Ficção escrita por llRize San


Capítulo 15
Clichê




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Conforme a sugestão de Nueng, concordaram em viajar para as regiões montanhosas para conversar com os monges que residiam lá. Apesar de já terem recebido uma resposta negativa do primeiro monte que visitaram, Nueng estava determinado a falar com pelo menos mais dois monges antes de descartar completamente essa ideia.

Após os preparativos, embarcaram na jornada em direção ao monte, e para surpresa do casal, Nueng fez questão de participar. Era inimaginável que um homem de negócios tão ocupado se disponibilizasse para essa missão. Apesar de sua natureza pouco expressiva, Nueng demonstrava gentileza e amor. Essa característica era uma das razões pelas quais Palm era perdidamente apaixonado por ele. Com determinação, Palm insistiu em acompanhar a viagem, jamais iria abandonar Nueng. 

Com as doações em mãos, estavam prontos para começar a subida íngreme do monte. Apesar do desafio à frente, Nueng estava animado. Ele sentia a necessidade de respirar um pouco de ar puro, especialmente porque ultimamente vivia preso no escritório. Contrariando as expectativas de muitos, Nueng era habilidoso em trilhas. Ele explicou para Gemini que havia adquirido boas habilidades físicas ao fugir de seu tio várias vezes, algo que Gemini já sabia, tendo assistido Never Let Me Go cinco vezes.

Durante a subida, faziam várias pausas para descansar, sempre se hidratando com muita água e petiscando alguns pedaços de frutas, pois o dia estava quente naquela tarde.

Fourth sorriu ao recordar o dia em que gravou um episódio com o Chinzilla, onde brigaram durante a subida. Foi um dia caótico, mas bastante divertido. Fourth sentiu saudades de atuar. Seus pensamentos foram interrompidos quando Gemini se aproximou, trazendo uma garrafa de suco natural.

— Precisa se manter hidratado, o dia está quente hoje.

— Obrigado Gem. 

— De nada — Gemini respondeu automaticamente. 

— Não, é sério, obrigado mesmo. 

— Ok — Gemini deu risada — Mas é só uma garrafa de suco. 

— Não é só uma garrafa de suco, é todo seu amor por mim. Você cuida de mim e sempre foi assim, desde quando nos conhecemos e nem sonhávamos em namorar. 

— Você que se engana, eu sonho em namorar com você desde o primeiro segundo que te vi.  

— Meu Deus, você consegue ser mais gado que o Tinn. 

— Quando eu digo que não preciso atuar pra fazer o Tinn é sobre isso. 

— São dois gados — Fourth deu risada — Como você acha que vai ser quando voltarmos? 

— Não vai ser fácil, Nat — Gemini segurou sua mão — Mas vamos enfrentar isso juntos. Você me deu coragem e não vou mais esconder quem sou. 

— Vamos dividir essa carga e isso se tornará mais leve. Não se esqueça que temos aliados ao nosso lado. Temos nossos amigos e pessoas que apreciam o nosso trabalho. Nossos fãs de verdade não irão virar as costas por causa da nossa orientação sexual. Sei que tem muitos que estão torcendo por nós e que ficarão felizes em saber que GeminiFourth é real. 

— Nós vamos causar. 

— Isso se já não estivermos causando. Gun não é nem um pouco discreto e Tinn… bom, Tinn é fascinado por qualquer coisa que o Gun faça. Creio que ele não consiga disfarçar isso. 

— Tem razão, temos que estar preparados para qualquer tipo de situação quando voltarmos.

Gemini fixou o olhar no horizonte, absorvendo a exuberância da beleza natural ao seu redor. Mesmo sob o calor do dia, a brisa fresca proporcionava um alívio agradável. A predominância do verde na paisagem contrastava harmoniosamente com o azul do céu. O canto melodioso dos pássaros ressoava entre as altas árvores, enquanto o aroma de frutas frescas e flores permeava o ar, criando uma atmosfera paradisíaca.

— Gem, qual é a primeira coisa que quer fazer quando voltar pra casa? 

— Sair de casa — Gemini respondeu rapidamente — Não quero ficar nem mais um minuto naquele lugar. Sou maior de idade, tenho meu emprego e posso me sustentar sozinho. Não preciso mais viver uma vida rodeada de ódio, medo e preconceitos. Quero finalmente ser livre. 

— É um ótimo plano. Talvez você queira dividir a casa com alguém, sabe como é deve ser solitário morar sozinho…

— Dividir com alguém? Com quem? — Gemini colocou a mão no queixo, fingindo não saber quem era. 

— Idiota. 

— Bobo, é claro que eu quero você ao meu lado. Quer vir morar comigo quando voltarmos pra casa? 

— Achei que não ia perguntar. Mas espero que não deixe de me amar quando conhecer meus péssimos hábitos. 

— Não vou deixar de te amar por nada. E eu já conheço seus péssimos hábitos. 

— Era pra você dizer que eu não tenho péssimo hábito, que sou um anjo. 

— Eita, acho que ouvi o Nueng nos chamando — Gemini se levantou e saiu apressadamente, fazendo Fourth balançar a cabeça negativamente e sorrir. 

Ao alcançarem o topo, adentraram uma caverna cuja entrada se desdobrava como uma porta natural de grande magnitude, quase equivalente em tamanho e largura a uma parede. Dali, podiam vislumbrar boa parte do interior da caverna, que se destacava pela presença de um pequeno lago interno de água cristalina.

Cansados, todos se sentaram em uma pedra, agradecendo por estarem em um local tão agradável e fresco. Um monge idoso se aproximou deles. Cumprimentos foram trocados, e as doações foram entregues. Depois de receberem uma bênção através de uma oração, o monge se acomodou em uma pedra e examinou cada um deles, fixando finalmente seu olhar em Gemini e Fourth.

— Vocês não são deste mundo. 

— Por isso viemos para conversar com o senhor. 

Fourth explicou toda a situação envolvendo a troca de corpos e a viagem entre dimensões. O monge o ouviu pacientemente sem interrompê-lo. 

— O senhor sabe o que podemos fazer pra voltar? — Perguntou Gemini. 

— A resposta pra isso… — O monge fez uma pausa, todos o olhavam apreensivos —, está dentro de você. 

— Espera, o que? — Perguntou Fourth, sem acreditar. 

— A resposta está dentro de vocês mesmo — Repetiu o monge. 

Fourth saiu impaciente, frustrado com aquela resposta genérica e clichê. Gemini agradeceu e se desculpou com o monge, seguindo então em direção a Fourth.

— Nat, aguente firme — Disse Gemini, ao alcançá-lo —, eu sei que não é o que queríamos ouvir, mas não podemos perder as esperanças. 

— Não é fácil sempre ouvir que a resposta está dentro de nós. Como pode ter algo dentro de mim? Me sinto tão vazio — Fourth o olhou e se entregou ao choro. A cada dia que passava, sentia-se mais distante de retornar às suas vidas.


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