Capítulo 42: Sem sentir

Hermione´s Pov:

“All those nights I stayed away

Thinking of all the ways to make you mine

All of those smiles will never fade

Never run out of ways to blow my mind”

(Lifehouse)

       Os dias, as horas, os segundos vão passando e nada muda. A cada noite o sono demora mais e como menos. Escuto os meus amigos murmurando sobre mim e os olhares preocupados, porém não me importo... Tudo perdeu a cor, sinto o mundo desmoronar quando encontro com os olhos azuis acinzentados. Não vejo nada além de frio... E a culpa me mata, aos poucos, querendo desistir de tudo correndo atrás dele, me lançando em seus braços.

      Girei na cama procurando por uma posição melhor, mas não conseguia. Era como se tudo estivesse jogando contra mim. Nem havia recebido uma resposta a carta dos meus pais. Sentei na cama dando um soco nela, irritada por me sentir tão vulnerável. Droga Hermione! Lutou numa guerra, contra comensais e passou por várias situações que nenhuma pessoa da sua idade iria em frente e está assim assustada pela Pansy?

      Olhei para o lado, vendo o relógio. Estava de madrugada, duas e meia da manhã. Sem fazer barulho fui até o banheiro, tomei um banho demorado. Em seguida peguei minhas coisas indo direto para a Sala Precisa. Os corredores estavam vazios, por isso, não tive problemas. Desejei dando voltas ali pela frente umas três vezes. Quero um lugar para ficar sozinha. Uma porta branca com detalhes rosa apareceu.

       Abri a porta sorrindo feliz por ver o meu quarto. Corri para minha cama e deitei fechando os olhos, mesmo assim não conseguia dormir. Bufei, abri os olhos vendo um potinho de remédio para dormir com uma jarra de água. Peguei uma tomando sem pensar, para depois deixar o corpo cair sobre a cama, aos poucos, comecei a bocejar caindo num sono sem sonhos. Se alguém entrasse provavelmente pensaria que estava morta.

       O som baixo e repetitivo de algo ecoou nos ouvidos, me fazendo resmungar. Sentei meio confusa ao olhar para os lados. Vi a prateleira com os livros, as fotos, esperei um pouco para ver se minha mãe entraria para ver se tinha acordado com o despertador, mas nada mudou. Passei a mão por meus cabelos castanhos, tentando ajeitar a aparência.

      -Como cheguei a casa? – Perguntei em voz alta.

      Franzi o cenho, forçando minha mente a funcionar normalmente. Então, os últimos dias passaram pela cabeça como um filme. Havia passado uma semana, andando como um zumbi. Merlin, o que fiz? Senti a garganta seca, peguei o copo servindo água. Levantei desejando ter um banheiro e vi uma nova porta surgir. Entrei, lavei o rosto, escovei os dentes e tomei um banho rápido. Depois de pronta fiz um feitiço para ajeitar a roupa.

      Encarei o reflexo no espelho fazendo uma careta. Minha pele normalmente bronzeada estava pálida, porém a noite de sono diminuiu as olheiras arroxeadas embaixo dos olhos. Convoquei o estojo de maquiagem que não usava há muito tempo. Usei uma base da cor da pele para ficar mais “saudável”. E suspirei aliviada por não parecer mais tão maltratada. Mesmo estando assim por dentro não poderia demonstrar.

       Meus olhos geralmente âmbar estavam castanhos escuros. O que mais entregava o estado de humor para Luna e Gina. Respirei fundo, joguei a mochila em meu ombro. Sai sentindo um aperto no peito, devia ter deixado todos preocupados. Caminhei pelos corredores, parei em frente às portas duplas do salão comunal. Podia escutar as risadas altas e conversas por todo o cômodo. Ia entrar, mas mudei de ideia, andei apressada até chegar à sala da primeira aula do dia.

        - Srta. Granger?

        A voz do professor chamou minha atenção. Virei o rosto surpresa por não ter reparado em sua presença.

        -Professor.

       -Não deveria estar no salão comunal?

      -Estou sem fome. – Comentei indo para o lado da frente da sala vendo uma gaiola tampada. – O que é isso?

        A gaiola tremeu me fazendo dar um passo para trás, tudo girou a minha volta, e a luz começou a se fechar. De repente, tudo era simplesmente escuridão. Um tempo depois escutava uns barulhos, e em seguida, notei serem vozes, mas eram baixas e apressadas. Além de tudo, pareciam estar muito longe. Quis soltar um gemido por uma pontada na cabeça, porém não saiu nenhum som. Abri os olhos para rapidamente voltar a fechar. A dor tinha aumentado e perdi outra vez a consciência.

        - Mione, querida? – A voz baixa de minha mãe falava com carinho.

         O som me despertou fazendo com que abrisse os olhos, pisquei algumas vezes, procurando entender onde estava. Era a segunda vez em pouco tempo que me sentia assim. Não entender as coisas, desde pequena, sempre me irritou.

         -Mãe? – Perguntei confusa.

         -Sim, amor. – Ela falou baixinho.

         Olhei para o lado vendo meu pai de braços cruzados, sua expressão estava séria, e visivelmente irritado. Segui a direção para onde olhava e vi uma cena totalmente surpreendente. Pude ver os cabelos loiros despenteados do Malfoy, aparecendo por trás do ombro do meu pai, estava sentado com a cabeça apoiada à parede. Estava com o cenho franzido e a posição não era nada confortável. Mordi o lábio para não sorrir.

         -Ele passou aqui a noite inteira.

          Seus olhos brilhavam divertidos, trocando sua atenção entre ele e eu.

         -É. – Meu pai resmungou.

          - A noite inteira?  - Perguntei desesperada. – Perdi um dia inteiro de aulas?

A minha voz ficou uns decibéis mais altos. É não consegui me controlar.

          - Filha, por favor, se acalme.

          As portas da enfermaria foram abertas, e virei para ver o motivo.

         -O que ele está fazendo aqui? – Ron perguntou irritado.

         Seu rosto ficou tão vermelho como a cor de seus cabelos.

         -Veio ver a Hermione, é claro. – Luna falou aparecendo por trás dos meninos.

        -Foi o primeiro a chegar. – Sussurrou Gina ao parar do meu lado.

       -É mesmo? – Sussurrei de volta esperançosa.

       Gin concordou com a cabeça para mim.

       -Nunca vi o Draco tão estranho. – Completou. – A Pansy veio tentar tirar ele daqui, mas mandou ela embora. – Riu divertida.

       - Todos para a aula, menos a Srta. Granger. É claro.

       Suspirei desanimada, queria voltar para as aulas, por um momento achei que seria liberada.

        -E ele? – Harry apontou para Draco.

        - O Sr. Malfoy está dispensado das aulas de hoje. – Soltou simplesmente com a voz baixa, porém decidida.

        Todos, inclusive meus pais, tiveram de deixar a enfermaria.  A madame Pomfrey entrou em sua sala e me sentei na cama da ala hospitalar, passei a mão no rosto soltando um gemido baixinho de dor, parecia ter levado um tombo das escadas.

      -Hermione?

      Ergui o rosto encontrando os olhos acinzentados, desejei desviar os olhos, mas era impossível. Fechei os olhos com força, querendo pensar direito.

      -Draco. – Respondi baixinho.

      Segurou minhas mãos entre as suas, com carinho, apertei de volta.

     -Como está se sentindo?

     -Melhor, obrigada. – Abaixei o rosto, enquanto mordia o lábio. –Eu...

    -Escuta, certo.

     Assenti nervosa.

    -Não sei o que fiz, mas se agi errado, me diz, ok? – Olhou em meus olhos. – Não quero te... – Respirou fundo. – Perder por bobagem.

     Antes de começar a pensar, agi, me joguei em seus braços, mas não para um abraço, sim para um beijo. Assim que os meus lábios tocaram os dele, puxei o ar querendo manter o aroma dele de menta em minha mente, tentei entender como pude ficar tanto tempo sem sentir isso. Sorrimos enquanto nos beijávamos.

     -Draco, eu...

     -Agora não. – Me cortou selando nossos lábios outra vez.

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Spoiler:

      -Não, não posso.

      Disse me afastando enquanto meu coração se despedassava. 

                               * * *

     -Malfoy?

    -O que está fazendo aqui Granger?- Disse seco me chamando pelo sobrenome.

     Parecia que tinha enfiado um punhal em meu peito e girado. Aguente firme, a escolha foi sua. Forcei minha voz a sair de um jeito que pudesse me escutar.

                           * * *

   Espero que esses spoilers façam vocês ficarem animadas. =D