Sem escolhas, Magali acaba contando a verdade para a sua amiga, já que teria que contar uma hora ou outra, decidiu falar tudo de uma vez sobre o plano e outras coisas a mais. Mônica já tinha uma leve desconfiança, mas não pensou que fosse tudo aquilo.

– E por que você não me disse antes? – pergunta ela – Fiquei chateada agora...

– Me desculpa, Mô – diz Magali – Eu tive medo da sua reação, se acharia certo ou não essa doideira!

–Ora essa, Magá – diz Mônica com um sorriso – Quem tem que achar certo é você, mas saiba que eu vou sempre te apoiar...

No mesmo momento, Magali abraça sua amiga e a agradece.

– A propósito... – diz Mônica – Vocês já tiveram que se beijar?

– O-O que?! – diz Magali avermelhada – N-Não vamos fazer isso!

– Ora, como todo bom casal... – diz Mônica com um sorriso malicioso – Vocês vão ter que se beijar em algum momento, se não, ninguém vai acreditar!

Seria mesmo possível fingir namoro sem ter que dar beijo? Magali estava pensando naquilo constantemente desde cedo quando saiu da casa de seu amigo sujinho. Se isso tivesse que acontecer, seria muito estranho. Afinal, eles nunca passaram de bons e velhos amigos. Ela tinha medo de que aquele plano maluco afetasse sua amizade com ele.

– E-Eu não vou trair o Quim! – diz Magali nervosa

– Se liga, Quim está com Cascuda – diz Mônica – Você nem sabe o que aconteceu entre os dois!

– Espero que nada... – murmura Magali

– O mais engraçado disso, é que até vocês dois estão namorando – diz Mônica – Menos... Eu e o Cebola...

– Ah, é diferente! – diz Magali com um sorriso – Você e o Cebola se amam de verdade!

Mônica fica cabisbaixa. Toda vez que o assunto era sua paixonite pelo seu amigo de infância, a garota ficava nervosa, preocupada e até com raiva por ele não tê-la pedido em namoro ainda. Quanto mais tempo ela iria ter que esperar? Mônica não era mulher de ficar esperando. Ao ver que tinha deixado a amiga triste, Magali tenta melhorar as coisas.

– Ah, não fique assim! – diz Magali – Eu sei que o Cebola está esperando a hora certa pra te pedir em namoro!

– Hum, pode ser, mas... Mudando de assunto – diz Mônica – Você acha mesmo que a Denise vai conseguir ficar de boca fechada?

– Se conheço bem ela, tenho certeza de que nunca vai perder aquele ingresso – diz Magali

– É verdade, quem sabe eu poderia ajudar vocês também? – diz Mônica

– Ajuda? – pergunta Magali com um sorriso

– Claro, veja... – diz Mônica – Hoje eu conversei com a Cascuda, e parece que o Quim e ela vão ver um filme de terror e...

– Sério?! – pergunta ela animada – Puxa, valeu Mô!

– Há! – diz Mônica com um sorriso – Parece que é um a zero pra mim!

Naquele instante, Dona Lili volta do mercado e entra no quarto da filha anunciando sua chegada. Assim, Mônica vai para casa e Magali vai jantar com sua mãe. Depois disso, ela resolve dar uma volta no parquinho.

– Só não volte tarde... – diz Dona Lili – Se não, eu fico preocupada com você!

– Pode deixar, mãe! – diz Magali

Então, a garota sai de casa e vai até o parquinho. Ela senta em um de seus bancos e se lembra de hoje mais cedo, quando esteve na casa de Cascão. Por que isso agora? Se perguntava Magali, enquanto lhe vinha a vaga lembrança de eles terem quase se beijado. A garota tinha ficado confusa, ela nunca havia sentido aquilo antes por ele. Uma... Atração repentina, o que poderia ser aquilo?

– Magali?

Ao ver quem era, quase perdeu o ar.

– C-Cascão? – diz Magali avermelhada – O que está fazendo aqui?

– Ahm... Decidi sair um pouco – diz Cascão – Às vezes gosto de vir aqui, pensar...

– Ah, entendo... – diz Magali olhando para o lado.

Enquanto ambos tentavam não trocar olhares, Cascão se lembra de algo importante para falar para ela, no mesmo momento em que Magali havia se lembrado. E por pura coincidência, os dois acabam falando juntos:

– Eu preciso falar com você!

Eles se olham avermelhados, e Magali continua:

– Ahm... Você primeiro!

– Bem... – diz ele um pouco nervoso – A Denise me disse que a Cascuda vai no cinema com o Quim ver um filme de...

Naquele instante, Magali não aguenta e começa a rir. Cascão fica sem entender o motivo de tanta risada.

– O-O que? – pergunta ele

– Eu ia te dizer a mesma coisa! – diz Magali com um sorriso – A Mônica me contou hoje cedo, ela também está ajudando a gente!

– Sério? – pergunta Cascão surpreso – Nossa, mais uma!

Os dois riem e o garoto logo muda de assunto.

– Então, você vai? – pergunta ele

– Claro! – diz ela com um sorriso

– Então, vou te buscar ás oito horas! – diz Cascão

Naquele momento, um carrinho vendendo sorvete passa pelos dois. Os olhos de Magali brilhavam ao ver que era sorvete, e notando a face da sua amiga, Cascão decidiu comprar para os dois.

– Quer um?

– Ah! Eu... N-Não trouxe di...

– Não tem problema! – interrompe o garoto – Eu tenho no bolso!

– Ahm... O-Obrigada – diz Magali

Assim, Cascão compra os dois sorvetes. Magali fica bem feliz com o seu de morango, já fazia um tempo que ela não tomava sorvete no parque. A última vez teria sido com seu namorado há alguns anos atrás, quando ele não tinha tanto trabalho a fazer.

Enquanto ela tomava seu sorvete, percebeu que Cascão estava rindo da cara dela. Só depois que ela percebeu o porquê, a garota estava toda suja de sorvete pela cara.

– Tem certeza de que sabe como se toma sorvete? – pergunta Cascão

– Hunf! – diz Magali de cara feia – Até parece que nunca se sujou com sorvete!

– Nunca mesmo! – diz Cascão – Sempre tive muito cuidado, por que provavelmente eu teria que me molhar!

– Ah é? – diz Magali com um sorriso – Então nesse caso, você precisa ser batizado!

A garota sujou Cascão de sorvete, e como vingança, o garoto fez o mesmo com ela. Essa briga rendeu até o sorvete de ambos acabar. E no final disso, eles ficaram rindo da cara um do outro, de como tinha ficado engraçado. As pessoas que passavam por eles não entendiam e além disso, pensavam que eram dois malucos.

– Ai, ai... – diz Magali – É melhor eu ir pra casa, está ficando tarde e preciso de um banho pra tirar tudo isso!

– Tudo bem, eu te acompanho! – diz Cascão

Ao chegarem na casa de Magali, os dois se despedem.

– Te vejo amanhã, Cas... – diz Magali indo até a porta

– Espera! – interrompe o garoto

– O que? – pergunta Magali

Cascão fica encarando a garota por alguns segundos, mas antes que ela pudesse dizer alguma coisa. Ele toma a iniciativa e a beija pela primeira vez, seus lábios tinham gosto de morango, e os dele de manga. Aquele não tinha sido um beijo estranho como Magali havia imaginado, mas foi apenas... Inesperado. Cascão se separa nervoso e nem olha direito para ela.

– E-Eu tenho que ir...

O garoto sai correndo, enquanto Magali continua imóvel em frente a sua porta. Ele ficou maluco? Se perguntava Magali, por que Cascão iria beija-la num momento como aquele? Por livre vontade, a verdade teria sido essa?

No mesmo instante, Magali percebe que é observada do outro lado da rua por Cascuda. Agora sim ela compreendeu, a garota com certeza tinha visto aquela cena toda. Mas mesmo assim, Magali não se convenceu de que aquele teria sido um beijo á toa. No momento, ela precisava descobrir, o que realmente se passava pela mente de Cascão e... Em sua própria mente.

Continua...