Home II escrita por llRize San


Capítulo 9
Vou te levar de volta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810353/chapter/9

(Seul - Alguns meses antes do ataque dos Orcs em Amicitia)

 

I.N estudava cautelosamente o celular de Yoongi. Invadir o sistema do aparelho não foi nada difícil. Na galeria de fotos, havia milhares de selfies de Yoongi e fotos dele com um outro rapaz loiro, que ele imaginou ser o tal Park Jimin mencionado pela senhora misteriosa. Nas mensagens entre Yoongi e seus pais, conseguiu obter o endereço para onde ele se mudaria, aparentemente, para um local mais próximo da universidade.

A chave poderia estar com Yoongi, ou no armário do campus, ou talvez em sua casa; só precisaria se aproximar de Yoongi para descobrir. I.N já havia se adiantado e feito a matrícula na turma de Yoongi. Era cômico ver um hacker como ele fazendo umas aulinhas de TI, mas precisava se aproximar de Yoongi de alguma forma.

Antes de mais nada, I.N levou o celular e a carteira de Yoongi para a delegacia, alegando que os encontrou na rua. Deixou-os na recepção antes que a moça pudesse fazer mais perguntas.

No seu primeiro dia de aula, o Professor Namjoon o apresentou à turma; todos o observavam curiosos, mas I.N não era do tipo que se intimidava com tais situações. Sua mente era focada e inteligente, estando muito à frente dos demais.

Durante toda a aula, I.N disfarçadamente observava Yoongi, tentando descobrir algo e buscando oportunidades para iniciar uma conversa. Ao final da aula, I.N propositalmente esbarrou em Yoongi, deixando seus livros caírem e se espalharem no chão.

— Me desculpe, foi sem querer — Disse I.N, tentando parecer desesperado. Rapidamente ele agachou-se para recolher os livros de Yoongi. 

— Tudo bem, não foi culpa sua — Disse Yoongi, com um sorriso.

— Obrigado, vou tomar mais cuidado — I.N viu que no meio dos livros tinha um marca páginas do famoso RPG que todos os jovens jogavam. Ali ele encontrou uma forma de atrair Yoongi — Você também joga World of Amicitia?

— Sim, eu amo esse jogo! — Yoongi arregalou os olhos, espantado — Você também joga?

— Muito! Sou um pirata lá e uso espadas. Já estou no nível sessenta.

— UAU! Eu também sou um espadachim, só que sou um elfo. Estou no nível quarenta e cinco. Precisamos jogar juntos qualquer dia.

— Sim, com certeza, vamos marcar.

I.N apreciava a empolgação de Yoongi e tinha identificado a maneira perfeita de conquistar sua confiança.

...

(Amicitia - Após a batalha dos Orcs)

 

Taehyung virou-se rapidamente, encontrando Yoongi parado diante dele. Dois elfos noturnos, de longos cabelos brancos e pele alva, estavam posicionados logo atrás de Yoongi, como se fossem seus guardas. Sem pensar, Taehyung correu na direção de Yoongi, ansioso para abraçá-lo, mas quando se aproximou, Yoongi recuou.

— Yoon? — Taehyung ficou confuso com a forma como Yoongi o olhava, como se não o conhecesse — Yoon, sou eu, o Tae — Taehyung tentou tocar seu rosto.

— Não se aproxime de mim! — Yoongi recuou novamente.

— Yoon, por favor, eu vim até aqui pra te buscar. 

— Não sei quem é você, criatura humana — Disse Yoongi com frieza, observando a aljava e o arco nas costas de Taehyung. 

Taehyung engoliu o choro, recusando-se a se desesperar. Era crucial manter o controle da situação. Seu olhar percorreu os dois elfos noturnos posicionados atrás de Yoongi, observando o desprezo dos dois para com ele. Em seguida, dirigiu novamente seu olhar para Yoongi, cujos olhos estavam frios e vazios, lembrando o primeiro encontro deles.

— Yoon — A voz de Taehyung saiu embargada —, você não se lembra de mim?

— Nunca o vi na minha vida.

Algumas lágrimas caíram dos olhos de Taehyung. 

— Você não pode ter me esquecido...

— Lamento Arqueiro, mas não o conheço, você deve estar me confundindo.

— Eu nunca iria te confundir, você é o amor da minha vida — Taehyung tentava controlar as lágrimas — Nós vamos nos casar, veja — Ele mostrou a aliança que Yoongi havia lhe dado — Você me pediu em casamento e disse que ia me amar pra sempre.

— Não sei quem te prometeu isso, Arqueiro, mas parece que “pra sempre” não durou muito — Yoongi riu.

— Por que está fazendo isso comigo? O que eu fiz de errado? A gente é tão feliz juntos. Já passamos por tantas coisas. Por que você me deixou?

Yoongi suspirou, entediado.

— Vejo que não adianta falar que eu não sou quem você procura. Volte para sua casa, aqui é um lugar perigoso.

— Eu não vou voltar! Só saio daqui com você! — Taehyung limpou as lágrimas, cruzou os braços e ficou parado na frente da pedra que fechava a entrada da caverna.

— Precisamos passar, Arqueiro.

— Vão ter que passar por cima de mim, porque eu não vou sair daqui sem você.

— Não tenho tempo a perder com você — Disse Yoongi, impaciente — Ou você sai do meu caminho, ou terei que prendê-lo.

— Faça o que quiser, porque eu não vou sair — Taehyung virou o rosto.

— Não reclame, Arqueiro. Agora você não sairá daqui tão cedo, será meu prisioneiro.

Taehyung o encarou com desdém, reproduzindo em silêncio as palavras de Yoongi, movendo apenas os lábios, como se estivesse agindo como uma criança mimada.

— Já duelamos uma vez, podemos fazer isso novamente. Vou te levar de volta pra casa, nem que eu tenha que deixá-lo inconsciente.

Yoongi riu.

— Ao menos és um Arqueiro corajoso.

— Deveria temer-me, Sr.Yoongi. Quando voltarmos para casa, vou castigá-lo.

Yoongi divertiu-se com as ameaças de Taehyung, mas tentou conter o riso. 

— Me castigar? Como?

— Não vou dizer isso na frente deles — Taehyung apontou para os dois elfos.

— Então você realmente acha que pode me enfrentar?

— Acho não, tenho certeza. Você está nas minhas mãos. Consigo fazer você se ajoelhar aos meus pés.

— Ninguém neste reino consegue me dominar, Sr.Arqueiro!

— Eu consigo, tenho meus truques e sei da sua fraqueza.

— Eu não tenho fraquezas.

— Sim, você tem.

— Não vou discutir isso com um mero humano que não me conhece. Bom, já que não quer sair do meu caminho, terei que prendê-lo.

— Tente!

Taehyung desembainhou suas cimitarras, preparando-se para o duelo com Yoongi. Em sua mente, a ideia de que Yoongi estava sob o efeito de algum feitiço persistia; se conseguisse derrotá-lo, pretendia levá-lo de volta para casa, onde Jin poderia examiná-lo. O plano era primeiro derrubar Yoongi e, em seguida, enfrentar os dois elfos. Era uma tarefa desafiadora, mas Taehyung estava disposto a qualquer coisa para levar Yoongi de volta para casa.

— Não vai sacar sua espada? — Perguntou Taehyung.

— Não preciso.

— Não vou pegar leve só porque eu te amo e só porque você é bonito, que fique bem claro.

— Está bem Arqueiro, mas isso será rápido.

Taehyung encarou Yoongi, assumindo uma postura de combate com suas duas cimitarras em mãos, preparado para o embate iminente. Mesmo sorrindo, a expressão de Yoongi era gélida.

Antes que Taehyung pudesse atacar, Yoongi avançou de uma maneira tão rápida que parecia ter se teletransportado, encontrando-se subitamente diante de Taehyung. Com seus rostos a uma distância íntima o suficiente para sentir a respiração um do outro, Taehyung permaneceu paralisado.

— Tenha bons sonhos, Arqueiro — Disse Yoongi, tocando levemente no rosto de Taehyung, que caiu desacordado em seus braços.

— O que o Senhor fará com esse humano? — Perguntou um dos elfos.

— A partir de agora ele será meu prisioneiro, o levarei para meus aposentos.

(Seul - Alguns meses antes do ataque dos Orcs em Amicitia)

 

I.N tentava de todas as formas descobrir sobre a chave que Yoongi havia ganhado de presente de Jimin, mas sem muito êxito. Ou Yoongi não dava importância para o assunto ou estava empolgado demais com a presença do rapaz de sorriso quadrado que ele tanto "odiava".

Impaciente, I.N suspirou. Ele percebeu que aquilo não seria tão fácil quanto havia imaginado. Seria estranho se ele perguntasse diretamente sobre a chave; Yoongi poderia pensar que ele era um stalker e se afastaria. Precisava ser cauteloso.

Apesar da pouca idade, I.N trabalhava em alguns serviços temporários, seja em lanchonetes ou em qualquer oportunidade que surgisse. Afinal, mesmo aos dezoito anos, já vivia sozinho e precisava se sustentar. O dinheiro que, muitas vezes, desviava de contas de milionários era destinado principalmente para ajudar instituições carentes, e não para o próprio uso.

Desde a morte de seu pai, I.N morava com alguns parentes que não o tratavam de maneira amigável. Ele ansiava pelo dia em que poderia sair daquele ambiente, buscando um emprego estável para se sustentar e alugar sua própria casa.

Dessa vez, I.N conseguiu um emprego de meio período que o deixou contente, não apenas pelo salário razoável, mas também pela oportunidade de trabalhar um pouco em sua área. Sua vasta experiência em TI foi crucial para conquistar a vaga.

I.N desempenhava a função de engenheiro de segurança virtual, uma ironia para um hacker. Certamente, ninguém poderia imaginar que aquele jovem aparentemente tímido, com aparelho nos dentes e um sorriso fofo, era um dos hackers mais procurados pela polícia.

Naquele dia, seu encarregado chegou à sua mesa com uma expressão séria.

— Jeongin, tenho um serviço pra você.

— Sim Senhor. O que seria?

— Você é o mais qualificado para isso. Confio em você. Preciso que vá até a Casa Azul, o filho do presidente precisa de nossos serviços.

— N-na c-casa azul? — I.N arregalou os olhos e gaguejou.

— Sim, é uma grande honra estar lá, e uma grande oportunidade, então não me desaponte.

— Sim Senhor, não irei desapontá-lo!

...

I.N estava ansioso por sua visita à Casa Azul, imaginando se teria a chance de conhecer o filho do presidente. Pelas aparições na TV, ele parecia ser muito bonito.

Depois de tomar banho e saborear um pote de Cup Noodles, I.N deitou-se na cama para fazer o que mais amava: conversar com seu misterioso namorado virtual. Ambos nunca tinham visto o rosto um do outro, e nem queriam; preferiam manter suas identidades em segredo. Gostavam de falar sobre tudo, exceto sobre suas vidas privadas. Além das conversas, compartilhavam momentos íntimos diante da tela, tudo sem saber quem eram, sem nunca terem visto o rosto um do outro.

O apelido de I.N no aplicativo era Bean Worm, enquanto seu suposto namorado virtual se intitulava como Prince. I.N gostava de chamá-lo de "meu principezinho da Coréia", embora seu namorado odiasse chamá-lo de "verme do feijão" e preferisse o apelido "Raposinha" ou “Baby Bread” para I.N.

Há mais de um ano, eles mantinham esse relacionamento virtual. Nunca tinham visto o rosto um do outro, mas conheciam-se melhor do que qualquer outra pessoa. Compreendiam-se intimamente, mesmo sem nunca terem se tocado, e entendiam os sentimentos um do outro sem nunca terem se encontrado pessoalmente.

Depois de horas de conversa com seu "principezinho da Coreia", I.N se preparou para dormir. No dia seguinte, teria a oportunidade de conhecer a Casa Azul e, mais importante, conhecer Hwang Hyunjin, o filho do presidente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Home II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.