– Babs... – Naná murmurou em pânico por ter esquecido que a garota estava para chegar a qualquer momento.

– Não é nada disso que você está pensando. – Manu interveio.

– Eu acho que é sim. Se eu tivesse visto apenas o beijo, poderia acreditar que você a beijou a força, mas eu vi como ela correspondeu, como ela ansiava por tudo. Mesmo assim estaria disposta a tentar aceitar uma boa desculpa. Só que vi o que aconteceu antes do beijo.

Colombina ficou completamente rígida.

– Ela ainda te ama, Pierrot...

– Babs... – Naná murmurou novamente sentindo o rosto ficar molhado pelas lágrimas.

– Adeus, Helena! Seja feliz! – ela se despediu sem demonstrar nenhuma emoção, indo embora.

A catarinense tentou ir atrás dela, porém foi impedida pela escritora.

– Preciso falar com ela!

– Eu sei... Mas agora não é o momento. Eu a conheço melhor do que você. A deixe sozinha por um tempo.

A guitarrista bufou e foi se sentar no sofá.

– Ela entendeu tudo errado... – se lamentou após algum tempo.

– Entendeu?

– É claro que entendeu. Pensei que você também pensava assim.

– Ah, por causa daquilo que eu disse quando ela nos pegou no flagra? – perguntou sorrindo. – Só pensei que era o certo pra se dizer naquele momento.

Helena lhe lançou um olhar assassino e a outra parou de sorrir.

– Então nada mudou? – a escritora perguntou decepcionada.

– Aquilo era um beijo de despedida, Manuella...

– Mas...

– Me desculpe se te dei falsas ilusões.

– Mas você disse que me amava.

– E amo. Só que isso não é suficiente. É com a Bárbara que me sinto completa. É ela quem pode me fazer feliz e é com ela que eu quero ficar.

Pierrot pegou o celular e fez uma ligação.

– Pra quem você ligou? – Naná perguntou pois não conseguira ouvir a conversa.

– Pra Cínthia. Pedi pra ela ir atrás da Babi.

– Mas você não falou...

– É, eu falei... – interrompeu a mais velha. – Só que me referia a nós duas. Ela não vai querer ver a gente, só que falará com a Cínthia. Não quero deixá-la sozinha.

Colombina a olhou espantada.

– O que foi? – Manu perguntou na defensiva.

– Pensei que você não se importasse mais com ela.

A carioca sorriu.

– Ela é minha amiga de infância, Helena. Por mais que a gente esteja em lados opostos eu a amo e só quero que ela seja feliz. Não sou o monstro que você pensa.

– Eu sei... – a garota disse abaixando a cabeça. – Me desculpe se fui muito dura com você.

– Não se preocupe, nós duas erramos... É melhor eu ir embora... Você vai pro ensaio?

– Vou sim.

333

Bárbara apertou o botão do elevador com pressa e agradeceu por ninguém vir atrás dela.

Não conseguiria continuar fingindo que aquela cena não a machucara e que estava tudo bem.

Sentiu seus olhos ficarem embaçados e não impediu que as lágrimas mais doloridas de sua vida manchassem de preto o seu rosto branco como o mármore.

A baterista deixou suas pernas a conduzirem e não se espantou quando percebeu que estava sentada na areia da praia.

Por muito tempo ficou olhando para o vai e vem das ondas do mar sem realmente enxergar a magia que ocorria na sua frente.

Como explicar para um coração despedaçado que as coisas mais belas da natureza continuam o seu rumo?

Cínthia sentou ao seu lado e não falou nada.

– Não preciso de babá! – a baterista soltou com raiva.

– Oi pra você também... – a outra comentou sorrindo.

– Me deixa sozinha! – bufou.

– Não é uma grande coincidência a gente se encontrar justamente aqui na praia? Vendo a tua cor nunca imaginei que você pudesse gostar desse tipo de programa.

Babi suspirou.

– Como você me encontrou aqui? – perguntou desistindo de lutar contra a presença da amiga.

– Não foi fácil... – a baixista respondeu como se só agora tivesse ouvido o que a amiga dizia. – Liguei para um monte de gente até que alguém me disse que tinha te visto andando em direção à praia. Você me deixou preocupada, Bárbara.

A morena voltou a olhar para o mar e ficou quieta.

– Quer falar sobre o que aconteceu? – Cínthia perguntou suavemente.

– Não... – sussurrou.

A loira levantou e se sentou atrás da baterista, abraçando-a.

– De qualquer forma vou ficar aqui te fazendo carinho.

Babs se aconchegou nos braços da amiga e deu um pequeno sorriso.

– Obrigada por ter vindo... – disse fechando os olhos e voltando a pensar na catarinense...