Spin-off’s da Série do Imperador do Inferno escrita por Sorima


Capítulo 3
A Redenção de Salazar – Parte 1


Notas iniciais do capítulo

GRUPO 1
1. Célere: com velocidade acelerada; ligeiro, veloz.
2. Rotundo: redondo; esférico; abaulado; gordo, corpulento; que soluciona, decide (figurado).
3. Madorna: vontade irresistível de dormir.
4. Averno: antagônico, que é contrário; prejudicial, que carrega consigo a desgraça.
5. Minore: atenue, suaviza, abranda.

Boa leitura!



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Depois de um período nada célere no Inferno, finalmente iria sair dali e reveria a filha, além de conhece o neto. De acordo com Lúcifer 1.000 anos no Inferno equivalia a mais ou menos um mês terreno. Então, os cálculos indicavam que ele já estava morto há 8 meses. Mesmo assim, Salazar se via ansioso pelo reencontro, mesmo que fosse apenas para dizer adeus.

“O terno lhe caiu bem”

Lúcifer elogiou entrando em sua sala, onde reabriria o caminho para o casarão de Helena.

“Você também não ficou nada mal...”

Salazar retrucou, observando o traje social esportivo do Imperador.

“Pronto?”

Lúcifer pisou no pentagrama circunscrito acendendo-o em um tom alaranjado. Salazar respirou fundo assentindo com a cabeça, adentrou completamente o círculo. Em um piscar de olhos estavam no portão da frente da casa. Confuso, o Imperador olhou em volta, antes de levantar as sobrancelhas. Elogiou:

“Ótima barreira”

“Oras, muito obrigado!”

Um homem que estava do lado de dentro do portão respondeu. Salazar franziu a testa, o que aquele homem fazia ali? Se não estava enganado, já o tinha visto circular no Vaticano em alguns raros momentos. Seus olhos sagazes se voltaram para Salazar.

“E este deve ser o célebre exorcista averno à Igreja. Podem entrar”

Disse abrindo o portão.

Salazar se mexeu incomodado. Como ele conseguia vê-lo? Talvez ele não fosse humano, já que Lúcifer falou de alguma barreira, era possível.  Yekun continuou:

“A Helena está no coreto do jardim, se quiserem podem ir na frente que logo mais vou levar Brian, ele estava birrento por conta da madorna

Ele partiu e então ambos se adiantaram para o jardim passando pelo interior da casa. Salazar olhava de um lado para o outros de testa franzida, parecia que algumas coisas faltavam, talvez a Igreja já tivesse passado para recolher seus itens? Era bem provável. Suspirou.

“Sentindo falta de algo?”

Lúcifer questionou.

“Algo assim...”

“Me parece que algumas âncoras que você tinha pela casa não estão mais aqui”

Comentou o Imperador. Salazar deu de ombros.

“É melhor assim”

Quando chegaram no coreto deram de cara com Helena dormindo, lágrimas escorriam do canto de seus olhos, mas a face parecia estar em paz e um pequeno sorriso residia em seus lábios. Já não possuía mais o corpo rotundo da gravidez, o exorcista constatou. Lúcifer torceu o nariz.

“Achei que ele já tinha se despedido dela...”

“Ele?”

Salazar perguntou, mas não obteve resposta, ao invés disso Lúcifer se debruçou acima de Helena a encarando sério, esperando. Então ela abriu os olhos e Salazar acabou por desviar os olhos do reencontro deles, constrangido. Era inegável que sua filha estava apaixonada por Lúcifer, tanto quanto ele por ela.

Depois de uma troca de afago inicial, Lúcifer disse para ela:

“Eu adoraria continuar nossa conversa, mas você tem uma visita”

Helena franziu a testa. Lúcifer apontou na direção de Salazar, Helena virou-se para olha-lo, mas seus olhos não focaram nele, eles varriam aquele lado confusos. O estômago de Salazar se apertou. É claro que ela não o enxergava, ele estava morto. Ela tornou a encarar Lúcifer:

“Quem?”

O Imperador encarou-a, reflexivo.

“Lembra quando você percebeu que eu não era um ser humano? Concentre essa percepção nos seus olhos, tenho certeza de que você vai conseguir vê-lo”

Helena respirou fundo, virou-se na direção de Salazar e fechou os olhos concentrando-se. Não demorou muito para seus lábios se entreabrirem trêmulos e ela arregalar seus olhos para ele.

“Pai?!”

Aliviado, Salazar abriu um sorriso para ela.

“Como você está, filha?”

“Eu estou bem. E o senhor?”

Salazar balançou a cabeça dramaticamente de um lado para o outro fazendo Helena rir. Era bom perceber que não perdera a comunicação lúdica com a filha.

“Estou de passagem. Mas queria me despedir de vocês antes”

“Ah...”

Helena soltou, triste. Ela já sabia que o pai não poderia ficar, mas vê-lo agora era tão bom! Podia durar para sempre... Salazar sorriu:

“Se for possível, eu quero encontrar a sua mãe no céu, já que agora sei que você vai estar segura”

Ele indicou Lúcifer com a cabeça. Helena corou, notando constrangida que o pai tinha visto a troca de carinho entre os dois. Perguntou hesitante:

“E para você... está tudo bem?”

Salazar deu de ombros, suspirando fundo.

“Acho que ele me convenceu de que não é o Satanás que dizem que é. Algum outro ser que detêm esse título. Ele vai cuidar de você, além disso, você parece ter feito sua escolha também”

Ela sorriu aliviada, era verdade. Naquele momento, Yekun chegou com Brian no colo.

“Vamos conhecer seu vovô?”

Falou animado. O bebê era lindo, Salazar notou, muito parecido com Carlos, mas com alguns traços da Helena. Além disso, seus olhinhos curiosos se fixaram em Salazar, como os bebês eram perceptivos...

“Olá, Brian! Seja bem-vindo a este mundo. Eu sou seu avô”

Salazar falava com ele, o coração quente. Seu neto estava ali, vivo e vendo-o, mesmo que na tenra idade. Depois de “corujar” um pouco o neto, Helena pegou-o no colo para dar de mamar e então foi contando as novidades: como Lúcifer e Yekun tinha resolvido as questões com a Igreja, o nascimento de Brian e os meses seguintes até a partida de Lúcifer, e então a visita desagradável da tia e dos primos.

“Hortênsia veio aqui!”

Exclamou surpreso. Helena torceu o nariz concordando.

“Não minore nada do que aconteceu aqui por minha causa”

Salazar pediu. Helena contou tudo e no fim Salazar sentou-se abatido.

“Que bom que pode se aproximar um pouco dos seus primos. Porém a Hortênsia ainda me culpa por bastante coisa, não é?”

Ele sabia o motivo daquilo, e isso lhe dava um desconforto desagradável. Precisava resolver aquilo antes de ir para o Céu. Comentou esse fato com os demais presentes, para sua surpresa quem respondeu sua questão foi Yekun, o anjo-caído que vivia reservado.

“Você pode contata-la por sonho, no pior dos casos, talvez ela não se lembre, mas o assunto pode ficar resolvido”

“Como eu faço isso?”

“Se quiser eu posso te ajudar”

Lúcifer falou suavemente, surpreendendo os outros dois.

Salazar confirmou com a cabeça. Aproveitaria a oportunidade.


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Notas finais do capítulo

Separei em duas partes, já que a redenção dele envolvia a filha e o neto (o relacionamento entre eles) e também a relação com a irmã. 1000 palavras é pouco para tudo isso.



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