Música que inspirou esse capítulo: Gunslinger - Avenged Sevenfold:
https://www.youtube.com/watch?v=3vDetD8cW_o

...

As horas estavam passando e a ansiedade tomava o Seungmin e seus novos amigos.

...

— Se acalme pequeno gafanhoto, você está me deixando nervoso.

— Me desculpe falcão, não consigo evitar, estou preocupado com o Minho e o Yang, não já era para eles terem chegado aqui?

— Na verdade era sim Seung, mas fique tranquilo, já eles aparecem.

...

No caminho para a igreja.

Eles foram obrigados a parar com o carro, havia um grupo de infectados e seguir viagem poderia levar aqueles moribundos desafortunados ao esconderijo onde o Seungmin estava o que não seria nada bom.

...

— Merda! — O Minho batia no volante com raiva.

— Não vamos poder avançar por enquanto não é Minho?

— Melhor não Yang, se continuarmos vamos acabar chamando a atenção dos infectados.

— Avisa ao Chan Minho, se demorarmos a dar notícias eles podem se preocupar.

O Minho foi pegar o rádio para avisar, mas não conseguiu.

— Era só o que faltava...

— O que foi?

— Sem bateria...

— Droga!

— Nem me diga, que inferno!

— As armas estão carregadas?

— Sim, todas elas e temos bastante munição também.

— Em quantos você acha que eles estão?

— Só ali deve ter uns vinte Yang, e o barulho excessivo pode trazer mais deles.

— Sem silenciadores?

— Sem...

— Hum...

— Um molotov agora não seria de todo mal né?

— Não mesmo Yang, mas essa é a especialidade do nosso Binnie e você está aqui com um mísero pistoleiro.

Quando o Lee Minho estava a serviço do exército esse era seu ponto forte, ele não se gabava muito disso, mas ele era chamado de “Gunslinger” (Pistoleiro em inglês), pelos seus companheiros e ele não gostava muito, na verdade nada daquela maldita vida era de seu agrado e na primeira oportunidade ele saiu, ele jurou nunca mais voltar para aqueles hábitos, tudo bem que ele manteve a caça como uma atividade recorrente, mas era porque no fundo ele não queria se deixar relaxar de vez.

...

No Forte

— Eu vou atrás deles. — O Hyunjin se levantou de sobressalto já dando a sentença de que sairia dali. — Me fale como eles são e seus nomes certinho gafanhoto, vou atrás deles, pois pela demora eles devem estar encurralados.

— Eu fico com o gafanhoto — O Felix disse ao ser encarado pelo mais velho — Pode ir tranquilo aqui eu dou conta.

— Não façam isso é perigoso demais.

— Gafanhoto seu pé está quase bom, mas não está cem por cento, então fique aqui com nosso lince eu vou e os encontro, trago eles para cá e aí podemos ir para casa.

A fala final do Hyunjin deixou o Seungmin em um mix de felicidade por ele estar considerando o refúgio dele como lar, mas também de agonia por ter que se separar assim dele.

— Vamos Seung o Jinnie é ótimo em rastreamento e resgates, vai ficar tudo bem querido.

— Não sei não, mas pelo jeito vocês não mudam de opinião nunca né?

— Nop! Agora me conte gafanhoto como são os não matusquelas a quem devo resgatar?

O Seungmin deu as características físicas dos dois que estavam indo o buscar.

— O mais novo se chama Yang Jeongin, e o mais velho Lee Minho.

— Lee Minho? O Gunslinger?

Os olhos do Hwang brilharam, ele já tinha ouvido muito sobre o pistoleiro, o viu de perto poucas vezes e intimamente o apelidou de coelho pois ao seu ver o Lee era astuto, com os sentidos super apurados e que enfrentava tudo o que aparecesse sendo exemplo e levando consigo seguidores fiéis, ele era admirável e sabia ouvir com atenção plena, ninguém sabia disso, mas o Hwang se espelhava muito naquele coelho pistoleiro.

— Gunslinger? Pistoleiro?

— Sim gafanhoto essa é a tradução, mas acho Gunslinger muito mais a cara do Senhor Lee.

O Seung sorriu ao ver a expressão do Hwang.

— Ele mesmo, você o conhece falcão?

— Sim ele foi do exército e eu entrei um pouco antes de ele sair.

— Entendi, só não o chame de pistoleiro, seja lá por qual motivo for ele detesta essa referência, ele mesmo só a usa apenas quando está muito nervoso.

— Anotado gafanhoto, vou nessa agora sabendo bem quem é um dos seus eu vou voltar ainda mais rápido, me esperem e a qualquer indicio de surtados se escondam, o lince sabe bem onde.

Ele deu um beijo profundo no Felix e um beijo rápido no topo da cabeça do seu gafanhoto e saiu dali deixando um Seungmin para trás com a expressão mais preocupada do que antes.

— Não se preocupe Seung, ele logo voltará com eles.

...

O Minho junto ao Yang decidiu se livrar daqueles infectados de uma vez e se mais deles aparecessem eles dariam conta.

...

— Cobre minha retaguarda Yang e mantenha os olhos abertos como eu te ensinei.

— Certo, amo você.

— Te amo também.

Um de costas para o outro saíram de trás do carro e foram atirando certeiramente nas cabeças daqueles infectados, mas assim que os primeiros começaram a cair no chão os outros procuraram por quem fazia aquilo e então começou; eles estavam vindo para cima com uma rapidez absurda, certamente a infecção estava evoluindo e era nisso que aqueles dois ali pensavam agora.

— Vamos girar, não feche os olhos Yang.

— Deixa comigo Lee.

Eles giraram atirando e mais alguns infectados vieram ao chão.

— Boa Yang, vem vamos avançar.

— Estou logo atrás de você amor.

Eles avançaram, mas não contavam que eles haviam chamado a atenção de outros infectados e agora que chegaram ao centro da rua eles se viram cercados.

— Yang sai daqui, corra e se esconda.

— O que? Nem fodendo Minho, se vamos morrer vai ser juntos.

— Não seja bobo garoto, se esconda e vai atirando de longe, quando a coisa pegar para mim atire em minha cabeça.

As coisas estavam apertando e se o Yang não saísse agora certamente os dois morreriam ali.

— Não vou te deixar, sinto muito, vamos acabar com o que conseguirmos e morreremos juntos.

Os infectados iam se aproximando, uns caiam com os tiros certeiros que recebiam daqueles dois; o Yang portava dois revólveres de calibre 38 e o Minho estava com a sua Five-seven arma que foi dada a ele pelo Han logo que tudo começou.

— Então vamos acabar logo com isso.

Eles estavam fazendo o que podiam, atiravam em seus alvos errando pouquíssimas vezes e enquanto um recarregava o outro cobria, mas a coisa estava estreita e eles acreditaram que não dariam conta e sem que estivessem esperando um infectado pulou em cima do Yang.

— Se abaixem!

Eles ouviram a voz e só deu tempo do Minho se jogar em cima do Yang e rolar pelo chão, quando olharam para aonde a voz vinha um homem alto com a expressão mais insana que já viram atirava sem parar com seu fuzil acertando até mais de um infectado de uma só vez; o que era uma cena incrível de se ver na opinião daqueles dois.

— Quem é esse maluco?

— Não sei, mas irei agradecer ele depois Yang agora fique aqui vou ajudá-lo.

O Minho se levantou e começou a acertar os infectados se juntando a homem desconhecido.

— Morram seus esclerosados de uma figa! — O Hyunjin sorria satisfeito ao ver que o Minho se juntou a ele e através da sua visão periférica viu que o Yang também estava mirando de longe o que certamente guardaria suas retaguardas. — Lee Minho!

— Isso! Quem é você?

— Hwang Hyunjin senhor, estou com o gafanhoto de vocês e como vocês demoraram para chegar na igreja eu vim buscá-los.

— Obrigada Hwang.

— Não me agradeça senhor, é uma honra. — Ele sorria e atirava sem parar e sua feição completamente satisfeita beirava a insanidade o que fez o Minho sorrir com a loucura aparente do rapaz. — Vamos acabar logo com isso o gafanhoto está ansioso em vê-los.

Um a Um os infectados ali foram caindo e por mais uma vez o Yang quase foi mordido, mas dessa vez ele mesmo matou o que pulou nele gritando com aquele chiado infernal.

— Morre seu merda!

— O garoto é bom! Uma raposa astuta.

— É nós o chamamos assim, ele é ótimo mesmo.

Eles terminaram a limpeza do lugar e logo foram rumo a igreja, o Minho e o Yang seguiram o carro do Hwang e durante o caminho comentaram entre eles que o mais alto era maluco, mas muito bem treinado.

— Ele era do exército Yang, eu vi sua identificação.

— Isso explica um bocado.

— Sim, explica muita coisa.

...

Não demorou muito eles chegaram ao seu destino.

— Venham, o gafanhoto está lá em baixo com o meu namorado.

Os dois com ele se olharam achando aquele homem no mínimo interessante e o seguiram para o andar de baixo daquela igreja.

— Nunca gostei muito de igrejas católicas, acho elas tão sombrias com todas essas imagens e esses vitrais sinistros.

— Já eu queria ser padre quando eu era criança. — Os dois mais velhos pararam de andar e encararam o mais novo — O quê? Eu gostava da ideia do celibato e de servir a Deus com todo meu ser.

— E o que mudou isso garoto? — O Hyunjin tinha uma de suas sobrancelhas erguidas e o riso mais sínico de todos em seus lábios enquanto encarava o Yang.

— Os hormônios da puberdade Hwang.

— Que deus não me ouça, mas ainda bem que você descobriu que seu ser serve muito melhor a mim do que serviria a ele. — O Minho falava enquanto secava o Yang de cima a baixo tendo em sua mente os pensamentos e lembranças mais pecaminosos possíveis que só não falaria em voz alta por conta da presença do mais alto ali com eles.

— Eu apenas sirvo com fervor a todos aqueles que precisam. — O Yang tinha o dom de mexer com a libido do Minho com aquele semblante provocativo que fazia bem agora por saber o que estava causando nele.

— Yang você não vale nada.

— Eu também te amo Lino.

O sorriso que o Hyunjin deu enquanto encarava aqueles dois os ouvindo atentamente foi tão enorme que eles acabaram se sentindo constrangidos.

— Aqui pombinhos, podem entrar.

Eles entraram e o Seungmin dormia junto ao peito do Felix que segurava seu revólver e olhava atento para entrada.

— Foi o remédio que dei a ele, ele acabou capotando.

— Tudo bem meu amor?

— Tudo sim Jinnie, tudo sob controle.

Com o barulho da chegada deles o Seungmin começou a despertar.

— Bom vamos as apresentações enquanto o gafanhoto vai acordando, como já sabem sou o Hwang Hyunjin e esse rapaz lindo que veem com o gafanhoto é o Lee Felix.

— Prazer rapazes — O Felix se levantou já que o Seungmin saiu de seus braços. — O Seung falou maravilhas de vocês, é mesmo um grande prazer conhecê-los enfim.

Ao ouvir o nome do Felix o Minho teve algumas lembranças, mas que não estavam fazendo muito sentido no momento então ele apenas encarava o menor com uma expressão claramente curiosa.

— Sou o Yang Jeongin e esse sem muitas palavras aqui é o Lee Minho, ele é todo sério, mas é um amor eu garanto.

— Não fale por mim Yang. — O Minho o encarou e em seguida levou a mão até o Felix para selar o cumprimento — O prazer é nosso e obrigado por cuidar do Seung.

— É muito bom ver vocês dois. — O Seungmin se levantou e o Yang correu para abraçá-lo.

— Caralho mano que susto da porra hein.

— Olha a boca Yang Jeongin!

— Não enche Minho, como se você não falasse palavrões também.

— Eu falo e posso, sou mais velho lembra? — Ele deu um tapa na nuca do Yang e depois um soquinho no ombro do Seung — E você arrombadinho de uma figa nunca mais nos assuste assim entendeu?

— É assim que você fala com seu líder Minho?

— Era meu líder na incursão ao hospital, mas agora eu sou o seu, estamos te resgatando esqueceu?

— Chato pakas.

Os três se abraçam e os outros dois encaram de longe a interação e apenas com um olhar cúmplice que trocaram rapidamente eles concordam que bem ali haviam boas pessoas e que poderiam confiar de ir com eles.

— Bom acho que podemos ir, vocês dois peguem suas coisas e vamos okay?

— Sim senhor Lee.

— E pare com essa merda de senhor, eu entendi que você me conheceu no exército, mas agora Hwang? Somos a mesma coisa okay? E pare de me olhar assim por acaso você é um psicopata de guerra?

— Ah o Jinnie é todo intenso assim o tempo todo e se você for quem ele diz que é ele o admira muito saiba disso.

— Não sei por que Felix, mas que seja; vamos vou ajudar vocês com tudo que precisam levar e Yang?

— Oi Lino.

— Vai indo com o Seung pro carro, como ele está aqui dentro e está tudo trancado não tem perigo, — Ele se volta aos dois que já separavam suas coisas — Aliás parabéns pelo forte que fizeram aqui, são só vocês dois mesmo?

— Desde o início.

— Então devo dizer que os admiro ainda mais, isso aqui ficou incrível.

O Hyunjin deu um grito de felicidade com a fala de seu veterano e todos sorriram.

— Vem Minnie vamos para o carro.

...

Eles entraram no carro e o Yang olhou em volta para ver se estava tudo okay mesmo e como estava tudo certo ele se voltou ao seu amigo.

...

— Minnie toma aqui. — Ele tirou um papel do bolso que estava todo dobradinho e entregou ao seu amigo. — Quando eu sai do banheiro e a So-hee não estava lá eu surtei, juro, eu quase morri de medo, mas antes de sair fui pegar meu revólver e vi que ela tinha deixado isso aqui em cima dele, acredito eu que foi para que eu entregasse a você caso o encontrasse antes dela.

O Seungmin pegou o papel de sua mão e encarou o Yang.

— Pode ler cara, vou ficar de olho aqui pra ver se os outros estão vindo e é até melhor você ler logo.

— Obrigado Innie.

Ele desdobrou aquele papel que se mostrou ser maior do que apenas um pequeno bilhete como aparentava e se pôs a ler.

“Eu não sei se eu voltarei a ver você Minnie, mas mesmo que não eu preciso te dizer o quanto eu te amo... Eu sempre amei você, mas tinha medo pois você disse ao Chan que jamais ficaria com uma menina como eu, só que agora isso já não importa, a única coisa que eu preciso agora é que você esteja bem e que volte vivo e são.

Nos conhecemos a vida toda e esses últimos tempos nós passamos por muita coisa e eu notei que você nunca demonstra de fato o que sente, sejam medos, dores, ou o amor, mas caso você volte se abra mais por favor, não guarde tudo para você, mesmo que seja só com o Yang, mas se abra está bem?

Estou olhando para o céu pela janela do nosso dormitório, já me despedi de todos em pensamento e agora me despeço de você, “por que você foi pular garoto?” Eu preferia ter morrido do que tê-lo perdido daquele jeito. Me desculpe fazê-lo se sacrificar por mim.

Minnie, caso nunca mais nos vejamos que essa carta o mantenha aquecido e que te ajude em meio as tempestades que virão, o mundo acabou mesmo aquela noite, mas o meu amor por você nunca vai acabar.

Peço aos deuses e para quem mais preciso for que você esteja bem cachorrinho.

Esperarei o tempo que for, seja aqui ou na eternidade só para poder te abraçar novamente então sobreviva e volte para mim.

Te amo.

So-hee.”

Ele finalizou a leitura e lágrimas desceram seu rosto e se ele não tivesse ouvido a voz de sua amada ele estaria em completa agonia agora.

— Uma carta de amor em meio ao fim do mundo? Que gracinha, vocês são fofos.

— Não enche Innie.

O Yang viu os três se aproximarem com as coisas, eles logo partiriam e isso encheu o mais novo de esperança.

— Guarda isso aí, eles estão vindo e eu sei que você odeia ser sentimental na frente dos outros.

Assim o Seungmin fez e enquanto ele guardava o papel em seu bolso ele falou baixinho apenas para ele mesmo.

— Estou voltando para você So-hee.

E depois que o Felix e o Hyunjin colocaram todas as suas coisas nos carros eles partiram daquele forte rumo ao que será o novo lar daqueles dois e rumo aos lares de cada um dos demais, que nem de longe era o local físico onde viviam, mas sim os donos dos corações aflitos que os esperavam lá ansiosamente.

⊱━━━━━━━━━━━━⊰