Ficção escrita por llRize San


Capítulo 2
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Fourth olhou para Thiwson com uma expressão séria. 

— Mark, essa não é uma boa hora pra brincadeiras. 

— Mark? Quem é Mark? — Thiw arqueou as sobrancelhas. 

— É sério isso? — Fourth fechou o cenho. 

— Gun, tá tudo bem com você? — Thiw estava ainda mais confuso — O que deu nele? — Perguntou para Gemini, que o ignorou, pois estava quieto, olhava tudo ao seu redor tentando juntar as peças e entender o que estava acontecendo. 

— Nós estávamos no meu jardim — Disse Gemini, pensativo — e de repente viemos parar aqui. Não acha isso muito estranho? 

— Deve ser alguma brincadeira deles — Respondeu Fourth. 

— Não, não é. Como eles iriam teletransportar nós dois pra escola? 

— Tele o que? — Perguntou Thiw, confuso — O que vocês tem? Tão falando coisas sem sentido. 

— Me diga, como é seu nome? — Gemini perguntou a Thiw. 

— Tinn, você tá me zuando né? 

— Não, é sério. Me fale, como é seu nome? 

— Você sabe que é Thiwson. Qual é a pegadinha? 

— Thiwson? — Fourth alterou a voz — Mark, você tá louco? 

— Por que vocês continuam me chamando de Mark?

— Natt, calma, acho que posso imaginar o que esteja acontecendo — Disse Gemini com a mão no queixo e o olhar perdido. 

— Não me chame de Natt — Fourth sentiu seu rosto corar — Se você sabe o que está acontecendo, me diga. Vamos. 

— Natt? Quem é Natt? — Perguntou Thiw. 

— É seguinte — Gemini respirou fundo — Me escutem e não me interrompam. Isso pode parecer surreal, mas acho que estamos em outra dimensão. 

Fourth e Thiw deram uma gargalhada, mas Gemini continuou sério. 

— Outra dimensão? É sério isso? — Perguntou Fourth, rindo. 

— Veja bem. Nós estávamos discutindo e você desejou que vivêssemos a vida de nossos personagens e aqui estamos nós — Gemini olhou para Thiw — Eu sei que é loucura, mas nós não somos Tinn e Gun. Somos de outra realidade, onde somos atores e lá em nosso mundo Tinn e Gun são nossos personagens em uma série. Por alguma razão eles realmente existem aqui nessa realidade — Gemini parou de falar gradativamente ao ver a expressão confusa de Thiw. 

— Você tem noção do que está dizendo? — Perguntou Thiw.

— Sim, eu tenho. Pareço um louco, mas foi a essa conclusão que cheguei. 

— Tinn, você é o presidente da escola, precisa ser um bom exemplo, pare de usar drogas. 

— Thiw, eu sei que isso parece loucura, mas preciso que confie em mim. Eu nunca te dei motivos para desconfianças, sempre fui uma pessoa centrada, correto? 

— É… de certa forma sim. Só não quando se trata do seu namorado — Thiw olhou para Fourth e deu uma risadinha. 

— Não diga bobagens. Nós não somos namorados — Fourth revirou os olhos. 

— Ok… parece que o casal brigou — Thiw achou melhor mudar de assunto — Bom, se vocês não são Tinn e Gun, quem são então? Como se chamam? — Thiw tinha a incrível habilidade de comprar facilmente qualquer ideia absurda, ainda mais se tratando do melhor amigo, Tinn. 

— Sou Gemini Norawit e esse é Fourth Nattawat. Como eu havia citado antes, nós somos atores, aliás, você também é. Lá em nosso mundo seu nome é Mark Pakin.   

— Bom, prazer em conhecê-los — Thiw deu de ombros e fez uma reverência. 

— Você não tá acreditando nisso assim tão fácil né? — Perguntou Fourth. 

— Se vocês tão dizendo… de qualquer forma eu tenho a mente aberta. Ajudei o Tinn a conquistar o Gun, se isso foi possível, acredito em qualquer coisa. 

— Pra mim já deu essa palhaçada — Fourth revirou os olhos, balançou a cabeça negativamente e saiu apressadamente. 

— Onde você vai? — Gemini tentou chamá-lo mas ao ver que ele sequer olhou para trás, resolveu segui-lo. 

Fourth andava de um lado para o outro na escola, procurando pela equipe de produção, mas não encontrava ninguém. Tudo parecia aparentemente normal, sem indícios de que estivessem em um cenário falso, e ninguém o reconhecia. Ao ouvir Gemini chamando por ele, Fourth parou e, relutante, virou o rosto para ignorá-lo. Decidiu pegar o celular e ligar para Earth, pois tinha combinado algo com ele e precisava de alguma orientação e apoio diante dessa estranha situação.

— Onde você está indo? — Perguntou Gemini, cansado de correr e respirando descompassadamente. 

— Procurar um jeito de ir pra casa — Respondeu Fourth com o celular na mão. Seus olhos se arregalaram e seu rosto corou quando viu que o papel de parede mostrava uma foto dele e Gemini abraçados. Ele tentou ignorar aquele detalhe, pois tinha questões mais importantes para resolver. Ao verificar sua lista de contatos, ficou surpreso ao encontrar apenas os números dos membros do Chinzilla, um grupo com os garotos, um contato intitulado como “Mamãe” e outros que ele não reconhecia. No topo da lista estava o contato nomeado como "Amor", acompanhado de vários corações. Ele revirou os olhos, já sabendo que era o número de Gemini, ou melhor, de Tinn. Fourth começava a se convencer de que, de alguma forma, estavam presos em uma realidade paralela, presos na série que haviam gravado.

— Se estamos mesmo presos em outra realidade, então nem o Earth, nem o Mix, nenhum de nossos amigos ou familiares estão aqui — Disse Fourth com uma expressão soturna. 

— Nós vamos encontrar um jeito de sair daqui e voltar pro nosso mundo. 

— Como? Não sabemos nem ao menos como viemos parar aqui. 

— Estávamos discutindo sobre nossa relação. Me lembro que você desejou que vivêssemos as vidas de nossos personagens, então tudo se apagou e aparecemos aqui. 

— Então a culpa é minha? 

— Não é o que quero dizer — Gemini sorriu gentilmente, tentando tomar cuidado com as palavras pois sabia que Fourth não estava com muita paciência naquele momento — O que quero é encontrar uma solução e não encontrar culpados. Mas precisamos estar unidos pra resolver isso. Talvez esse seja o segredo. 

— Ficar unidos? Você acha que assim a gente volta? 

— Eu não sei. Estou tão perdido quanto você. Mas creio que juntos nós vamos achar o caminho de casa. 

Os olhos de Fourth pareciam espelhos tristes de um céu nublado, refletindo a tormenta que agitava seu ser. Desanimado e sem esperança, ele se sentou na grama do jardim. Observando a tristeza do seu amado, Gemini se sentou ao seu lado e começou a fazer carinho em suas costas, como costumava fazer quando Fourth ficava tenso antes das gravações. Diante do toque familiar e acolhedor, Fourth não conseguiu mais conter as lágrimas que rolavam por suas bochechas.

— Natt, vai ficar tudo bem — Gemini limpou uma lágrima que escorreu do rosto de Fourth.

— Não consigo imaginar como isso pode acabar bem. Não consigo ter esperança. E se nós ficarmos presos aqui pra sempre? 

— Não vou deixar isso acontecer — Gemini o abraçou carinhosamente.

Fourth fechou os olhos, apreciando o familiar cheiro de Gemini e a forma amorosa como ele sempre o abraçava, dissipando toda a tristeza que o envolvia. Naquele instante, Fourth teve uma percepção importante: mesmo em seu mundo, um lugar marcado por preconceitos e ódio, ele poderia encontrar felicidade desde que tivesse aquele abraço sempre presente.


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