Enquanto isso, dias depois, algumas coisas se passavam no Oriente.  Era mais um dia como outro qualquer na vida de muitas pessoas.  Numa residência de uma típica família classe média nipônica, no distrito de Juuban, em Tóquio, o relógio despertador tocava.  Uma menina de belos cabelos loiros, presos de forma muito diferente, acordava espantada.

???:  AAAAAAAAAAAAAAAAA  Estou atrasada para a escola! - levanta aos pulos. 

Depois de se arrumar e descer as escadas para o café da manhã, instantes depois, a mesma estava a caminho da preparatória onde estuda.  Uma gata de pelos escuros, e com uma lua na testa, a acompanhava.  Tratavam-se de ninguém menos que Serena Tsukino, codinome Sailor Moon, e Lua, a gata falante que a acompanha em suas missões. 

LUA:  Você devia ter mais responsabilidade com seus estudos, Serena.  A vida não é só aventuras, você precisa estudar para ser alguém na vida – dava-lhe sermões, como sempre. 

SERENA:  Lua, eu sei que é preciso, mas não é fácil, tento acordar cedo, mas muitas vezes acabo dormindo mais que o habitual. 

Nisso, como andava distraída, tromba com um rapaz de cabelos castanhos, que vinha na direção oposta.   

SERENA:  AAAAAA  cuidado, olha por onde anda! - bronqueia. 

???:  Uff  eu...  sinto muito...  não foi intenção minha... 

Quando ambos olham um para o outro, sentem uma espécie de frio a percorrer seus corpos por dentro, além de uma batida mais acelerada de seus corações.  Serena, ao olhar o jovem estranho, esboça um sorriso. 

SERENA (pensando):  Ele...  ele é...  LINDO!! 

??? (pensando):  Que garota tão bela!  Parece até uma princesa... 

SERENA:  Er...  não foi minha intenção esbarrar em você - tenta se desculpar. 

???:  Sem problemas...  Seiya é meu nome, e o seu? 

SERENA:  Me chamo Serena...  ai meu Deus, estou atrasada!  Tenho que ir ao colégio, com licença - se despede. 

Enquanto seguiam seus caminhos, pensavam um no outro.   

Nisso, em Hikawa, outras coisas aconteciam.  Rei Hino, a sacerdotisa xintoísta do templo local, codinome Sailor Marte, estava a se preparar para sair pra estudar.   

REI:  Nossa...  preciso correr, está quase em cima da hora – diz. 

Do lado de fora, em frente à entrada, um rapaz alto, bem forte, cheio de marcas de luta pelo corpo, estava diante do templo, de olhos fechados e maõs unidas, como se estivesse a orar.  De fato, estava fazendo umas preces diante do templo.  Rei, ao sair, se depara com ele. 

REI (pensando):  Tem alguém ali na frente rezando... - e quando chega perto para ver, tem uma surpresa – mas...  ele...  ele é...  LINDO!! 

Após terminar suas preces, o estranho se prepara para se retirar, quando se depara com a jovem sacerdotisa. 

???:  Hã...  bom dia, senhorita, você deve ser a dona desse templo, eu presumo... 

REI:  Bom dia.  De fato, sim – sorri. 

???:  Bem, preciso ir agora...  me chamo Ikki, a propósito - se apresenta. 

REI:  Prazer em conhecer...  meu chamo Rei, e sou a sacerdotisa daqui. 

E ambos se retiram.  Pelo visto, Rei e Ikki também devem ter ficado fascinados um pelo outro. 

Num outro canto, uma menina de longos cabelos loiros, e laço vermelho na cabeça, também estava a correr pelas ruas, e pelo visto, estava atrasada para as aulas do dia.  Estava acompanhada de um gato branco, com uma lua na testa.  Era Minako Aino, codinome Sailor Vênus, acompanhada de Artemis, seu tutor. 

MINA:  Nossa, preciso correr, ou vou me atrasar – dizia. 

ARTEMIS:  Você não muda mesmo, Mina...  parece até a Serena – graceja. 

MINA:  Ah, Artemis, não caçoa - ralha. 

Nisso, eis que Mina, que corria distraída, acaba trombando com um rapaz de cabelos verdes, que também andava pela rua.  Ambos caem com a trombada. 

???:  AFF  Minha nossa...  desculpe, deixe-me ajudar a se levantar... 

Já de pé, dá a mão à jovem, e a ajuda a levantar-se. 

MINA:  Muito...  muito obrigada... 

Ao olhar para o jovem de cabelos verdes, Mina é tomada por um grande júbilo. 

MINA (pensando):  Nossa...  que lindo!  Que rapaz tão elegante – sorri. 

???:  Perdão por ter esbarrado em você...  me chamo Shun – se apresenta. 

MINA:  Obrigada, Shun, me chamo Mina...  ai minha nossa, vou me atrasar! - e corre com tudo para a preparatória. 

Pelo visto, mais um “casal” está prestes a se formar.   

Nesse momento, outras coisas se passavam em Juuban.  Uma jovem colegial de curtos cabelos azuis celestes andava pelas ruas, e também seguindo rumo ao colégio no qual estuda.  Seu nome; Ami Mizuno, codinome Sailor Mercúrio.   

AMI (pensando):  Nossa, hoje demorei um pouco, espero não me atrasar.   

Nisso, eis que um jovem loiro, de aspecto eslavo, vinha andando, e esbarra na jovem nerd, que acaba caindo. 

???:  Ai minha nossa... - se espanta - perdão, senhorita, me permita ajudar-te... 

E a ajuda a se levantar. 

AMI:  AFF  muito...  muito obrigada... - agradece. 

Porém, quando ambos olham um para o outro, sentem um arrepio por dentro, seguido de uma alegria. 

AMI (pensando):  OOOO...  mas...  que lindo... - suspira por dentro... 

???:  Mais uma vez, perdão pelo encontrão...  me chamo Hyoga – se apresenta. 

AMI:  Prazer em conhecer, me chamo Ami...  opa, estou atrasada para a escola, com licença - e se retira. 

Pelo visto, ambas as marinheiras lunares, aos poucos, estão conhecendo aqueles que poderão ser seus futuros amores. 

Num outro canto, uma outra moça, de cabelos castanhos, e bem alta, um porte físico muito incomum para uma jovem japonesa, também estava a correr pelas ruas de Juuban, e com um uniforme escolar.  Também tinha pressa de chegar a tempo na preparatória para as aulas do dia.  Seu nome; Lita Makoto Kino, codinome Sailor Júpiter.  Conhecida por seu jeito meio que temperamental, embora não tanto quanto Rei.   

LITA:  Ai minha nossa...  demorei muito em preparar minha marmita.  Espero não me atrasar... 

E corre com tudo pelas ruas.  No entanto, mais adiante, vinha um jovem e alto rapaz, de longos cabelos negros, aspecto chinês, andando em direção oposta.  Estava o tempo todo cabisbaixo, o olhar bem triste, num misto de dor e ódio.  Mas o que será que houve com ele, afinal de contas? 

??? (pensando):  Como fui um burro...  achar que ela me amava mesmo...  foi muita burrice a minha... - se resignava. 

Do que ele fala em pensamento?  Será que foi enganado por alguma moça a quem tanto amava? 

Nisso, eis que esbarra com Lita, que vinha na direção oposta.  No entanto, ele, o rapaz chinês, é quem cai. 

LITA:  OOOOOOOOOO  o que foi que eu fiz? - se espanta - perdão, moço, me permita... 

E o ajuda a se levantar. 

LITA:  Tudo bem com você, moço, nenhum machucado? - indaga. 

???:  AFF  não, felizmente...   

Nisso, quando ela bate os olhos nele, eis que sente um arrepio dentro de seu ser. 

LITA (pensando):  Nossa...  que belo rapaz!   

No entanto, nota um profundo sentimento de dor e tristeza em seus olhos. 

LITA:  Você...  você está bem mesmo? - volta a perguntar. 

???:  Claro que estou bem...  por que não estaria? - tenta disfarçar. 

LITA:  Bem...  é que eu notei um pouco de tristeza em seu olhar. 

???:  Hã...  bem...  é que não venho passando por bons momentos – diz. 

LITA:  Eu entendo...  me chamo Lita – se apresenta. 

???:  Muito prazer em conhecer...  me chamo Shiryu, e vim da China. 

LITA:  Prazer em conhecer, Shiryu...  ai minha nossa, estou atrasada!  Com licença - e sai correndo. 

Nisso, eis que o jovem Shiryu se lembra de algo muito amargo, que acontecera, uns dias antes. 

SHIRYU (pensando):  Shunrei...  aquela traidora maldita...  ingrata!  Por sua culpa, minha vida virou um inferno. 

FLASHBACK  

Alguns dias antes, Shiryu estava em Rozan, região montanhosa da China, próxima a divisa com a Índia.  Esteve ausente por algum tempo, tomando parte de uma perigosa batalha contra uma horda de inimigos bem poderosos, onde vira muitos de seus amigos tombar mortos.  Milagrosamente, embora bastante ferido, voltou com vida.   

SHIRYU:  Finalmente estou de volta!  Assim como meus amigos mais próximos também voltaram com vida.  E agora é chegada a hora de curtir um pouco de sossego e descanso ao lado de quem eu mais amo.  Espero que tudo esteja bem com Shunrei. 

No entanto, quando vai procurar por sua então amada Shunrei, eis que aparece, diante de si, seu Mestre, Dohko de Libra, que deveria estar morto.  No entanto, em vez de estar em sua forma de ancião com centenas de anos de vida, estava de volta à sua forma jovem, a forma de guerreiro. 

DOHKO:  Shiryu... - diz a seu recém-chegado discípulo. 

SHIRYU:  Mestre Dohko...  você está vivo...  que bom! - se emociona. 

DOHKO:  Sim...  fui salvo da morte, junto com todos os demais, pelo espírito da Rainha Serena. 

SHIRYU:  Rainha Serena...  aquela das lendas, a que reinava no antigo Milênio de Prata?  

DOHKO:  Ela mesma!  No entanto, Shiryu, há algo que eu queria que você visse com seus próprios olhos.   

SHIRYU:  Como assim, Mestre, o que está acontecendo?  Confesso que eu não entendo... 

DOHKO:  Quando você ver, vai entender.  Talvez não acredite de primeira, mas é preciso que veja.  Mas venha em silêncio - adverte. 

E ambos vão juntos até o vilarejo que fica perto do pagode chinês aos pés dos picos de Rozan.  O que será que Dohko viu de tão terrível, que faz questão que Shiryu veja para crer? 

Minutos depois, eis que Shunrei estava lá no tal vilarejo.  No entanto, estava acompanhada de alguém.  Mais precisamente de um homem, e não era nativo da região.  Era um turista, aparentemente sérvio.  O que ambos estarão fazendo juntos? 

SHUNREI:  Mdajic...  como você é tão terno e meigo...  diferente do meu ex, que só vivia ausente... - diz. 

Meu Deus!  Então Shunrei estava enganando Shiryu com outro, ainda mais um estrangeiro vindo dos Bálcãs? 

MDAJIC:  Shunrei...  não se preocupe, nada disso vai acontecer mais – e a beija. 

Pobre Shiryu...  esse tempo todo confiou em uma traidora! 

Eis que Dohko chega acompanhado de seu discípulo, e ambos a veem com o turista sérvio. 

SHIRYU:  NÃO É POSSÍVEL!!! Mas isso...  não pode ser...  SHUNREI?! - se espanta. 

DOHKO:  Sim...  infelizmente ela nos enganou, Shiryu. 

SHIRYU:  Isso não vai ficar assim!  Vou tirar satisfações com esses dois – e se precipita. 

Eis que se aproxima de Shunrei, que estava com seu amante eslavo. 

SHIRYU:  SHUNREI!!! - grita, colérico. 

SHUNREI:  Mas...  Shiryu?! - se assusta. 

MDAJIC:  Ele...  é seu ex? 

SHIRYU:  EX??  Shunrei...  você me enganou com outro! - gritava, furioso. 

SHUNREI:  Shiryu...  eu...  eu posso explicar... 

SHIRYU:  Nem uma explicação!! - gritava – e você, seu infeliz dos Bálcãs...  ou sai daqui agora mesmo, ou sairá dentro de um saco preto, ouviu bem? - ameaça. 

Sentindo-se amedrontado, o sérvio foge correndo. 

SHIRYU:  E você, Shunrei...  como você pôde me fazer isso?  Como foi me trair assim, na cara dura? - gritava o tempo todo, furioso. 

SHUNREI:  Shiryu...  é que você sempre está o tempo todo fora, e com isso...  fiquei carente... 

SHIRYU:  Isso não é desculpa!  Quem ama sabe esperar.  Quem ama confia na pessoa amada.  Você traiu a minha confiança, e também do Mestre. 

SHUNREI:  Mas o Mestre Ancião está morto... 

DOHKO:  Será mesmo que estou morto? - indaga, chegando no recinto. 

SHUNREI:  Mestre...  é...  é você? - se espanta ao vê-lo vivo, e rejuvenescido. 

DOHKO:  Sim, sou eu.  Restaurei meu corpo de guerreiro.  Você, Shunrei, você traiu nós dois.  Traiu o amor de Shiryu por você, e a minha confiança por ti.  Criei você desde pequena, e você nos paga dessa forma?  Além de traidora, é uma ingrata! - bronqueia. 

Shunrei se sentia acuada. 

SHUNREI:  Mestre...  Shiryu...  eu... 

DOHKO:  CHEGA!!!  Shunrei...  a partir de hoje, você está EXPULSA de Rozan!  Vá embora! 

SHIRYU:  Isso aí, Mestre – se volta para a traidora – você o ouviu, sua traidora. 

Ainda não acreditando no que ouvira daquele que a criara como uma filha, Shunrei decide seguir caminho. 

SHUNREI:  Muito bem...  eu irei...  só espero que reconsiderem essa decisão, cedo ou tarde – e sai correndo em direção a “sei-lá-onde”.  

Shiryu, por sua vez, era tristeza pura. 

SHIRYU:  Como pode...  como pode isso...  como ela foi capaz de fazer isso comigo, depois de todos esses anos que me dediquei a ela?  Como essa bastarda foi me enganar dessa forma? - chorava sem parar. 

DOHKO:  Shiryu... - diz, com voz bem triste – a verdade é que nós dois fomos igualmente enganados.  Infelizmente eu criei um monstro.  Essa é uma vergonha que hei de carregar comigo por muito tempo... 

SHIRYU:  Mas e agora...  como vão ficar as coisas?  Eu tinha tanta esperança de, com ela, formar uma família, e agora isso... 

DOHKO:  Não desanime, Shiryu.  Shunrei não era a moça certa para você.  Cedo ou tarde, há de aparecer uma moça que há de fazer-te feliz.  Espere pacientemente, e você verá como as coisas vão mudar para ti. 

As palavras de seu velho Mestre lhe trazem um pouco de conforto, mas seu coração ainda estava ferido por dentro. 

FIM DO FLASHBACK 

SHIRYU:  Já se passaram pouco mais de duas semanas do ocorrido, e ainda me sinto um lixo, desde aquele dia...  foi a pior coisa que me pôde acontecer.  Talvez eu tivesse morrido na última guerra santa, nada disso estaria acontecendo...  ah, coragem, homem!  Não se entregue assim. 

Levanta a cabeça e segue seu caminho.  Para num carrinho de lanches para se servir de refresco e sanduíche.   

SHIRYU:  Será que está tudo OK com os demais? - pensa nos seus amigos. 

Se soubesse que Shun, Seiya, Ikki e Hyoga tiveram, assim como ele, encontros casuais com as minas que nada mais são que as versões civis das poderosas marinheiras lunares...  será que ambos os grupos poderão, um dia, unir-se para lutar juntos contra Ares?