Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Música chamada "Inalcançável" versão em português da música Inalcanzable... A versão foi feita por uma garota chamada Dândara... pelo menos, até onde sei foi ela quem fez então se estiver errada, me desculpem, :)



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Helena ouviu as batidas insistentes na porta do banheiro e fechou a torneira, apanhando a toalha de rosto.


– Naná! Naná, abre! – ela ainda não conseguia acreditar nas centenas de coisas que lembrara de repente e no poema que tinha lido.



– Já vai...



A primeira coisa que a catarinense viu ao sair foi o olhar de pavor com o qual a amiga lhe encarava, ansiosamente.



– Por tudo que pode ser mais sagrado, Naná, me diz que eu não fiz isso com você.



A guitarrista explodiu, embora sua voz tenha saído extremamente calma.



– Você não fez isso. Você não transou comigo e nem me chamou de Beta o tempo todo. Você não confundiu ainda mais a minha cabeça, você não veio até a minha casa para me contar tudo como se eu não soubesse de nada, você não veio dizer que nunca vai amar outra além da sua ex-namorada e você não esqueceu, como se não fosse importante, que quem estava com você naquela praia era eu. O tempo todo, eu. Todas as carícias, minhas. Cada segundo e cada detalhe, do meu lado.



Manuella julgou que o chão se abrira sob seus pés.



– Naná...



– Nada, absolutamente nada do que você faça ou diga vai fazer com que eu me sinta melhor. Não agora.



– Eu fui um monstro...



Helena não deixou que os olhos da amiga encontrassem os seus. A carioca então lhe deu as costas e caminhou até a porta, tristemente. Helena não achou suficiente, não achou que Manu se sentisse tão mal quanto ela.



– Depois de tudo você ainda me trouxe pra cá e cuidou da minha ressaca. – disse a mais velha, sem se virar. - Não sei como te agradecer, Colombina. – falou abrindo a porta e parando no corredor.



– Não me chama assim. Jamais serei a tua Colombina, assim como você jamais será o meu Pierrot.



– Naná... – a mais velha queria dizer alguma coisa para mudar aquilo.



– Só agora compreendo como estive cega durante todo esse tempo. Só agora sei que amava as tuas personagens, que queria ser uma delas... Só agora percebi que nunca te amei de verdade... Amei um ideal, um sonho... E, infelizmente, sempre estive errada, você nunca foi e nunca poderá ser como as tuas personagens... – desabafou.



– Helena... – a garota tentou falar.



– Eu tive pena de você, Manuella! – cortou a mais nova voltando a ter os olhos cheios de lágrimas. - Presa a esse amor você não está mais viva que a Beta.



A mais velha a olhou sem demonstrar nenhuma emoção.


– Eu tive pena, Manuella porque você é tão fraca que nem a deixa descansar em paz...


A carioca sentiu seu coração esfriar e a raiva aparecer. As duas se olharam em silêncio e quando ela ia revidar, ouviu a voz da baterista atrás de si.



– Atrapalho alguma coisa?



– Não! – respondeu a mais nova depois de algum tempo, recuperando o controle. – A Manu já estava indo embora. Vem, entra!



A escritora sentiu o peito comprimir e o estômago revirar.



– O que você está fazendo aqui? – conseguiu perguntar,grossamente.



– Vim devolver um casaco que ela me emprestou. Por quê?



Pierrot viu como aquela situação era ridícula, ou melhor, como ela estava sendo ridícula.



– Por nada. A gente se vê na segunda. – falou tristemente, enquanto a porta era fechada.

– O que aconteceu entre vocês? – Babi perguntou quando chegaram ao quarto.


Helena a olhou e não conseguiu mais conter o choro. A baterista lhe abraçou e elas permaneceram assim por algum tempo.



– O que a Roberta tinha que eu não tenho? – perguntou depois de se recuperar. – Sei que é infantilidade, mas preciso saber...



– Nada, minha querida... Você é perfeita! – a amiga disse sendo completamente sincera.



– Então por que a Manu não consegue esquecê-la? – perguntou se sentindo infantil novamente.



– Não sei. Não sou a pessoa certa pra te dar conselhos, Naná. Não seria justo... – comentou amargamente.



– Por que você diz isso? – a catarinense perguntou olhando fixamente para a outra.



Bárbara sentiu que estava flutuando ao encontrar o olhar da amiga. Ela estava ali, confusa e machucada, precisando de carinho e atenção, mas a baterista não conseguia pensar nisso. Precisava “despejar” tudo o que sentia antes que fosse tarde demais...



– Se foi pelo o que aconteceu ontem não precisa... – Colombina foi calada por um beijo envolvente e cheio de desejo que chegou a deixá-la tonta.



– Helena... – a baterista disse após se afastar. – Me desculpe, mas precisava fazer isso. Preciso ir! – falou saindo correndo e deixando a amiga completamente confusa com tudo aquilo.



– Espera! Fica aqui comigo mais um pouco... – pediu instantaneamente. – Estou me sentindo muito sozinha...



Bárbara voltou e a abraçou novamente.



– Tudo bem... Vou ficar aqui até você melhorar...



Manuella passou pela sala de sua casa como um furacão e nem ouviu o chamado de sua mãe. Ainda transtornada por tudo que acontecera, entrou em seu quarto, batendo a porta com demasiada violência.



Sentia necessidade de quebrar tudo que estava ao seu alcance, mas parou logo no primeiro objeto que encontrara. Na escrivaninha um porta-retrato com a foto de Roberta reluzia e ofuscava tudo a sua volta.



Ela pegou a fotografia e a beijou, deixando as lágrimas correrem livremente e acabou por nem perceber quando Beth adentrara no quarto.



– O que houve, minha filha?



Ao ver o estado da garota, a mãe lhe abraçou com força e a levou para a cama.



– O que aconteceu, minha menina? – a voz saiu doce e dando uma boa sensação de conforto.



– Mãe... – a escritora murmurou entre soluços.



– Calma, Manu! Está tudo bem, fique calma.



– Nada está bem, mãe! – a garota gritou começando a contar tudo que acontecera desde o fim da tarde do dia anterior.



A senhora lhe escutou pacientemente e não a interrompeu até o fim da narrativa.



– A Naná tem toda razão! – disse ela quando a vocalista terminou. – Aliás, já passou da hora de seguir em frente filha. Infelizmente a Roberta morreu, mas você ainda está viva e tem que agir como tal.



– Não consigo... – a garota falou sabendo que a mãe tinha razão.



– Apenas tente, minha querida... Tente deixar a Beta partir...



Pierrot abraçou a mãe em silêncio e permaneceu assim até adormecer...





Babi percebeu que a amiga adormecera e a deitou na cama, acariciando seus cabelos. “Ela é tão linda!” pensou tristemente.



Seu coração transbordava de amor e era muito difícil ficar ali vendo-a sofrer por outra pessoa. Sentiu a inspiração lhe dominar e sem perceber começou a cantar baixinho:



Te sinto tão distante e tão perto de vez


Decifrando seu silêncio.


Então eu me imagino dentro da sua pele


Mas me perco quando tento


E por mais que eu tente dar amor


Você nunca olhou pra mim


Se soubesse que eu posso morrer assim, por ti




Inalcançável como a estrela tão distante


Um amor quase impossível


Como o ar que é invisível você é tão inalcançável


Tão sublime como o anjo


Um amor quase impossível


Como o fogo que não arde, você é tão inalcançável




Eu vivo na ferida dessa solidão


Quando alguém te machuca


Tenho vontade de dizer que não há ninguém mais


Que te ame como eu amo


Como dói te ver suspirar por quem não te faz feliz


Se soubesse que posso morrer por ti, por ti


A catarinense se mexeu, assustando a baterista que a encarou para ver se a garota continuava dormindo. Vendo que ela não se mexia de novo, a carioca beijou-lhe a bochecha e saiu da cama, resolvendo ir embora antes que deixasse seu coração falar mais alto novamente e antes que seu pai lhe ligasse reclamando de como estava tarde.



Passado dois minutos, percebendo que a carioca realmente não estava mais lá, Naná abriu os olhos, tocou a bochecha que a amiga beijara e deixou duas lágrimas caírem...






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Notas finais do capítulo

capitulo dedicado aos fãs da Bárbara!! E quem for fã da Manu que se manifeste, xDDDDD
bjaaao galera e deixem reviews, hihihi