Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 16
Capítulo 16




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A escritora caminhou pela praia sem rumo certo. Sua intuição lhe dizia para continuar o percurso e assim ela fez. Após algum tempo sentiu-se cansada e sentou-se na areia, observando o mar.

– A natureza é incrível, né? – uma voz falou enquanto sua dona sentava-se ao lado da vocalista.

A garota não precisou olhar para reconhecer quem estava ali. Apenas fechou os olhos e sorriu.

– Por que demorou tanto? – perguntou queixosa.

– Precisei de tempo pra compreender e aceitar as coisas.

– Dessa vez tu vai ficar comigo?

– Sempre vou te amar, mas não podemos ficar juntas, Manu.

– Não me diz isso! Não me diz que desistiu da gente! – pediu olhando diretamente para a menina ao seu lado e sentindo as lágrimas chegarem. – Te amo demais! Não me abandona de novo.

– Sei que você me ama, minha linda. Você foi a garota da minha vida, a pessoa que mais amei, mas não posso te ver morrer dia após dia.

– Eu não estou morrendo! – rebateu assustada.

– Está sim e isso não faz nenhum bem pra nós duas, muito pelo contrário. Você não sabe como sofro toda vez que te vejo nesse estado... Além do mais, ainda tem a Helena. Ela também está machucada e também sofre com essa situação, minha querida.

A escritora abaixou a cabeça. Seu coração doía ao pensar na catarinense.

– Por que você não a procura? Por que insiste em ir contra os teus verdadeiros sentimentos?

– Não posso fazer isso!

– Por quê?

– Porque estaria te traindo.

A garota sorriu.

– Não, não estaria. Quando você vai entender que nossa história acabou?

– Não fala isso!

– Porém é a verdade, Manu, e você sabe que é. Não quero que se prenda a minha imagem.

– Você não é uma imagem.

– Só que preciso virar uma lembrança. Também preciso seguir em frente e só conseguirei quando você me libertar.

– Beta... – a menina tentou argumentar.

– Apenas siga o seu coração... – a outra falou se levantando. – Assim como quero seguir o meu.

– Meu coração está contigo!

– Não! Agora ele pertence à Naná.

Manu abaixou a cabeça novamente.

– Me desculpe... – falou sem saber o que mais poderia dizer. Estava tão confusa!

– Você não fez nada de errado, meu amor. Não me peça desculpas.

– Eu jurei te amar pra sempre... – tentou se explicar.

– E sei que vai cumprir tua promessa. Mas você também a ama. Não jogue fora a tua felicidade.

– Eu...

– Agora preciso ir.

– Não!

– Vá atrás dela e a faça feliz como você me fez... – pediu a guitarrista desaparecendo.

– Beta!!! – gritou acordando e percebendo que estava toda suada. – Foi apenas um sonho... – murmurou... – Tudo foi apenas sonho... – falou resignada e começando a chorar.

Pierrot pensou no que ouvira. Será que realmente impedia a ex de seguir em frente? Analisou seus sentimentos e soube que a garota tinha razão. Sentia muito mais do que simples amizade e não dava mais para negar isso. Estava cansada de sofrer, queria reencontrar a felicidade e queria deixar a amiga de infância seguir seu rumo. Saiu da cama e abriu uma gaveta, sorrindo ao ver um prato entre suas blusas.

Lembrou do dia que levara a catarinense ao Pão de Açúcar. Na época pedira dois pratos iguais sem que a outra soubesse e escondera um na mochila. Sabia que um deles ainda lhe seria útil e sorriu ao pensar que a mais nova se achara mais esperta por conseguir ficar com a lembrança.

Olhou para o rosto da amiga e o acariciou.

– Tenho tanta coisa para te dizer... – sussurrou como se ela pudesse lhe escutar.

Depois guardou o prato no mesmo lugar e ligou o computador. Naquela madrugada de domingo estava começando uma vida nova, porém, antes de prosseguir, precisava se despedir mais uma vez...

Naná sentou-se na sua poltrona e olhou pela janela. Desde que chegara ao Rio de Janeiro era primeira vez que voltava ao Sul. Sempre imaginou que quando esse dia chegasse estaria radiante e estaria junto de uma Manuella, excitada diante da possibilidade de mergulhar nas praias de Florianópolis.

Sonhara em como lhe apresentaria a cidade da mesma forma que a mais velha fizera e julgara que seu pai e seu irmão a adorariam. Recordou todas as noites que adormecera acalentando esse pequeno sonho. Noites destinadas ao fracasso...

Após a decolagem, abriu a bolsa e pegou o seu mp3. A música lhe acalmava e dessa vez não foi diferente. Sentiu seu corpo relaxar e lembrou da preocupação no rosto da mãe quando lhe contara sobre a viagem.

Não precisou explicar os motivos, o sofrimento era evidente em seu rosto e Heloísa concordou sem fazer muitas perguntas. Sabia que a filha falaria quando estivesse preparada.

Pensou em Manu e em Babi. “Como elas vão reagir quando amanhã eu não for nem pra escola nem pro ensaio?”.

Sentiu o cansaço das duas noites mal dormidas e ouvindo sua canção favorita, acabou por adormecer...

Manu acordou tarde no domingo. Passara boa parte da madrugada escrevendo uma carta que não sabia como entregar e quando finalmente conseguia dormir, pesadelos a acordavam.

– Filha, como você está? – o pai perguntou ao vê-la. – Sua mãe já me contou o que aconteceu.

– Resolvi seguir em frente. Vou procurar minha felicidade, vou deixar a Beta descansar...

O senhor sorriu e abraçou a filha.

– Estou muito orgulhoso por você ter tomado essa decisão, Mamá. Sei que deve ter sido difícil, mas é o melhor pra todos.

– Eu sei... Cansei de fingir que só sinto amizade pela Naná. Mal posso esperar para encontrá-la. Me sinto leve pai, leve como não me sentia desde a morte da Beta.

– E será que ela vai te aceitar? Você a magoou muito!

– Vou falar com ela amanhã. É melhor dar um tempo, né?

– Não quero te enganar, Manuella. Apenas palavras e um pedido de desculpas não vão mudar as coisas. Pelo o que ela te falou, está muito desiludida. Você vai precisar reconquistá-la.

A garota abaixou a cabeça. “Por que tudo é tão complicado comigo?” se perguntou.

– Vou fazer o possível. – comentou indo almoçar.

Babi acordou pensando na catarinense. A garota estava muito triste e aquilo lhe machucava profundamente.

Assustou-se ao ver que dormira a manhã inteira e levantou-se rapidamente.

– Bom dia! – resmungou aparecendo na sala.

– Você quis dizer boa tarde, né? – retrucou Bruna.

– O almoço vai demorar? – perguntou tentando mudar de assunto.

– Estávamos esperando você acordar, filha. – o pai disse. – Hoje vamos almoçar fora.

O ânimo da baterista logo melhorou.

– Podemos ir numa churrascaria? – questionou esperançosa.

– Por mim pode ser... – a irmã comentou para surpresa de Bárbara. – Vai se arrumar! – mandou ela gentilmente.

A garota entrou no quarto bastante confusa.

– Desde quando a Bruna me trata bem? – se perguntou.

– Me desculpe se tenho sido rude com você. – a menina falou assustando a baterista que nem notara sua presença. – Sei que tenho errado muito, Bárbara e quero tentar consertar isso.

– Por que essa mudança?

– Porque não agüento mais te ver triste... O que está acontecendo contigo?

– Estão prontas? – o pai apareceu interrompendo a conversa.

– Sim. – Babs respondeu.

– Então vamos. – ele disse.

– Você não vai escapar mais tarde! – a irmã decretou seguindo-o.

Bárbara sorriu. Era muito bom saber que Bruna se importava com ela...


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Notas finais do capítulo

ninguém sentiu falta da minhas frases no final i.i
Mas e então, será que a Bárbara esta mesmo em casa? Não teria sido sequestrada ou abduzida? E a Manu, será que vai finalmente correr atras da Naná? E a Naná, sera que ela vai voltar pro Rio, ou depois da decepção e trauma, ficara em Floripa para todo o sempre? Descubra essas e outras perguntas e algumas respostas, no próximo capítulo de Ilusões, Tentativas e Recomeços. E ao contrário da novela das 8, a história não contém travecos, né Claudia Raia?