Changes - A High School Story escrita por Goth-Lady


Capítulo 5
Capítulo 5




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Lutei para sair da cama no dia seguinte. Se não fosse pela Brigite ter cagado, eu nem levantaria da cama. Mas cocô de jabuti fede! Depois de limpar tudo e tomar café, coloquei um short jeans, uma blusa preta e tênis, peguei minha mochila e fui para a escola.

Assim que eu entrei na escola vi o Ken chorando. Ele veio até mim e me abraçou. Fiquei chocada, mas retribuí o abraço.

— Ken, o que houve? Aquelas meninas te incomodaram de novo?

— Não. Na verdade, eu queria me despedir antes de viajar.

— Se despedir? Viajar? Ken, eu não estou entendendo.

— Eu contei para o meu pai sobre a Ambre e aquelas duas garotas e ele não gostou de saber que o filho dele fosse maltratado por meninas. – Ele fungou, percebi que ele tremia. – Ele disse que ia me tirar da escola e me transformar em um homem para apagar essa humilhação o mais rápido possível.

— Mas que absurdo! – Exclamei. – Ele não pode fazer isso!

— Ele já fez. Por isso eu vou para a escola militar.

Foi como se o chão tivesse sumido sob os meus pés. Meu melhor amigo estava indo embora e nem era culpa dele! Ken se soltou de mim apenas para tirar um urso de pelúcia e me entregar.

— Isso é para se lembrar de mim.

— Ken, eu não vou me esquecer de você, você é o meu melhor amigo. – Mesmo assim eu peguei o urso e guardei na minha mochila.

— Diz pra Calien que eu sinto muito, está bem?

— O que a Calien tem a ver com isso?

Um cachorro surgido da fenda do inferno surgiu correndo pelo corredor. Quando olhei de novo para o Ken, ele já tinha ido embora.

— Senhorita, por que você não pegou o meu cachorro?! – Gritou a diretora irritada. – Se o meu querido Totó fugir será sua culpa!

— Mas eu não fiz nada!

— Silêncio! Se não trouxer o meu cachorro de volta, eu vou....!

No mesmo instante, o cachorro dela veio voando junto com a coleira, o brinquedo, a tigela e tudo mais que tem direito. A tigela deu uma pancada nela tão forte que a derrubou no chão enquanto o Totó fugiu de novo. Não quis nem saber, corri para a sala de aula antes que ela me acusasse de bruxaria.

Não prestei atenção na aula. Por muito tempo fiquei pensando no Ken. Não era para ele ter saído da escola. A despedida dele cortou o meu coração. Foi então que me dei conta: o Ken não deve ter conseguido se despedir da Calien, sendo que ela também é a melhor amiga dele. Eu vou ter que dar essa notícia para ela.

Só percebi que a aula tinha acabado quando ouvi o sinal tocar. Assim que cruzei a porta dei de cara com Ambre e suas amigas.

— HAHAHA Você conseguiu assustar até o Ken.

— Por sua culpa ele saiu da escola!

— Vai chorar? Não sabia que sentia a falta dele. Você está sozinha nessa escola.

— Francamente, Ambre, você não tem nada melhor para fazer?

— Tenho.

A Ambre roubou o meu dinheiro e saiu com as amigas. Mas isso não vai ficar assim. Fui bufando, mas no caminho acabei trombando com um professor.

— Desculpa, senhor.

— Não tem problema. – Ele disse tímido. – Eu sou Faraize, o novo professor de história e eu estou meio perdido.

— Se quiser, eu posso te mostrar a escola.

— Eu agradeceria.

Mostrei para ele as salas de aula, a biblioteca, a sala dos representantes e o pátio, onde encontrei o Castiel.

— Esse é o pátio, sugiro evitar vir caso não queira ter encontros desagradáveis.

— Você quem diz. – Riu Castiel. – No entanto, não deixa de vir aqui.

Apontei onde ficavam o ginásio e a estufa. O senhor Faraize me agradeceu e voltou para dentro. Eu me joguei no banco bufando de raiva.

— Mostrar a escola para o engomadinho foi tão ruim assim?

— Não é isso. A Ambre roubou o meu dinheiro. Mas essa peste me paga!

— E o que pretende fazer?

— Eu vou falar com o Nathaniel.

— E você acha que aquele paspalho vai resolver alguma coisa?! Se eu fosse você, nem iria procurá-lo!

— E o que você sugere que eu faça?

— Se vingue!

— Você não pode estar falando sério!

— Mas estou.

— Olha, eu vou falar com o Nathaniel. Se não resolver, eu me vingo, ok?

— Você quem sabe.

— Totó! – Vimos um aluno correndo atrás do cachorro da diretora.

— Pelo menos eu não tive que correr atrás dele. – Suspirei.

— Sorte a sua. Esse cachorro é o capeta encarnado.

— Você tem algum bicho de estimação? – Perguntei, mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa.

— Um cachorro, mas não como o Totó. Por quê?

— Nada, eu só queria saber mesmo. Qual o nome dele?

— Dragon. Ele é um Beauceron.

— Que legal.

— Você tem algum?

— Só a Brigite, mas ela é um jabuti.

— Um jabuti?

— É. Meus pais acham que cães e gatos dão muito trabalho, então me deram um jabuti. Devo dizer que eles se arrependeram de não terem me dado um cachorro.

— Jabutis não dão muito trabalho.

— Mas cagam que é uma beleza. Preciso ir. Ainda tenho que falar com Nathaniel.

Castiel não gostou nem um pouco do que eu falei. Voltei para dentro da escola e fui até a sala dos representantes. Nathaniel estava sozinho, olhando imagens de gatos no celular.

— Não sabia que você gostava de gatos.

— É, eu gosto. Você também gosta de gatos?

— Eu adoro animais! Eu tenho um jabuti.

— Um jabuti, sério?

— Sim. Você tem algum bichinho?

— Bem que eu queria, mas minha mãe é alérgica a gatos.

— Sinto muito. Sua família parece ter alergias estranhas.

— É. A minha mãe é alérgica a gatos, minha irmã a amendoim e eu a pólen. Mas não foi para isso que você veio até aqui, foi?

— Infelizmente não.

Contei a ele tudo que aconteceu. Nunca o vi ficar tão envergonhado em meus poucos dias nessa escola. Ele também parecia um pouco triste.

— A Ambre fez isso mesmo?

— Sim e essa não é a primeira vez que relato esse tipo de incidente.

— Realmente sinto muito. Ela anda difícil esses dias em casa. Se quiser, posso te reembolsar.

— Não é pelo dinheiro! Alguma providência deve ser tomada quanto a isso. Eu só quero que ela me deixe em paz.

— Eu insisto. Vou tentar falar com ela e ver o que posso fazer. Só não sei se ela vai me ouvir.

— Certo, obrigada.

Ele me deu mais dinheiro do que ela pegou. Algo me diz que ela não vai ouvi-lo e isso me deixa frustrada. Qual é o problema dessa garota?!

— Sharena.

— Sim?

— Eu sinto muito pelo Ken.

— Eu também. Ele não merecia isso.

Saí de lá ainda mais convicta de que a Ambre precisava de uma lição. Por isso, voltei ao pátio e fui falar com o Castiel.

— Eu vou me vingar da Ambre.

— Boa escolha.

— Alguma sugestão?

— Dá teu jeito.

— Castiel!

— Eu tenho que fazer tudo?! Eu já fiz a maior parte!

Comecei a pensar em várias coisas que poderia fazer, mas nenhuma ideia boa vinha à minha mente. Fui até o Nathaniel para ver se ele tinha falado com a Ambre. Infelizmente, ela não o tinha ouvido.

— Eu sinto muito.

— Sua irmã precisa de uma boa lição.

— O que pretende fazer?

— Eu não sei. Preciso de algo que dê um susto nela, sabe?

— Você poderia colocar aranhas no armário dela.

Pisquei algumas vezes, mais do que o normal. Estava incrédula com a ideia dele, ainda mais por ele me sugerir isso.

— Aranhas?

— Ela morre de medo de aranhas, se colocar algumas no armário dela, talvez ela te deixe em paz.

— Mas eu também não gosto de aranhas.

— Aranhas de plástico, não de verdade.

— Está bem, obrigada.

Voltei até o pátio. Iria sair e comprar aranhas de plástico para a Ambre. No caminho, acabei trombando com uma garota. Ela tinha longos cabelos brancos e olhos dourados.

— Você não olha por onde anda?

— Foi você em correu e bateu em mim!

— Desculpe, é que eu estou com pressa. Vou encontrar com meu namorado.

— Que legal! Ele estuda aqui?

— Não, ele não é daqui. A propósito, sou Rosalya.

— Sharena.

Rosalya tornou a correr para fora do prédio. Ela me parece legal. Nem preciso dizer que quando pus os pés no pátio novamente encontrei o Castiel.

— Então, colocou a cabeça para funcionar?

— Mais ou menos. Você tem alguma ideia para vingança?

— Que tal pichar o armário dela com spray?

— É uma boa ideia.

Passei no mercado e comprei tudo que precisava. Eu já sabia qual era o armário da Ambre, afinal foi lá onde ela escondeu a corrente do Dajan no dia anterior. Para a minha sorte, ele estava destrancado. Coloquei as aranhas dentro do armário, só faltava pichar.

— O que está fazendo?! – Exclamou a garota de nome Li. – Me dá isso aqui!

— Solta, é meu!

Nós brigamos pela lata. Acidentalmente eu apertei o botão e acabei espirrando tinta na Li.

— MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! – Fodeu! É a diretora. – Pichando propriedade do colégio?! Aposto que foram vocês duas que picharam as escadas.

— Mas...

— Sem “mas”, as duas vão limpar a escadaria depois da aula!

A diretora saiu enfezada. Nós nem pudemos nos defender da acusação, pois tínhamos medo dela.

— Viu só?! Por sua culpa eu fiquei de castigo!

— Foi você quem quis se meter!

— Isso não importa, me encontre no corredor depois da aula.

Li saiu e eu fui até o pátio. Castiel morria de rir e eu nem precisei perguntar o motivo. Acho que as ordens da diretora ecoaram pelos corredores e os boatos se espalharam.

— Como você dá uma mancada dessas?!

— A ideia de pichar o armário foi sua!

— Mas eu não seria pego pela diretora.

— Eu só fui pega porque a Li tentou impedir.

— Se ela não tentasse, talvez só você ficaria de castigo.

— Está insinuando que eu sou descuidada?

— Estou.

— Castiel!

Ok, talvez eu seja UM POUCO descuidada, mas não a esse ponto. Depois das aulas, fui até a sala dos representantes pegar o material de limpeza que o Nathaniel deixou para mim.

— Aqui está.

— Obrigada.

— O que te deu na cabeça para pichar o armário?

— Foi ideia do Castiel.

— Tinha que ser.

O loiro estava visivelmente incomodado. Era nítido que um não gostava do outro.

— O que aconteceu entre vocês dois?

— Como?

— Tenho impressão que você e o Castiel não se dão bem. Aconteceu alguma coisa?

— Esqueça isso, é uma história antiga. É melhor você ir antes que a diretora veja.

— Está bem. – Rumei para a porta. – Mais uma vez obrigada.

Todos foram embora, só sobrando eu e Li. Nós fomos até a escadaria, mas ela disse que não iria limpar, que tinha sido minha culpa, enfim. Fiquei limpando as pichações, mas ao menos tinha um pouco de paz. Queria que terminar logo esse castigo e ir para casa.

O cristal que eu tinha no pescoço começou a brilhar. Os materiais de limpeza começaram a levitar e a se mover sozinhos. Eles estavam limpando as pichações sem que eu os tocasse. Em poucos minutos, estava tudo limpo. Ken tinha razão, eu deveria descobrir do que isso é capaz.

Subi as escadas e fui até uma sala vazia. Segurei o cristal com uma das mãos e comecei a pensar. Tudo que ele tinha feito até agora era algo que eu queria, mesmo que eu não tenha dito nada. Isso significa que ele faz tudo o que eu quiser?

— Levante aquela cadeira.

A cadeira levitou. Pedi para abaixar com cuidado e ele abaixou.

— O que mais você pode fazer?

Todos os objetos da sala criaram vida. O giz começou a escrever no quadro sozinho, as cadeiras se organizaram junto às mesas, os chicletes se desgrudaram debaixo das mesas, o lixo foi varrido para a lixeira e depois desapareceu, o mesmo vale para a poeira do ventilador, o armário mudou de cor e a janela se abriu. Quando olhei para o quadro, havia uma mensagem.

“Faça tudo o que você quiser, mas respeite as regras. Cuidado com o que deseja. A tranquilidade será a sua guia. O desespero sua ruína. ”

Confesso que não entendi o que quis dizer, mas continuei fazendo alguns testes. Transformei uma cadeira em um sapo e depois transformei de volta, mudei a temperatura da sala, até tentei trazer o Ken de volta, mas não consegui.

Não percebi o tempo passar. Quando dei por mim, já estava escuro. Usei o cristal de lanterna para enxergar e descer as escadas e assim que desci, eu o apaguei. Preciso encontrar a Li e ir embora, mas não quero que ela veja que possuo um objeto mágico em mãos. Não precisei procurá-la, pois ela veio até a escadaria.

— O que você pensa que está fazendo?! Eu saio por 5 minutos e você some!

— Fui ao banheiro. – Menti.

— Você terminou? Podemos FINALMENTE ir para casa?

— Teria sido mais rápido se você tivesse ajudado.

Ouvimos um barulho de risada em meio ao eco. O que era estranho, já que só tínhamos nós duas ali e os outros alunos estavam em suas casas.

— O que foi isso?

— Eu não sei. – Disse ela morrendo de medo. – Mas é assustador.

— Calma, deve ter uma explicação...

— Está brincando?! Acha que isso...

Ela não pôde terminar, pois vimos uma sombra. Li deu um grito agudo que me fez arrepiar.

— FANTASMA!

Nós duas saímos correndo e gritando na velocidade da luz. Só parei de correr quando estava na porta de casa. Tentei me acalmar. Após alguns minutos recuperando o fôlego, eu entrei e encontrei meus pais na sala.

— Sharena, até que enfim! – Disse minha mãe. – Eu já ia ligar para a polícia.

— É que aconteceu algo na escola e tive que ficar até mais tarde, só que perdi a hora. O que são essas malas?

— Eu vou precisar viajar amanhã e vamos ficar um tempo fora. Coisa de trabalho.

— Você vai ficar bem, sozinha?

— Claro! Podem ir tranquilos, eu sei me virar.

— Nada de computador e filmes até tarde.

— Não se preocupem. Vai ficar tudo bem.

Jantei com os meus pais e fui até o meu quarto. Por sorte Calien estava online. Contei tudo para ela. Desde a saída do Ken até o fantasma. Ela ficou muito tempo sem responder, talvez tivesse saído. Quando ela me respondeu, foi apenas uma mensagem.

Calygatinha82S2: Desculpe, eu não estou bem agora. Podemos conversar amanhã?

ShayV1D4L0K46342: Ok.

Que estranho, ela não me disse que estava doente. Será que aconteceu alguma coisa? As palavras do Ken ecoaram por minha mente. “Diz pra Calien que eu sinto muito”, coitado, não conseguiu se despedir dela. Me revirei na cama até pegar no sono.

No dia seguinte, acordei disposta a tirar a história do fantasma a limpo. Mal entrei na escola e já dei de cara com o trio da discórdia.

— Quer dizer que você tem medo de fantasmas? – Zombou Ambre. – A Li nos contou que você correu feito um cãozinho assustado.

 - Ela estava mais assustada do que eu, tanto que saiu correndo na frente.

— Até parece que eu acredito, sua medrosa. Até parece que essa escola é assombrada.

Assim que elas se afastaram, usei meu cristal para fazer a porta de uma das salas ranger e bater. Elas se entreolharam assustadas enquanto eu fui em direção à escadaria. Talvez tivesse uma pista do fantasma. Só encontrei bitucas de cigarro e pedaços de plástico. Acabei encontrando a Iris.

— Iris, você não vai acreditar no que aconteceu.

— O que?

— Tem um fantasma na escola.

— Um fantasma?

— É.

Contei a ela o que tinha acontecido e sobre o tal fantasma da escadaria.

— Você acredita mesmo que tenha um fantasma na escola? Pode ter sido o faxineiro.

— Eu não sei, mas eu vou descobrir o que era.

Me despedi da Iris e fui para o pátio, onde encontrei Castiel. Como sempre, ele estava largado em um banco.

— Você não sabe o que me aconteceu!

— A diretora te mandou correr atrás do Totó?

— Não. Li e eu vimos um fantasma.

— Essa é boa. – Ele riu.

— Estou falando sério, Castiel! Eu vi quando tinha terminado de limpar as pichações.

— Ah é, você estava na escadaria ontem. Há um boato de um professor que morreu quando caiu da escada. – Ele disse sério. – Desde então, ele assombra aquela parte da escola.

— Sério?!

— Sim, mas não foi um acidente, ele foi empurrado. O nome da assassina era Nazaré Tedesco.

— Vai te catar Castiel!

Ele começou a rir, só faltou rolar no chão. Não acredito que caí nessa.

— Você devia ter visto sua cara!

— Muito engraçado.

— Fantasmas não existem.

— Talvez, mas tem algo na escadaria.

— E que provas você tem?

— Esse plástico e as bitucas de cigarro.

— Isso não prova nada. Alguém pode ter passado por lá e deixado isso.

— Mas não estavam lá quando eu terminei de limpar e olha que estava escuro. Espere aí. Está me dizendo que alguém pode ter invadido a escola durante a noite só para fumar? – Ele ficou tenso na hora.

— Esquece isso. Alguém pode ter deixado lá hoje de manhã.

Já que Castiel não acredita em mim, vou encontrar alguém que acredite. Fui até a sala dos representantes falar com Nathaniel. Contei as mesmas coisas que tinha contado ao Castiel.

— Olha, Sharena, isso não prova nada. Só prova que alguém esteve quebrando as regras da escola.

— Eu vou descobrir o que está acontecendo. Pode não ser um fantasma, mas tem algo estranho naquela escadaria e eu vou descobrir.

Esperei até a noite para poder andar pelos corredores. Meus pais não estariam em casa mesmo, então não precisam saber dessa minha pequena loucura. Eu também preciso conversar com a Calien para ver se ela melhorou. Acabei esbarrando no Nathaniel.

— Nath?! O que faz aqui?!

— Eu tive que cuidar de uma papelada.... Você me chamou de Nath?

— Desculpa. Eu fiquei tão nervosa que não percebi.

— Não tem problema, eu até gosto desse apelido.

— Ok. Então, se eu for te chamar de Nath, você pode me chamar de Shay.

— Está bem. O que você faz aqui?

— Vou procurar o fantasma.

— Ainda com essa história?

— Eu quero descobrir o que está acontecendo. Você não quer vir comigo?

— Não. Eu tenho que ir para casa.

— Certo, até amanhã.

Fui em direção à escadaria e novamente ouvi o mesmo barulho. Estava apavorada e sozinha, tanto que segurei o cristal que carregava. Será que ele é efetivo contra fantasmas? Só há uma forma de descobrir. Caminhei em direção ao barulho, ele vinha de uma porta.

Ao abrir, vi uma escadaria e nada além de escuridão. Até tinha alguns pontos de luz, mas eles eram muito pequenos e a escadaria me dava arrepios. Não iria entrar ali sozinha, ainda mais porque eu não conhecia aquela parte da escola. A coragem tinha me deixado. Me virei e fui caminhando de volta. Vou voltar amanhã e ver que lugar é esse primeiro, então estarei preparada.

Meu sangue gelou quando ouvi barulhos de passos subindo pela escada. Segurei o cristal com ainda mais força. Quando me virei, novamente eu vi uma sombra.

— AAAAAAAHHHH!

Com o meu grito, o cristal brilhou e jogou uma intensa luz azul cegante no fantasma. Tive que fechar os olhos ou seria afetada também.

— PUTA QUE PARIU! CARALHO! Você quer me matar?!

— Castiel?!

— Não, é o Jô Soares, sua piranha. Porra, Sharena! Você quer me deixar cego?!

— Desculpa. – Soltei o cristal devagar. – Mas o que você está fazendo aqui?

— Castiel, está tudo bem?

Escutei uma segunda voz e da escuridão da porta surgiu um rapaz de outro século. Seu cabelo prateado brilhava na fraca luz do luar que adentrava pela janela de uma das salas. Era o mesmo rapaz que tinha me salvado! Nós nos encaramos pelo que pareceu uma eternidade.

— Eu me lembro de você.

— Você me salvou no meu primeiro dia de fato. Eu não te agradeci devidamente.

— Não será preciso. Apenas estive no lugar certo e na hora certa.

— Eu nunca soube o seu nome.

Era como se eu estivesse em um sonho. A fraca luz da lua lhe dava uma aura mística quase sobrenatural. Seus olhos tão fixos nos meus estavam cheios de uma reconfortante ternura. Era como se o tempo tivesse parado.

— Puta merda, o que você usou?! – A reclamação de Castiel me trouxe novamente à realidade. – Se eu ficar cego, eu te mando a conta do oftalmologista!

— Você não vai ficar cego, Castiel. Mas afinal, o que você faz aqui?

— Nós viemos para cá para ensaiarmos nossas músicas. Nós ficamos no porão porque a acústica é ótima.

— Mas não tem um clube de música na escola?

— Tem, mas não podemos fazer o que queremos.

— E o Nathaniel? Ele também estava estranho com essa história.

— Ele sabe sobre os ensaios desde que descobriu que eu roubei a chave do porão. Ele ficou calado porque sabe que vai dar merda para todo mundo. Vê se não conta pra ninguém.

— Eu não vou.

— Fico mais aliviado. – Disse o outro rapaz. – Perdoe-me por assustar você e sua amiga na outra noite.

— Ela não é bem minha amiga. Sabe, eu nunca perguntei o seu nome.

— Perdoe-me novamente. Meu nome é Lysandre Sinclair Ainsworth. Qual seria o seu?

— Sharena Laurent.

— É um prazer conhecê-la.

— O prazer é meu.

Novamente ficamos nos encarando em silêncio. Havia certa familiaridade nele. Não sei por quanto tempo ficamos assim, na verdade, eu podia fazer isso a noite inteira.

— Ô casalzinho, vamos parar com isso porque eu não sou castiçal para segurar vela? – Novamente Castiel reclamou.

— Desculpe-me. – Disse Lysandre.

— Eu acho melhor ir para casa.

— Deixa que eu te levo. – Se ofereceu Castiel.

— Não precisa.

— Está tarde e pode ser perigoso voltar sozinha.

— Nem está tão tarde assim e eu moro aqui perto. Obrigada, mas eu posso me virar.

— Você quem sabe.

Andei pelos corredores para voltar para casa. Ouvi um barulho que lembrava o badalar de pequenos sinos e logo gelei pensando ser um fantasma, mas era apenas o meu cristal. Ele estava fazendo esse barulho estranho e vez ou outra soltava um feixe de luz. Uma espécie de vortex surgiu do nada e quando dei por mim, não estava mais na Sweet Amoris.


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