor ao ficar perto dele, me sentia segura.

- Me desculpe por isso. Eu sei que você não queria voltar mais para a Virgínia, mas a verdade é que eu, bom, eu tenho que ir dessa vez. – E aí estava. A razão para voltarmos para nosso antigo lar. Eu aposto que Damon não quer ir mais do que eu quero. Mas toda vez que ele dizia algo como “eu tenho que ir” eu sabia imediatamente que o motivo era Stefan. Por mais que Damon nunca admitisse, eu tenho certeza de que ele faz isso para proteger o irmão dele. Por que ele o ama.

- Tudo bem então. – Eu disse. – Mas eu não quero ficar sozinha lá.

- E se eu conhecesse seu irmão? – Perguntei inocentemente.

Damon ficou branco como a neve, de tão grande o susto.

Eu nunca insistira de conhecer Stefan, mas eu estava curiosa, não dava para negar.

“Será que ele se lembraria de mim?” e“ Como será que ele está?Parecido com Damon?”eram dúvidas que nunca sumiam. Seria divertido conhecê-lo, ou melhor, revê-lo.

                     

- Você quer conhecer Stefan? –Damon não parecia acreditar no que eu disse.

- É, e porquê não?

- Ele nem sabe que você esteve comigo por todos esses anos!

- E daí? Não quer que ele me conheça? Tem vergonha de mim ou algo assim? – Essa foi baixa. Apelar para o lado sentimental de Damon era maldade, mas deu certo.

- É claro que não, Lizzie! Você é minha irmãzinha e eu te amo, sabe disso!

- Então porquê você me esconde? – Isso eu realmente não sabia.

- Pra te proteger, bobinha. Imagine o que Stefan poderia fazer. Você é minha irmã caçula e eu não quero que se machuque.

- Ele não me machucaria; ele é seu irmão caçula também! Ele não tem motivos para isso! Tem?

- Vamos dizer que não tenho sido o melhor irmão pra ele nesses últimos anos.

- Como assim? Você viaja atrás dele para ter certeza de que ele está bem!

- Acontece que eu não disse a verdade. Sinto muito. Toda vez que vamos atrás dele, eu perturbo e arruíno sua vida no local; eu ainda o culpo pelo que aconteceu com a Katherine.

Agora eu quase desmaiei. O que está acontecendo aqui? Eu me perguntava. Damon mentiu para mim? Todo esse tempo? Eu estava na verdade viajando com ele para estragar a vida de Stefan ao invés de checar se ele estava bem?

 

Damon deveria saber. Um avião lotado não era exatamente um local apropriado para contar uma notícia chocante e terrível para um vampiro. Ainda mais essa, que acima de tudo, me deixou com muita raiva. Controle-se agora! Era o que eu gritava em minha mente. Mas sem sucesso, eu senti meus caninos grandes contra minha língua. Meus olhos tinham acabado de assumir um tom negro com veias roxas embaixo; as mudanças de um predador. Eu poderia saltar na garganta de Damon naquele momento e mata-lo, que nem me importaria. Mas aquele era Damon, minha única família. Controle-se! Pensei novamente. As pessoas vão te ver. Você vai acabar machucando Damon! No fim, consegui voltar ao normal a tempo de perceber que, se Damon ainda fosse humano, teria acabado de morrer. Ataque cardíaco provavelmente. Eu nunca ficava brava com ele, nunca assumia essa máscara sombria de caçadora. Desviei minha atenção e olhei em volta: por sorte ninguém estava olhando aquela cena horrível. Seria um desastre.

- Caros passageiros, por favor apertem seu cintos de segurança; em poucos minutos pousaremos no aeroporto de Fell's Church. – anunciou o piloto pelo mega-fone.

- Bom, parece que você vai ter bastante tempo para me explicar essa história.

Ele só acentiu com a cabeça, ainda me fitando pasmo, por causa da súbita onda de ódio.

- Eu mereço uma explicação.

 

***

   Estava em pé na calçada esperando o táxi. Acabei decidindo esperar estar em um lugar mais reservado antes da longa explicação que viria a seguir.

   Desse modo, não falei com Damon enquanto o avião aterrisava; nem quando descemos no aeroporto de Fell's Church; nem ao menos olhei pra cara dele quando fui pegar as minhas malas na esteira rolante. Ele não disse nada. Sensato da parte dele; meu humor nunca esteve pior, e qualquer palavra que eu ouvisse dele podia causar um desastre.

Pela visão periférica pude ver que ele estava do meu lado aguardando o táxi também, só que dessa vez ele mantinha uma distância maior entre nós.

Um táxi amarelo-e-preto finalmente apareceu e eu fiz sinal para o motorista parar.

Quando ele saiu para me ajudar a colocar minhas coisas no porta-malas, (não que eu precisasse de ajuda) percebi Damon colocando as coisas dele também.

- Me desculpe, mas eu chamei esse táxi, portanto você vai ter que esperar o próximo – Eu tentei parecer educada para não alertar o motorista.

- Não seja tola – Disse Damon – Você não vai sozinha nesse táxi por mais brava que esteja; afinal você nem sabe para onde vamos, Lizzie.

-Não sei sobre o que você está falando. – Ai, eu realmente não queria dividir o táxi com ele; estava nervosa demais. E se eu o atacasse dentro do carro?

- Elizabeth Heather Grayes, eu não estou de brincadeira com você! Precisamos ir logo. Ainda temos muita coisa a esclarecer antes do fim do dia!

Mais uma vez eu senti aquela onda de ódio dentro de mim. Ele estava me tratando como se eu fosse criança!

- Entre no carro agora. – Eu podia estar com raiva, mas ainda podia ver quando ele ficava bravo de verdade.

- Lembre-se de uma coisa: você não manda em mim! – Eu disse baixinho, para só ele conseguir ouvir. Eu também sabia pôr medo nas pessoas quando queria que vissem que estava falando sério.

Entrei no carro mantendo minha dignidade. Eu podia ser a Lizzie boazinha na maior parte do tempo; mas isso não significava que não houvesse minha parte má e cabeça-dura, quero dizer, eu ainda era a vampira Elizabeth Grayes. Não era um anjinho como parecia.

As aparências enganam, é um dos ditados mais verdadeiros que eu já ouvi. Como eu:

A garota com aparência de 16 anos, parecendo frágil com meu pouco mais de 1,65 m de altura, os grandes olhos verdes inocentes e o cabelo negro que escorria até o meio das costas; parecia uma bonequinha de porcelana. Rá rá; até parece.

 

   Só percebi que havíamos chegado quando o carro parou e Damon pagou o motorista.

Começaram a tirar as malas sem nem ao menos me esperar. Desci do táxi e contemplei a enorme mansão à minha frente.

- Onde estamos? – Perguntei chocada.

- Bem vinda de volta a Falls Church. Essa é a mansão Salvatore. – Disse ele, parecendo satisfeito por eu ter voltado a falar com ele.

- Que eu me lembre, vocês não moravam aqui. Moravam? – Eu não queria falar com ele, mas não conseguia conter minhas perguntas. Eu estava deslumbrada com a mansão.

- Não, você conheceu a antiga. Só que ela não existe mais; ou melhor, existe, mas está em ruínas no meio de um bosque. Agora nossa casa é aqui. Você gosta?

- É maravilhosa! – Maravilhosa era pouco. A mansão era enorme, com a estrutura de madeira com aparência antiga e com colunas laterais trabalhadas à mão. Era perfeita.

- É melhor entrarmos e arrumarmos os quartos logo. Temos muito o que conversar antes que ele chegue. – Damon já estava carregando as malas para dentro de casa.              

- “Antes que ele chegue”, o que você quer dizer com isso, Damon? – Tive a impressão de que não iria querer saber.        

- Ora, Stefan vai chegar logo. Vou ficar na mesma casa que ele, na nossa casa; só que dessa vez você vai estar junto comigo. – Ele abriu a porta e acenou com as mãos para que eu passasse na frente.

- Você queria conhece-lo, não é mesmo? – Parecia quase sarcástico falando desse jeito. Mas não pude responder como gostaria, pois fiquei sem palavras diante da sala de estar na qual me encontrava. Era o local mais bem mobiliado, decorado e espaçoso que eu já vira em toda a minha vida.

- É, eu queria – Foi só o que eu disse.


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