Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 69
vida 5 capítulo 18




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ANTES

Adam ligara para Bobby no início da tarde, um pouco antes de começarem a sessão de treinamento de defesa pessoal dos policiais de La Grande. Pediu que investigasse a suposta bruxa Nathalie Helms. Repetiu para Bobby o que escutara do delegado Hayden. Que a mulher tinha uma rede de influência que ultrapassava os limites do estado e defensores ferrenhos que agiam como se estivessem enfeitiçados. Bobby achou o nome Helms familiar. Ele pesquisaria e ligaria assim que tivesse algo de concreto.

Bobby retornara a ligação no início da noite, quando Adam, já de banho tomado, se vestia para esperar o policial Levine passar para buscá-lo para irem ao Hot Machine Bar.

Bobby seguira indícios da presença de mulheres de sobrenome Helms, todas com envolvimento em casos de bruxaria, desde 1743. Inicialmente na Nova Inglaterra, depois um período de quase cem anos na Louisiana, um curto período no Texas, meio século em diferentes regiões da Califórnia, e, recentemente, existia uma misteriosa viúva com esse nome no Oregon.

Havia um padrão que se repetia. Uma bela mulher, de cerca de 30 anos, se estabelecia por 10 a 15 anos numa cidade, depois vendia todas as suas propriedades e, simplesmente, desaparecia. Todos os vínculos eram desfeitos e nunca mais se ouvia falar dela. E outra bela mulher, também com cerca de 30 anos, aparecia pouco tempo depois em alguma outra cidade. Em comum, a beleza exótica e o sobrenome Helms.

O Nathalie da bruxa de 1743, retornava a cada duas ou três gerações, embora às vezes com a grafia modificada ou com um outro primeiro nome pelo qual se tornava mais conhecida. Eram sempre mulheres poderosas, que, estranhamente, não atraíam a atenção da mídia. Nenhuma entrevista ou artigo, poucos relatos confiáveis, muitos boatos e, até mesmo, algumas lendas. E, mesmo agora, numa era de câmaras fotográficas em celulares, nenhuma foto.

Bobby acreditava que se tratava de uma única mulher, tentando esconder que não envelhecia. Ele tentaria seguir seu rastro no Velho Mundo, de onde com certeza viera. A eterna juventude era algo difícil de passar despercebido, deixava rastros. Era um segredo bem guardado e estava nas mãos de muito poucos. Ela devia ser uma bruxa muito poderosa.

Bobby achava que a bruxa usava um filtro do amor para escravizar os homens. E um muito poderoso já que para manter uma rede de influência a nível nacional por tempo indeterminado, o efeito deveria ser prolongado. E difícil de ser quebrado.

Bobby já pesquisara no passado sobre poções do amor e sabia que grande parte dos ingredientes eram especiarias, raríssimas no passado, mas, hoje em dia, usadas rotineiramente como temperos: canela, coentro, cominho, casca de laranja, manjerona, baunilha. A lista era enorme, mas esses eram os mais populares na Europa. Também flores como violeta e jasmim. E até a madeira da macieira.

Esses ingredientes eram por demais conhecidos, e, com certeza, não eram o ingrediente principal da poção. Mas era possível, e até provável, que estivessem presentes em pequenas quantidades. A proporção correta dos ingredientes era essencial para que uma poção desse o resultado desejado. A ingestão prévia desses ingredientes em grande quantidade poderia desbalancear o filtro do amor. Alterar de alguma forma o resultado.

Uma segunda abordagem seria usar poções de proteção contra feitiços. Estas costumavam conter alho, alecrim, louro e pimentão. Bobby apostava no alho, com a vantagem de ser fácil obter pílulas de alho em qualquer loja de conveniência.

Adam, numa ida rápida à loja de conveniência de um posto de gasolina próximo ao hotel, conseguiu canela, cominho, louro em pó, alecrim e coentro. E também pílulas de alho, uma garrafa de vodca vagabunda e uma latinha de óleo de oliva.

Engoliu todas as vinte cápsulas de alho da embalagem.

Depois, misturou bem os temperos e dividiu a mistura em duas partes iguais. Misturou metade do tempero com vodca e a outra metade com azeite, para capturar tanto os componentes ativos hidrossolúveis quanto os lipossolúveis. Chacoalhou ambas as misturas separadamente, usando um terceiro copo, como quem prepara um cocktail e esperou três minutos. Separou a parte que decantou no fundo do copo de azeite, e engoliu todo o resto. Filtrou a vodca com um guardanapo de papel e bebeu o filtrado em dois goles.

Aquilo caiu péssimo no estômago. Era bom que funcionasse. Odiaria lembrar que se obrigara a essa sensação horrível na garganta e no estômago para nada. E ainda teria que parecer natural ao sorrir para a bruxa. Por natural, entenda-se: sexy.

AGORA

Nada daquilo parecia estar fazendo efeito. Apesar do estômago revirado, Adam podia sentir sua mente esvaziar. Tentava se concentrar em Sam, e no risco que pressentia que ele estava correndo, mas nem isso estava funcionando. O sorriso de Nathalie era a única coisa que parecia fazer sentido.

Seu último pensamento racional foi a constatação de que estava PERDIDO.


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Notas finais do capítulo

As supostas propriedades destas e de outras ervas podem ser pesquisadas em http://www.circulosagrado.com/cs/magia/ervasmagicas.php.
Mas essa mistureba específica SAIU DA MINHA IMAGINAÇÃO. PORTANTO, NÃO TENTEM USAR A MINHA FÓRMULA DE FILTRO DE AMOR EM CASA.