Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 68
vida 5 capítulo 17




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HOSPITAL DISTRITAL DE LA GRANDE

O acesso rotineiro ao terceiro piso acontecia por apenas uma escada, a meia distância das escadas de acesso do primeiro para o segundo andar. Havia dois outros acessos do segundo para o terceiro andar, mas eram acessos de serviço e ficavam normalmente trancados. A escada cuja posse significava vida ou morte para quase uma centena de inocentes estava protegida por Sam, Robinson e Owen. Juntos, tinham um rifle com três balas e dois extintores de incêndio.

Os ghouls eram onze. E não eram mais simples animais enlouquecidos pela fome. Agora todos exibiam a aparência de algum dos seguranças mortos. Agora todos conheciam o hospital em detalhes. Sabiam onde ficava cada ala. O que existia atrás de cada porta. Conheciam médicos e funcionários pelo nome. Conheciam, se não todos, pelo menos alguns dos pacientes e seus familiares. E estavam de posse das armas dos seguranças. Eram três revólveres e quinze balas. Estavam em vantagem também no quesito poder de fogo.

A evacuação do primeiro andar contara com a atuação dos seguranças e dos funcionários e fora feita de forma eficiente. Ninguém fora deixado para trás. Já a evacuação do segundo andar fora feita de forma improvisada. O segundo andar concentrava os quartos dos pacientes internados, muitos deles sedados ou com dificuldade de locomoção. Alguns deles, por decisão própria ou de seus acompanhantes, preferiram se trancar nos quartos e confiar que a situação se resolveria ou que passariam desapercebidos. Essa decisão agora se mostraria fatal.

Os sentidos dos ghouls podiam facilmente identificar quais quartos estavam ocupados. E eles não precisavam nem mesmo arrombar a porta. Estavam de posse das chaves mestras dos seguranças. Os ghouls agora agiam de forma organizada. O objetivo não era mais aplacar a fome. Era espalhar o terror e ganhar novas identidades. Apenas três entravam em um quarto, os demais seguiam em frente, para o quarto seguinte. Dos quartos invadidos, saiam gritos de terror que ecoavam pelos corredores. O pânico, que havia sido controlado, voltava a dominar o terceiro piso.

O investigador Robinson e Owen, seguram Sam, que, num impulso, queria partir para o resgate suicida dos pacientes atacados nos quartos. Mas não havia esperança para quem permanecera nos quartos próximos à escada dos fundos. Restava tentar salvar as pessoas dos quartos próximos da escada que dava para o terceiro piso.

O investigador Robinson e Sam dão cobertura para que Owen bata nas portas dos quartos e tente convencer as pessoas apavoradas a deixarem os quartos e subirem para o terceiro piso. Nove pessoas são resgatadas, sendo que dois pacientes impossibilitados de andar precisaram ser carregados por Owen. Sam precisava poupar as poucas balas e foi preciso que o investigador Robinson usasse o extintor para manter os ghouls afastados. Mas logo precisaram abandonar o resgate e recuar de volta para a escada.

A batalha pelo terceiro andar estava prestes a começar. 

Desesperado, o investigador Robinson liga novamente para o policial Pawloski que lhe garante que estariam no hospital em poucos minutos. Mas isso não ia acontecer. Pawloski acabara de matar mais dois companheiros de farda e seguia em direção de Smith para terminar o serviço.

HOT MACHINE BAR

Nathalie Helms entra no Hot Machine Bar e pára por alguns segundos para observar o efeito que sua chegada sempre causava nos freqüentadores. Gostava de ver que todas as conversas eram interrompidas, que o bar ia silenciando à medida que se davam conta da presença dela. Gostava de ver como a seguiam com os olhos e, quando ela olhava numa direção, todos desviavam o olhar, evitando encará-la. Gostava de ver o MEDO nos olhos de todos eles. Eles pura e simplesmente tinham MEDO dela. VERMES, todos eles.

O barman, como sempre, deixou seu posto para acomodá-la na sua mesa habitual. Dificilmente alguém ocupava aquela mesa. Todos sabiam de sua preferência e ninguém queria correr o risco de desagradá-la. Em menos de minuto ela receberia sua dose de scotch single malt.

Neste momento, Adam Winchester entra no bar e, também ele, dá uma olhada de reconhecimento do ambiente antes de fechar a porta atrás de si. Seus olhos se detêm na mulher de cabelos negros. Mesmo sabendo agora o quão perigosa é a mulher, Adam não consegue evitar de encarar sua missão como um desafio que ele teria prazer em enfrentar.

Jake e Peter, os universitários da EOU que ajudaram Owen na farsa para salvar Adam na véspera, trocam olhares entre si ao verem Adam caminhar na direção da mesa de Nathalie. Jake discretamente manda um torpedo para o celular de Owen.

Adam se posiciona em frente de Nathalie e aguarda o convite para que se sente na mesa. Nathalie o olha como quem está decidindo se ele merece uma segunda chance depois de deixá-la plantada sozinha na mesa por causa do IRMÃO. Estende o suspense por quase um minuto e, finalmente, o convida a sentar-se.

- Como vai seu ... IRMÃO?

- Desculpe, aquilo não devia ter acontecido. E, para garantir que não volte a acontecer, desta vez eu vim sozinho.

- Uma sábia decisão. Brindemos a ela.

Nathalie olha para o barman e logo um copo de scotch é posto na frente de Adam. Adam toma um pequeno gole e sorri, sedutor. Nathalie estende o braço e pousa a mão sobre a mão que segura o copo. Ao se olharem nos olhos, Adam mais uma vez se sente afogar naquele olhar. A bruxa tinha um olhar hipnotizante. Um olhar repleto de promessas e de surpresas. Ela sorri e ele se perde naquele sorriso. Um sorriso onde se vislumbra tanto o céu quanto o inferno.

Adam nem sente o pequeno arranhão que a longa unha do dedo indicador da bruxa faz na sua pele. O arranhão leva rapidamente até a corrente sanguínea um poderoso veneno capaz de tornar uma pessoa sugestionável a ordens. Nathalie aproxima os lábios dos lábios de Adam e, enquanto se beijam, um novo arranhão na nuca injeta um pouco mais de veneno.

Uma hora depois, quando Nathalie Helms levanta e puxa Adam pela mão para seguir com ela, ele não tem mais nenhum pensamento coerente. Mas não há o que pensar. Tudo que importa é que ele está APAIXONADO. Perdidamente apaixonado. Finalmente encontrou o amor que buscara sua vida inteira. E ele nunca mais vai deixá-la. 

Adam não consegue lembrar de nenhum momento em que tenha se sentido mais feliz do que aquele.


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