Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/8753/chapter/1

– Que droga, Manu! Precisamos arranjar outra guitarrista. – disse Cínthia após o término do ensaio. – Desse jeito nunca vamos fazer sucesso.

- Ela tem razão, Manu. – comentou Bárbara, a baterista. – Não podemos continuar desse jeito. Sei que você ainda sente muita falta da Beta, todas nós sentimos, mas a vida continua. Tenho certeza que ela gostaria de nos ver seguindo em frente.

- Vocês falam como se a culpa fosse minha – retrucou a vocalista.

- É você quem nunca gosta das nossas candidatas. Está sempre mais interessada nessas suas histórias toscas do que em ouvi-las tocar. – Letícia, a tecladista, comentou.

Manuella lhe lançou um olhar fulminante.

- Você até pode achar tosca, porém tenho certeza que muitas pessoas gostam. Além do mais, a música é a minha vida. Só escrevo pra passar o tempo, pra tentar esquecer a Beta. Se não gostei de nenhuma foi porque estou à procura da guitarrista perfeita, só isso...

- Nós te damos um mês para encontrar a sua “guitarrista perfeita”. – falou Cínthia imitando a voz da outra. – Se você não achar, nós escolheremos e pronto. Vejo vocês amanhã no colégio. – se despediu pegando o seu baixo. – Bye, bye!

Logo depois as outras duas meninas também foram embora e Manu viu a solidão novamente lhe preencher.

A garota fechou a garagem e foi para o quarto. Pegou a guitarra que ganhara de Roberta, sua ex-namorada e ex-guitarrista de sua banda.

As cinco meninas eram inseparáveis desde o jardim de infância e a idade só as aproximara mais. Haviam formado a banda quando ainda estavam na terceira série, mas só começaram a levar a sério quando entraram no Ensino Médio, há um ano.

Manu beijou a guitarra como se beijasse Beta e começou a dedilhar uma de suas canções favoritas. A música foi lhe deixando em transe e quando percebeu já cantava:

E hoje a noite não tem luar e eu estou sem ela...

Já não sei onde procurar, não sei onde ela está...

Parou de tocar ao ouvir o barulho de recebimento de email. Deu mais um beijo na guitarra e a guardou no armário.

Foi até a escrivaninha e sorriu ao ver que era a notificação de um review para uma história sua.

“Estava entediada e sem saber o que fazer. Resolvi ler uma história e encontrei essa tua que ainda não tinha lido.

Ao terminar tive uma única certeza. Queria que um dia alguém me amasse como essa sua personagem ama a namorada morta.

Será que é tão difícil viver um amor verdadeiro na vida real? Tudo que mais queria nesse momento era ser essa namorada. Era ser amada como ela é.

Mas nem sempre os sonhos se concretizam. Olho em minha volta e percebo que nada mudou... Ainda continuo sendo aquela garota triste e solitária que busca a felicidade tocando sua guitarra na beira do mar, sentindo aquela brisa refrescante e idealizando um grande amor que nunca aparece.

Não acredito que estou dizendo tudo isso para uma desconhecida, hauhsuahu... Quer dizer, já te deixei tantos reviews que somos quase íntimas (sonha *.*)

Nem preciso dizer que amei a fic.

Parabéns, Pierrot!

Beijão!”

Ela clicou imediatamente em responder.

“Olá, Colombina!

Por mais incrível que pareça estava tocando guitarra para espantar a solidão quando vi que tinha recebido o teu review.

Sabe, não sei se é difícil encontrar o verdadeiro amor. Acho que as pessoas complicam tudo por medo de amar loucamente e depois sofrer uma grande desilusão. Se a gente se entregasse mais, com certeza nos apaixonaríamos mais e viveríamos muitas histórias bonitas...

E é claro que já temos uma “certa intimidade”, hehe...

Beijinhos!”

Após enviar a resposta, Manu abriu o seu MSN para ver se tinha alguém interessante, porém não encontrou ninguém com um papo suficientemente bom para que ela ficasse on line.

Já ia sair do pc quando viu que recebera outra notificação. Contudo, dessa vez era uma mensagem privada.

“Oi, caro Pierrot!

Tudo bem contigo?

Tu também toca guitarra? Nunca imaginei que a gente pudesse ter isso em comum. Meu irmão toca numa banda então me ensinou todos os seus truques. Tocar me relaxa muito... Parece que entro num mundo apenas meu... Tu também se sente assim?

=****”

333

“Pra ser franca estava saindo do pc, não tinha nada de interessante pra fazer L...

Na verdade não toco, apenas arranho. Só sei tocar uma canção. ‘Hoje a noite não tem luar’ da Legião Urbana.

Seu irmão tem uma banda? Eu também tenho, sou a vocalista...

Cantar me relaxa muito. Nessas horas sempre esqueço os meus problemas. Entretanto, acho que sempre estou no meu próprio mundo, haushauhsuahsuhaushu... Não liga, porque sou estranha mesmo, XD

Bjo”

Manu ficou parada em frente ao computador esperando por uma nova mensagem durante cinco minutos.

- Que bobeira ficar parada esperando uma resposta de alguém que nem conheço. – disse saindo do quarto e indo jantar.

A garota comeu sozinha já que seus pais estavam viajando e não tinha irmãos. Depois foi até a biblioteca e pegou ‘Uma carta de amor’ do Nicholas Sparks. Aquele livro, junto com a guitarra, era tudo o que sobrara de seu namoro. Roberta fora embora levando seu coração, sua alma e sua vontade de viver.

Aos poucos foi ficando absorvida com a leitura e só conseguiu parar quando chegou ao fim.

Voltou pro quarto aos prantos. Entendera o recado da ex ao entregar-lhe aquele livro. Sentia como se tivesse conseguido se comunicar novamente com ela.

Já deitada, ouviu o barulho de email recebido. Apesar da preguiça, a curiosidade falou mais alto e ela viu que era outra mensagem privada.

“Mil desculpas, Pierrot!

Sei que já é de madrugada, mas não sei como vou dormir essa noite. Não te respondi antes porque meus pais me chamaram para uma reunião de família.

Eles vão se separar! Sei que parece bobeira, porém nunca pensei que isso pudesse acontecer. Me sinto tão perdida!!!

Não sei se já te disse que moro em Santa Catarina. Por causa da separação, mamãe e eu vamos nos mudar. Ela recebeu uma proposta de trabalho no Rio e terei que ir junto.

Já estava tudo decidido! Não pude nem dar a minha opinião. O Léo vai continuar vivendo com o papai por causa da banda dele. Até casa já temos e eu já estou matriculada. Como eles puderam fazer isso comigo?

Poxa, desculpa estar te contando tudo isso. É que... bem, eu queria desabafar e achei que tu seria uma boa pessoa.

Por favor, não esquece de me desculpar pela demora em responder e se eu estiver sendo inconveniente me avisa... Só não para de falar comigo T______T

Beijão e boa noite!”

333

“Sinto muito pelos seus pais... Você vai morar em qual lugar do Rio?”

333

“Barra da Tijuca. Num condomínio que não lembro o nome. Por quê? Tu é do Rio?”

333

“Sim, sou. E parece que vamos ser vizinhas, hehe... Também moro na Barra. Só que numa casa e não num condomínio. Você vai gostar! O pessoal aqui é bem bacana. Tenho certeza que logo fará amigos...”

Helena sorriu satisfeita ao ler a mensagem que acabara de chegar. Iria morar no mesmo bairro de uma das suas autoras favoritas. “Talvez a mudança não seja tão ruim” pensou. E sonhando em conhecê-la pessoalmente respondeu:

“Se não estiver muito ocupada poderia me mostrar o bairro, né? Não conheço ninguém daí além de ti.”

“Com uma condição: que você não se apaixone por mim, hsuashuahsuahsuahsuhauhu... Desculpa a piada... É que sempre quis dizer isso pra alguém, XD”

A garota sorriu. “Me apaixonar por ti?” se perguntou afastando logo em seguida tal pensamento. Apesar da idéia de se apaixonar ser tentadora, ela não sabia nada sobre Pierrot. Nem mesmo o seu nome verdadeiro...

“Huashaushuashuahsuahsu... Ok, Pierrot... Se isso te faz feliz, eu prometo que não me apaixono.”

Manu achou engraçada a maneira que ela respondeu e percebeu que gostaria de conhecer uma das suas três leitoras favoritas.

“Olha, preciso dormir porque daqui a pouco tenho aula (não acredito que passei metade da madrugada na net, XD) Add meu msn: eternopierrot@hotmail.com. O problema é que não tenho muito tempo pra ficar no pc. Se a gente não se falar, me liga quando chegar. Meu cel é esse: (21) 9252-9685...

Beijinhos e boa noite!

PS: Meu nome é Manuella. Qual o seu?”

“Nome bonito” pensou a outra. Junto com o seu dava uma boa sonoridade. “Meu Deus, o que estou pensando?” zombou de si mesma. “E quem será a Colombina dela?”

“Posso te chamar de Manu?

Me chamo Helena. Minha mãe é fã desse livro do Machado de Assis e meu pai adora mitologia aí me deram o nome.

Já te add e já anotei teu cel. Pode deixar que te ligo, Pierrot.

Beijão e bons sonhos.”

- Pra você também, Helena – murmurou enquanto desligava o pc.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!