Antes da Aurora escrita por LoaEstivallet


Capítulo 37
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Pois é...Chegou antecipado por uma inspiração louca e surpreendente que me tomou hoje de manhã.
Espero que as surpreenda...Vejo vocês nas notas finais!



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O sol brilhava incessantemente sobre minha pele, aquecendo meu rosto angulado em sua direção.

- Você vai ficar bem? – Meu pai perguntou pela zilionésima vez – Nós podemos ficar com você mais alguns dias.

Ele estava na sombra da varanda, a um braço de distância de mim, onde a luz intensa não atingia diretamente sua pele de mármore, mas fazia seu rosto cintilar discretamente.

- E permitir que vocês continuem enclausurados nesta casa? – Perguntei me virando para ele e suspirando – Eu já tenho dezoito, pai. Agora é de verdade, não só na aparência. Quando vai se acostumar que eu não sou mais uma garotinha?

Minha resposta foi suave, e tinha até um tom divertido impresso ali, mas minha mãe, que estava na sala lendo um jornal, como sempre se empertigou.

- Olha como fala com seu pai, Renesme. – Disse em tom de reprimenda sem nem levantar os olhos das noticias – Você pode ser uma adulta agora, mas ainda é nossa filha e nos deve respeito.

Abaixei meu olhar, constrangida.

- Desculpe mãe. Não quis ser insolente. É só que tenho a sensação de que vocês nunca vão me enxergar como uma mulher. – Falei corando – Eu sei que só querem o meu bem, e sei também o quanto minha escolha é difícil pra vocês, mas... É o que eu quero... E eu preciso que vocês aceitem.

- Nós entendemos e aceitamos, querida... – Meu pai falou enquanto acariciava minhas bochechas – Mas isso não evita nossa apreensão. Nós te amamos, e justamente por isso nos preocupamos. Apesar de termos consciência de que agora é crescida, nós somos seus pais... – Ele sorriu torto e olhou para minha mãe, que lhe retibuiu – Não espero que compreenda isso agora... Talvez quando tiver filhos você entenda nosso sentimento.

- E eu espero que isso demore bastante! – Minha mãe replicou, mas já sorrindo – Só queremos ter certeza de que ficará bem.

- Eu ficarei, prometo.

Ouvi minha mãe fungar, apesar de saber que chorar não lhe era possível, e vi quando ela escondeu o rosto no jornal mais uma vez. Ela estava triste, assim como meu pai. Assim como eu.

Nós estávamos em nossa despedida oficial. Eles viajariam ainda naquele dia.

Estávamos em minha casa, uma linda construção térrea com jardim, a uma pista de distância da praia, em plena ensolarada Califórnia. Era meu presente de admissão.

Meu pai, apesar de ter insistido no meu ingresso em Dartmouth, não relutou tanto quanto minha mãe sobre minha decisão de cursar uma universidade em algum lugar com sol e, de preferência, bem longe do Alaska.

Eles ainda viviam por lá com o restante de minha família. E apesar de saber que sofreria muito com a distância, eu precisava tomar as rédeas da minha vida. Não que eu não amasse ser a princesa da casa, o centro de todas as atenções da família Cullen... Mas eu estava um pouco cansada de todo aquele protecionismo.

Papai entendeu quando conversei com ele, e achou que era justo que eu tivesse chance às minhas próprias escolhas e experiências humanas. Não que eu fosse cem por cento humana, mas a metade que era queria, e muito, como toda adolescente recém-liberta do domínio legal dos pais, ter uma vida própria.

Minha mãe foi mais difícil.

Muito protetora ela argumentou o que poderia acontecer se alguém descobrisse o meu, o nosso, segredo. Mas então eu joguei na cara dela, com muita sutileza, toda a história dela com meu pai e um antigo namorado (que eu não sabia o nome) que minha tia Alice me contou. Rapidamente ela se convenceu do quanto eu tinha direito às minhas próprias burradas, sem deixar de enfatizar o quanto eu parecia com ela quando era uma adolescente humana e decidida (traduzindo: rebelde) e enfrentou o pai, a mãe e a própria consciência pra encontrar seu caminho.

Então eu consegui a vaga. E agora faltava apenas um dia para minhas aulas começarem na UCLA.

Eles haviam passado toda a semana comigo. Privaram-se de suas necessidades apenas para garantirem que eu estaria bem instalada e segura, ainda que sozinha. E a promessa de passar com eles todos os feriados e férias, sem exceção ou negociação, os tranquilizou um pouco.

Eu os amava mais que tudo. Eles eram minha vida. Me amaram, criaram com carinho sem deixar que me faltasse absolutamente nada, mas também me ensinaram a ser autêntica e a pensar por mim mesma. Acredito que eu realmente tinha muito da personalidade forte e do gênio arredio de minha mãe. Por isso eles não tiveram muita opção ao constatar que eu realmente faria o que planejara, ainda que tivesse de ir de encontro a eles.

- Você realmente puxou a sua mãe... – Meu pai murmurou me olhando fixamente, sabendo exatamente tudo que eu pensava – Mas isso é uma virtude, e não um defeito.

Ele sorriu pra mim, seu sorriso torto estonteante que o fazia ficar ainda mais lindo do que era, e piscou. Eu o abracei sussurrando um “eu te amo” cheio de saudade antecipada.

- Hei, eu também quero fazer parte do momento família... – Minha mãe falou já ao nosso lado, seus braços frios envolvendo, ao mesmo tempo, a minha cintura e a dele.

Senti as lágrimas deslizarem pelo meu rosto quente. E nos braços deles eu chorei, tentando ser forte e me convencer de que eu iria conseguir me virar bem sozinha.

- Não se preocupe, meu bem... – Ouvi a voz rouca de papai – Se tudo der errado basta correr para casa... Nós sempre estaremos lá pra você, ok?!

Assenti em seu peito, enquanto a mão pequena de minha mãe enrolava meus cachos longos em seus dedos, me acarinhando, tentando me acalmar como fazia desde que eu era uma menininha.

Caminhava insegura pela calçada.

O prédio imponente me assustou um pouco e subitamente me senti pequena. Experimentei o vazio que a ausência de meus pais me causava.

Respirei fundo e comecei a subir os degraus calmamente, um a um, dizendo a mim mesma que aquilo tudo era muito normal e comum para uma garota da minha idade, que eu passaria por aquela experiência como qualquer outra pessoa. Sim, daria tudo certo.

Uma urgência estranha me tomou de repente, me fazendo parar a dois passos do portão.

Me virei para trás no mesmo momento em que um rapaz alto e muito forte vinha apressado olhando para seu relógio de pulso, e acabamos nos chocando.

Os livros que ele segurava se espalharam pelo chão. Nos abaixamos ao mesmo tempo, eu ainda confusa com aquele sentimento crescente de ansiedade que me tomava.

Então nossos olhos se encontraram.

Eu não vi seu rosto, ou a roupa que ele usava. Apenas fui tragada pela escuridão de seus olhos negros que me puxavam ao mesmo tempo em que pareciam acorrentados em mim.

Nos levantamos sem quebrar aquela conexão inexplicavelmente sólida que se formou, esquecendo todos aqueles volumes no chão.

Apenas quando ele falou eu pude notar o quanto ele era realmente bonito.

- Oi, er... Me desculpe... Eu tô meio atrasado e não vi você... Está bem? Eu te machuquei?

Ele falava comigo, mas eu não conseguia assimilar o que ele dizia. E eu tinha a clara impressão que ele estava tão atordoado quanto eu.

Fitei seu rosto de traços indígenas, o cabelo muito curto e escuro, como suas íris, harmonizando completamente o conjunto com a pele castanha e de aparência macia.

Abri a boca para falar, mas ele foi mais rápido.

- Meu nome é Jacob... – Falou ainda me encarando com uma intensidade desconcertante – Sou veterano do curso de engenharia mecânica. E você é...?

Eu respirei fundo, tentando encontrar minha voz em meio às batidas altas de meu coração que praticamente me ensurdeciam.

- Renesme... Caloura de medicina.

- Prazer Renesme...

Ele estendeu a mão pra mim, sem desviar o olhar de meu rosto.

Quando nossas mãos se tocaram algo aconteceu. Algo surpreendente e maravilhoso que eu nunca poderia esperar.

Como se por toda a minha vida houvesse me faltado um pedaço, no momento em que senti seu calor atravessar de sua palma para a minha, eu me senti completa.

Eu não fazia idéia do que estava acontecendo ali, entre eu e aquele lindo estranho.

Tudo que eu sabia era que, de alguma maneira mágica e incompreensível...

Eu pertencia a ele.


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Notas finais do capítulo

Agora vem a surpresinha.....
Esse final eu já planejava a algumas semanas... E Não se preocupem... Não vou deixar ninguém curiosa e roendo os dedos de ansiedade...Vou escrever uma shortfic pra desenrolar esse encontro bombástico e que promete algumas confusões.
Não tenho uma previsão ainda, então fiquem atentas ao meu blog e ao meu perfil aqui no Nyah.Logo logo tem lançamento de Inconsequente, não esqueçam.
Beijos beijos, obrigada a todas que me acompanharam até aqui e, até a próxima!
Lôa Estivallet



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