Não passou muito tempo da nossa “expedição” ao quarto do Tom e Andréas teve que ir embora.

Por um instante, me senti sozinho naquela casa imensa. Tirei o papel que estava no bolso e comecei a lê-lo em voz alta, como se o som das palavras levasse a minha solidão embora.

“O Bill e eu começamos a brincar de uma forma diferente hoje, ele foge e EU vou atrás dele. Admito que o Bill ,no começo, não entendeu o “motivo” aparente da brincadeira, mas como somos irmãos, devemos ficar juntos. Certo?

Essa brincadeira me rendeu o meu primeiro beijo com ele. Foi algo muito bom, tenho que admitir, mas ao mesmo tempo desesperador. Não podemos brincar na frente da Dona Simone porque se não,algo ruim deve acontecer e por causa disso, deixamos de brincar a muitos anos. Não é de se espantar que isso tenha acontecido, já que ele me tra...”.

Alguém abriu a porta do meu quarto e automaticamente enfiei o bilhete no meu bolso de novo.

-O que você está escondendo ai, Bill? –Tom estava bebendo Coca-Cola.

-N-Nada não! É só um papel idiota! –sorri para tentar disfarçar.

-Não parecia idiota... Você estava TÃO atento! –ele arregalou os olhos.

-Não estava! –retruquei.

-Tudo bem então. –ele se virou e começou a sair do quarto.

-Tom! –eu o chamei e me levantei.

-O que é? –ele se virou.

-Tem alguma coisa que você queira me contar? –me sentei na cama de novo.

-Hãm... –ele se sentou no pufe. –É... Não sei como te contar isso! –ele estava tremendo.

-Ahhh mais eu posso esperar você achar as palavras certas para me dizer! –tentei faze-lo falar.

-É que... Hoje... –ele começou a enrolar. –Eu estava lá na escola e...

-E... –tentei continuar por ele, mas eu não sabia a historia!

-Ahh Bill você não precisa saber! –ele se irritou comigo.

-É... Talvez eu não precise saber... Mas me conta uma coisa... Você demorou hoje para chegar, heim? –olhei para o relógio encima do criado mudo e já eram 18h00min. Nossas aulas acabavam às 11h50min da manhã! Não sei o que isso tinha a ver com o papel que ele tinha escrito, mas isso também era importante!

-É porque eu... –ele estava engasgando com as palavras. Com certeza disso não sairia coisa boa.

-Aff Tom, pelo amor de Deus! É tão difícil assim dizer que você escreveu em uma folha sobre a nossa brincadeira? –me irritei com a demora dele em dizer o que eu estava pronto para ouvir.

-Como você sabe disso? –ele deu um pulo do pufe e me encarou.

-É... - ele não sabia que eu tinha vasculhado o quarto dele a procura de provas concretas para as minhas suspeitas estúpidas da mudança repentina de comportamento dele.

-Você entrou no meu quarto? –ele me fuzilou com os olhos.

-No seu quarto tem alguma prova que você escreve sobre a sua vida? –perguntei cinicamente.

-Você é ridículo, Bill! Eu não escrevi nada em porcaria de papel nenhum!–ele disse rindo da minha cara. –Voce tem tantos ciúmes de mim assim que precisa saber onde eu estou e o que eu escrevo ou deixo de escrever!

-Eu não tenho ciúmes de você! –gritei me levantando.

-Então porque invadiu o meu quarto?

-Eu não invadi nada! A porta estava aberta! –retruquei.

Ele me segurou pelo braço e começou a me apertar com força.

-Você nunca mais entra no meu quarto, está me entendendo? –ele aproximou o rosto do meu. Senti a respiração dele sobre mim.

-Tá, Tom! Me solta! Você está me machucando! –tentei puxar o meu braço, mas ele não o soltou.

-Se eu quisesse te machucar era só eu te dizer que eu perdi a minha virgindade com a Debbie hoje! –ele disse me soltando.

Minhas pernas não sustentaram o meu peso, eu cedi e cai no chão.

-É Bill, da próxima vez não me enche o saco para te contar algo que você não deveria saber! –ele sai do quarto batendo o pé.