Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


Capítulo 11
Uma jornada perigosa




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Os dias nos Dedos foram longos, tediosos e nojentos.

Graças ao caminho coberto de neve, a guarda que iria buscá-los e garantir proteção durante o caminho estava demorando mais do que deveria para chegar ao local.

Margaery não tinha muito o que fazer até lá: não tinha nenhum livro para ler, não tinha agulha e linha para costura, nem tinha alguém além da trupe da Arya para passar o tempo.

Só lhe restava esperar e ver o dia passar, de novo, de novo, de novo, de novo, e de novo…

Às vezes ela saia da velha torre escura e ia para a vila ao lado, ver como eram as terras de Petyr Baelish. Margaery já imaginava que fosse pequena e pobre, mas era ainda menor do que imaginava; demorou apenas meio-dia para ver todo o local, e todo o povo que viu foi um amontoado de pessoas vivendo em simples casas de pedra, e até essas pessoas não cobriam toda a região de Petyr. O resto era apenas pedra, coco e água do mar… Ah, e uma pedra marcada com a estrela de sete pontas. Era o mais próximo de um septo ou um septão que havia por ali.

Para a sorte da jovem Tyrell, o galante Edric cantava algumas canções e recitou alguns poemas para ela.

Mas não era a mesma coisa. Não como antes.

No passado, Margaery vivia cercada de cantores, bobos da corte, jovens galantes e donzelas risonhas; mas agora? Nada. Tudo que tinha era um punhado de pedras, bosta de cabras, e um grupo de degenerados.

Teria que se acostumar que sua antiga vida de rainha estava acabada. Teria que aceitar que perdera de vez suas vestes de rainha e que teria que trocar por vestes mais simples e esfarrapadas.

Pelo menos assim não terei que conviver com os malucos da corte de Porto Real, pensou. Ela tinha que admitir, era um alívio ser quase uma ninguém. Longe das tramas da corte, do perigo, das traições, e principalmente, longe de Cersei e Daenerys.

Se ela permanecesse no Norte ou no Vale, podia tentar ficar mais tempo escondida. Esquecer os problemas e tentar o mínimo de normalidade. Ter paz, finalmente. Depois de tanto tempo.

Posso tentar recomeçar, pensou.

O único quarto que havia na torre ficava no topo, e Arya e Gendry o tomaram para si. O casal ficava lá por longas horas, isso quando não ficavam um dia inteiro. Margaery às vezes nem conseguia dormir com o barulho dos dois à noite. "Venha comigo" um deles dizia e depois ambos sumiam da vista de todos.

—Nós dois nos aquecemos— brincou Gendry uma vez.

Margaery sempre tinha um sentimento estranho quando pensava em Gendry e Arya juntos... Era como se ela lembrasse de algo. Uma memória estranha, que mais parecia um sonho. Ela nem sabia ae realmente queria saber o quê era.

Gendry até havia oferecido a cama para Margaery, mas ela acabou negando, pois não havia lareira no quarto… E porque os dois já haviam estreado o quarto quando chegaram e o cheiro de sexo já havia empesteado o local. Arya e Gendry cheiravam a lama e fumaça, o que tornou a oferta ainda menos agradável quando pensava no cheiro do local.

Ned e Albar ficaram especialmente aliviados com a decisão de Margaery; provavelmente porque eles e os outros servos dormiam no mesmo chão e eles não iriam querer aqueles dois brincando de noite núpcias todas as noites.

—Nunca tivemos um casal assim–disse Grisel uma vez, enquanto o casal fazia um barulho no andar de cima—Nem Lysa gritou tanto na noite de núpcias com Petyr.

Mas não era só de amor que aquele casal agitado vivia; volta e meia brigavam por qualquer motivo e se xingavam de quase todos os nomes possíveis. Uma vez Arya jogou um prato de mingau em Gendry, em outra, quando estavam do lado de fora, vendo a vila, ela jogou pedras e até adubo nele. Já Gendry gostava de prender a jovem contra o chão ou as paredes e fazer pressão nela usando o próprio corpo, parecendo que iria esmagá-la. Ele também dava-lhe cócegas, enquanto ela se debatia contra ele.

—Quem é o mais forte agora, Milady? Quem é o estúpido?—Ele sempre perguntava quando fazia isso, enquanto Arya se irritava e fazia de tudo para ser solta.

Margaery não sabia o quanto ele fazia isso porque estava bravo e queria irritar a Stark e o quanto isso o excitava… Mas ela podia ver que isso irritava e machucava Arya.

Uma vez, Arya ficou tão irritada que trancou Gendry para fora do quarto deles –Margaery não sabia o motivo, mas Albar lhe disse que Gendry foi com a filha de Grisel até a pequena vila e eles beberam muito e talvez tenham tido um caso. Bom, parte daquilo era verdade pois Gendry chegou bêbado e quase caiu ao subir as escadas. Ao ver a porta trancada, ele berrou, e ao não receber respostas ele chutou até a porta cair.

 

Margaery não sabia bem o que havia acontecido naquela noite, só que aqueles dois brigaram quase à noite inteira e em seguida fizeram amor pelo resto da noite.

Era um casal de degenerados. Arya era uma promíscua nojenta ao se deitar com um bastardo, mas nunca imaginou que aqueles dois iriam tão longe…

Edric sempre tentava segui-los, onde quer que fossem. Gendry parecia não suportar o rapaz, mas Arya parecia bem apegada a ele. Eles davam voltas juntos e ele mesmo levava os pratos para eles de manhã, mesmo que Arya disesse que isso não era necessário --Gendry meio-mandou meio-pediu para o lorde de Tombastella fazer isso quando a Arya não estava por perto e ele pareceu feliz em agradar.

Um simples colchão de palha foi colocado no quarto da lareira para ela. Sua companhia era um simples cachorro velho e cego. Ele se deitava mais próximo da lareira em cima do velho vestido marrom que Margaery usava. Era como se fosse especial para ele, sempre fazendo sons felizes ou tristes ao se deitar.

Ele também se sente sozinho, pensou.

Ela tentava ao máximo possível evitar o velho Meistre que estava na torre. Ela se sentiu terrivelmente mal pelo ocorrido, sempre que ela se esbarrava com meistre –o que acontecia bastante pelo tamanho do local que eles dividiam– ela abaixava a cabeça e tentava ignorá-lo.

Gendry, por outro lado, parecia bem com o que fez:

—Não me sinto mal por isso–Ele confidenciou quando vagavam pelo terreno um dia–Fui bonzinho, afinal, ele está vivo. Minha antiga senhora mostrou que a punição de verdade é a forca.

—Era uma senhora nada misericordiosa…—Respondeu.

—-E por isso ela era a melhor das senhoras! A enviada do senhor da Luz!

Margaery passou os últimos dias sentada ou deitada. A neve tomava conta de rudo e a maré estava muito alta, não tinha porque sequer sair do andar onde estava.

A comida era horrível, algas, ovos, até carne de carne era muito fraca e enjoativa depois de tantos pratos. A gaivota era péssima também. Não havia cerveja ou vinho para se beber ali... Não tinha nem sequer um misero pão!

Bom, pelo menos eles tem comida melhor do que a dos pardais... Já é algo.

Ela passou a pensar em formas de se vingar se Cersei, Daenerys entre outros inimigos para passar o tempo: ela pensou em fazer Cersei fazer outra caminhada da vergonha, mas dessa vez, Daenerys estaria ao seu lado. Ambas andariam até os pés não aguentarem, dando voltas e mais voltas na cidade até seus pés não aguentarem mais. O povo faria o que quisesse com elas após isso.

 

Quanto aos seus comparsas, poderiam virar comida de dragão; seria um final digno para eles. Imaginou eles implorando por piedade para ela e ela se negando a apoia-los. Iria amar ver Varys e Arianne gritando em agonia; seria um pagamento justo pelas mentiras e traições.

Oh, ela não poderia esquecer de Lorde Petyr Baelish, é claro...

Podia deixá-lo neste fim de mundo, pensou, é um castigo pior do a morte.

E Arya? O que poderia fazer com ela? Será que se ela arrancasse a cara de cavalo dela teria algo embaixo?

Aquela garota precisa de uma boa surra... E a irmã também! É um absurdo Sansa ter me feito passar por uma viagem tão miserável!

Ela ainda tinha muito a pensar: Aegon, Stannis, Randyll Tarly, Mathis Rowan, Euron Grejoy...

Tinha muitos nomes e muito tempo para pensar e se divertir em cada crueldade que poderia fazer com eles.

Ela pensou, em cada um deles, de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo...

Finalmente, após 15 longos dias, um grupo de 10 cavaleiros chegou para levá-los ao Ninho da águia.

—Graças aos Deuses—Disse Sor Albar–não suportava mais.

Margaery e Ned foram avisar o casal no andar de cima. Ao chegar lá, Arya já estava inteiramente arrumada e colocava uma bota velha em um dos pés. Gendry, por outro lado, ainda estava na cama e nem estava vestido.

—Eu sei, os cavaleiros chegaram—Disse Arya, terminando de colocar a bota—Eu ouvi os cavalos.

—Imagino que o vosso amante não acha que vamos esperar ele tirar um cochilo para ir? –Disse Margaery, se sentindo cansada.

Arya se virou e olhou para Gendry na cama.

—Vamos—Ela disse, deu um tapa nas nádegas cobertas dele e saiu andando, passando por Ned e Margaery e descendo a escada.

—-Venha Ned--Disse Gendry totalmente sonolento--Me ajude a me vestir e te torno um escudeiro.

Irritado, Gendry afastou as cobertas e se levantou. Sem se importar com a visão do seu corpo nu. Ele era musculoso e com algumas cicatrizes… E cheio de arranhões recentes.

—Pelo Deuses…—Disse Margaery, virando a cara envergonhada.

Ned inicialmente pareceu não entender a reação de Margaery.

—Oh–Ele disse ao entender—Nós já nos acostumamos a nos ver como no dia de nosso nome. É normal, eu mesmo já vi o corpo de Arya e Gendry várias vezes, e eles já viram os meus.

—Bom, eu não quero fazer parte disso–Disse Margaery, se virando e descendo a escada.

Antes de ir, Margaery deu um pequeno afago no cão cego que estava novamente deitado no velho vestido ao lado da lareira.

—--Tchauzinho, meu velho e triste cão---Ela disse-- Você foi meu único companheiro normal em tempos, mas o caminho nunca seria seguro para você. Acho que nós dois vamos sentir falta um do outro.

Ao ver o pequeno grupo de homens que a esperava, ela achou que não havia nenhuma bandeira Arryn.

—Eles foram atacados–Explicou Sor Albar.—Era um grupo de uns 30 homens quando partiram. Tinham até uma carruagem para Milady, mas foi destruída.

—Pelos clãs da montanha? –Ela ficou chocada. 

Sor Albar assentiu.

—Eles estão cada vez piores, Milady. Alguém os armou com aço.

 

Sem uma carruagem, Margaery teve que se contentar com andar a cavalo, para sua sorte, ela amava cavalgar. Ned ajudou ela a subir.

 

Antes de tomar um cavalo para si, Arya foi até Margaery.

 

—Aqui—Ela tirou algo do cinto e lhe entregou um punhal.

 

Quando Margaery pegou o punhal, percebeu que não era qualquer tipo de punhal: a lâmina de aço valiriano, com o cabo sendo de osso de dragão.

 

—Para quê?-–Ela perguntou.

 

Arya, para variar, a olhou como se fosse uma estúpida e revirou os olhos.

 

—Para raspar o cu, é óbvio—Ela disse—Olhe, se ver um inimigo se aproximando, espeto com a parte pontuda.

 

E assim, o grupo viajou para o novo destino de Margaery.

 

Nos primeiros dias, a viagem estava sendo difícil, depois, a viagem ficou ainda pior. A neve cobria tudo, atrapalhando o andar dos cavalos.

 

Um dia, um cavalo quebrou a pata e teve que ser sacrificado, sua carne não foi desperdiçada e eles o comeram, pois os clãs haviam roubado quase toda a comida.

 

Eles não costumavam parar à noite, pois, além da ameaça dos clãs das montanhas, o Vale estava infestado de Gatos das Sombras. O medo era tanto, que três pessoas ficavam de vigia quando os outros dormiam, e pelo menos uma pessoa deveria fazer companhia a outra quando esta fosse se aliviar –No caso de Margaery, apenas Arya podia segui-lá.  

 

—Eu posso ouví-los à noite—Disse Arya uma vez—Eles nos seguem, sentindo que alguns de nós estão fracos e com medo. Não se afaste em nenhuma hipótese.

 

—Então mate-os—respondeu Margaery, duvidando das palavras da jovem—Ou Fique calada. É melhor isso do quê meter medo em todos.

 

Faltando três dias para chegar aos Portão Sangrento (no caso estavam há dias na viagem de 3 dias), enquanto cavalgavam exaustivamente, Arya parou abruptamente o cavalo.

 

—O que foi? – perguntou Gendry.

 

 –Tem algo aqui…–Ela disse, varrendo a área com os olhos–Eu ouvi! Tenho certeza!

 

Margaery olhou em volta. Só havia neve.

 

—Está louca, Stark?– Questionou, estavam nessa jornada a dias, não podiam parar agora pela mente desequilibrada de Arya.

 

Arya estreitou os olhos contra Margaery.

 

—Eu tenho certeza…

 

Um homem com capacete de chifres e usando cota de malha subiu em uma alta pedra e urrou, empunhando um machado em uma de suas mão. Assustando os cavalos.

 

Após urrar como um animal descontrolado, o homem com chifres pulou da pedra em que se encontrava e decapitou o cavaleiro que estava próximo dele com o seu machado.

 

A floresta pareceu ganhar vida, com homens e mulheres parecendo sair do nada e indo contra o grupo de Margaery. Gendry soltou uma praga ao ver a cena.

 

Um homem foi derrubado do cavalo, outro, sem nem ter tempo de reação, teve a cabeça esmagada por uma estrela da manhã. Sor Albar desembainhou a espada e avançou, assim como Ned. Gendry fez o mesmo, mas só após colocar um capacete de touro na cabeça.

 

Apavorada, Margaery apenas tentou acalmar a égua e pegou o punhal que Arya lhe dera.

 

Arya, desceu de sua égua, e retirou sua pequena espada. Seu corpo parecia dançar enquanto os inimigos iam contra ela, como uma dança da morte. Sua pequena lâmina acertava os pontos fracos dos inimigos; uma parte desprotegida do pescoço, os olhos, virilha…

 

Gendry usava uma espada de lâmina estranha, preta e vermelha. Ela atravessava os tecidos grossos e as cotas de malha como se fossem feitos de seda.

 

Eu já vi aquela lâmina…, pensou. É a espada de Joffrey!

 

Uma mulher selvagem atingiu um dos soldados com uma flecha, enquanto o meistre era derrubado de seu pequeno burro por um homem pequeno mas visivelmente forte. 

 

Dois homens do clã inimigo foram correndo até Margaery.

 

—NÃO!–Ela gritou quando eles se aproximaram–Não se aproximem! Não toquem em mim!

 

Um dos brutos chegou a agarrar a sua saia e a puxou, quase a arrancando da cela, enquanto o outro estava tentando pegar as rédeas da égua.

 

Foi então que ela, tomada por desespero, moveu a mão que segurava o punhal para um dos olhos do homem que a atacava.

 

A lâmina de aço valiriano perfurou o olho do selvagem, fazendo-o soltar Margaery e urrar de dor. A égua fez um som barulhento e assustado, se empinando e dando um coice no queixo do homem que estava em sua frente, tentando pegar as rédeas. Ela torceu e depois retirou a lâmina do homem em agonia, que levou uma mão ao olho que chorava sangue. Sua égua pousou os cascos em cima do crânio do homem que havia tentado lhe tomar as rédeas.

 

Um terceiro agressor a pegou desprevenida por trás, puxando-a para trás, quase derrubando de vez, se ela não tivesse agarrado as rédeas com força.

 

O barbudo agarrou os cabelos dela e a puxou com força, fazendo-a gritar. Ela segurava as rédeas com uma mão e usou a outra para tentar desferir um golpe com o punhal.

 

O golpe perfurou o braço da mão que puxava os seus lindos cachos castanhos; passando pelo tecido e a cota que o cobria. Após penetrar a pele, a lâmina subiu e piorou o corte, fazendo o homem gritar. Margaery podia sentir o osso raspando no punhal.

 

O homem a largou e a égua de Margaery, apavorada, relinchou mais uma vez e galopou para longe daquele pesadelo, aos poucos, os sons da briga foram diminuindo até sumir de vez.

 

Margaery quase caiu, mas pode segurar bem nas rédeas e se reerguer. Ela demorou até conseguir tentar acalmar a égua. Quando a virou, percebeu que estava totalmente perdida. Não conhecia o caminho daquele lugar, e, como a égua não fugiu em linha reta, não sabia como voltar.

 

Ela ficou um tempo parada. Mesmo que conseguisse achar o local, não sabia se os clãs haviam ganhado a disputa. Ela permitiu deixar a égua pastar.

 

À noite, ela estava mais perdida ainda. Tentou usar as constelações, mas o céu estava tomado por nuvens. Sua égua dava trotes bem curtos, Margaery não queria esbarrar em outro Clã ou até com os gatos das sombras.

 

Pareceram se passar horas até ela ouvir um farfalhar e ficar em alerta. Ela estava tão apavorada que nem perguntou se era algum de seus aliados.

 

Para sua sorte e azar, era Arya.

 

—Oh, você está viva?

 

Arya fez uma carranca.

 

—Também é bom te ver.

 

—Como estão as coisas? Muitos morreram?

 

A Jovem Stark acenou.

 

—Pelo menos uns 6 morreram–Ela respondeu. —Mas os membros da nossa alcateia principal ainda permanecem vivos.

 

—Que bom…

 

Arya pegou as rédeas de couro da égua de Margaery e a guiou até o grupo, por sorte não estavam muito longe. Demoraram menos de uma hora para chegar.

 

Vários corpos, tanto de cavaleiros quanto de selvagens, estavam no chão.

 

—Vamos deixá-los assim–Disse Arya—Enterrá-los seria uma perda de tempo e isso vai distrair os felinos que nos perseguem.

 

O meistre do grupo estava gravemente ferido; sua manta estava rasgada em vários locais, seu nariz estava inchado e torto e ele estava totalmente ensanguentado. Havia um enorme corte no seu braço direito, era totalmente visível para todos, graças ao corte na manga.

 

Gendry as viu chegando e foi até elas.

 

—Deveríamos largar o meistre–Ele cochichou assim que chegou perto delas.

 

—O quê? –Margaery ficou incrédula.

 

Gendry a olhou de repente, como se tivesse achado que ela não iria ouvir.

 

—O burro dele morreu–Ele explicou–Ele está muito ferido, Margaery. É um atraso.

 

—Como pode falar uma coisa dessas? –Ela questionou por cima da égua–Não tem honra?

 

Arya se virou para encara-lá.

 

—Não pareceu questionar a honra dele quando mandou ele derrubar o velho escada a baixo.

 

Margaery corou.

 

—Não disse especificamente para Sor Gendry fazer isso–Ela se defendeu–E eu já me arrependi.

 

—Mas se desculpou?—Perguntou Arya–Imagino que não, certo?

 

Margaery abaixou a cabeça.

 

—Não.

 

Arya se virou para Gendry.

 

—Não vamos deixá-lo vivo para morrer com dor–Disse Arya–É cruel demais.

 

Gendry deu quase uma risada ao ouvir aquilo.

 

—Você amoleceu, Arya–Ele disse–Desde quando é do tipo misericordiosa?

 

—Quando eu amadureci–Ela respondeu–Devia tentar fazer o mesmo!

 

Ela o empurrou e foi até o ferido Meistre. Ele a olhou quando ela se aproximou. Margaery não podia ouvir a conversa, mas Arya disse algo e apontou para Margaery e Gendry, e isso fez o Meistre se levantar da pedra onde estava sentado.

 

No mesmo instante, sem que ele sequer olhasse para Arya, ela fez um rápido movimento e ele pareceu fazer um som de dor e se contorcer, caindo no chão na hora. Arya limpou a lâmina nas vestes dele e se virou na direção de Margaery e Gendry.

 

—Vamos! –Ela gritou.

 

Gendry assentiu e estava prestes a ir até o cavalo, mas Margaery o chamou.

 

—O que ela fez? –perguntou.

 

O cavaleiro lhe deu um sorriso.

 

—O que ela sempre faz–Ele apontou um dedo para o próprio peito–Acertou-o bem no coração.

 

Ela assentiu, mas não era só isso que queria saber.

 

—Sor Gendry, me diga–Ela pediu–Como tem a espada de Joffrey?

 

Ele franziu o cenho até parecer compreender o que ela queria dizer.

 

—Ah, a espada de Brienne? É a mesma que a de Joffrey?

 

Foi então que ela se lembrou que estavam falando da mulher guerreira antes da tempestade.

 

—Brienne? Brienne de Tarth? É dela que você fala?

 

Ele assentiu.

 

—Limo a chamava de puta do regicida.

 

—Quem é…? –Ela balançou a cabeça, era ridículo perguntar sobre um colega qualquer de Gendry–Onde a achou? Ela está viva?

 

—A puta do regicida?–Ele balançou a cabeça–Morta. Junto com o amante dela.

 

Ela ficou confusa até entender que ele falava de Sor Jaime Lannister, o irmão da antiga rainha Cersei.

 

—O Regicida?

 

—Ele mesmo, Milady–Ele respondeu simplesmente–Ambos estão mortos e ardendo no sétimo inferno.

 

—Está mentindo! –Ela o acusou. Era difícil acreditar no que ele dizia.

 

Gendry riu e fez um gesto para indicar que ela deveria segui-lo.

 

Ela fez sua égua dar uns trotes e ir na direção dele.

 

Gendry foi até Edric e mandou o garoto descer da montaria e pegar algo no alforge que ele tinha deixado no cavalo dele.

 

—Por que você não pega? —Perguntou o Dornes, mas não com raiva, e sim com um tom inocente.

 

—Faça o que mando–Disse Gendry–Posso fazer você ser o meu escudeiro, se fizer o que quero.

 

Apesar de Edric ter quase a mesma idade de Gendry ou até mais velho, além do sangue nobre, ele sorriu com a perspectiva e fez o que o bastardo de Robert ordenou.

 

Gendry se virou sorrindo para Margaery.

 

—Esse besta acredita em qualquer coisa–Ele disse–Faz tudo que eu e a Arya pedimos, é rídiculo! Se eu mijar num recipiente é capaz dele beber e elogiar o gosto! Nunca entenderei porque Arya gosta desse rapaz… 

 

Ele gosta muito de Gendry, percebeu. Talvez isso explicasse porque o rapaz o suportava e não preferia ser escudeiro de Sor Albar. Talvez ele nem quisesse ser escudeiro, apenas agradar.

 

O jovem voltou rapidamente e entregou algo enrolado em panos para Gendry, que tomou o objeto de suas mãos sem nem lhe agradecer.

 

—Aqui, Milady–Gendry entregou o estranho objeto para Margaery–A prova de que lhe disse a verdade. Pode ficar feliz, a rainha perdeu seu mascote favorito.

 

Margaery quase deixou o objeto cair ao pegar, pois era muito pesado. Desenrolando, ela percebeu que era mão uma mão de ouro e com unhas de madrepérola. Ela já tinha visto Sor Jaime algumas vezes, e mesmo assim, não seria necessário para saber que aquilo era dele.

 

Suspirando com a surpresa, Margaery pegou a mão dourada e a levou contra o seu peito, beijando o metal dourado. Aquilo era a prova de que o maior amor de Cersei estava morto. Que eles nunca iriam se reencontrar. Isso a deixava feliz.

 

É uma justiça, em nome de meu irmão…

 

Com lágrimas nos olhos, ela se virou para encarar Sor Gendry.

 

—Ele sofreu?–Ela perguntou.

 

Gendry assentiu.

 

—Muito, embora não como merecesse.

 

Uma parte dela estava feliz ao ouvir aquilo. Ouvir que o homem da mulher que lhe fez tanto mal morreu em agonia… Mas uma outra parte dela ficava assustada com esse sentimento.

 

Margaery enrolou novamente a mão dourada e a devolveu para Gendry.

 

—Obrigada, Sor—Ela disse—Por acaso isso foi obra da sua senhora?

 

—Foi sim, Milady–Ele disse–Ela era cruel, mas era uma justiceira.

 

Ela assentiu, secando as lágrimas.

 

—Sim, ela era—Concordou.

 

—Não falem isso—Disse Ned, não gostando do que ouvia—Ainda mais onde a Arya pode ouvir.

 

—Calado–Disse Gendry, entregando a mão enrolada em panos para ele–Vá, ponha onde estava.

 

—Tá bom…—Ele disse, carrancudo—Sor Gendry?

 

—O quê? 

 

—Sou seu escudeiro?

 

O cavaleiro tinha mais cara de quem preferia afundar a espada na cara do jovem loiro do que consagra-lo cavaleiro.

 

—Não. —Ele respondeu de forma enfática.

 

Todo o entusiasmo se esvaiu dos olhos púrpuras de Edric.

 

—O quê? Mas por quê?

 

—Porque você mandou e a Milady não falarmos sobre dado assunto, onde já se viu um escudeiro dar ordens? Agora vá colocar essa mão onde estava e arrume o meu cavalo.

 

Qualquer um teria gritado ou só desobedecido, mas o jovem fez o que lhe era mandado, mesmo cabisbaixo.

 

Sor Albar olhou de Soslaio para Sor Gendry por cima de seu cavalo. Ao qual o bastardo apenas deu de ombros.

 

—Pode ser meu escudeiro, Ned!

 

—Não, obrigado, Sor—Disse Edric enquanto arrumava a sela do cavalo de Gendry.

 

Algumas pessoas do grupo ficaram sem cavalo e teriam que voltar andando, o cavalo de Arya estava entre os mortos no ataque.

 

—Fique com o meu—Disse Edric.

 

—Fique com o meu—Disse Sor Gendry, com ciúmes. —Ou podemos dividir a minha cela, já dividimos tudo mesmo.

 

Margaery preferia que ela não ficasse com nenhum. Aqueles que ficassem andando provavelmente ficariam para trás ou morreriam caso houvesse algum outro ataque, pois estariam sem ter como fugir e fracos. Ela preferia que Arya fosse uma dessas pessoas.

 

—Não precisa, Ned—Disse Arya–obrigada.

 

Ela empurrou Gendry e sentou na cela dele.

 

—Chega pra lá–Ela disse, soltando as tiras de couro dele.

 

—Sério, Arya?

 

—Sério—Ela respondeu sem nem olhar para ele—Ou pode dividir a cela com o Ned.

 

Gendry pareceu não gostar disso, mas fez o que ela disse, deixando-a tomar as rédeas do garanhão e avançar.

 

Ele logo apareceu gostar da situação, pois a abraçou, deixando suas mãos bobas entrarem no corpete dela para "não ficarem congeladas" e deu um largo sorriso.

 

Ele olhou para Ned como se achasse graça do garoto claramente enciumado. Sor Albar apenas balançava a cabeça para a pouca vergonha do casal.

 

E assim o grupo seguiu mais uma vez rumo ao castelo nas montanhas. Margaery tinha que admitir que, depois de saber da morte do Regicida, ela estava muito feliz pela primeira vez em muito tempo.

 

Ela gostaria de dar a notícia da Cersei ela mesma, tal qual a rainha Lannister fez quabdohe avisou sobre Loras. Ela iria lamber as lágrimas dela e saborear o gosto assim como ela fez com ela.

 

Ah... Ela estava até feliz em lembrar que o pobre Tommen também estava morto. Esperava que Cersei estivesse gostando de sua prisão na Fortaleza vermelha; tinha certeza que os Martell estavam se assegurando disso.

 

Queria estar lá com eles, pensou. Valeria a pena.

 

 




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