Guilty Love escrita por nicky_swan


Capítulo 17
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Hallo Leitores! o/

Bom, hoje estou postando um pouco mais cedo. Meu tempo está apertando, mas farei o possível para aumentar ou manter essa frequencia de posts! *-*

Espero que gostem desse capítulo, e..me digam o que acharam dele lá embaixo♥

Boa leitura!



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» ARIMA POV.¤ «

- O amor é perigoso, Arima! – cochichou Madihah pelo celular – Ele pode arruinar sua reputação.

E por mais que eu já soubesse de cor e salteado essas palavras, que desde cedo aprendemos a ouvir, Madihah insistia em me lembrar delas.

- Eu sei Madihah, eu sei. – explicava, tentando falar tão baixo quanto ela estava falando.

- Não, você não sabe! Você violou as regras! – me condenou, referindo-se ao ocorrido com o café.

- Me pergunto por que fui te contar sobre isso – desabafei, sentindo-me agora mais triste do que eu já estava.

Madihah é minha prima, mas prefiro dizer que ela é como uma irmã para mim... minha confidente. 

Já tive muitas amigas: colegas na dança, na escola; mas nenhuma delas se comparava a Madihah. Acho que é natural eu me sentir assim, já que as famílias na Arábia Saudita normalmente são enormes e super fechadas. Então, por muito tempo, só tivemos uma a outra e é realmente incrível como ela me entende. Quando entende.

- Porque somos primas, huh? – afirmou subitamente animada. – Arima... não estou lhe dizendo isso pra lhe deixar mal – ouvi sua voz, agora séria, misturar-se com o barulho de uma porta sendo fechada – É apenas pelo seu bem. Imagine! Se com um saudita já é difícil e complicado, imagine com um estrangeiro! – afirmou, tendo cuidado para não aumentar o tom de voz.

E era verdade. Nossos casamentos são arranjados e é praticamente impossível termos contato com homens que não sejam de nossa família. Mas, por mais que eu tentasse enfiar isso novamente em minha cabeça, meu coração insistia em relutar, fazendo eu me sentir mal por isso. Logo meu rosto estava manchado por lágrimas que escorriam sem autorização de meus olhos.

- Madihah, eu não sei o que fazer com esse sentimento em meu coração! – desabafei, tentando me controlar. Não seria legal se me vissem assim.

- Arima, calma! – ela parecia tão perdida quanto eu – Escute, logo vocês estarão voltando a Riad e tudo voltará ao normal. Você só está encantada... deslumbrada com esse novo mundo – dizia Madihah, tentando encontrar uma explicação lógica ao meu problema.

- Mas e se isso não passar? E se... e se... – eu mesma sentia medo das minhas palavras, mas não era algo que eu podia ignorar. Alguma coisa me dizia que isso não era algo passageiro.

- E se o que, Arima? – perguntou temerosa.

- ARIMA! – gritou minha mãe, com voz de quem estava me procurando.

- Madihah, preciso desligar. Mamãe vem vindo.  Perdão. – disse, movendo meu dedo até o botão vermelho. Pude ainda ouvir sua voz ecoar nas paredes do banheiro, batendo e voltando, penetrando lentamente em meus ouvidos. 

“Juízo” foi o que ela me dissera.

- Já está pronta? – perguntou minha mãe, percebendo que eu estava no banheiro. 

- Sim, sim, estou só checando. – afirmei, fitando meu reflexo, parcialmente satisfeita. Espero que assim esteja bom.

» TOM POV.¤ «

Andava arrastando meus pés para dentro daquele hotel enorme. Ao pisar no saguão, senti o ambiente climatizado, fazendo-me arrepiar por baixo de minha roupa molhada, colada em meu corpo. Não sei quanto tempo se passou, nem tenho certeza do que aconteceu com meu celular. A única coisa que sei é que minha cabeça parece estar se comprimindo, me causado uma intensa dor. Preciso muito me deitar.

- Senhor... - chamou o balconista, inseguro – está tudo b... - não terminou, ao ver-me fazer um sinal para que ele me deixasse.

Meu tênis ensopado fazia um barulho irritante, enquanto minhas roupas largas pareciam pesar toneladas. Eu pingava água, deixando um rastro enorme por onde passava. Sabia que estava fazendo todos me olharem com desprezo, mas dane-se! Desde quando eu me importo com o que os outros pensam?

Ainda bem que meu quarto não era em um andar muito alto, já que optei em utilizar a escada para me dirigir até lá. A cada degrau deixado pra trás, sentia mais dificuldade para me locomover. A gravidade nunca me fora tão desnecessária. Tudo que eu mais almejava agora era tirar os pés do chão, me livrar disso e flutuar no vazio do espaço, que combina perfeitamente com o que eu sentia dentro do meu peito.

Já em frente meu tão desejado quarto, fiquei encarando a porta por um momento, tentando me lembrar de qual seria a próxima coisa que eu teria que fazer.

“A chave, seu idiota” – disse pra mim mesmo, percebendo que não poderia simplesmente atravessar a porta. 

Enfiei minhas mãos gélidas no bolso de minha jaqueta, procurando impacientemente pela tal chave. E como sempre acontece quando você não está com nem um pouco de paciência, eu tinha de tudo lá dentro, menos o que queria. Incrível como a vida é essa busca incessante por algo até então invisível. 

Pois bem, finalmente o encontrei em meu bolso traseiro. Não me lembro de tê-lo colocado lá, mas o que importa é que a encontrei, não? Com as mãos levemente trêmulas, encaixei a chave e a girei com velocidade na fechadura. Com minha cabeça abaixada, já derrotada pela gravidade, usei minhas últimas forças para me 'jogar' para dentro do quarto, empurrando a porta do quarto violentamente. Encostei-me atrás dela e fechei os olhos, respirando fundo. Senti meu corpo dolorido pela chuva que o machucara sem piedade, e minha cabeça pesada, se abaixando lentamente, cada vez mais. Ordenei que meus pés começassem a se mover, quando ouvi uma voz que me fez não sair do lugar.

- Por que não atendeu minhas ligações? - disse, rompendo o silêncio. Ao abrir os olhos, surpreso, e erguer a cabeça com certa dificuldade, meus olhos custavam a acreditar no que eu estava vendo: Brenda Lorena estava ali, parada a alguns passos à minha frente, impecável com seu vestido preto, agora todo reconstituído. Sua maquiagem me lembrava o Bill, pois realçava seus olhos de uma forma desafiadora. Sua expressão era de raiva. 

Desviei o olhar.

- Quando fui atender, a bateria acabou. - menti de forma descarada, cuspindo literalmente a resposta em sua direção, atirando as chaves do quarto na mesa, que só pararam quando encontraram a parede. Meus pés começaram a se mover quase que automaticamente, enquanto eu atravessava o quarto, na esperança de alcançar o banheiro. É, novamente, eu não consegui.

- Você tem ideia de quantas vezes eu te liguei? - continuou, pegando minha mão machucada com firmeza, me fazendo parar. Senti-a pulsar dolorosamente uma única vez. - Por Deus, Tom, o que aconteceu com você? - disse, analisando meu figurino. - Por que sua mão está avermelhada assim? O que você fez? Por que está todo molhado? Sabe que horas são? Não... – bradou, batendo uma mão na cintura. - Você tem noção de que horas são? - seu tom de voz ia aumentando a cada pergunta.

E ela não me dava tempo nem de processar as respostas! E tem mais: eu nem sabia a resposta exata de algumas delas! Brenda atirava as frases como balas, feito uma atiradora profissional que mata a sangue frio, sem dó e sem piedade. Estava exalando raiva, me olhando de uma forma da qual eu nunca havia visto antes. Comecei a tirar a camisa. Ficar úmido assim não vai me fazer bem.

- Eu imaginei que chegaria aqui e te encontraria pronto, vestido! - continuou – Mas não! Quando entrei pela recepção e fui informada que você não havia chegado, eu simplesmente não acreditei. Tive que subir e checar com meus próprios olhos. – jogou na minha cara, impaciente.

E agora, eu já devo estar à beira da loucura! Seu vestido já não era mais um vestido e sim uma enorme toga vermelha, como as que os juízes usavam na antiguidade. Pude ver chifres levemente borrados em sua cabeça e um malhete da justiça em sua mão esquerda. Eu estou sendo sentenciado por tudo que fiz, faço e pelo que deixo de fazer.

Virei o rosto, piscando várias vezes com força, tentando me livrar da visão tão perturbadora.

- Olhe pra mim, Tom, ainda não terminei! - quase gritava, o que me forçou a olhá-la novamente. Pois é, nada está tão ruim que não possa piorar! Neste instante, além do figurino nada convencional, a juíza demoníaca tinha o rosto da primeira mulher que vi na minha vida. Ela tinha... O rosto de minha mãe. 

Eu estava sob uma poça de água gigante que havia se formando no carpete resinado. Trovões vindos de fora ainda eram audíveis e as luzes dos relâmpagos atravessavam as finas cortinas de seda natural que decoravam o quarto. Eu estava protagonizando uma cena de terror, das mais medonhas. - Você tem que ir a festa comigo... - disse, mais calmamente, inclinando de leve a cabeça para a esquerda, tomando a fisionomia de uma das minhas peguetes. - Você esqueceu? – num piscar de olhos, sua face mudou para o de uma total desconhecida - Por que você sempre faz isso? 

Ok. Confesso que de todas as perguntas que ela fez, essa foi a que mais me causou espanto. Talvez não seja culpa da pergunta em si, mas sim do rosto que agora me encarava sem um pingo de paciência. Era nada mais, nada menos do que o de Chantelle Paige.

Estalei os olhos, não acreditando no que estava vendo. Como se um susto já não tivesse sido o bastante, do nada a mulher que estava a minha frente escureceu e apenas seus olhos estavam à vista. 

Não é possível, não pode ser...”

Era ela e estava chorando.

- Por que você fez isso comigo? – ela tentava controlar as lágrimas que não davam trégua – Eu realmente te amo, não entende? - dizia, sendo quase impossível acreditar que uma mulçumana estava fazendo isso. - Tudo que eu queria era que desse certo, que pudéssemos ficar juntos – afirmava, com tristeza em sua voz – Mas isso não é possível, olhe para nós! Olhe como somos diferentes! – se lamentava, abrindo os braços.

Por que aquela garota mulçumana estava fazendo isso? Não era lógico o suficiente. Minha visão duplicava, entre uma outra mulher e essa menina.

- Quer saber, você conseguiu. Eu cansei de tudo isso, Tom – encheu a boca, limpando as lágrimas com as costas das mãos – Eu vou embora.

Embora?!”

Eu estava assistindo a garota muçulmana, com as mãos na boca, andando até a saída do quarto. E, então, sem entender ao certo porque, meus pés correram até ela e meus braços tiveram o impulso de envolvê-la. Ela parou, soluçando alto. 

- Por favor, não vá! - disse, sem saber o motivo de estar fazendo isso. Minha visão ainda estava confusa e as palavras estavam simplesmente saindo. A garota árabe se virou para mim - Eu prefiro ficar preso num mundo igual ao seu, cheio de punições, do que viver nesse meu, totalmente vazio e fora de controle! – gritei.

- Tom? – disse a mulher. Pisquei várias vezes, confuso, tentando focar minha visão. As imagens se embaraçavam, porém seu rosto foi clareando. Brenda? - O que...? Punições? O que você... Está dizendo?

Aos poucos minha mente voltava parcialmente pro lugar e eu compreendia que tudo não passara de mais uma confusão da minha cabeça. Brenda estava ali, toda arrumada, me esperando para ir a uma festa. Por mais que tudo tivesse errado e que nada justificasse meu surto, eu tinha prometido que iria e sabia que não podia simplesmente deixá-la sozinha horas antes.

- E-eu... eu vou me arrumar, Brenda – esforcei-me o máximo para ignorar o meu mal estar e segui para o banheiro. Talvez um banho quente levasse todas essas ideias malucas embora da minha cabeça.

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Notas finais do capítulo

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