Who is the New Talent? escrita por Blight Mansion


Capítulo 2
Notas ao Vento




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A agitação da tão aclamada Los Angeles, aquela conhecida pelo literal nome "cidade dos Anjos"  mas também um excelente lugar para negócios contando com diversos arranha céus ocupados pelas mais famosas empresas e corporações de seu país, mas também era uma Cidade rica em cultura e principalmente presava por outros aspectos como o entretenimento e as artes.

A cidade era um lugar de contrastes, onde o moderno e o antigo se misturavam, e onde as pessoas de todas as classes sociais conviviam lado a lado.

Era uma cidade onde tudo era possível, e onde os sonhos podiam se tornar realidade.

Enquanto uns já possuem metas e um caminho para percorrer para atingirem seus objetivos. outros apenas vivem suas vidas sem ideia do que poderia acontecer no dia de amanhã, mas uma coisa era certa: era uma cidade única, e que nunca deixava ninguém indiferente.

Uma cidade onde negócios e artes coexistem, é um lugar onde tudo é possível. A cidade é conhecida por sua agitação e seu ritmo frenético, mas também é um centro de cultura e entretenimento e berço para talentos promissores.

Era uma cidade de sonhos. Era um lugar onde tudo era possível, e onde qualquer um podia se tornar alguém. Era uma cidade de oportunidades, e de pessoas que estavam dispostas a trabalhar duro para alcançar seus objetivos e outras até mesmo buscando por algum...

[...]

Em todo canto facilmente era fácil encontrar um jovem sonhador em relação ao seu futuro, uma Cidade notável.

Durante a tarde em uma praça pacata, as pessoas transitavam por lá tranquilamente, por conta da agitação seu movimento era baixo comparado aos fins de semana, ainda assim era o lugar perfeito para passar algum tempo ou simplesmente esquecer seus pensamentos e descansar um pouco.

Apesar da bela vista, pouco podia se apreciar naquele lugar, a natureza local perdia certo destaque por conta dos arranha-céus, mesmo assim não era um ambiente de se desprezar. O ar estava frio e úmido, e o cheiro de flores silvestres estava no ar, o clima perfeito para uma tarde como aquela.

Alguns jovens veriam aquela oportunidade para fugir de suas obrigações afinal aquele local era perfeito para  um tempo longe da agitação, outros apenas queriam ficar em paz.

Uma jovem acabou se aproveitando, mesmo com o clima frio de final de tarde ela ainda optou por aparecer naquela praça com roupas fechadas, até mesmo utilizava uma máscara preta em seu rosto, mesmo em um ambiente público ela não queria ser reconhecida por alguma razão.

Junto dela em suas costas sendo carregado por duas alças estava um instrumento de certo tamanho, pelo formato daquela bolsa só podia ser um violão.

Mesmo querendo esconder a sua identidade optou por permanecer em um dos locais de movimento constante naquela praça.

Alguns passavam olhando para ela enquanto estava em meio aos seus preparativos, ela retirou seu violão de sua capa a deixando no chão bem próxima de seus pés, ao posicioná-lo corretamente com a faixa em seu ombro ela se senta em um banco perto de uma bela fonte de água.

Do bolso de sua jaqueta ela retira uma palheta preta com a ponta vermelha, ela dedilhou algumas notas e continuava afinando as cordas em um tom mais agudo, depois de feito ela suspirou.

Um pouco insegura ela começou á tocar algumas notas soltas, no começo elas não pareciam se conectar o que era estranho já que a intenção era fazer um melodia.

Depois de mais uma pausa ela mais uma vez suspirava e seguiu adiante, dessa vez com notas mais harmônicas.

Algumas pessoas apenas a escutavam á uma certa distância outros á observavam um pouco mais de perto mas apenas por poucos segundos, a música continuava constante e agradável para quem estava escutando.

Ela continuava tocando por mais alguns minutos, no geral se tratavam de músicas populares das quais uma boa parte das pessoas reconheceram logo de cara , para eles um cover artístico naquela cidade era algo bastante comum então ela conseguiria passar despercebida.

Tinn~~

Após chegar no último acorde da música que estava tocando ela escuta o som de uma moeda caindo bem na capa de seu violão.

Em sua frente um homem de certa idade se aproximava lentamente ele aplaudia a garota, aquilo de certa forma chamou a atenção dela.

Ela estranhava o motivo daquele gesto, afinal ela estava tocando sem a pretensão de obter algum lucro, mas era um hábito comum dar uma moeda para pessoas demonstrando seus talentos de maneira alheia nas ruas, ainda mais em uma cidade como Los Angeles.

No instante em que terminou de tocar a última nota ela recebe alguns aplausos lentos daquele homem.

— Impressionante.

Ele elogiava de maneira vazia, afim de aliviar a tensão entre eles e gerar uma eventual proximidade.

— Notas suaves com um leve improviso no final,  acabou se adequando muito bem á esse ritmo

— Obrigada...

Aproveitando ela pega a moeda caída na capa e vai entregar ao homem que prontamente ergue sua mão se negando á recebê-la de volta.

— Fique, apenas um apoio para os jovens talentos de Los Angeles. 

— Certo...

Sendo forçada á aceitar a moeda ela a pega e guarda em seu bolso.

— Sabe, quem sabe posso fazer bem mais do que isso. 

Ele aproveita e retira de seu bolso um cartão e entrega para a garota.

— Desenvolvedor de talentos?

— Vou fazer cartões novos...mas é apenas para formalidades, você tem talento garota, deveria pensar em seu futuro enquanto ainda é jovem.

Logo ela percebeu que se tratava de um caçador de talentos.

Era comum a abordagem de pessoas com intenções em jovens promissores em uma cidade como aquela.

De imediato ela já havia guardado seu violão em sua capa, pegando a alça ela o coloca em sua costas e toma seu caminho.

— Eu já sei onde isso vai chegar mas...não estou interessada.

Ela falava enquanto entregava o cartão para o homem cortando a conversa ali mesmo.

Prontamente ele dá um sorriso já esperando uma negação.

— Certo...eu sabia que não seria fácil, mas se tiver algum tempo, gostaria de conversar com você... "Pequena Lena"

Ao escutar o que parecia ser um apelido inocente ela parou no mesmo instante.

— O que disse? - falou a jovem se virando -

— Oh? Então você se lembra do apelido carinhoso que te dei naquele dia? Ou levou isso para o lado provocativo? Caramba, ela me disse que você reagiria dessa forma.

O homem falava de maneira indireta porém ela já sabia quem era a pessoa da qual ele estava se referindo.

— Não fique surpresa, eu conheço você e ela também, talvez não esteja me reconhecendo pela aparência mas eu já a vi há muito tempo atrás, quando você era desse tamanho...embora você não tenha crescido tanto desde aquela época. 

— ... 

— Olha, você parece não querer conversar comigo, e está certíssima, um homem bonito e maravilhoso como eu falando com uma jovem, com certeza teria segundas intenções, mas se serve de algo estou apenas cumprindo uma promessa, está mais para um acordo ou cobrança de dívida, mas você á conhece melhor do que eu, sabe que é difícil negar um favor à ela, então, porque não acabamos logo com isso? 

Sem muita escolha ela acaba acompanhando o homem, ela sabia que se não o fizesse poderia ser uma dor de cabeça á longo prazo, claro ela desconfiava dele á todo momento principalmente por conta da sua abordagem.

— Ótimo, te pago uma bebida, afinal um cantor precisa refrescar á garganta após uma bela performance.

[...]

Que saco...

Mais uma vez você deu um jeito de ferrar a minha vida! Achei que tínhamos feito um acordo mas parece que não adiantou nada!

Já vivenciei muitas das suas loucuras então já deveria estar acostumada com isso.

Acabei acompanhando esse esquisitão até uma lanchonete aqui perto.

Ele não aparenta ser um tipo de molestador, aliás é ainda pior é um caçador de talentos!

Essa Cidade está infestada deles atrás de jovens iludidos para "lhes dar uma oportunidade única" que bobagem...

Como ele á conhece tenho certeza total de suas intenções comigo apenas vim para cá porque seria algo inevitável, te evitar já é difícil agora quando você envolve outras pessoas é ainda pior.

De qualquer jeito eu sei como evitar esse tipo de gente, tocando em pontos cegos em locais públicos seria a melhor maneira, há muitos desses lugares rodeados pela cidade, tive sorte com a praça...pelo menos até então.

Depois de ser arrastada por ele até essa lanchonete nos acomodamos em uma das mesas nos cantos.

A viagem até aqui não poderia ser mais exaustiva, ele continuava contando histórias e inventando falácias ao seu respeito apenas para puxar algum assunto.

Se ele realmente possuí todas essas habilidades para atuação, cantar e outros atributos artísticos porque está perdendo seu tempo aqui comigo? Isso é realmente uma dor de cabeça.

Eu sei aonde ele queria chegar com essa conversa mas temo que não vai funcionar.

No instante em que nos sentamos ele pediu logo uma torta salgada e uma xícara de café, eu não pedi nada para mim já que não planejava ficar por muito tempo, mas ele agiu por conta própria e pediu uma batida de frutas para mim.

Ele quer me atrair de todas ás formas seja com lanches ou uma conversa afiada...

— Se me permite dizer, você não mudou muito, seu rosto, cara emburrada, testa franzida, uma garota de pouca conversa. 

— ... 

— Mas é surpreendente,  não sabia que gostava de tocar em público ela me disse que você era mais do tipo reservada.

— Não é da sua conta, foi apenas uma mudança de ares. 

— Interessante, mas se quer chamar mais atenção tinha muitos outros pontos mais adequados naquela praça.

— Acredite, atenção era o que eu menos queria... mas chega de conversa e me fale logo o que quer.

— Caramba, que mau humor...exatamente como ela me disse que você reagiria.

Ele fala como se realmente a conhecesse, a essa altura eu não deveria estar mais surpresa.

A questão foi o quanto ela falou ao meu respeito para esse homem.

— Olha, porque não cortamos logo a conversa fiada e vamos direto ao ponto, independente do que for me oferecer acho que já sabe á resposta.

— Hmm...claro...Mas se veio até aqui deve ter demonstrado no mínimo algum interesse. 

Interesse, pelo contrário, diria que soa mais como prevenção.

A conhecendo com certeza ela iria insistir para que você viesse atrás de mim mais vezes com uma potencial proposta.

Eu já fiz meu dever de casa para lidar com caça-talentos, qualquer um em meu lugar teria aceitado tal oportunidade mas honestamente no momento eu não tenho interesse em nada disso.

Mesmo deixando explícito a minha negação ele ainda parecia calmo enquanto comia sua torta, olhando para esse cara com mais calma, essa personalidade, esse jeito excêntrico de agir, isso só me faz lembrar dela...

 — Direto ao ponto então...Como pode ter visto em meu cartão, estou em busca de jovens talentos, mas no momento penso em algo um tanto mais educativo mas nem tão particular como os caça-talentos convencionais. Acho que você já está familiarizada com a Great Legacy, quero dizer não há uma jovem promessa que não a conheça afinal.

— Ah sim, o lugar para jovens talentos desabrocharem como flores e aquele lance todo, aquele jingle ficou na minha cabeça infelizmente.

— Hey não fale assim! Fui eu quem compus aquela letra "Se o seu talento quiser despertar, venha para Great Legacy Talents para se aprimorar!"

Ugh...não precisava mesmo falar cantando... 

— Claramente não foi nesse tom, mas acho que entendeu a ideia.

— Então você é um representante daquele colégio? 

— Ora essa, eu não diria um representante não leu o meu cartão? Sou um caçador de sonhos, orientador de jovens promessas!

— Um professor.

— Não fale dessa maneira mantenha a grandeza! *cof* Mas ao menos você entendeu. 

Então você pediu para um Professor daquele "renomado colégio de talentos" falar comigo? Wow...para onde foram ás boas ideias criativas afinal.

Eu já tinha uma certa imagem mental de como seria um professor daquele lugar.

Por ser uma escola excêntrica de certa forma, esperava alguém do mesmo calibre mas esse cara exala até de mais.

Está de roupas sociais porém de uma cor bem chamativa, uma blusa social colorida, uma gravata listrada amarela e verde e calças longas e folgadas e um mocassim.

Eu não sou de militar a moda alheia mas até eu sei que tem algo de errado, ou ao menos peculiar com essa combinação, mas estou apenas desviando o foco pensando nisso...

— Então veio pessoalmente pra me juntar aos "jovens talentos" wow... Acha que vou mudar a minha resposta só por causa disso?

— Com esse tom de voz parece que você está se superestimando, deveria entender o privilégio que possuí, poucos tem uma oportunidade como essa, ainda mais de um cara bonitão como moi.

— ...

— Mas estou aqui por outros motivos, você deve saber que Lena...

— Grr...

— Oh? Então ela é o seu Voldemort?  Tá legal... Sabe aquela "você sabe o nome" é uma mulher insistente, acredito que as histórias por mais interessantes que sejam sobre nós vão apenas te entediar, mas saiba que estou aqui apenas para cumprir uma promessa.

— Promessas são coisas bobas, acha mesmo que vou me submeter á esse tipo de coisa apenas para realizar os desejos dela?

— Não pense nisso como cumprir um desejo para ela, pense mais no seu futuro, ela enxerga potencial em você e quando a vi posso dizer o mesmo porém parece no mínimo desorientada.

Desorientada? Que engraçado...

Eu só não penso muito no que fazer no dia de amanhã e depois.

Não planejei muita coisa para o meu futuro muito menos fiz escolhas boas ou ruins.

Para dizer á verdade nem sequer sei o que eu quero para minha vida, mas com certeza não quero o envolvimento dela.

— Olha, a  GLT pode ter uma burocracia irritante, mas ela é bem mais do que isso, é um lugar para os jovens descobrirem o seu talento, ou pelo menos encontrarem o seu ritmo.

— Ritmo?

— Sinceramente, você tem talento garota, pode ter aprendido tudo com ela, mas jamais será ela.

— Eu não quero ser ela...nunca serei...

— Mesmo assim  você ainda não se encontrou, uma pessoa que apenas toca violão por tocar ou qualquer instrumento que seja jamais poderia ser considerado um músico, assim como um alguém que canta qualquer coisa sem paixão não pode se intitular cantor. 

Estranhamente apesar de não fazer sentido ele está certo...

— Olhe, eu não vou persuadi-la nem nada, minha parte já foi feita, mas sugiro que  pense nisso com  mais calma, por mais que seja de personalidade abrasiva, acredito que vai tomar uma decisão sensata, se mudar de ideia apareça por lá em dois dias, não se preocupe tudo vai estar preparado.

Ele acabou retirando do bolso de sua camisa um dos vouchers da Great Legacy e me entregando o colocando em minha frente sobre a mesa.

— Caso mude de ideia, apareça por lá pela manhã e diga na recepção que o Grande S a convidou.

Ele fala como se eu realmente fosse...

Após essa conversa ele retirou de sua carteira dez dólares e a gorjeta da garçonete a deixando sobre a mesa.

— Bom papo, mande lembranças para Lena quando for falar com ela, adeus pequena promessa.

O quão dramático alguém pode ser...

Acredito que apenas preciso esquecer a conversa de hoje como sempre faço com as coisas irritantes...

Isso foi uma completa perda de tempo da parte dele e acredito que da minha também não sei nem porque vim para cá...

— Que seja...

Ela se levantou da mesa e a encara por alguns segundos, relutante ela pega o voucher e o cartão.

[...]

Bem, até a minha casa é um tanto demorado para se chegar.

Tanto faz utilizar ônibus ou metrô, no mínimo uns dez minutos de diferença entre eles para se chegar até lá, mas optei por ir andando para observar um pouco do lugar.

Apesar de morar em uma área residencial ela é bem diferente das outras, afinal contam com grandes redes de prédios e apartamentos um tanto...luxuosos.

Claro que não me gabo por isso mas há uma razão...ou pelo menos uma pessoa que nos fez morar em um lugar como esse para começo de conversa.

Acabei parando na frente da entrada da escadaria e os elevadores, para entrar precisaria utilizar o interfone para comunicar a minha chegada, mas há um código que posso digitar para que a porta da entrada se abra.

Creck

Feito...

Vou precisar de uma boa noite de descanso para compensar aquela conversa torturante.

Como esperado moramos no último andar, na cobertura, há suas vantagens e desvantagens mas quando o elevador quebra a coisa fica feia.

Depois de alguns minutos aqui dentro cheguei no meu andar.

A vista aqui é um tanto familiar, na sala de estar tudo parecia arrumado, claro a única peculiaridade seria aquela mulher sentada no sofá.

Mas ela não vem ao caso.

Coloquei meu violão de lado por um momento e me joguei no sofá depois de tirar os sapatos, não podia deixar de exibir minha exaustão.

— Como foi o seu dia? - perguntou a mulher -

— Nem te conto, mas saiba que foi entediante. 

— Bem, não era o que eu esperava ouvir, mas deve aproveitar, as férias de inverno só duram até a próxima semana, preparada para voltar aos estudos.

— Não me venha com essa bomba agora...

Ela fala de um jeito tão calmo uma coisa tão trágica como essa, a volta ás aulas era a última coisa que se passava em minha mente agora.

Mas é bem melhor do que os plantões que essa mulher faz durante á semana.

Pode-se dizer que ela é minha...guardiã legal por assim dizer, não se pode deixar enganar por conta da sua aparência jovial ela está na casa dos trinta.

— Certo, deixe as reclamações para depois, tome seu banho pelo menos, quem sabe isso te ajude á relaxar.

— Acho que só uma pizza com bastante muçarela pra me fazer relaxar agora...

— Bela tentativa, mas já comemos pizza no fim de semana, se continuar ingerindo tanto queijo suas veias vão explodir.

— Morrer comendo muito queijo...não me parece tão ruim.

— Não fale uma besteira como essa, há formas melhores de morrer.

— Isso é estranho de se escutar, ainda vindo de uma médica.

— *Sorri* então deixe de besteira, se refresque e troque suas roupas.

— Tá legal~~

Mergulhar a cabeça na banheira talvez me ajude no processo de entrar em uma zona de esquecimento.

Querendo ou não eu tenho uma certa cota social diária, acontece que ela se acabou rapidamente em uma única tarde.

Acho que não tenho mais forças para ter mais uma longa conversa.

— Ah, quase me esqueço, ela quer conversar com você.

— Droga...é hoje...

Isso realmente só pode ser uma infeliz coincidência... 

— Não posso  fazer isso outra hora? Quem sabe no próximo ano?

— Você sabe que não adianta ignorá-la não é? Além do mais fazer isso só daria mais motivos para ela falar contigo.

— ...tem razão...

— Não desanime, afinal nenhuma filha pode escapar da sua própria mãe em situações como essa.

— Por favor evite usar essa palavra, tipo pra sempre...

[...]

Mais tarde...

Agora eu poderia fazer qualquer coisa, tipo qualquer mesmo.

Leitura, música até mesmo ficar olhando para o teto por horas.

Ao invés disso estou me preparando para uma videochamada mas não era uma qualquer...

Estava em meu quarto em frente ao meu computador.

Enquanto ele ligava eu refletia se realmente deveria fazer isso.

Porém tudo levaria para a mesma.

Deixar aquela mulher esperando é uma das piores coisas.

Mesmo que seja tão "ocupada" sempre arranja um tempo para ficar me importunando com mensagens e ligações no meio do dia nas piores horas.

Sou do tipo de pessoa que se querem fazer algo comigo, ou planejar alguma coisa devo ser avisada com antecedência, qualquer coisa em cima da hora ou feita de imediato acabam me dando uma grande dor de cabeça.

E lidar com essa mulher...O ápice da aleatoriedade...

20h... O quão pontual ela pode ser...Consigo vê-la online...

Ela está esperando que eu ligue...

Que seja...vamos acabar logo com isso...

Zoom...Zoom...Zoom...Beep!

— ... 

— ...

— *Sorri* Olha a minha pequena garotinha, já achei que você iria me dispensar 

— Bem que eu queria... 

Como sempre fazendo uma saudação provocativa...

Sabe, muitos me invejariam ou gostariam de estar em meu lugar nesse momento, afinal não é qualquer um que tem o "privilégio" de ter uma conversa direta com a grande cantora "Starlight" Lena...ou simplesmente...

— Helena...desembucha logo...

— Ah, qual é, pra que tanta frieza! Não é assim que os jovens deveriam tratar os mais velhos, ainda mais aquela quem você pode chamar de mãe!

— E o que vai fazer? Me punir? Ah espere, você está á quilômetros de distância.

—  Eu vou me lembrar disso quando chegar tá legal? Se a Becca continuar passando a mão na sua cabeça eu mesma vou te ensinar uma lição.

— Com certeza vai... 

— Pfft, haha, isso é ridículo, mas faz parte do seu charme.

Charme...talvez seja porque você não entende o sentido literal das coisas...

Está bem relaxada, quero dizer até de mais.

Esperava uma roupa chamativa como sempre usa mas ao invés disso está  com suas roupas casuais, está em um quarto de hotel suponho.

— Que seja...  Me parece que está atoa, aliás quanto tempo de paz eu ainda tenho?

— Dois meses, provavelmente, talvez três dependendo da nossa agenda.

— Não quer prolongar por mais um ano?

— Pfft, sei que fala isso de brincadeira.

— É...brincadeira. Mas acho que se você parasse todos ainda continuariam á falar de seus maiores sucessos pedindo por novos, por alguma razão. Seu nome não vai sair da boca do povo facilmente.

 — Devia ver o pessoal aqui, não tenho um segundo de paz, ainda mais na sessão de fotos de hoje, eu te mandei o álbum você não deu uma olhada?

— Pra quê vou querer ver fotos suas? Só vai acabar lotando a minha galera como sempre faz.

— Mas você merece um pouco do meu charme, deveria se considerar privilegiada.

— Privilegiada sei...

Falando desse jeito você está se superestimando indiretamente, mas acredito que há motivo para que isso seja feito, afinal você é uma "estrela".

— Por falar em álbum eu te enviei o teaser do nosso próximo som.

— Por que se dá o trabalho? Seu show vai ser transmitido na televisão.

— Eu sei, mas você merece um pequeno presente, eu sei que você escutou, e então o que achou do nosso ensaio?

— Nada mal, Lester ainda manteve o ritmo no baixo, Cat arrasou no solo, Zach mandou bem com aquele improviso da Guitarra.

— Sim, ótimo...e...

— ...Ah, e você não foi tão ruim.

— Oh? Deveria considerar isso um elogio?

— Pense o que quiser.

Claro que seu sucesso pode ter sido pavimentado por si mesma, mas a estrada é seguida por seu grupo.

Lester é o seu baixista de confiança, ambos parecem ser bons amigos, Cat é a baterista do grupo, ela parece não perder o ritmo mesmo exausta, assim como Zach ambos são os jovens desse quarteto, ele no entanto parece possuir dedos de um anjo, a guitarra em suas mãos fazem milagres.

Mas toda banda precisa de um líder para coordenar o ritmo e é aí que ela entra...

Grande Lena com sua voz, carisma e excentricidade nos palcos, o centro das atenções completamente necessário, claro que não mencionei isso nenhuma vez afinal isso só a faria me provocar, mesmo a elogiando.

— Mas sabe, mesmo ensaiando senti que algo estava faltando, por alguma razão sempre penso no seu som, que pena que não posso trazer você, poderíamos estar tocando juntas agora.

— Acredite não me levar é um grande favor.

— Hmph, um dia vou te convencer.

— Sabe, toda ligação sua tem um propósito misterioso, seja para me provocar ou dar alguma notícia, mas dessa vez eu sei o motivo.

— Sério? Bem, então não preciso amaciar até chegarmos ao tópico de interesse. 

Falando desse jeito realmente soou como aquele homem...

— Então, como foi a conversa com o S.S? Ele te deu o cartão não foi?

— Também...ele é tagarela, igual certas pessoas...

—  É, ele gosta de prolongar a conversa, mas é um cara legal. Tratou ele bem não é? Quem estou enganando, já posso imaginar como você falou com ele.

— Me arrastar pra GLT...esse era seu plano?

— Não fale assim, faz soar como se fosse algum esquema criminoso. Mas não foi um plano, diria que foi mais uma sugestão amigável e uma cobrança de favor de um velho amigo.

— Sei...mandar outros para fazer favores á você, então já estamos nesse ponto.

— Tá legal, tá legal, pense desse jeito. Conhecendo S.S ele deve ter apenas complementado o que eu já comentei com você.

— ...

— Pela sua cara, estou correta.

— Esse lance de encontrar meu ritmo...Realmente é necessário colocar tanta ênfase nisso? Não posso continuar simplesmente tocando porque eu gosto?

 — Todo mundo tem um hobby que gostei, lembra do meu álbum de colagens de tirinhas de jornais, bons tempos, hoje em dia você pode encontrar pilhas de imagens na internet então acabei perdendo o interesse.

—...

— Desculpe, estou apenas desviando o foco, mas quero dizer com isso que esse lance de gostar pode ser passageiro, você alguma vez não se sentiu estagnada enquanto pegava em um violão? Ou em uma guitarra?

Estagnada? 

De fato há dias em que a inspiração não vem.

Não sou lá uma compositora mas já tentei montar algumas partituras de autoria própria, mas com o tempo apenas fui deixando de lado e tocando músicas populares que são de meu interesse...

— Agora que você comentou... 

— E é aí que entra a GLT, propagandas e fama á parte, é um lugar excelente, claro a escola pode ser um saco na maioria das vezes, mas meu tempo lá foi precioso, foi um dos lugares que me inspirou á pensar por mim mesma para chegar aonde estou.

— Então o plano é ir para lá para me tornar uma estrela? O quão sonhador isso soa.

— Não seja tão literal garota, aquele lugar só vai te orientar os passos que vai tomar, as decisões que vai seguir, as escolhas que vai fazer, tudo depende de você, se vai se tornar uma estrela, se vai ser apenas um hobby, ou se vai achar o seu ritmo, isso é com você.

Comigo... 

— Olhe, ignore o S.S e meu pedido, aquilo foi apenas um empurrão, pessoalmente assim como a Becca estou preocupada em relação ao seu futuro, não estou dizendo que vai crescer com a música ou qualquer outro meio de arte, contanto que encontre á sua paixão e decida se focar nisso já está de bom tamanho para me...para nos deixar aliviada.

— Olha...por um momento isso soou como uma coisa que um adulto responsável diria.

— Hey, você me subestima muito garota. De qualquer forma pense nisso com calma, S.S pode ser um cara legal mas não tem tanta paciência quanto imagina, se ele te ofereceu algo, com certeza já deve estar procurando um ou dois caso você recuse essa oportunidade.

Oportunidade...isso soa como mais uma das suas armadilhas...

Pensar no meu futuro...

Encontrar o meu ritmo...

Duas questões sem respostas...

— Eu...vou pensar nisso...

— *Sorri* Ótimo...Falo com você outra hora, vamos partir em breve... I...Love...you! *chuu*

Beep.

Ugh...me poupe dos seus beijos... 

Até que enfim essa chamada acabou...

Starlight Lena...ou minha...ugh...não consigo nem sequer dizer essa palavra.

Mesmo sendo quem ela é, assim como Becca ela é a minha responsável legal isso poderia ser conveniente de várias formas mas no geral isso seria um incômodo.

Nossa relação não passa de um grande segredo, não que eu tenha motivos para esconder só não quero que isso chame atenção desnecessária.

Até o momento ninguém descobriu isso aliás duvido que vão, a vantagem de não ter muitos amigos é evitar compartilhar tais informações.

Ainda assim...

Encontrar o meu ritmo...pensar no meu futuro...

Isso vai ficar ecoando em minha cabeça por um bom tempo...o que é que eu...deveria fazer...

Quando estou conflituosa desse jeito eu olho para meu violão.

Agora ele estava em seu suporte afastado da minha cama.

Acabei me levantando e o pegando.

Como ainda não são 22h não teria problema fazer um som agora...

Blaam...

Foi apenas uma nota aleatória, mas acabei ficando exausta de imediato.

O coloquei de volta por precaução.

Acabei olhando para aquele voucher que estava em cima de minha mesa, por alguma razão o guardei junto com aquele cartão por alguma razão...

— Que saco...

Acho que encará-los não vai me dar uma solução para esse dilema...só há uma forma de conseguir alguma resposta...

Saindo de meu quarto fui em direção á sala de estar.

Becca não iria dormir tão cedo, a conhecendo deve estar jogando algum jogo á essa hora.

Apesar de ser uma médica decente e profissional ela é uma viciada em games.

Não precisei nem chegar tão perto que já escutava o som.

Tantos jogos para se jogar em um PS4 e ela escolhe justo esse...

— Stardrew Valley outra vez? Você realmente gosta de jogos casuais. 

— Acha que depois de um dia de clínica vou apelar para algo competitivo, em tempo integral sou uma fazendeira renomada.

Não entendo muito desses jogos mas o que importa é que ela esteja se divertindo.

Quando me aproximei ela parou seu personagem dentro de sua casa, acho que esse tipo de jogo não haveria problema não pausar.

— E então? Como foi a conversa com sua--

— Por favor não diga essa palavra.

— Huhu, estou brincando, mas foi boa ou ruim.

— Enigmática, como sempre.

— Eu deveria saber.

— Mas...acabou me fazendo pensar em algo.

— Oh? Isso é novidade pelo menos.

 — Eu queria te pedir um favor.

— Não vai ser nenhuma loucura não é? Se ela te pediu alguma coisa realmente está fora da minha ossada.

— Não...não é isso...quero dizer pode ser um pouco de loucura mas da minha parte.

— Hm? E então? Como posso ajudá-la?

Eu realmente vou fazer isso...

— Poderia me levar á um lugar depois de amanhã? 

— Hm? Só isso? Tudo bem contanto que não seja longe, onde seria?

— Você não faz ideia... 

 


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