Saga Sillentya: as Sete Tristezas escrita por Sunshine girl


Capítulo 11
X - Tempestade


Notas iniciais do capítulo

*boceja*

sorry... acabei de xega do técnico e to lutanu pra não dormi aki em cima do pc!!

mas enfim, capítulo muito dark e triste!! *ainn nem me fale, quase xorei no flashback do Max!!*

Boa leitura!!

*boceja de novu*



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Capítulo X – Tempestade

“Se todos os nossos dias não têm mais luz

E todos os nossos sonhos se perdem à noite

As estrelas podem todas cair

E tudo volta ao cinza

Eu vou ficar”.

(We are the fallen – I will stay)

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- O que você está fazendo? – perguntou-me ele, a expressão confusa, os olhos um pouco severos.

Eu ainda não tinha conseguido raciocinar corretamente, Aidan estava parado diante de mim, encarando-me de uma forma estranha.

A jóia que eu apanhara dentro da pequena caixinha de madeira ainda cintilava em minhas mãos. Eu estava confusa, muito confusa.

Eu tentava processar bem devagar tudo o que estava havendo ali. Eu ter apanhado a jóia da caixinha, tê-la observado com meus olhos atentamente, ter julgado-a como qualquer outro adereço, a não ser é claro por ela ser tão bela e detalhista. E então a pedra em rubi começou a cintilar em minhas mãos, quando... quando... quando Aidan entrou naquele cômodo!

A razão dominou-me, eu estava certa, a jóia só começara a brilhar daquela maneira depois dele ter entrado pela porta e parado próximo a mim.

Sobressaltei-me, dei um passo para trás e como conseqüência choquei minhas costas contra a estrutura da cômoda.

Cambaleei para recuperar meu equilíbrio, mas estava tonta demais. A confusão atrapalhava-me naquele momento, eu não conseguia pensar em mais nada.

- Agatha, o que você está fazendo aqui? – perguntou-me ele novamente.

Respirei fundo, uma, duas, três vezes, não funcionou. Levei uma de minhas mãos até minha testa e com a outra apoiei o peso de meu corpo na cômoda.

Cerrei meus olhos, tentando recompor-me. E então quando me senti um pouco melhor, tornei a abri-los, fitando a figura de Aidan frente a minha.

Fitei a jóia na palma de minha mão direita novamente, e então tive certeza; a jóia brilhava para ele, somente para ele.

Franzi meu cenho, estava na hora de exigir explicações pela segunda vez, e eu não poderia fraquejar agora ou simplesmente deixar que ele me intimidasse.

Forcei minha voz, trinquei meus dentes e lancei-lhe um olhar tão frio quanto o gelo.

- Eu quero respostas. – exigi.

Aidan captou meu estado de espírito no mesmo momento, seu corpo enrijeceu, ele cerrou seus punhos.

- Eu já não lhe disse para que parasse de perseguir a verdade?

- Nada do que você disser irá fazer-me desistir dela.

Aidan deu um sorriso duro, mas eu ainda podia ver a tensão enrijecendo seu rosto.

- Nada?

Mordi meus lábios, a fúria irradiava de nós dois, deixava aquele ambiente tão... tão pesado.

- Nada. – assenti friamente.

Aidan aproximou-se mais de mim, mas seus passos pareciam tão relutantes, como se ele temesse ficar próximo demais de mim e de minha fúria indomável.

E então seus olhos amoleceram, eles não mais queimavam como duas chamas escaldantes, ele os desviou dos meus que ainda encontravam-se severos e intimidadores.

Ele parecia olhar para o nada, parecia estar repensando, analisando toda aquela situação, e eu devo confessar que por poucos segundos eu pensei ter vencido essa batalha, mas Aidan não estava disposto a se entregar, fato que se confirmou assim que tornou a encarar-me, fuzilando-me com seus olhos, os lábios apertados naquela linha rígida, e a decisão sendo tomada em sua mente.

- Isso é para a sua própria segurança, Agatha, por que você não entende?

Minha fúria libertou-se, como uma fera a muito engaiolada, sedenta pela carnificina. Talvez eu estivesse cavando a minha própria sepultura, mas não me importava, eu apenas queria a verdade, eu aceitaria as conseqüências, quaisquer que fossem elas.

- Eu preciso saber a verdade, Aidan, e não vou desistir dela, não me importa mais nada. – murmurei baixo, não queria parecer-lhe grossa, afinal eu já havia invadido a sua casa.

Mas ele manteve-se firme, não vacilou nem mesmo por um segundo. E então eu não me contive mais, ergui a jóia na palma de minha mão, mostrando a ele a forma como cintilava.

- Isto! – eu disse – Isto não estava... brilhando, pelo menos até você chegar e entrar aqui, você não pode me enganar, Aidan, então diga a verdade! – exigi novamente, praticamente cuspindo as palavras, eu sabia que seria algo praticamente impossível conter minha fúria, então eu apenas deixava que ela me dominasse.

Aidan olhou para a jóia na palma de minha mão, os olhos semicerrados e então muito que deliberadamente ele estendeu a sua mão, os dedos movendo na fina corrente de ouro, agarrando e pelo menor dos segundos nossas peles encostaram uma na outra.

Foi como se uma corrente elétrica tivesse percorrido todo o meu corpo, eu vacilei e ele notou isso, porque puxou a jóia de minhas mãos, a pedra rubi finalmente parando de cintilar, como se o sol em miniatura dentro dela tivesse se posto.

Aidan fechou seus dedos ao redor dela, escondendo-a de minha vista. Depois seu olhar ergueu-se para o meu rosto, decidido, firme, furioso.

- Você quer saber da verdade, Agatha, muito bem então, contarei uma parte dela a você, e eu lhe garanto que apenas essa pequena parte será o suficiente para mantê-la afastada de mim.

Eu estremeci depois de ouvi-lo dizer aquilo, ele não parecia estar mentindo, pelo contrário, a verdade estava presente naquela sua ameaça.

Ele pareceu tomar fôlego e então se aproximou mais de mim, prendendo meu corpo entre o seu e a estrutura da cômoda. Seu rosto ficou a centímetros do meu, uma tontura apanhou-me, mas eu não demovi meus olhos dos seus.

Suas íris pareciam querer tragar-me para dentro delas, era uma sensação aterrorizante, mas nem mesmo isso conseguiu me deter.

E então sua voz ressoou decidida e firme pelo pequeno cômodo.

- Vá em frente, Agatha, pergunte o que quer saber sobre mim.

Meu coração acelerou, minha respiração tornou-se descompassada. Eu só tinha consciência do corpo forte e quente dele tão próximo ao meu, sua respiração quente chocando-se contra meu rosto em lufadas rápidas.

Tentei raciocinar, tentei ordenar meus pensamentos, encontrar minha voz, fazê-la parecer tão firme e decidida quanto a dele, mas tudo o que eu consegui foi um fraco sussurro, enquanto eu me perdia na profundidade e na beleza de seus orbes.

- Quem é você?

Mais uma vez sua voz ressoou decidida, penetrando por meus ouvidos, deixando-me completamente aturdida.

- Eu sou um caçador, Agatha. Um assassino por natureza.

Meu coração sofreu um solavanco, depois começou a martelar em meu peito novamente, um jorro de medo e pavor encheu minha corrente sanguínea e eu entreabri meus lábios devido ao choque.

- O quê? – sussurrei.

- Isso mesmo que você ouviu, esse é o meu papel, Agatha, caçar e matar.

- Que ti-tipo de ca-caçador? – gaguejei lamentavelmente e eu sabia que ele havia percebido o medo que agora fluía livremente por minhas veias.

- Um que não possui misericórdia, muito menos compaixão. Eu fui criado e treinado para esse propósito.

De repente algo me ocorreu, tentei lembrar-me do Aidan que eu conhecera no último mês, naquela primeira semana, quando tivemos de conviver por algum tempo para fazer um trabalho.

- Isso não é verdade... – sussurrei ainda confusa e outra memória ainda mais intensa preencheu todos os meus pensamentos – você me salvou - minha voz recuperou o seu tom firme ao perceber a verdade –, você me salvou naquela noite, naquela floresta!

Os olhos de Aidan não amoleceram mesmo depois d’eu tê-lo lembrado de seu feito heróico que acabara por salvar minha vida. Ele não era um assassino, era um herói. E eu lhe devia a minha vida, toda a minha gratidão era para com ele, por ter salvado-me daquele trágico incidente.

- Não, Agatha. – ele murmurou e eu o olhei imediatamente, e arrependi-me de tê-lo feito, porque seus orbes tragaram-me para dentro deles, engolindo-me como um imenso abismo, onde eu caía, caía, sem jamais chegar ao fundo – Eu fui até aquela floresta com apenas um objetivo, e não era salvar você. Encontrar você foi apenas um mero capricho do destino, eu estava lá, naquela noite, naquela floresta devido a outras... circunstâncias.

- Que circunstâncias? – minha curiosidade atiçou-me a perguntar.

- Eu te disse, Agatha, sou um caçador e um assassino por natureza, isso é tudo o que eu sou. Se eu estava lá, se eu lutei lá, foi apenas para dar cabo daquelas criaturas.

- Então por que se deu ao trabalho? Por que não me deixou morrer lá? – perguntei, furiosa.

Aidan estreitou os seus olhos, depois me encarou com uma expressão quase debochada, os lábios repuxando-se em um sorriso de canto.

- E não é óbvio? – perguntou-me ele, como se estivesse explicando algo evidente a uma criança – Preciso manter meu disfarce enquanto estiver nessa cidade, quatro jovens desaparecidos já me deram muitos problemas, o que diriam cinco?

 - Foi apenas por isso... – sussurrei, não para ele, mas sim para mim mesma. Eu o julgara errado, interpretara errado as suas ações, Aidan não havia me salvado por livre-arbítrio, mas sim por obrigação. Ele apenas queria manter a fachada de aluno de intercâmbio, queria evitar problemas para si próprio, ele me salvou apenas por uma simples e mera conveniência.

- Sim. – murmurou ele, a voz fria como gelo. – Sinto muito se lhe passei a impressão errada, ou se permiti que você tivesse a concepção errada a respeito de mim.

Engoli em seco. Estava assustada? Talvez um pouco, não tinha certeza, estava confusa demais.

Eu me sentia desolada de alguma forma, como se tivesse sido lançada a própria sorte em um ambiente inóspito e perigoso.

Eu me sentia sozinha...

Tão só como nunca havia me sentido em toda a minha vida. Eu jamais imaginara que a verdade poderia ser tão dolorosa, que ela poderia abrir rasgos por todo o meu corpo, como estava abrindo nesse momento.

Eu jamais imaginei que os motivos que movessem Aidan não fossem nobres ou valorosos. Mas ele era egoísta, vivia apenas por seu propósito, caçar, ele dissera.

Nada mais importava para ele, muito menos uma adolescente problemática e persistente como eu.

Eu queria ir embora dali, nunca mais importuná-lo outra vez, seguir o conselho que ele próprio me dera, nunca mais voltar a procurá-lo.

Mas havia um vínculo que nos unia, mais forte do que eu podia resisti-lo. Talvez esse elo fosse Max, afinal Aidan era o único que poderia dizer-me qual era o paradeiro de meu amigo. Talvez não fosse Max, eu só sabia de uma coisa naquele momento: eu ainda não havia obtido todas as respostas pelas quais estava ali, em sua casa.

Tomei fôlego, foi algo difícil, meu corpo todo estava mole, eu estava trêmula, estava nervosa, mas não me deixava abater por isso.

- Aidan... – sussurrei seu nome.

- Sim? – ele respondeu-me, a voz ainda firme, o oposto da minha.

- Só me responda uma última pergunta, – pedi-lhe humildemente – e eu prometo que não voltarei mais a amofiná-lo.

- Pode perguntar. – respondeu ele despreocupadamente, como se a parte essencial já tivesse sido respondida.

Tomei fôlego novamente, eu ainda podia sentir o corpo dele tão próximo ao meu. E então eu o fitei novamente, deixando-me consumir pelas chamas abrasadoras e avassaladoras que eram os seus olhos.

- O que houve com Max? – perguntei-lhe temerosa, meu coração aos pulos.

Aidan pareceu meio relutante em responder-me, mas depois seu corpo relaxou, então eu soube que ele ia responder-me.

- Como eu já lhe disse, Agatha, é provável que você nunca mais vá ver o seu amigo. Max foi atacado naquela floresta, certo? – ele me perguntou.

Assenti em silêncio, meus olhos vidrados nos dele.

- Max não irá mais voltar, ele deve estar morto, já. Não há nada que você ou eu possa fazer para ajudá-lo, sinto muito.

A umidade ardeu em meus olhos de forma intensa, minha visão ficou embaçada, uma sensação irritante apoderou-se de mim. E eu só percebi que chorava quando senti as lágrimas descerem por meu rosto como jatos de água quente.

Solucei enquanto derramava-me em lágrimas diante de Aidan, eu não conseguia parar, não conseguia conter aquele impulso de colocar tudo para fora, de exprimir toda aquela dor que eu estivera reprimindo no último mês.

Apertei meus olhos com força e mais lágrimas despencaram dele como conseqüência. Não tornei a fitá-lo, a dor era tamanha que tudo o que eu queria era ficar só naquele momento, mas eu não partia, eu não ia embora e simplesmente não entendia o porquê.

- Mas, quem? – consegui sussurrar – Quem fez isso?

- É exatamente o que eu estou tentando descobrir. Mas uma coisa eu posso lhe garantir, Agatha, assim que eu pegar esse desertor, eu irei embora dessa cidade e você poderá ter de volta a sua vida. Isso será por pouco tempo, eu lhe prometo.

- Desertor? – repeti sua palavra, confusa.

- É isso o que eu caço, Agatha. Eu caço esses desertores e os puno. Esse é o meu papel, o meu desígnio. Eu descobri pistas desse desertor aqui, em South Hooksett, e por isso fui mandado por meu mentor para cá.

- Desertores do quê? – tornei a perguntar a ele, ainda confusa, mas então eu percebi... – Existem muitos como você? – perguntei desesperada.

- Mais do que você pode imaginar, mas não se preocupe, em geral somos pacíficos, a não ser quando temos de lutar por nossos objetivos, somos lutadores muito experientes, Agatha.

- Objetivos?

- Existem classes diferentes... do que eu sou. Cada classe desempenha um papel diferente, mas o meu, Agatha, o meu é caçar, eu fui escolhido para isso e pretendo cumprir a minha missão.

Assenti em silêncio novamente, não sei se conseguiria falar em voz alta, ou ao menos sussurrar, estava assustada demais.

- Agora você deve ir, para a sua segurança você não pode saber mais do que isso. Esse é o limite, e você deve entender que não há nada que você possa fazer para mudar essa situação.

- Sim. – sussurrei em meio a minha desolação. – Eu realmente tenho que ir. – concordei, embora meus olhos ainda fossem uma cascata de água salgada.

Passei as costas de minhas mãos para secar minhas lágrimas, Aidan afastou-se de mim, o calor de seu corpo recuando do meu, os olhos ainda fixos na minha face.

Respirei fundo e decidi fitá-lo uma última vez.

- Desculpe-me por isso, eu sei que não tinha o direito de invadir sua casa e remexer nas suas coisas, eu sinto muito mesmo.

- Você lutou para descobrir a verdade e eu admiro isso, mas agora vá e nunca mais me procure ou volte aqui novamente.

- Sim. – assenti e depois me lancei na direção da porta, eu ainda pude sentir os seus olhos em minhas costas, enquanto eu saía para o temporal que já começava a se manifestar em grossas gotas de água que se acumulavam no pára-brisa de meu carro.

Abri a porta e deslizei para dentro do carro ainda desolada. Olhei pela janela e vi Aidan parado na soleira da porta, observando-me, a jóia ainda estava em suas mãos, porém não mais cintilava.

Também vi a ventania que havia aumentado, estava um verdadeiro vendaval dos infernos ali.

Dei a partida no carro e deixei o local, ainda sentindo meus olhos arderem pelas lágrimas que eu não conseguira chorar.

Segui pela rodovia, trincando os dentes e praticamente enterrando meus dedos no volante, eu não queria ceder a vontade de chorar novamente. Eu queria, queria me isolar de tudo e de todos.

Assim, não pensei duas vezes quando virei o carro em uma pequena trilha pelo meio da floresta e segui por ela.

Eu sabia exatamente aonde aquela trilha iria dar, uma ponte de madeira sobre um riacho de águas cristalinas, mas não me importava mais nada, eu só queria ficar sozinha.

Logo avistei a velha ponte de madeira, o vento praticamente rasgava as copas das árvores ao redor dela, o céu aos poucos escurecia, enquanto os pingos no pára-brisa tornavam-se maiores e despencavam das nuvens com uma intensidade maior.

A umidade em meus olhos ardeu novamente, eu não sei por quanto tempo poderia resistir a ela, eu lutava para empurrar as lágrimas de volta por meus dutos lacrimais, mas era uma batalha perdida.

Já estava cruzando a ponte, quando não consegui conter mais o meu impulso, então parei o carro no meio da estrutura dela, eu sabia que não deveria dirigir nas atuais condições em que me encontrava.

Assim que coloquei o carro em ponto-morto, debrucei-me para a frente, recostando minha testa no volante, que minhas mãos ainda agarravam com força.

E então chorei...

Pela segunda vez naquele dia, para o meu desgosto. Eu não gostava de chorar, mostrava um lado meu muito frágil, volátil, desequilibrado. Um lado meu que me assustava, porque eu não sabia até onde essa dor poderia levar-me e eu tinha medo de qualquer que seja esse destino.

Andar por veredas tão dolorosas, tão solitárias é um fardo. E eu não suporto mais levá-lo, eu não mais suporto o seu peso. Assim como Sísifo, eu sabia que estava em meu auge, que depois de tanto tentar empurrar aquele jugo, aquela rocha montanha acima, eu já não tinha mais forças, não mais agüentava.

Minhas forças escapavam-me, minha razão morria no horizonte, enquanto eu minguava e definhava naquele deserto de desolação.

E então me vi diante daquele precipício novamente, todo o meu desespero assumindo o controle sobre mim. Eu estava enlouquecendo, estava tornando-me completamente senil, e não encontrava uma saída para tudo aquilo.

Minha alma chorava dentro de mim, mas eram lágrimas de sangue, lágrimas de dor. Eu estava tendo um lapso, estava tendo um ataque e não havia ninguém por perto, ninguém para desabafar, nenhum ombro para poder chorar.

Minha mãe estava em outra cidade, a quilômetros de mim. Meu pai estava morto. Meu melhor amigo, com quem eu crescera desde que era uma garotinha, estava morto também.

Não me restava mais nada.

Chegar a essa constatação foi como ser golpeada fundo por uma lâmina afiada e longa. Mas, mais do que isso foi como se a lâmina tivesse sido enterrada em meu corpo, mas não retirada de lá, como se ela tivesse sido esquecida em minha carne.

Enquanto que seu portador remexia-a, rasgando e cortando ainda mais, arrancando-me tudo.

E enquanto eu alucinava, sendo perturbada pelos espectros de meu passado, algo veio a minha mente, uma lembrança desagradável, mas que ao mesmo tempo mudou toda a minha vida.

Eu a havia bloqueado de minha mente pelo simples fato de que naquele dia tudo de ruim que costumava acontecer a mim acabou acontecendo.

O que mudara na realidade fora o desfecho dele. E isso eu jamais poderei esquecer...

Fitei chocada enquanto o garoto vasculhava minha mochila, retirando todos os meus cadernos, despejando-os no chão empoeirado. E então ele virou a bolsa de ponta-cabeça e a sacudiu até que o objeto de seu desejo cedeu e flutuou para fora da mochila. Uma nota de dez dólares.

O garoto apanhou-a ainda no ar, um sorriso formando-se nos lábios, aquele era Tyler Shelder, e seus dois amigos idiotas, Ben e Simon.

- Rá! – o garoto explodiu de satisfação enquanto seus dedos fechavam-se ao redor da nota – Eu sabia que você tinha dinheiro!

Tentei avançar na direção dele, mas o menino gordinho, Simon, impedia-me, formando uma espécie de muralha entre nós dois.

- Você não pode! Isso é meu! – gritei ao vento, mesmo sabendo que seria inútil.

O menino fuzilou-me com os olhos, mas depois abriu um sorriso de escárnio.

- Tudo bem, venha pegar então. – desafiou-me ele.

Trinquei meus dentes, por mais que eu quisesse lançar-me na direção daquele sorriso irritante, por mais que eu desejasse esmurrar-lhe a cara, eu não podia, não contra os três. Afinal, eu era apenas uma garotinha, uma garotinha de oito anos, frágil, indefesa e a mercê de idiotas como aqueles.

- Mas, esse dinheiro é do meu almoço! – reclamei.

- Então fiquei sem almoçar! Esse dinheiro é meu agora e eu faço dele o que bem entender! – retrucou ele.

Tentei reclamar mais uma vez, mas seria inútil, era como discutir com um graveto, eu jamais poderia vencer.

Vi quando o menino assentiu para os dois amigos, eles já estavam dando as costas quando minha fúria explodiu.

- Eu odeio vocês! Odeio todos vocês! – gritei, meus punhos cerrados, meus olhos apertados, enquanto eles riam de mim.

- E o que a garota problema vai fazer a nosso respeito? Vai nos bater? Eu não tenho medo de nenhuma órfãzinha solitária e deprimida!

- Pare! – exigi a ele.

Tyler riu e depois continuou com os insultos.

- Por que você não corre para o colinho do seu papai? Ah é, eu me esqueci, você não tem um pai!

- Cale a boca! – gritei, furiosa.

- Qual o problema, Agatha, não gosta que falem do seu papai? Órfã!

Não contive mais a minha fúria, ela simplesmente inflamou em mim, como uma grande combustão. Lancei-me na direção do menino, minhas mãos moveram-se por conta própria e quando dei por mim eu já o havia derrubado no chão. Eu havia empurrado Tyler Shelder e havia caído por cima dele.

O menino agiu com violência, empurrou-me para o lado, derrubando-me de rosto, onde pequenos arranhões começaram a protestar. Mas eu não chorei, não ia demonstrar nenhum tipo de fraqueza na frente deles. Eu seria forte, eu me manteria forte, não importava como.

- Ah! Saia de cima de mim, sua louca! – ele berrou, levantando-se do chão, depois atirou a nota de dez dólares em mim – E fique com a droga do seu dinheiro, eu não quero nada que venha de você! Sua aberração! Garota estranha!

Escondi meu rosto na terra, não estava pronta para me levantar ainda. Mas percebi quando os garotos partiram, Tyler ainda reclamava de minha reação, mas pelo menos eu sabia que ficaria bem, por hora, eles não voltariam a me importunar.

Peguei o dinheiro que minha mãe me dera naquela manhã, apertei-o no meio de meus dedos e sentei-me no chão empoeirado. Ainda reprimindo aquele desejo insano de chorar eu engatinhei até minha bolsa, recolhendo meus pertences e recolocando-os de volta nela.

Estava prestes a pegar o último caderno quando uma mãozinha ajudou-me, pegando-o antes de mim e depois oferecendo-o gentilmente.

Olhei para cima, ignorando a ardência causada pela intensidade do sol, àquela hora ele estava a pino.

E então meus olhos encontraram a face de um garotinho, ele devia ter a minha idade. Tinha os cabelos e os olhos igualmente negros e um gentil sorriso nos lábios.

Peguei meu caderno um pouco hesitante, mas o garoto apenas sorria para mim, então não temi.

- Obrigada. – murmurei.

- Disponha. – respondeu-me ele e depois sua voz assumiu um tom brincalhão – Ei, não ligue para aqueles idiotas, eles gostam de atazanar a quase todo o mundo.

- Eu não ligo. – disse-lhe segura.

O garotinho riu de leve depois me estendeu sua mão.

- Sou o Max.

Peguei sua mão, eu não sabia o que estava havendo comigo, somente que poderia confiar inteiramente naquele garoto. Quem sabe eu e ele não pudéssemos ser amigos, já que passávamos pelos mesmos tipos de perseguições.

- Agatha. – apresentei-me para ele.

Max sacudiu nossas mãos e eu ri.

- Nome legal. – disse-me ele.

- Obrigada. – agradeci-lhe e então os olhos negros do garotinho iluminaram-se.

- Ei, quer almoçar comigo?

- Claro. – assenti e em seguida nós dois já partíamos na direção do refeitório. Aquela fora só a primeira de muitas vezes em que estivemos lado a lado, como bons amigos, como inseparáveis companheiros que éramos...

Um som alto sobressaltou-me, levantei minha cabeça vagarosamente do volante do carro, e então eu vi o breu. Eu tinha adormecido enquanto chorava, tinha recordado-me do dia em que conheci Max, mas o pior, tinha reaberto uma ferida que nem ao menos cicatrizara completamente.

Fora do carro um temporal desabava, estava difícil enxergar através de tanta água que escorria pelo meu pára-brisa, mas já havia anoitecido, disso eu tinha certeza.

Eu ainda estava parada no meio da ponte de madeira sobre o riacho. Passei a mão em meus cabelos e suspirei. Liguei os faróis e estava prestes a dar a partida no carro e ir embora dali quando algo prendeu a minha atenção.

Semicerrei meus olhos na esperança de que estivesse vendo coisas, mas não estava. Por que do lado de fora, debaixo daquele temporal e a uns vinte metros do meu carro estava alguém.

Pensei primeiro em ignorar, não devia ser nada, mas conforme os segundos avançavam a figura estranha não se mexia veio a apunhalada de medo.

Abri a porta do carro e saí para a chuva, molhei-me instantaneamente. Deslizei para fora do carro, rezando para que não fosse nada. E então, em passos cautelosos eu comecei a me aproximar dele.

Dei um, dois, três, quatro passos, mas a sombra não reagia de forma alguma. Eu começava a sentir já o peso de meu cabelo encharcado, meu jeans ensopado e minha blusa também, mas mesmo assim continuei a avançar na direção daquele individuo.

- Ei, você está bem? – perguntei-lhe, ainda temerosa, e sobressaltei-me quando outro relâmpago rasgou o céu negro, trazendo consigo o estrondo ensurdecedor do trovão.

Não houve resposta, então eu recebi outro jorro de pavor em minhas veias. Algo em minha cabeça gritava para que eu começasse a correr, para que eu voltasse ao abrigo seco e seguro de meu carro e partisse o mais depressa possível dali.

E de fato eu teria feito isso, se outra voz não tivesse ecoado em minha mente, tão suave, tão encantadora, que eu não podia resisti-la. A voz conseguiu dissipar todos os meus temores, fez-me esquecer de todo o resto. Era apenas eu e a voz agora.

“Venha, Agatha”.

Meus pés passaram a se mover por conta própria e agora eu estava avançando na direção do individuo, sob aquela chuva gelada e incessante.

Caminhei tranqüilamente, como uma criança que está aprendendo a se movimentar e o que a aguarda no final são os braços quentes e protetores de seus pais.

Minhas mãos estavam rígidas ao lado de meu corpo, e eu cerrava meus punhos com a maior força que podia.

Porém, antes que eu sequer pudesse voltar a pensar com clareza, a voz pronunciou-se novamente em minha mente, outro pedido, e mais uma vez eu não tive como resistir.

“Vire para a esquerda, Agatha”.

Novamente eu não tive opção, era como tentar resistir ao encanto da voz de um anjo tão puro e magnífico.

Virei meu corpo para a esquerda, caminhando lentamente, até estacar na lateral da ponte, as tábuas grossas e escurecidas bloquearam meu caminho. Olhei para baixo, mas era impossível ver o riacho agora, estava tão escuro, era como tentar olhar para dentro de uma enorme caixa negra, envolta pela escuridão.

Senti que a figura havia se aproximado de mim, seus passos ecoavam na madeira desgastada pelo tempo.

E então sua mão repousou em meu ombro, estava tão fria quanto a minha debaixo de toda aquela chuva. Na verdade apenas agora eu havia percebido que meus dentes chocavam-se violentamente devido ao frio.

Mas como todos os outros, eu ignorava esse pensamento, ignorava tudo o que estivesse ao meu redor, era apenas eu e a voz suave e agradável em minha mente. E no instante seguinte ela disse-me o que fazer, um calafrio percorreu meu corpo, eu estremeci, mas não hesitei e imediatamente tratei de fazer o que a voz ordenava-me.

“Suba, Agatha”.

Apoiei minhas mãos na tábua de madeira que batia um pouco acima de minha cintura e então passei a primeira perna, encaixando-a na fenda da madeira. Ainda segurando na prancha de madeira, passei a outra e dependurei-me sobre ela, todo o peso de meu corpo sendo sustentado por meus pés encaixados naquela fenda e em minhas mãos que agarravam as tábuas com a maior força possível.

Outro relâmpago passou rasgando o céu e o som ensurdecedor sobressaltou-me, e por poucos segundos eu pude ver alguns vislumbres do rio, estava cheio, com uma correnteza muito forte devido a toda aquela chuva.

Eu temi novamente, parecia que o medo estava tentando despertar-me daquele pesadelo, tirar-me daquele transe, mas não conseguia, porque minha paz vencia a todos eles, o meu alívio dominava todos os meus temores. Eu nunca me senti tão livre em toda a minha vida, pendurada daquela forma sobre um rio de forte correnteza e cujas águas estavam tão negras quanto o céu naquela noite.

Um vento rude soprou em meu rosto, mas eu sorri, estava liberta, liberta de todos os meus medos, liberta de toda a minha solidão, de toda a minha tristeza.

Senti quando a mão fria daquela figura segurou na minha, agarrada naquela tábua e então muito que deliberadamente ela começou a soltá-la. Eu não resisti, não podia. Aquilo era tão... maravilhoso, tão indescritível. Um momento com o qual eu sonhei durante toda a minha vida, o momento de minha libertação. Como uma cativa que depois de anos aprisionada recebe a dádiva de ver a luz, de respirar o ar puro novamente e de sentir a liberdade fluindo por suas veias.

Durante toda a minha vida eu fora aprisionada por meus próprios temores, minhas próprias mentiras, por meu vazio, por minha imensa tristeza e por minha solidão infinita.

E agora o momento da libertação havia chegado, eu não tinha o que temer. Não tinha absolutamente nada para temer aquilo, porque eu queria, estava desejosa por aquilo.

E então a figura terminou por soltar a minha mão esquerda, tratando imediatamente de desprender a direita. E novamente eu não lutei.

Minhas mãos estavam livres, não mais seguravam ou se agarravam às tábuas. Todo o meu peso equilibrava-se em meus pés, ligeiramente encaixados naquela fissura na madeira.

Um sopro gelado chocou-se contra a pele de meu rosto novamente, e eu levantei as palmas de minhas mãos, estendendo meus braços, sentindo a forma como o vento gelado chocava-se contra o meu corpo.

Fechei meus olhos e sorri, a figura atrás de meu corpo, aproximou-se ainda mais de mim, seus lábios em minha orelha apenas sussurraram, o último passo, o último pedido, meu último ato antes de sair desta vida medíocre e hipócrita.

- Pule.

E eu obedeci.

Meus pés oscilaram na tábua de madeira, o peso de meu corpo todo se movendo para a frente, e eu caí.

Não houve atrito entre o meu corpo e o vento frio e denso ao meu redor, eu sabia que seria uma queda de mais ou menos trinta ou quarenta metros, mas não me importei, não temi, e apenas saltei, impulsionando meus pés, flexionando meus joelhos.

E eu caí rumo a escuridão, rumo a um poço sem fundo. Tudo durou apenas alguns segundos. E quando dei por mim, quando despertei, meu corpo já batia violentamente contra a superfície agitada e fria das águas.

Eu não lutei contra a força esmagadora que me puxava para baixo, pelo contrário, meu corpo permaneceu tão entregue, tão flácido a aquela pressão.

E eu afundei, como uma simples pedrinha que era lançada ao fundo de um lago. Meus braços permaneceram estendidos, minhas mãos sentiam a gelidez daquela água, e a forma como elas agitavam-se ao meu redor.

Meus olhos abriram-se novamente, mas não houve diferença, tudo estava negro, tudo estava escurecido, eu nem mesmo podia ver mais os clarões dos relâmpagos que rasgavam aquele céu tempestuoso.

E a luz morreu em meus olhos. Foi como se eles tivessem sido envoltos por uma manta negra, toldados para a realidade.

Algo dentro de mim, talvez minha pequena centelha de esperança, ainda lutava, debatia-se, dizia-me para reagir, para não me entregar. Mas aquilo era inevitável, sua voz mal passava de um fraco sussurro em minha mente, porque aquela sensação de liberdade ainda me dominava e impedia-me de sentir o menor temor.

Eu também tinha consciência de que o que estava fazendo naquele momento era errado, contrariava a ordem natural de tudo, mas o que importava?

Eu pensava na tristeza imensurável a que submeteria minha mãe, o quanto ela choraria por minha morte, o que minha perda faria a sua vida já abalada pela ausência de meu pai.

Eu queria de alguma forma consolá-la quando recebesse a notícia, eu queria dizer a ela que estava tudo bem, que eu partiria feliz e que ela havia sido a mãe mais atenciosa e dedicada que eu já conhecera.

Sorri novamente, meu suprimento de oxigênio chegando ao seu fim.

Meus cabelos dançavam ao meu redor sob os movimentos suaves daquelas águas negras, e eu jamais supus que a morte podia ser tão gloriosa e linda.

E enquanto eu afundava lentamente naquela escuridão, selando meu destino de uma vez por todas, outra lembrança veio a minha mente, mas essa era mais nebulosa, mais indistinta. Eu não me lembrava de quando exatamente acontecera, somente de estar em minha cama macia e quente, debaixo de um grosso edredom, onde do lado de fora, um temporal desabava, exatamente como hoje.

E quando minha mãe viera desejar-me boa noite, beijar minha testa e murmurar um “durma com os anjos, minha princesa”, como sempre fazia, eu refletia com a inocência e a pureza de uma menina.

- Mamãe, perguntara eu, o papai está olhando por mim?

O sorriso de minha mãe naquele momento era algo que eu ainda conseguia recordar-me, tão belo...

- Sim, meu amor, ele está olhando por você, lá do céu. – murmurou minha mãe, a mão gesticulando para cima, acima das nuvens.

Retorci meus lábios em um biquinho e minha mãe ficou confusa.

- O que foi, meu bem?

Fitei-a com meus olhos tristes, meu olhar irradiava decepção.

- Bom, é que me disseram hoje que quando alguém morre, ela faz uma longa viagem até o céu. Isso é verdade?

- Sim, meu amor. - o tom de sua voz mudou, parecia triste – Seu papai fez uma longa viagem até o céu.

- Então, eu também farei essa viagem um dia? – perguntei-lhe com a maior inocência possível.

Minha mãe ajeitou o edredom sobre o meu corpo, cobrindo-me inteiramente com ele.

- Sim, meu amor, mas é muito cedo para você! – ela repreendeu-me – E vamos parar por aqui, não quero que você fique remoendo coisas tão desagradáveis.

- Mas, mamãe, se eu vou ver o papai, então não é ruim, é algo bom.

- Não, meu amor! Já chega, você tem que dormir agora.

Senti seus lábios em minha testa e depois ela já estava partindo, apagando a luz de meu quarto, enquanto eu ficava para trás, aborrecida e profundamente irritada.

A lembrança fez aflorar dentro de mim sentimentos novos, ou talvez eu estivesse enganada, e ela apenas reforçou as sensações que eu já estava tendo.

Mesmo que meu oxigênio já tivesse acabado, mesmo que eu não conseguisse mais escapar daquele turbilhão, não mais importava. Eu estava a caminho, estava pronta para fazer essa viagem. Ainda que essa crença de que existisse algo depois para mim baseasse-se apenas na inocência de uma garotinha, eu me entregaria, e o faria feliz.

Meus lábios entreabriram-se, permitindo que o pouco de ar que eu ainda mantinha, escapasse, formando várias bolhas naquela água negra.

Fechei meus olhos, certa de que quando os abrisse novamente, não veria mais a escuridão, mas sim a luz. Ou pelo menos era nisso que meu coração acreditava.

E então eu mergulhei novamente naquele buraco sem fim, de onde eu tinha plena certeza de que jamais poderia voltar. Mas não dei importância.

Meus braços envolveram a escuridão, eu permiti-me ser abraçada também, assim eu o fiz. E não me arrependo.

Porque no instante seguinte, nosso abraço mortal culminou com a perda de minha consciência, eu já poderia estar no mundo dos sonhos, bastava abrir meus olhos e enfrentar a verdade e eu o saberia, mas não o fiz.

E novamente eu fui engolfada por uma escuridão imensa, espessa, uma capa negra que me envolveu completamente.

E enquanto eu terminava de afundar naquela loucura, enquanto eu sucumbia, tive a certeza súbita de que estava bem, na verdade mais do que bem, estava completa. Ou pelo menos, era essa a sensação que eu tinha e um novo sopro, frio como o gelo, passou rasgando através de meu corpo, parecendo arrancar minha alma fora, e eu tive a certeza de que se tratava do sopro da própria morte, que decidira afinal levar minha alma.

E algo me ocorreu, talvez fosse tarde demais para voltar atrás, talvez todo o meu ser mudasse a partir daquele momento, talvez eu jamais pudesse voltar a ser eu mesma, porque enquanto eu padecia, algo novo parecia querer despertar dentro de mim, como uma pequena luz no fim de um túnel escuro, uma outra parte de mim, do que eu sou.

E eu fiquei a admirar aquela luz, contemplando o nascimento do meu novo eu.


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Notas finais do capítulo

*boceja de novu*e então o q axaram?? rsrsrsrsnossa, o Aidan foi meio malvado com a Agatha!! BUT DON'T WORRY, MY PEOPLE... é tudo mentira!!ainnn q tenso essa cena da ponte, na verdade a 1ª vez q eu imaginei essa cena da Agatha pulando da ponte não tava xovenu, mas então eu saquei que chuva + criatura sinistra + ponte de madeira velha + mocinha deprimida = mistério!!hummm mas qm será essa figura misteriosa na ponte com ela??e de qm é q o Aidan tá atras??algum palpite??um doce pra qm adivinha!!e por favor, perdoem-me se eu deixei passa qualquer erro de gramática, mas eu realmente to quase dorminu aki!!bom, dexa eu i dormi agora, antes q eu desmaie!! rsrsrsrsBoa noite para todos!!Até a próxima meus queridos!!Kisses