Hell escrita por LittleFish


Capítulo 2
Survivor.


Notas iniciais do capítulo

Acho que o capítulo saiu sem demoras... Enfim, espero que gostem.
Boa leitura o//



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– Por que você está me acompanhando? – Ela perguntou.

 

– Por que eu não tenho mais nada para fazer – Ele disse simplesmente, sem qualquer emoção ou expressão.

 

– Você quem sabe... – Ela suspirou. Não tinha total certeza do que Ulquiorra queria com ela, nem se quer sabia por que se quer lhe dirigia a palavra.

 

“Talvez ele seja sádico” – Pensou.

 

– Ei, mulher...

 

– O que houve?

 

– Você não notou nada estranho no Namikawa-sensei?

 

Orihime se surpreendeu com a pergunta.

 

– Não... Ele só parece ser frustrado. Nada, além disso. Por quê?

 

Ulquiorra a encarou. Pela primeira vez, havia uma expressão em seu rosto pálido, por mais leve que fosse Orihime constatou que era de preocupação.

 

– Tome cuidado com ele – Disse simplesmente.

 

– Por que você diz essas coisas que eu não entendo?! Poderia se explicar pelo menos desta vez? – Ela falou suplicante.

 

Ele parou no meio do caminho e ficou olhando para o céu.

 

– Não acredito que vou fazer isso...

 

– Isso o que? – Perguntou surpresa.

 

Mas Ulquiorra parecia falar apenas para si mesmo.

 

– Acho que tirarei vantagem dessa situação... É, não é do meu natural, mas isso realmente está me interessando.

 

Orihime se encolheu um pouco.

 

– Do que está falando? Isso está me assustando!

 

De repente ele pareceu dar-se consciência que a moça estava ali.

 

– Talvez... Quando eu tiver certeza do que realmente estou fazendo, irei te contar. Por enquanto não precisa se preocupar, mulher. Vou levá-la até sua casa – Disse e recomeçou a andar.

 

Orihime realmente tinha ficado assustada com as palavras do rapaz. Como assim tirar vantagem da situação? Será se ele não era tão bom moço quanto aparentava?

Ela tentou sacudir a cabeça e afastar aqueles pensamentos, mas era difícil. Eles sempre a atentavam no caminho e de vez em quando olhava para os lados e flagrava o olhar insistente de Ulquiorra e se arrepiava quando isto acontecia. Era um sentimento estranho. Sensação de que aqueles olhos sempre a acompanhariam, nunca dando lhe um segundo de privacidade.

 

– O que achou de seu primeiro dia na escola? – Perguntou o rapaz.

– Bom... Foi... Legal – Forçou um sorriso.

 

– Isso não foi convincente – Disse levantando uma sobrancelha.

Ela suspirou, vencida.

 

– Tudo bem, não gosto de dizer isso... Mas direi a verdade: Odiei.

 

– Por quê?

 

“Será se ele só sabia essa palavra?” – Ela pensou, tentando arranjar algo para dizer para Ulquiorra.

 

– Ah, eu não consegui me ajustar direito... É como se lá já tivesse um... Um... Ecossistema formado.

 

Um barulho rouco foi ouvido pela moça.

 

– Você está bem?! – Ela perguntou preocupada.

 

– Estou bem. Estava apenas rindo.

 

A ficha de Orihime ainda não tinha caído.

 

– RINDO?! E ISSO É POSSÍVEL?! – Colocou os pensamentos em voz alta, esquecendo totalmente de quem estava ouvindo.

 

Ele levantou a sobrancelha.

 

– É tão difícil de acreditar nisso?

 

Ela se atrapalhou inteiramente. Não queria ter dito aquilo... Não daquela maneira. Mas já era. Já estava ficando nervosa e falando palavras aleatoriamente.

 

– É... Os... Ah... Hã?

 

Ulquiorra levantou as sobrancelhas, parecia se divertir com a ingenuidade da garota.

 

– Olhe mulher. Posso não ser o cara mais sociável e sorridente do mundo, mas também não sou um monstro que não consegue nem se quer conversar. Por isso, se quiser falar alguma coisa... Qualquer coisa... Pode dizer para mim. Gosto de ouvir as pessoas quando elas têm algo importante para dizer.

 

– E se não for algo importante?

 

– Diga mesmo assim. Estou interessado no seu potencial.

 

– P-Potencial?! – Ela disse nervosa.

 

“Será se ele é um... Tarado?!” – Olhou novamente para o rapaz.

 

– O que você tanto olha, mulher?

 

– Ah... Ah... Você está com uma coisa na bochecha! – Mentiu.

 

– Tenho? – Levou as mãos para a bochecha procurando a suposta mancha descrita por Orihime.

 

– Saiu. Pronto... – Tinha que admitir, nunca esteve tão nervosa em toda sua vida. Suspirou quando avistou sua casa no final da rua – Eu moro ali.

– É uma casa bem simples.

 

“Acho que ele é tão discreto quanto eu” – Pensou ironicamente.

 

– Deve ser muito aconchegante...

 

Orihime arregalou os olhos. Esperava do fundo de seu coração que ele realmente não fosse um tarado e se convidasse para entrar. As coisas não poderiam ser piores.

 

– É sim...

 

Finalmente chegou a porta de sua residência. Nervosa, acenou tentando despachar o rapaz.

 

– Muito obrigada por me acompanhar. Eu... Prossigo daqui ok?

 

– No que está pensando, mulher ? – Ele perguntou quando ela ia fechar a porta.

 

– C-Como assim “no que eu estou pensando”?

 

– Apenas me diga.

 

Ela engoliu seco.

 

– Estou torcendo para que você não seja um tarado...

 

Ele a encarou e franziu o cenho. Era a primeira vez que via algum músculo facial dele se mover. Parece que estavam progredindo.

 

– Quanto a isso pode ficar tranqüila. Não sou esse tipo de cara.

 

Orihime suspirou aliviada.

 

– Que bom! Fico feliz, assim podemos ser amigos – Sorriu contente e acenou, entrando na casa em seguida, deixando Ulquiorra com seus pensamentos do lado de fora.

 

------------X------------

 

“Como aquela garota conseguia ser tão inocente? Eu poderia estar mentindo naquela hora e ela simplesmente acreditou...” – Ulquiorra pensava consigo mesmo enquanto caminhava em direção a sua própria residência.

 

O rapaz estava muito interessado naquela moça. Ela era completamente diferente de todas as outras mulheres que havia conhecido. Esta não tinha malícia, não era atirada ou inconveniente. Era pura e inocente, chegando até a correr riscos e era isso que estava acontecendo... Ela estava se arriscando demais.

 

Nem todos são bonzinhos. Principalmente naquela escola, onde se confiava desconfiando... Principalmente dos professores, estes eram os menos confiáveis.

 

Mas franziu o cenho para si mesmo. Não estava interessado naquela mulher. Estava apenas curioso. As maneiras dela eram isso mesmo, curiosas. Por isso ele sempre a observava bem. Tudo nela era diferente e novo. Era só isso, um objeto de fascínio e curiosidade, nada mais.

 

Olhou para cima e viu a sombra de seu Apartamento. Suspirou entrando no enorme e estonteante prédio, que atraia as vistas de todos que passavam na rua. Ulquiorra era rico? Com certeza que era. Entrou em seu espaço e largou-se no sofá.

 

Morava sozinho. Aquilo tudo parecia enorme e... Vazio. Assim como ele próprio. Mas os sentimentos só são algo que machucam e torturam, segundo Ulquiorra. Por isso ele desfez-se deles. Agora ele só tinha curiosidade pelas coisas, e olhe lá.

 

Pegou o controle remoto que estava em cima da mesa, ao lado do sofá, e ligou o Home Theater. Fechou os olhos e deixou-se embalar pelas batidas lentas da música. Não queria pensar em nada.

 

 

------------X------------

 

 

Orihime havia terminado seu dever de casa e ia para a cozinha preparar um lanche. Cortava as cenouras para colocar no pudim. Sim, gostava de comidas estranhas. Mas seu pensamento ia muito mais além das cenouras... Estavam com Ulquiorra.

 

Era um rapaz estranho e que provavelmente a odiava. Mas se ele a odiasse não teria a acompanhado até em casa. A não ser que fosse um pervertido, mas se ele disse que não era, ela acreditaria. Suspirou distraída e então sentiu uma dor aguda no dedo. Havia se cortado.

 

– Ótimo Orihime! – Guardou as cenouras e o pudim. Havia perdido o apetite e correu para fazer um curativo.

 

 

 ------------X------------

 

 

O dia passou rápido e logo o seguinte havia chegado. Era hora de ir para a escola. Orihime já estava pronta muito cedo e caminhava em direção ao seu inferno particular, como chamava. Talvez não houvesse alguma razão aparente para odiar o estabelecimento, mas ela não sabia sinceramente, só entendia que não suportava ficar ali por muito tempo. Era como se o ar fosse tóxico ou algo assim.

 

Passou pelas catracas e entrou no colégio. Na sala, a maioria dos alunos estava literalmente virando bicho. Um garoto chamado Keigo imitava um macaco tentando tirar supostos piolhos da cabeça de outro, Ichigo e Rukia brigavam feito cão e gato e Renji parecia discutir com um rapaz de cabelos azuis. O único que permanecia sentado em seu lugar era Ulquiorra, que estava exatamente na mesma carteira do dia anterior. Mesmo que não fosse muito tarde, todas as carteiras estavam ocupadas, menos a do lado do dito cujo.

 

“Só pode ser de propósito...” – Pensava sentando-se ao lado do rapaz.

 

– Bom dia, mulher – Falou, dessa vez sem olhá-la.

 

– Bom dia! – Disse em sua típica animação.

 

– Como foi o resto da tarde ontem?

 

– Hm... Eu me cortei, serve? – Disse mostrando o corte.

 

– Você é muito desatenta sabia? – E levantou a mão fechada, batendo leve e delicadamente na cabeça de Orihime, como se ela fosse fazer “Toc Toc”.

 

A moça corou.

 

– Eh... Ah... É, acho que sim.

 

– Ham Ham. Será que posso dar minha aula? – Namikawa-sensei apareceu simplesmente do nada.

 

– Temos aula desse homem todos os dias? – Orihime perguntou.

 

– Não todos os dias, mas é quase isso – Ulquiorra disse seguindo o sensei com o olhar.

 

– Hoje faremos os exercícios do conteúdo novo... Quem eu escolho? Ah, venha cá Inoue – Ele a chamou.

 

A moça surpreendeu-se, mas se levantou, pegou o pincel e começou a responder os exercícios perante o olhar insistente do sensei.

 

Ulquiorra estava em uma posição tensa na carteira. Também encarava o educador com uma expressão desagradável. Afinal, estava fazendo mais expressões do que nunca.

 

– Muito bom, Inoue. Parece que você não é só uma moça bonita – E riu – Tem potencial.

 

Aquele “Potencial” era muito diferente daquele que Ulquiorra falava, tinha um toque de malícia. Um toque que ambos não gostaram.

 

Orihime curvou-se e sentou-se em sua carteira procurando olhar o mínimo possível para o sensei.

 

– Então você percebeu ? – Ela ouviu a voz de Ulquiorra ao seu lado.

 

– Mas... É tão difícil de acreditar! Ele é um sensei! Sou apenas uma aluna que...

 

– Que tem um corpo de violão e uma cara de menina.

 

– Ah... Eh... Hã? – Estava nervosa de novo.

 

– Tome cuidado.

 

– Será se os dois tem algo para acrescentar na aula? – O homem indagou olhando de um para outro.

 

– N-Não senhor.

Então ele virou-se e voltou a dar a aula.

 

 

------------X------------

 

 

A primeira semana seguiu com uma rotina. Orihime ia para a aula, conversava com Rukia e Ulquiorra. O intervalo era junto com os amigos de Rukia e no final, Ulquiorra a acompanhava até sua casa.

 

“Só para garantir”, ele dizia.

 

Ela até estava conseguindo se acostumar com isso. Apesar do resto da sala a ignorar, finalmente estava conseguindo se ajustar. Ela começou a pensar que o inferno escolar não estava sendo tão ruim assim... Pelo menos por enquanto.

 

Seguia seus dias sob o olhar melancólico de Ulquiorra, mas ela não sabia que este não era o único que mantinha os olhos em sua pessoa...

 

 

-------------- Continua -------------


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Notas finais do capítulo

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