Antes da Aurora escrita por LoaEstivallet


Capítulo 21
Visões de um momento


Notas iniciais do capítulo

Como eu sou muito boazinha, posto este cap com a visão de Alice e Edward dos últimos acontecimentos, para que vocês tenham um feriado mais divertido...



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ALICE

Sim. Afinal eu estava certa.

A chegada dela trouxe uma mudança.

Era evidente a alteração de atitude de Edward. E aquele brilho no olhar novamente...

Não era o brilho que eu vira um dia, direcionado a Bella. Mas sim... Ele parecia estar lá, e então Edward não estava mais vazio como nas últimas semanas.

Ela parecia ser especial.

Tentei visualizar o que ela causaria, buscando insistentemente no futuro próximo. Mas a visão da partida de Edward era tudo que eu podia prever repetidas vezes, cada vez mais concreta.

Quando ele a chamou para caminhar, notei a surpresa nos olhos de cada um de nossos familiares. Foi impossível conter os comentários após a partida deles para a floresta.

– Isso está realmente acontecendo? – Rosalie perguntou olhando a porta boquiaberta.

Carlisle e Esme apenas sorriram.

– Se ele tiver a chance de recomeçar, que mal há nisso? – O Jazz perguntou.

– Não há mal nenhum... – Ela respondeu dando de ombros – Mas ele esqueceu aquela humanazinha assim tão rápido? Tanta confusão ele criou por ela. Até iriam se casar...

– O nome dela é Bella, Rose... E ele não a esqueceu... Ele vem sofrendo há semanas. Ela o deixou. Ele não teve muita opção. Talvez finalmente tenha enxergado que é hora de seguir em frente. – Falei.

– E percebeu que esta gata é o caminho. Agora eu tenho orgulho de ser irmão do garoto. Mas eu gostava da Bella... – Emmet falou.

– Não sei por quê... Uma garota insignificante e problemática que só nos trouxe dificuldades. Tivemos de nos mudar às pressas, perdemos nosso irmão por dois anos, voltamos para consolá-lo de seu abandono... Eu realmente não compreendo o que vocês vêem nessa garota. – Rose destilou todo o seu desgosto.

– Se você se permitisse conhecê-la, talvez compreendesse seus encantos. Mas deixa pra lá, Rose. Acabou. Agora nós temos que apoiar o Ed no que ele decidir. – Mudei o rumo da conversa.

– Eu concordo com Alice. Se esta moça for uma nova chance... Se ele estiver realmente envolvido como acredito que está... Nós devemos dar a ele todo o nosso apoio. – Esme disse – É claro que, com a chegada do bebê, as coisas ficarão um pouco complicadas. Nós precisamos estar do lado dele para ajudá-lo.

– Ele está encantado. – Jazz confirmou para nossa mãe – E confuso. Então não vai ajudar muito se nós ficarmos especulando e comentando, mesmo em pensamento... – Falou olhando para Rose.

– Vamos Emm, vamos caçar. – Rosalie falou, ignorando Jazz, puxando Emmet pelo braço até saírem da casa.

Me ocorreu uma lembrança. Havia algo que eu precisava perguntar a meu pai.

– Carlisle, você vai até a casa de Bella hoje novamente? – Perguntei.

– Sim. Tentarei convencê-la a vir pra cá. Acredito que a criança não espere até amanhã. – Respondeu com o semblante aflito. – Porque pergunta, filha?

– A visão. Ela se repetiu. E está mais sólida do que nunca. Bella estará se transformando em breve. No máximo até amanhã.

– Querida, você sabe que isso pode não acontecer. Uma decisão e tudo será diferente.

– Eu sei. Mas até o momento, as decisões relevantes direcionam o presente para este futuro.

– Tenhamos paciência, tudo em sua hora. No momento eu preciso me concentrar nos preparativos.

Dito isto, Carlisle subiu com Esme em seu encalço para seu escritório, enquanto eu e Jasper ficamos na sala, cada um ruminando suas próprias emoções.

Um pouco mais tarde, pouco depois de Edward retornar, ouvi-o me chamar com urgência.

– Alice, preciso de você aqui em cima, agora...

Subi rapidamente, encontrando-o no escritório de Carlisle, arrumando a sala para algum procedimento.

A compreensão me inundou.

– Bella vai ter o bebê! – Afirmei alarmada – Carlisle foi buscá-la?

– Sim. – Sua voz era torturada – Precisamos ser rápidos. Logo ele estará de volta com ela.

Nenhuma palavra foi proferida a seguir. Apenas nos concentramos em deixar tudo absolutamente pronto.

Abri uma gaveta para pegar as agulhas pequenas para acesso venoso. Meus olhos estacaram na seringa metálica.

– AAAAAAAAAAAH! – Bella gritava enquanto se contorcia na cama do quarto de Edward.

Ao seu lado, ele estava ajoelhado com o semblante atormentado e obscuro.

– Shh, Bella... Vai passar... Eu juro que vai passar... Logo vai estar terminado.

Encarei o olhar vazio de meu irmão.

Ele tinha ouvido.

EDWARD

Eu entendi, pela clareza e solidez palpável daquela visão, que era apenas uma questão de horas.

Bella seria uma de nós.

Nosso filho a transformaria?

Eu podia compreender o porquê de eu estar ali, ao seu lado naquele momento crítico.

Eu ainda a amava e não a deixaria sofrer aquilo sozinha.

Era fato que naquele futuro, o lobisomem não estaria mais com ela. Não somente ao seu lado, mas não faria mais parte de sua vida. Não depois de ela passar a ser uma vampira, sua inimiga natural.

Mas esse fato não me alentou. Eu sabia que uma mudança de natureza não significaria necessariamente uma alteração de sentimento.

Me concentrei nos preparativos e ignorei a enxurrada de questionamentos e suposições que povoaram a mente de Alice.

Carlisle não demorou a chegar.

Não me dei o trabalho de descer e encontrar o cachorro.

Meu pai facilitou minha vida chamando Alice para buscar Bella.

Assim que ela passou pela porta nos braços de minha irmã, desacordada, pálida e mais frágil que nunca, senti o chão fugir dos meus pés.

Cheguei a oscilar fitando aquele rosto que eu tanto amava e não via pessoalmente a mais de um mês. Mas as mãos confortadoras de minha mãe já estavam em meu ombro antes que eu me desse conta, me garantindo o apoio emocional que eu precisaria naquele momento.

Está tudo bem se você não quiser ficar, filho. Nós compreendemos se preferir não participar da cirurgia. Você tem todo o direito.

– Meu pai precisará de mim... – Sussurrei.

Eu o auxiliarei.

– Eu... Quero ficar. É meu filho...

Esme apenas acenou positivamente com a cabeça e se voltou para Alice, ajudando-a a preparar Bella para o procedimento.

Olhos castanhos... Grandes e totalmente abertos, espelhando meu semblante fascinado e curioso com os grandes segredos que aquele mar de chocolate derretido seria capaz de guardar... Olhos como os da mãe... Os olhos que eu tanto amava.

A menina era de uma beleza angelical. Em muitos aspectos parecia-se comigo, mas existia um ar definitivamente de Bella naquela criança.

Aninhou-se em meus braços confortavelmente, parecendo me reconhecer.

Ao pequeno e singelo sorriso que me direcionou, respondi com o sorriso mais feliz e sincero.

Minha filha.

Minha criança... Minha e de Bella.

Um pedaço do meu amor, vivo e real, em meus braços. Então, de uma forma mágica e magnífica, todo aquele amor que me foi permitido viver com a mulher de minha existência não estava totalmente perdido afinal. Estava ali, eternizado na forma daquela bebê que eu já amava e venerava.

O coração de Bella perdeu uma batida. Depois mais uma.

Carlisle falou alguma coisa, mas eu não dei atenção. A menina sorria para mim, me encarcerando em seu olhar.

O coração de Bella estava fraco, eu conseguia ouvir ele desistindo.

Alice tirou a pequena dos meus braços.

Afinal eu levantei o olhar até Bella.

A palavra “hemorragia” passou na cabeça de meu pai enquanto ele me fitava, inseguro quanto ao meu controle.

– Eu estou bem. – Falei entre dentes, tenso, não pelo cheiro irresistivelmente doce e saboroso do sangue de Bella, mas pelo medo súbito de perdê-la definitivamente – Você vai precisar de minha ajuda.

Conseguimos conter a hemorragia, mas Bella não se recuperara.

Eu estava vendo a cor sumir de seu rosto, seu coração lentamente cedendo.

– Ela não vai sobreviver. – Sussurrei.

– Calma, filho. Vamos observá-la por algumas horas. O quadro está estável agora.

Mas a esperança me abandonava na mesma medida que o coração de Bella enfraquecia.

Um odor alcançou minhas narinas.

Jacob está subindo. Você pode lidar com isso? Carlisle perguntou em sua mente.

– Sim. – Respondi seguro. Ele não era o pior de meus problemas agora.

Preciso examinar a criança. Subo assim que terminar.

Assenti enquanto Jacob passava pela porta aberta por meu pai.

Me chame se o quadro se alterar. Pensou quando já não estava mais no quarto.

Foquei minha atenção no Black.

Como está pálida... Ela parece nem estar mais aqui... Não é mais a minha Bella... Eu... Eu não a amo mais? Toda aquela paixão... Não sinto mais nada... Só... Bella... Eu não a quero mais. Pensou.

Sua mente estava confusa, procurando uma justificativa para o vazio que se apoderava dela. Sentiu-se culpado por não sentir mais o mesmo por Bella, compadecido por sua situação.

Canalha.

Ele está me ouvindo agora... Notou ele.

Era muito bom que ele soubesse que eu ouvia. Eu havia alertado ele. Aquilo não iria ficar impune.

– Como você pode? – O ódio transbordava em minha voz – Ela está morrendo e você pensa em abandoná-la?

– Eu não pensei isso – Sibilou – E você não tem nada com qualquer coisa que diga respeito a nós dois.

– Eu te avisei Black... Se a magoar... Eu mesmo mato você.

Ele ignorou meu aviso e se aproximou dela.

– Ela está mesmo morrendo, não é? – Perguntou, o tom embargado.

– Sim – Respondi tentando conter a dor da afirmação – Seu coração está muito fraco... Ela perdeu muito sangue. Apesar de meu pai ter controlado a hemorragia, as chances dela sobreviver são muito poucas.

– Meu Deus, Bella... Porque fez isso consigo mesma... – Ele sussurrou.

Como isso aconteceu? Como chegamos até aqui? Tudo teria sido tão mais fácil se você não tivesse me deixado por ele, Bella... Mas tudo que sinto agora é que meu amor por você acabou... Eu não entendo como ou por que... Mas sinto que não existe mais nada entre nós a não ser o carinho e a amizade... Talvez... Talvez seja porque não há mais esperança... Talvez você nem esteja mais aí, e meu coração saiba disso melhor que eu mesmo... Talvez esse vazio, o abandono do amor seja o fim... Signifique que não há nada mais pra mim aqui...

– Ela ainda não está morta. – Respondi com fúria aos seus pensamentos.

Mas ele não me ouviu.

Sua mente confusa o impelia a ir embora.

Um estranho sentimento que eu não compreendia inundou seus pensamentos, e ele saiu apressado do quarto.

Exatamente um minuto depois, meu pai apareceu.

– Como ela está? – Perguntou.

– Seu coração está cada vez mais fraco. – Falei, sentindo a desesperança tomando conta de mim.

Observei o rosto sereno e pálido de Bella, sentindo a dor da possibilidade de perdê-la, percebendo que a dor do fato consumado seria infinitamente maior.

Não notei quando meu pai saiu.

Apenas quando ele retornou ao quarto, algum tempo depois, consegui vislumbrar seu plano.

Enquanto ele pegava a seringa de metal, sua mente maquinando cada passo, me dei conta do que eu precisava fazer.

Segurei firmemente seu pulso.

– Não!

– Mas Edward, filho, é a única opção... Se eu não fizer isso agora ela morrerá.

Ele aguardou, me sondando com o olhar questionador.

– Você não quer que eu faça isso? – Perguntou confuso.

– Não. – Respondi taxativo.

– Você quer que eu permita que ela morra? – Questionou alarmado.

Fitei-o com o olhar duro, sentindo a determinação me dominar.

Enquanto ele esperava pela explicação, eu procurava pela melhor maneira de explicar-lhe a decisão que tinha acabado de tomar.


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