Eternamente escrita por llRize San


Capítulo 2
Me leve com você




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O desespero envolveu Jin quando percebeu que a moça já não respirava mais. Apertando Namjoon em seus braços num abraço reconfortante, ele tentava oferecer consolo ao pequeno bebê. O choro desesperado do recém-nascido ecoava pela floresta, um som penetrante que parecia refletir a tristeza do momento.

Mesmo diante da angustiante situação e da responsabilidade imprevista de cuidar de uma criança órfã, Jin procurava manter a calma na medida do possível. Lidar com um bebê tão pequeno era um território desconhecido para ele. Já havia cuidado de Hoseok quando era criança, mas cuidar de bebês era uma experiência diferente e desafiadora, especialmente diante da ausência de prática nesse cuidado tão delicado.

Com habilidade mágica, Jin fez surgir um coqueiro do solo, e dele fez brotar alguns cocos. Extraiu a água do coco para alimentar o bebê Namjoon, que parecia sedento. O chorinho cessou, substituído pelo agarrar suave da pequena mão de Namjoon em torno do dedo de Jin, até que o bebê finalmente adormeceu. Demonstrando mais uma vez seu domínio sobre a natureza, Jin criou uma pequena cesta composta por cipós, galhos, folhas e algodão. Com cuidado, colocou o bebê adormecido, Namjoon, na cesta, proporcionando um lugar confortável para o descanso.

Contudo, um peso aflitivo permanecia em seu coração. Jin sabia que precisava realizar um ato doloroso: enterrar a pobre moça.

Utilizando seus poderes mágicos mais uma vez, Jin abriu um amplo buraco na terra, permitindo que as raízes das árvores se estendessem até o corpo da moça, como se estivessem vivas. Com um movimento fluido, a terra a envolveu, puxando-a para baixo. Em seguida, Jin cobriu o corpo com terra, e no local fez crescer uma exuberante árvore de cerejeira. Suas flores e folhas cor-de-rosa emanavam uma beleza única, alimentada pela alma da mãe de Namjoon.

Após proferir palavras de despedida, Jin pegou o pequeno cesto com Namjoon e o acomodou em seu colo, pronto para iniciar mais uma jornada. 

Ao chegar no castelo, ele explicou o ocorrido ao Rei e ao Príncipe, pedindo ajuda para cuidar da criança órfã. Sem hesitação, ambos se prontificaram a auxiliar o bebê. Namjoon, com seu sorriso puro e encantadoras covinhas, conquistou a todos, especialmente o Príncipe, que, orgulhosamente, proclamou que cuidaria de Namjoon como se fosse seu próprio filho. O pequeno encontrou não apenas um lar, mas também uma nova família disposta a amá-lo e protegê-lo.

...

Com o passar do tempo, o Rei bondoso falecera devido à sua idade avançada. Jin continuava a fazer visitas ocasionais ao castelo, às vezes acompanhado por Hoseok, às vezes sozinho, já que algumas vezes o ruivo preferia treinar em locais distantes da cidade real.

Namjoon, agora com nove anos, desenvolvia uma personalidade intrigante. Diferenciando-se das crianças mais alegres, ele era notavelmente sério e pouco interessado em brincadeiras. Seu sonho, longe dos anseios da realeza, era tornar-se um guerreiro destemido da guarda real, almejando desbravar o mundo em perigosas guerras com espadas. O novo Rei Park, esforçando-se para moldar Namjoon de acordo com as tradições da realeza, encontrava resistência no garoto, que não via a coroa como algo adequado para si.

Numa das visitas de Jin, ele chegou cansado após uma longa viagem, desta vez sem a companhia de Hoseok, que estava ocupado ajudando uma pequena aldeia. Namjoon recebeu Jin com uma reverência, demonstrando uma educação notável para sua idade. Jin, apesar do cansaço, retribuiu o cumprimento com um afago carinhoso na cabeça de Namjoon, sorrindo com ternura. Era evidente que, apesar da seriedade do garoto, havia um vínculo especial entre eles.

— Que adorável o nosso pequeno Joonie — Comentou Jin, Namjoon não gostou daquele gesto e afastou a mão de Jin.

— Não sou adorável, sou um guerreiro que vai proteger o Rei.

— Sim, eu sei que vai — Jin sorriu, mas Namjoon parecia emburrado.

— Jonnie, meu amor — Disse a Rainha —, guerras e armas são perigosas, você pode se machucar. 

— Vou treinar muito para que isso nunca aconteça, Vossa Alteza.

— Meu amor, você pode me chamar de mamãe — Disse ela tristemente, tudo que ela mais queria era um filho, mas não conseguia engravidar.

— Me perdoe, Alteza. Não consigo, isso seria falta de respeito — Disse Namjoon.

Jin observava silenciosamente como Namjoon conseguia transmitir uma maturidade além de sua idade. O garoto se aproximou da rainha, envolvendo-a em um caloroso abraço, demonstrando um afeto genuíno que transcendia as formalidades da realeza. 

— A senhora terá um lindo filho, e ele será um grande Rei — Disse Namjoon — Eu irei protegê-lo.

Ao receber o caloroso abraço de Namjoon, a rainha permitiu que algumas lágrimas escapassem. Apesar da seriedade evidente na criança, Namjoon mostrava uma ternura que tocava o coração. Ele compreendia o desejo profundo da rainha de ter um filho, ciente das suas frustradas tentativas. 

...

Três dias depois, Jin começou a se preparar para partir. A inquietude de permanecer por muito tempo em um único lugar o impelia a perambular sem rumo por Amicitia. Após atravessar os imensos portões da cidade, Jin lançou um último olhar para o local, consciente de que só retornaria ali após alguns anos. Enquanto caminhava, uma pedrinha atingiu-o, fazendo-o parar por um momento. Olhando ao redor, não viu ninguém, mas reconheceu de imediato a presença e a origem das pedrinhas. Preferindo manter a farsa, Jin fingiu não saber, continuando sua jornada. Logo, mais pedrinhas foram arremessadas em sua direção.

— Namjoon, apareça! Eu sei que é você.

Namjoon saiu detrás dos arbustos, um tanto zangado.

— Maldição! Você sempre me acha.

— É claro, posso sentir seu cheiro daqui.

Namjoon cheirou as axilas.

— Eu tomei banho hoje.

— Não é nesse sentido — Jin deu risada —, cada humano tem um cheiro diferente. Elfos têm o olfato apurado. Para nós o cheiro é a sua marca.

— Não é só os Elfos que sentem cheiro. Eu tenho nariz e ele serve muito bem essa função — Namjoon revirou os olhos — Você tem cheiro de flores.

Jin sorriu, achando-o uma criança adorável, embora já tivesse presenciado seu lado teimoso e travesso em diversas ocasiões.

— Jonnie, volte para casa, não é bom uma criança ficar sozinho na floresta, é perigoso.

— Não sou uma criança, sei lutar muito bem. Já explorei várias vezes essas florestas sozinho e já matei algumas criaturas estranhas.

— Não duvido de sua bravura, mesmo assim, volte para sua casa.

Namjoon olhou tristemente para o chão.

— Essa não é a minha casa, não é a minha família.

Jin se ajoelhou na sua frente para ficar do seu tamanho.

— Não diga isso, o Rei e a Rainha te amam.

— Sim, eu sei e agradeço por isso, mas eles não são meus pais de verdade, me acolheram porque são bondosos. Sinto como se eu não fizesse parte da família, parece que você é mais minha família do que eles, mas você some e me deixa aqui sozinho — Namjoon engoliu a vontade chorar, não queria parecer uma criança chorona na frente de Jin —, deixa eu ir com você, por favor.

— Joonie, eu também gosto muito de você, mas entenda, os lugares que ando é perigoso demais.

— Mas Jin, eu sou forte, já sei usar uma espada e vou te proteger dos monstros, por favor, me leva com você? — Os olhos de Namjoon brilhavam tanto que aquilo partia o coração de Jin, mas ele precisava ser firme.

— Não posso te levar, mas prometo que voltarei logo, não vou demorar dessa vez.

— Posso ao menos ficar mais um pouco com você? — Namjoon sabia que Jin iria demorar para voltar, como sempre. 

— Está bem, Jonnie. Vamos fazer o seguinte, podemos acampar e amanhã cedo eu partirei e você voltará para o castelo, está bem?

Namjoon assentiu, reconhecendo que o gesto de Jin, por mais simples que fosse, significava muito para ele. A amizade entre os dois era um conforto em meio à solidão que Namjoon sentia quando Jin partia.

A noite desdobrava-se com uma beleza indescritível. A lua cheia banhava a floresta com sua luz prateada, e as estrelas decoravam o céu como jóias cintilantes. Jin e Namjoon, maravilhados com a majestade da natureza, compartilhavam aquele momento tranquilo, imersos na contemplação da esplêndida paisagem noturna.

— Jin?

— Sim?

— Posso te fazer uma pergunta que sempre tive curiosidade?

— Claro que pode, vá em frente.

— Te conheço desde que me entendo por gente, e você nunca muda a sua aparência, você não envelhece. Isso é por que você é um orelhudo do mato?

— Não sou um orelhudo do mato — Jin  deu risada — Sou um Elfo da floresta. Eu não envelheço por causa disso. Nós Elfos podemos viver por muitas gerações.

— E isso não é triste?

Jin se impressionou com a pergunta repentina.

— Por que diz isso?

— Você já deve ter visto muitas pessoas amadas morrerem.

Aquelas palavras calaram fundo em Jin, tudo o que aquela criança disse era verdade.

— Devo admitir que isso seja verdade. 

— Em idade humana, é como se você tivesse quantos anos?

— Não sei ao certo, tenho muito mais de quinhentos anos... mas em idade humana eu teria entre vinte e cinco a vinte e sete anos, por que?

Namjoon contou nos dedos.

— Vou fazer dez anos, então você seria dezessete anos mais velho que eu... Jin, quando eu tiver vinte e oito anos, você aceita se casar comigo?

Jin sorriu com aquele pedido inusitado.

— Está bem, quando você crescer eu aceito me casar com você.

Namjoon esticou o dedinho em um gesto brincalhão, pedindo a Jin que fizesse uma promessa. Jin, sorrindo, aceitou a proposta e cruzou os dedinhos com os de Namjoon, selando assim uma promessa cheia de significado entre eles. Esse simples gesto representava a confiança e a amizade que compartilhavam, criando um laço especial que transcendia as palavras.

— Está feito, quando eu for adulto iremos nos casar.

— E teremos muitos filhos — Jin completou, dando risada. 

— Sim, teremos muitos e muitos filhos.

Namjoon, sonolento, acabou adormecendo, e ao despertar, percebeu que Jin já não estava mais presente. Sentiu uma pontada de tristeza, mas ao olhar para seu dedinho, recordou-se da promessa feita e renovou seu compromisso de crescer e tornar-se um homem digno para, eventualmente, casar-se com Jin.

Meses depois, a notícia da gravidez da Rainha se espalhou pelo reino, gerando entusiasmo geral. Todos aguardavam com expectativa o nascimento do novo Príncipe, e Namjoon, em especial, prometeu proteger o bebê com sua própria vida, se necessário.

À medida que os meses avançavam, a barriga da rainha crescia, e Namjoon mal podia conter a ansiedade para conhecer o novo Príncipe. Estava determinado a ser um mentor dedicado e protetor para a criança, ansioso para compartilhar seu carinho e sabedoria assim que o bebê viesse ao mundo.

— Joonie, meu amor, quero que você tenha a honra de escolher o nome dele — Disse a rainha.

— Eu? — Namjoon estava perplexo, o pequeno principezinho naquela barriga era como se fosse um irmãozinho, aquilo significava muito para ele.

— Sim, você também é nosso filho, nada mais justo que você escolher o nome dele.

Namjoon pensou por alguns minutos.

— Jimin, Park Jimin. Será o Príncipe Jimin — Disse orgulhoso.

— Amei esse nome — Disse a Rainha com um sorriso radiante.

...

Todas as noites, Namjoon esperava ansiosamente que Jin voltasse, mas o elfo não retornava. Os meses se sucediam, e a barriga da rainha crescendo cada vez mais. Até que, em um determinado dia, enquanto a rainha estava na biblioteca do castelo lendo alguns livros, ela começou a gritar de dor, indicando que o momento do parto havia chegado. Namjoon, ao ouvir os gritos, correu até ela, tomado pelo desespero.

— O que houve, minha rainha?

— Jonnie, Jimin está chegando — A voz da rainha saiu fraca — Prometa que irá amá-lo e cuidar dele, por favor.

— Sim senhora, eu prometo — Namjoon respondeu sem entender muito bem, não estava gostando daquele tom de despedida nas palavras da rainha.

— E Namjoon... eu te amo muito, meu filho.


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Notas finais do capítulo

Jin, volta logo

Jimin está chegando!



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