Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 68
Futuro - Sentimentos Parte II




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Shara levou aquela atividade muito a sério, talvez mais sério do que devesse de fato levar, mas se aquilo dependesse mesmo dela, por alguma razão, todo e qualquer esforço era justificável, até mesmo aquele pequeno caos ali, certo talvez não tão pequeno assim, quando ao olhar a sua volta e se surpreender com a infinidade de pergaminhos que ela havia conseguido espalhar de forma ordenada por todo o chão da sala de estar dos aposentos privativos do professor Snape, ela havia passado o dia todo nisso, ele tinha razão sobre ela ter com o que se ocupar, ela tinha verificado todos aqueles livros de poções que ele tinha separado, se esquecendo de quem sabe, ter destinado uma fração daquele tempo desprendido ali com os estudos, haviam as provas, sim ela sabia. Mas prioridades eram prioridades, do que adiantaria passar nas provas do semestre com um excelente como o professor mesmo havia dito se estaria condenada à morte sabe se lá quanto tempo depois. Fazia sentido, não fazia?

Seu braço queimou de dor, a fazendo lembrar que já estava mais uma vez na hora de tomar o medicamento, principalmente por que ela havia se esforçado o dia todo ali e aquilo, aquela dor era só uma prova do por que ela deveria se apressar em descobrir sobre a poção no colar, era importante evoluir e ela sabia que estava atrasada, um frio percorreu sua espinha, ao fechar o último livro, e perceber que ela estava mais perto agora… sim, ela havia ordenado todos os grupos de poções possíveis, eram muitos, dos mais variados possíveis, desde poções de cura, a poções de morte, ela havia as separado uma por uma, cada qual em um pergaminho distinto, por isso haviam tantos papéis no chão, e conforme a coloração e aspecto da poção se aproximassem a aquela que ela havia visto na visão, ela anotava um ponto para aquele grupo, era um trabalho de formiguinha e exigia uma certa paciência, ela estava exausta intelectualmente, alguns grupos receberam vários votos, outros nenhum e ela os descartou imediatamente, ficando feliz em remover o grupo de poções da morte da lista de probabilidades, mas havia um grupo em específico, que havia recebido muitos pontos, e aquele, não era nada bom… claro que ela não havia identificado a poção em si, aquilo era outro processo, mas saber de qual grupo ela poderia pertencer era como resolver metade da charada, e algo lhe dizia que ela estava certa sobre isso, quem sabe se ela testasse aquilo antes? poderia então de fato comprovar tecnicamente a sua tese, mas pra isso ela precisaria de um laboratório, ingredientes e da boa vontade de um certo professor de poções.

Ela se jogou para trás no espaço que restava do sofá, encarando o teto sombrio das masmorras, e pensando no próximo passo, eram quase 20 horas da noite, e como o professor costumava jantar no primeiro horário, certamente ele se encontrava agora na sala de aula já que ele mencionou que estaria ocupado com uma detenção, ela estava tensa, repassando suas recém descobertas ali e isso envolvia muita adrenalina… nem aquela dor chata podia impedi-la de prosseguir.

A sala de aula de poções não era longe dos aposentos privativos dele, e ela… precisava fazer alguma coisa com toda aquela informação, e definitivamente esperar até que ele chegasse sabe lá que horas, não parecia uma opção sustentável, ela pegou as anotações, eram algumas folhas de pergaminho muito bem preenchidas, dos quais ela fez questão de desenvolver da melhor forma e clareza possível, e ela iria… ela estava disposta a encontrá-lo. E então ela saltou do sofá, passando com cuidado sobre os papéis dos grupos de poções no chão e saiu… com aquele destino em mente, pensando em como o impacto daquela descoberta poderia mudar tudo ao mesmo tempo que trazia outras preocupações, tais quais, como e o que fazer com aquilo? Se aquela poção que ela carregava no colar, fosse mesmo daquele grupo, aquele ritual poderia ser ainda mais sombrio e assustador do que ela cogitou no início e pensar nisso fez o seu coração acelerar… enquanto estava concentrada encarando vagamente o chão de pedras daquele corredor, é claro que ela não estava prestando atenção e ao virar um dos corredores o choque foi inevitável, ela se desequilibrou, deixando parte dos papéis caírem, se espalhando no chão.

—Vê se olha pra onde anda, sua garota esquisita - era Pansy, uma garota da sua casa, ela era da mesma turma do Draco, e estava acompanhada de uma das suas amigas, Shara achava que ela não ia nem um pouco com a sua cara, na verdade dificilmente alguém da sua casa ia - o que é isso? - ela disse enquanto juntava os papéis.

—É algo pessoal - ela respondeu vendo suas anotações nas mãos daquela garota, Shara estendeu o braço fazendo menção para que ela os devolvesse.

—Vai com calma - Pansy sorriu para ela, enquanto passava os olhos pelo material, ela certamente não entenderia, então não era uma preocupação, mas ainda assim Shara havia passado o dia nisso, para simplesmente perder tudo aquilo daquela maneira.

—Me devolva - ela pediu impaciente.

—Ingredientes de poções - ela disse confusa, passando os pergaminhos para a amiga, isso sequer é do seu ano, certamente não irá usar para as provas da próxima semana, então não fará mal se ficar comigo - ela disse séria, Shara respirou fundo sentindo seu sangue esquentar.

—Estou avisando… me devolva - ela disse irritada tentando de alguma forma intimidá-la ali.

—Ou o que? Vai sair correndo e suplicar para que o professor Snape venha em sua ajuda? - ela sorriu com o canto da boca - sabe eu sei que ele teve que te socorrer aquele dia, depois daquela conversa desagradável com o senhor Malfoy, onde ele expôs sabiamente o seu plano no salão principal - aquele comentário deixou Shara desconfortável, primeiro porque Pansy havia rido dela naquele dia, ela se lembrava bem e segundo porque aquilo fazia parte das coisas que ela não gostaria de ser lembrada.

—Esta maluca… que plano? - Não havia um plano, e Shara não devia ter sequer perguntado, ela se arrependeu no momento seguinte, quando percebeu que havia mordido a isca que Pansy propositalmente havia lançado ali.

—O de conseguir a atenção do filho dele, Draco é claro… mas honestamente… olha só para você - ela e a amiga riram quase que em sincronia - olha esses cabelos e essa roupa, uma calça desbotada e de segunda mão, e esse moletom, caramba ele tem pelo menos 3 vezes o seu tamanho…. E você não têm sapatos não? - ela a provocou, a obrigando a encarar os próprios pés, na empolgação ela tinha esquecido de calçar os sapatos, bom pelo menos ela estava de meias… Shara nunca se importou com essas trivialidades, ela usava aquilo que lhe era fornecido, não que houvessem opções e muito menos margem para preocupações tão fúteis como aquelas, ela lutava por sobrevivência, e isso muito antes de ingressar em Hogwarts, aquilo era parte de quem ela era, aquilo era a sua vida… e sua prioridade, mas ela sabia que a garota tinha razão sobre a sua aparência, e pela primeira vez ela se enxergou pelo olhar de outra pessoa, e sim podia mesmo ser ruim, ela se sentiu envergonhada.

—Devolva os papéis - ela pediu mais uma vez, agora sem nenhuma empolgação, Pansy passou as mãos nos cabelos devidamente alinhados, com ar de superioridade.

—E se eu não devolver? - ela sorriu cutucando a amiga.

—Entregue para ela - Shara ouviu a voz de Draco se aproximando, e a realidade sobre como ela era, exposta por Pansy ali, lhe caiu como uma luva, ela não queria que Draco a visse naquele estado, ela não era a altura dele… e muito menos de ninguém daquela casa, ela era miserável, no sentido literal da palavra… ela não era como eles, e ela sequer devia se preocupar com isso, já que haviam coisas mais importantes em jogo ali, mas a verdade é que aquilo a afetou de alguma maneira.

—Draco, não devíamos deixá-la ficar com isso… olhe para essas anotações é óbvio que ela vai aprontar algo, sabe bem como ela é… e ela vai acabar perdendo mais pontos para a nossa casa - Pansy parecia querer explicar para Draco o quão problemática ela podia ser, bom isso era algo que ele já sabia… ele se aproximou de Pansy a encarando enquanto tomava os papéis da mão da sua amiga - qual o seu problema Draco? - ela perguntou indignada, não me diga que vai ficar do lado dela agora… ao invés do meu que sou sua amiga - ela disse aborrecida.

—Não é questão de escolher um lado, mas sim de fazer o que é certo - ele respondeu.

—E desde quando você se preocupa em fazer o que é certo? - Era evidente o quão chateada ele a havia deixado.

—Ela é da Sonserina…. Da nossa casa a gente se defende, lembra? - bom Shara não tinha pretensões de ficar ali de plateia, assistindo, então ela pigarreou… chamando a atenção dos dois, e estendendo a mão mais uma vez, ela só precisava dos malditos papéis e ela iria embora, pouco se importando como eles resolveriam aquilo, ele os entregou para ela… que se virou sem dizer uma palavra, caminhando rumo ao seu destino, ela ouviu Pansy lamuriar algo, bater o pé e fazer o mesmo, porém para o sentido contrário.

—Shara - Draco a chamou, enquanto corria em sua direção.

—Deveria ir atrás dela e não de mim - Shara se virou, vendo a confusão no rosto dele.

—Eu vou atrás de quem eu quiser, não acha? - ele a encarou - por que está de meias? - ele perguntou, qual era o problema das pessoas sobre isso.

—E eu uso o que eu quiser, não acha? - ela sorriu com ironia, ao imitá-lo, fazendo menção em se retirar outra vez.

—o Que há de errado com você? - ele segurou o seu braço a obrigando a encará-lo.

—Nada Draco… eu estou indo levar esses papéis para o professor Snape e apenas não quero problemas… então me deixe em paz - ela suspirou, era para ser um trajeto tão simples, por que as coisas nunca podiam ser fáceis com ela?

—Esta aborrecida - ele afirmou - não entendo, consegui os papéis para você, caso não tenha notado.

—É eu notei… - "não existe nada de errado em expor os sentimentos, o problema está na forma como o fazemos" ela se lembrou do conselho que o professor havia dado sobre isso, ela suspirou - olha não é com você… - ela disse diminuindo um pouco a tensão - mas deveria ficar longe Draco, francamente já deu uma boa olhada em mim? - ela pediu, sendo franca - Roupas velhas e surradas, sem modos… sem classe e sem nada, o que quer com alguém como eu? Problemas? - ela perguntou tentando soltar o braço mas ele não deixou.

—Ela te disse isso? - ele pediu.

—Ela não precisa dizer… eu posso ver por si só - ela finalmente se soltou, se afastando dele.

—Ela está com ciúmes - ela o ouviu dizer - achei que você fosse mais esperta e francamente não entrasse nesse tipo de jogo infantil - ela parou…

—Eu não me importo - ela se virou - com nada disso - ela apontou para as roupas - e também não me importo com o resto, eu já disse… seu sobrenome não significa nada pra mim, não como significa para todos os outros… mas também não sou idiota - ela o encarou - apenas vá e diga a sua amiga que não existe nada em mim que seja uma ameaça para ela, NADA! - ela gritou a última palavra, e dane-se o controle de impulsos, sentimentos, seja o que for, ela pensou.

—Acontece que não posso fazer isso - ele devolveu sério, ela se virou na sua direção confusa, do que ele estava falando? Era simples, era só falar… - não posso, por que não é verdade - ele se aproximou dela - existe muito em você que a ameaça… e ela sabe, você é bonita Shara, a garota mais bonita que conheci - ela corou, e dessa vez ele não, era estranho… ele se aproximou um pouco mais - é inteligente, esperta… corajosa, e divertida… e tem um propósito - ele sorriu - um pouco maluca confesso, ainda não superei aquele negócio lá fora com aquela criatura marinha - ele sussurrou, ela estremeceu ao se lembrar… bem honestamente nem ela havia - era isso que queria ouvir? - ele perguntou, não era… mas ela precisava admitir, ela tinha gostado.

—Na verdade Malfoy - ela cruzou os braços - a única coisa que eu quero, é chegar até a sala de aula do professor Snape, mas como, sou meio maluca… e pelo visto costumo atrair perfis iguais, isso me faz ter dificuldades em conseguir concluir algo sem que haja esse tipo de  interferência - ela o encarou - mas era isso que eu queria - ela finalizou, ignorando os adjetivos ditos por ele ali, simplesmente porque aquilo a deixava desconfortável.

—Acrescente na lista também, distraída, deveria parar de trombar nas pessoas, afinal foi isso que aconteceu não foi? - ele se aproximou ainda mais, eles estavam ficando sem espaço, ela sentiu um frio na barriga diferente e ela conhecia bem aquela sensação.

—Preciso mesmo ir - ela disse, seria ótimo para completar o caos que era sua vida, ser pega ali com ele.

—Vi seu nome na lista do feriado de natal - ele disse, havia uma lista? Ela não sabia - e decidi que vou passar o feriado na escola também - ele sorriu ao informá-la.

—Draco… você vai arrumar problemas - ela alertou mais uma vez.

—Honestamente, prefiro… eu detesto os protocolos dessa época do ano, já que festivas de famílias puro sangue podem ser bastante, mas muito chatas nesse sentido e meus pais eles nem ligam - ele disse dando de ombros, e aquilo a fez pensar, sobre como deveria ser a vida dele em casa, afinal quem com uma família como a dele, preferia passar um feriado tão importante longe dela? Shara o analisou, aquilo deveria ser mesmo muito ruim… ela tinha algumas convicções sobre isso, principalmente depois de ouvir aquilo que Carla havia dito na enfermaria.

—Bom, então… terei alguma companhia - ela disse sem graça.

—Sim, e estou ansioso para receber o meu presente de natal - ele piscou para ela…

—Pode deixar, vou escrever uma cartinha para você e colher alguns gravetos no jardim - ela riu com ironia daquilo, se dando conta de que… - falo sério… Draco não me compre nada, esses brincos já me causaram problemas o bastante - ela disse séria - não faça!

—Podemos entrar em um acordo sobre esse negócio dos presentes - ela suspirou… claro que havia um acordo, afinal aquele era o modo sonserino de ser - apenas pague o que me deve e estamos acertados - ele se aproximou, para praticamente sussurrar aquilo no seu ouvido, ela corou ainda mais… ela sabia bem do que se tratava aquilo.

—Draco! - ela o repreendeu, e ele sorriu para ela… porque ele tinha que ser tão bonito? E desde quando ela achava ele bonito assim?

—Um acordo ou nada feito, do contrário receberá inúmeros pacotes no natal - ele riu daquilo enquanto se afastava se despedindo - mande um abraço para o meu padrinho, por mim é claro - ele gargalhou, e caminhou sentido a sala comunal da Sonserina, Shara olhou para os pergaminhos que segurava, sentido vontade de joga-los para o alto e esquecer tudo aquilo, por que ela não podia ser alguém normal?

—___

Severo estava no meio daquela detenção que tinha tudo para ser muito prazerosa, principalmente ao se tratar daquele aluno em especial, mas sua cabeça não estava ali, na verdade aquele dia havia se arrastado além do normal, era estranho mas pela primeira vez ele queria voltar para os seus aposentos não para se isolar, mas pelo contrário para ter uma companhia, a única que ele podia tolerar, quando ele ouve batidas na porta, ele mal teve tempo de pensar sobre aquilo, quando a porta se abriu, revelando ali justamente ela que era a fonte de sua inquietação… o que ela estava fazendo ali? Ela deveria esperar em seus aposentos, ele havia sido claro sobre isso. Ele caminhou até a porta, um sinal claro de que ela deveria aguardar ali, ela entendeu.

—Perdeu alguma coisa Potter? - ele disse seco para o garoto curioso que baixou a cabeça imediatamente e continuou a escrever as linhas.

—Por que o Harry está em detenção? - ela perguntou assim que ele se aproximou dela, ele a segurou pelo braço a puxando para fora da sala e fechando a porta atrás de si, tudo que ele não queria era um Potter especulando.

—Mas o que é que está fazendo aqui? Não mandei que esperasse nos meus aposentos? - ele disse irritado - E onde estão os seus sapatos? - ele suspirou além das meias será que ele teria que providenciar sapatos, ou melhor será que ele teria que os colar em seus pés?

—Eu descobri… - ela disse - o grupo da poção… quer dizer, tenho quase certeza que sim - ela o encarou, estava segurando alguns pergaminhos - e isso me deixou aflita e… bom os livros, eles são avançados e tudo mais… mas eu gostaria de testar algo… porém pra isso eu teria que usar o laboratório, alguns  ingredientes e seria necessário também…. - ela o olhou sem graça - a sua supervisão - ela baixou a cabeça - eu… esqueci de por os sapatos, mas olhe estou de meias - ela sinalizou.

—Eu posso ver isso Epson - ele grunhiu irritado - não deveria ter saído, como pode ver estou bastante ocupado… falaremos mais tarde.

—Me deixe ficar… eu prometo, eu não vou atrapalhar, por favor senhor - ela pediu, ele a encarou irritado, arrancando os pergaminhos da sua mão - eu dou minha palavra - ela prometeu - por favor - malditos olhos verdes, ele pensou.

—Voce não vai abrir a boca para falar um A sobre esse assunto na frente daquele garoto está entendendo? - ela assentiu animada, o que ele estava fazendo, ele estava mesmo ficando mole - e não pense com isso que a estou autorizando a brincar na minha sala de aula, ficará, mas irá cortar alguns insumos que preciso, nada de testes ou algo que seja daqueles livros… me custou deixá-la acessá-los quem dirá trabalhar em alguma poção dali, mesmo que seja com a minha supervisão… fará apenas aquilo que pedir, enquanto uso esse tempo para analisar suas considerações - ele disse ao apontar para os pergaminhos… - e se eu achar necessário testar algo, farei… de qualquer forma não acredito ser possível chegar em algo concreto assim em apenas algumas horas.

—O dia inteiro na verdade - ela o corrigiu.

—Esta me dizendo que passou o dia todo nisso? - ele queria gritar com ela, mas se controlou, aquele não era o momento e muito menos o lugar apropriado para isso.

—Sim… fiquei tão entretida que não vi o tempo passar, por favor não fique bravo comigo senhor, mas eu acho que vai gostar do que fiz, apenas análise… - ela disse, garota presunçosa, ele abriu a porta novamente, não lhe agradava a ideia de deixar um Potter em seu laboratório sozinho, e ela o acompanhou.

—Oi Harry - ela cumprimentou assim que passou pela bancada dele.

—Olá - ele respondeu animado - vai ficar? - ele pediu.

—Não Potter - ele interveio, se arrependendo de ter deixado que ela ficasse - a Srta. Epson se voluntariou e será dessecada por mim, incrementando assim meu estoque de insumos humanos, se não calar a boca se juntará a ela, embora acho difícil encontrar algo que se aproveite, já que cérebro provou não ter nenhum - Harry o encarou mas não disse nada, e para sua imensa felicidade a garota fez o mesmo.

—Comece pelas salamandras Epson, quero que as corte em cubos - ele disse num tom frio, e que faria qualquer um acreditar que na verdade aquilo se tratava de uma detenção dupla, ela não questionou, ele se sentou outra vez, abrindo as anotações feitas por ela ali, ela tinha uma excelente caligrafia, o que lhe proporciona um certo prazer na leitura. Ela havia separado os grupos, quase todos, esquecido de um ou dois, mas não eram relevantes, e feito anotações bastante aproveitáveis, e ele se surpreendeu com a lógica aplicada ali, dificilmente um aluno do 5° ou até mesmo do 6° ano faria algo tão bom assim, ele a encarou por um momento, tanto ela como o pivete do Potter estavam a algum tempo trabalhando em silêncio e podiam facilmente ser esquecidos ali, mas ela não parecia muito bem, embora não houvesse reclamado, ele notou que a maneira como ela manuseava a faca de corte, no momento que ela a rotacionava, aquele movimento, deveria provocar algum tipo de dor ou desconforto em seu braço, já que ela usava o braço esquerdo para isso, ela era canhota, algo que ele não havia percebido ainda - Está bom assim Epson - ele disse para ela.

—Ainda faltam algumas…

—É o suficiente - ele a encarou sério - sente ao meu lado e me explique a lógica aplicada aqui - ele pediu, sem revelar o conteúdo em questão, não era bom forçar o braço dessa forma, até ele podia ver isso, ele chamou uma poção para dor, e a ofereceu para ela, que a tomou - por que descartou esses grupos? - ele pediu, chamando sua atenção, ele havia entendido a lógica, mas queria ouvi-la explicando, ela sorriu animada, sentando do seu lado e explicando em detalhes, todo o raciocínio usado por ela ali, ela era esperta, e isso o enchia de orgulho.

—Acabei as linhas Senhor - Potter o chamou, ele levantou caminhando até a bancada dele.

—Certamente consegue fazer melhor que isso - ele suspirou vendo o contraste da caligrafia entre os dois alunos - mas por hora está dispensado - ele disse vendo o garoto se levantar, mas ao invés de caminhar até a porta, ele se direcionou até a bancada principal onde Shara estava, garoto atrevido.

—Shara se não estiver muito ocupada no final de semana, poderíamos ir até a cabana do Hagrid oque acha?

—Claro - ela disse sorrindo para ele.

—As provas finais são na semana seguinte Potter, talvez devesse usar melhor o seu tempo, quem sabe estudando, seu desempenho na minha matéria, merece um pouco mais de atenção, eu diria... - era só o que faltava, sua filha se aventurando pelo castelo com o filhote do Potter, nem que fosse necessário prendê-la numa torre alta, mas ela não iria - agora Fora Potter - ele mandou.

—Espera… - Shara se levantou - Harry…. Como você chegou no Justino tão rápido no dia que ele foi petrificado? - ela pediu e Severo viu o garoto oscilar… por que ela estava perguntando aquilo?

—Tenho que ir - ele disse sem graça, se despedindo.

—Não tinha como chegar tão rápido até ele Harry… como? - ela insistiu.

—Voce também acha que sou o responsável… - ele parecia chateado.

—Não… - ela o cortou - mas… você também ouve a voz, não ouve? - ela pediu, como ela havia ligado aqueles pontos, era óbvio o menino estava acuado já que estavam discutindo isso na sua frente - não precisa responder, eu sei que sim - ela o encarou.

—Apenas o Rony e a Hermione sabem…. Quem te contou? Foi a Hermione? E por que está falando disso aqui? - Potter perguntou, olhando diretamente para ele, desconfortável… que o encarou, se aquilo fosse mesmo verdade, como de fato ele acabou de afirmar que era, talvez o diretor tivesse mesmo que ser acionado, já que era ainda mais preocupante do que ele podia pensar ser.

—Ninguém me contou, eu também posso ouvir Harry, só eu… e bem - ela olhou para ele - o professor Snape sabe sobre isso - ela respondeu com honestidade.

—A voz, como? - Harry perguntou surpreso.

—Eu não sei - ela devolveu.

—Não sei como Minerva lida com seus alunos Potter, mas talvez seja uma surpresa para você saber que minhas cobras me mantém avisado quando algo importante e relevante no castelo acontece - ele disse com sarcasmo, não havia como perder a oportunidade de provocá-lo ali mesmo sabendo que não era bem por isso que ela havia contado.

—Claro senhor… - ele devolveu irritado e lá estava o gênio do seu pai - já que são todos sonserinos e portanto só pensam em si próprios, e por isso não podem ser confiáveis - ele cuspiu - e é por isso também que sonserinos não tem amigos de verdade, diferente dos grifinorios… sabe de pessoas como vocês prefiro manter distância - ele disse se voltando para a garota e percebendo o equívoco cometido, ela estava séria agora, aquilo era interessante de assistir - Shara me desculpa, eu não quis dizer isso… não dessa maneira, olha me escute…

—Vai embora Harry - ela pediu, sem demonstrar nenhuma emoção, talvez ela não fosse tão ruim como ela achava que era com aquilo - faremos como preferir, mantendo distância - ela foi fria.

—Não você, você não entendeu… nunca você… eu sinto muito, por favor…. - ele implorou

— Ouviu o que ela disse Potter - Severo completou ao se aproximar do moleque e o puxar pela gola até a porta, ele não se esquivou, Severo podia notar um arrependimento genuíno no olhar do menino, e uma inversão numa história semelhante ocorrida no passado, podia o destino jogar tão sujo com ele assim?

—Aposto que está feliz por isso… senhor - Harry disse entre os dentes, enquanto ele o enxotava sala afora, ele sorriu com malícia enquanto fechava a porta na cara do menino insolente, mas não… por incrível que pareça ele não estava feliz, principalmente ao notar o semblante de tristeza que havia se formado no rosto dela.

—Já devia estar acostumado a esse tipo de julgamento Epson, afinal é assim que somos vistos pela maioria das pessoas - ele disse para ela, não sendo aquilo uma mentira.

—Não está certo… simplesmente não está certo, afinal não somos assim? Quer dizer… eu sei que às vezes é ruim, mas nem todos são… digo malvados… e achei que Harry, que ele pudesse ver isso, e que ele fosse diferente - havia decepção naquelas palavras - mas ele não é - e tristeza.

—Agora que sabe o que ele pensa - ele disse sustentando aquilo, afinal algumas mudanças poderiam ser toleradas, mas ele ser juiz de um Potter, a ponto de defendê-lo em algo, nunca… jamais - faça sua escolha - ele incentivou, sabendo que não estava sendo justo com o menino, e ele deveria estar radiante com aquele furo infeliz cometido por uma criança sem controle de impulsos, nada diferente do que ele podia ver naquela que estava parada bem à sua frente.

—Eu já fiz - ela baixou os olhos, ele assentiu, mas algo nele gritava, apenas para reforçar sobre quem ele era de verdade, ele era fraco, ele não era como Antony - podemos voltar senhor? - ela pediu - estou exausta - ela finalizou bocejando, e então agora havia uma criança na sua vida pedindo no plural que eles voltassem… ele sabia com muita clareza o que isso significava, ela estava cada vez mais a vontade na frente dele, e ele não estava impondo limites… isso não era bom, principalmente ao saber que não haveria um futuro ali, então por que ele não estava sendo racional? Ele não sabia.

—Em alguns minutos - ele avisou, e ela começou a juntar os pergaminhos enquanto ele organizava o que faltava na sala de aula, eles caminharam até seus aposentos em silêncio, era relativamente perto e ela parecia saber aquele caminho de cor agora, ele abriu a porta se assombrando com aquilo que estava vendo a sua frente.

—EPSON - ele gritou, sabendo que a tinha assustado, ela saltou do lado dele - o que é que significa tudo isso? - ele pediu olhando o chão da sua sala, completamente tomado por papéis, estava um caos, os livros… eles estavam abertos sobre todos os cômodos e lugares possíveis, era isso que significava ter uma criança em casa? Ele sentiu uma pontada de dor de cabeça se aproximando.

—Ah isso - ela disse sem graça - quase ia me esquecendo, mas foi assim que formulei o raciocínio, se puder não pisar naquele grupo de poções, é que ainda estou analisando aquelas, embora tenho quase certeza do que se trata - ela pediu.

—E como acha que chegarei até o outro lado? - ele pediu tentando manter o autocontrole - flutuando? - ele pediu com sarcasmo.

—A gente pode flutuar com magia? - ela se animou.

—NÃO! - ele devolveu seco.

—Uma pena, seria muito útil - ela disse olhando para o ambiente.

—Posso fazê-la flutuar se quiser - ele sugeriu - a arremessando para o outro lado, acredite existe uma vontade genuína no momento - e ele não estava brincando.

—Já sei… tire os sapatos e então poderá pisar nos papéis - ela disse o ignorando - é por isso que estou de meias - ela sorriu como se aquilo realmente justificasse algo, só podia ser brincadeira.

—Essa é a minha casa Epson e eu decido se devo ou não tirar os sapatos - ele rosnou irritado, ela se encolheu.

—Me desculpe… senhor eu não deveria, entendo… vou recolher… eu… é que ainda não sei as classes e visualmente ficou mais fácil pra mim… assim - ela explicou - ele analisou aquele trabalho todo, suspirando, ela realmente havia se ocupado ali, e então, ele tirou os sapatos - esse grupo está errado, ele disse ao passar pelo pergaminho e aquele também - ele apontou para um que estava mais isolado.

—Eu estava na dúvida daquele… - ela explicou, evidenciando o quanto se sentia frustrada por ter errado, ela não conseguia mesmo disfarçar, não quando estava com ele.

—Fez um bom trabalho de qualquer maneira, embora tenha desmatado algumas árvores com o consumo excessivo de papel - ele reconheceu - aparentemente não é tão cabeça oca como os demais da sua idade, confesso que foi além das minhas expectativas - era verdadeiro de qualquer forma.

—Obrigada, senhor - ela ficou animada e ele sabia que isso significava muito ali, ele não fazia o feitio daqueles que elogiavam seus alunos, até porque em sala de aula, fazer algo bem feito, não era mais do que obrigação, mas não aquilo… aquilo não deveria ser obrigação de ninguém, muito menos de uma criança e ela realmente havia feito um bom trabalho ali, apesar de transformar a sua casa em um completo caos.

Ela havia separado uma pilha com os livros mais importantes, aqueles que provavelmente voltaria a consultar, liberando um bom espaço, principalmente aquele para dormir, ele odiava bagunça e aquele cenário era um verdadeiro teste de paciência, embora ele houvesse avisado que ela teria apenas mais o dia seguinte e que quando ele retornasse no final daquele dia, ele queria encontrar seus aposentos impecáveis tais quais eles costumavam ser, ela concordou sem qualquer objeção, ele suspirou ao se deitar, pensando no que havia discutido com Antony no começo daquele dia, e em todo o esforço que ela havia feito, nesse ritmo eles chegariam lá em breve, será que era assim que Elza havia previsto que seria? Aquilo o intrigava, ela havia interferido sim… mas as coisas pareciam estar fugindo do controle dela e ela parecia preocupada com isso de alguma maneira, o que poderia significar aquilo, algo bom ou ruim? Difícil dizer… e com aqueles pensamentos que ele adormeceu.

Ele se assustou ao ouvir as batidas na porta, abrindo os olhos imediatamente e notando ser quase 3 horas da manhã, outra vez, não poderia ser… era um dejavu? Apenas impressão? Ou aquilo estava mesmo se repetindo? Ele sentou na cama, massageando as têmporas, esse certamente era o tipo de hábito que ele não gostaria de alimentar, quando  algo lhe ocorreu, sim… ele entendeu, era óbvio o efeito da poção durava na melhor da hipótese 4 horas, ela havia tomado perto das 21 horas, o efeito já havia passado a um bom tempo agora, sendo que conforme o tempo fosse passando, aquilo piorava e piorava em muito, ficando mesmo insuportável como ela havia dito na noite anterior e portanto ela já deveria estar a algum tempo sem dormir ali, quimicamente seu corpo pedia por alívio, era por isso que o horário podia ser tão similar, o excesso de dor e a abstinência do remédio, a obrigavam a procurá-lo, ele não poderia repreendê-la por isso, ele se levantou, caminhando até a porta dessa vez sabendo exatamente o que esperar daquilo, já que junto com a dor, vinha também aquele turbilhão de sentimentos desencadeado por ela, ele poderia ter previsto isso e deixado a poção para dor separado para ela, mas aquele dia havia sido tão cheio que ele sequer chegou a pensar nessa hipótese, ele era um mestre de poções, ele deveria ter feito, o que havia de errado com ele? Ele poderia ter evitado tudo isso… assim que a porta foi aberta e ela o viu, ela se enrolou em sua cintura, se encolhendo constrangida.

—Me desculpe… eu sinto muito… - ela disse contra o seu corpo, sua face estava molhada.

—Esta com dor? - ele perguntou o óbvio e ela assentiu, ele a puxou para junto de si, dessa vez eles ficariam em seu quarto, dado ao caos que a sala se encontrava, havia uma poltrona muito confortável ali, onde ele se sentou, agora com ela no colo, ele havia convocado a poção de dor, e ela a bebeu, e se acomodou confortavelmente contra ele, não fazendo qualquer menção em sair dali, e ele precisou admitir para si mesmo, mas ele apreciou aquilo, entendendo agora o quão privilegiado ele podia ser ali ao pesar a dor que Antony carregava, aquela era a oportunidade ideal para continuar o resto daquela história, o conto que havia ficado para trás e ele fez.., sem que ela tivesse pedido e sem que ele oferecesse, eles pareciam tão ajustados assim e dessa vez, talvez por educação, ela se manteve desperta até o final.

—Harry também tem uma capa de invisibilidade - ela disse despretensiosamente depois de bocejar - foi assim que eu me escondi aquela dia para assistir o treino de quadribol, quando a Hidra apareceu - ela revelou, ele sabia sobre a existência daquela capa, e foi completamente contra quando na época, o diretor comentou que estaria devolvendo a capa de Tiago para ele, um total absurdo e falta de bom senso deixar algo assim tão raro e valioso nas mãos de uma criança como Potter - eu achei que ele fosse diferente e eu achei que ele me conhecesse, mas na verdade, ele não sabe nada sobre mim… assim como todos os outros, como ele pode generalizar dessa forma? Como pode pensar isso de mim? - ela pediu, evidenciando o quanto aquilo a havia deixado chateada, e por mais que ele não gostasse de ver ela triste, ele achou que não seria pertinente comentar, ele jamais defenderia um Potter, jamais - eu gostaria de ter uma capa de invisibilidade também - ela afirmou - e eu faria exatamente como… como o último irmão, eu me esconderia nela para sempre, e… ninguém nunca mais poderia me ver e nem me achar…  - ela finalizou, ele percebeu que havia algo a mais naquela colocação, era tarde mas ele optou em instigar aquilo um pouco mais, se havia algo que ele havia aprendido com essa criança, isso era a não deixar as coisas passarem.

—E por qual motivo, posso saber… - ele se ajeitou um pouco melhor ali, ela sequer se moveu - gostaria de se esconder? Sabe, pra sempre me parece tempo demais Shara - ele perguntou usando o seu primeiro nome, afinal aquela situação toda por si só era completamente impessoal, não havia mais espaço para tanta formalidade.

—Eu… - ela afastou a cabeça do seu peito o suficiente, para poder olhar para ele, e mesmo naquele breu todo, ele conhecia bem aquele olhar… ela estava lutando com algo diferente - eu tenho vergonha… vergonha de mim - ela sussurrou aquilo, como se estivesse confessando algo sigiloso - vergonha de ser, ser… como… sou, da minha aparência na maior parte das vezes, principalmente quando… não estou com as vestes da escola - ela admitiu, isso era algo novo - eu não tenho nada senhor… você sabe, sou diferente dos demais alunos… não tenho roupas adequadas, elas são todas surradas, sim são velhas, muito gastas e muito desajustadas… e eu me sinto mal, por que… eu sei que estão todos olhando, e tem sido humilhante não ter… algo que seja apropriado - ela parecia lutar mesmo com aquilo - eu sei que eu não deveria me importar, não com isso, principalmente quando se tem tanto mais para se preocupar… eu não deveria, mas eu… faço, eu... desculpe - ela disse, ela nunca havia mencionado, ou reclamado sobre algo naquele sentido, alguma coisa havia mudado e isso também o incomodou - me desculpe - ela pediu, novamente, ela estava chorando - eu não deveria aborrece-lo com isso, eu não sei por que estou falando essas coisas… de madrugada... eu não me reconheço de madrugada - ele entendia aquilo mas optou em não comentar sobre.

—De onde tirou tudo isso? - ele perguntou intrigado, se referindo ao ponto em questão ali, sua aparência - ou melhor... já que tem confiado isso a mim, mesmo que seja de madrugada, quero saber quem foi que te disse isso? – ele perguntou a deixando desconfortável - Shara - ele a chamou, certamente havia alguém, principalmente por que ela nunca havia se importado antes, a menos que alguém a tenha minado e a constrangido nesse sentido, e então ele precisava saber quem era, um nome, seja quem fosse… ele não iria permitir isso, ele não deixaria assim, ele se vingaria por ela.

—Pansy me disse mais cedo, mas… ela tem razão senhor… basta olhar pra mim… é constrangedor, eu sei… estou crescendo e posso ver isso com mais clareza agora - ele puxou um lenço, o oferecendo para ela, antes que ela se limpasse com suas próprias mangas, ela fez e se encostou nele outra vez - Severo respirou fundo, ele estava justamente terminando as questões para a prova daquela turma, quando algo lhe ocorreu, algo sobre a Srta. Parkinson, ele deixaria algo especial para ela ali, ele apenas precisava elaborar aquilo um pouco melhor, mas ele faria, ele não deixaria mais ninguém machucar a sua filha e sair ileso por isso, e Parkinson havia cometido um erro grave ao fazê-lo, não era com ela que Parkinson estaria lidando daqui pra frente, mas sim com ele.

—Não deveria se importar, e digo isso não por haver outras preocupações relevantes com o que se ocupar aqui, mas sim por que é mentira, não é aquilo que você tem ou aquilo que você veste que define quem você é... eu sei quem você é, e você deveria saber também – ele disse, numa tentativa de faze-la enxergar verdades sobre si mesma.

—E... quem eu sou?... digo, quem eu sou para o senhor? – ela perguntou, e aquilo o surpreendeu, algo dentro dele gritava... “diga, diga, diga... você é minha filha” aquele momento com ela ali e estar tão perto de relevar aquilo, o fez buscar por um ponto de referência, algo para focar e faze-lo recuperar o juízo, ele não podia... ele sabia – desculpe, não precisa senhor... – ela disse enrijecendo, não... ela havia entendido errado.

—Shara, não... está tudo bem – ele disse finalmente – digamos que... você seja uma garotinha estupida que me faz lembrar muito a sua mãe – ele pensou sobre aquilo, era assim que ele a via de fato – você, assim como ela, possui um coração generoso e compassivo, algo que a magia dentro do colar, apenas evidenciou. Sua empatia em relação aos outros e sua disposição para ajudar podem ser qualidades admiráveis, porém em sua maior parte das vezes lhe colocam em situações de perigo, me refiro a correr atrás de uma voz pelo castelo, uma voz prestes a matar alguém, por exemplo... – talvez aquele não fosse o melhor momento para abordar aquilo, mas ele não podia evitar - Você demonstra muita força interior ao enfrentar desafios e os faz com muita coragem, e confesso, isso me desafia já que age por impulso quase sempre. Você possui um senso de humor admirável e também irritante ao mesmo tempo. Sua inteligência e curiosidade pelas questões que desconhece, te torna diferente dos demais cabeças ocas daqui, você é determinada, e persistente e isso te torna brilhante também, isso quando está indo no caminho certo é claro,  e mesmo que seja necessário fazer da minha sala de estar um campo minado de pergaminhos, enfim... além das muitas semelhanças físicas que possui com a sua mãe, basicamente é o seu coração bondoso, suas atitudes amorosas que fazem de você quem você é de verdade... coisas das quais certamente devem incomodar a Srta. Parkinson visto que, ela não as possui – ele concluiu satisfeito, ele também era alguém diferente nas madrugadas, dizer tudo aquilo para ela, era uma prova disso.

—Obrigada, muito obrigada senhor… eu... obrigada de verdade - ela agradeceu, enquanto bocejava novamente, não demorando até que ambos dormissem ali. Sim ambos, até mesmo alguém como ele, com dificuldades para dormir, se rendeu, o sono veio de forma sutil, o abraçando e levando consigo toda e qualquer preocupação sobre o futuro incerto que eles teriam pela frente e todo sentimento de ódio e de vingança que o consumia a pouco, afinal se existia algo que ele havia entendido naquele dia com Antony era justamente sobre aproveitar o seu tempo com ela, com a sua filha, desfrutando do presente, e ter Shara ali, em seus braços outra vez, era literalmente um presente do destino, talvez, quem sabe… fosse ele que precisasse de uma dose de remédio nas madrugadas, e não ela… Shara era a sua poção de vida.


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Notas finais do capítulo

Ok, esse capitulo tem bastante informação eu sei... qual será o grupo de poções que a poção pertence afinal? Shara ainda não disse, mas de qualquer forma saiba que vc é mesmo brilhante garota e fez um bom trabalho até aqui :)

A declaração de Draco, foi tão espontânea né, e simplesmente elevou esse capitulo a outro nível, eles são fofos juntos vai... ele ficando no natal :) razões reveladas aqui kkkk JK que se cuide

Estou tentando seguir o cânon, mas dei uma leve escorregada, Snape não sabia na história original sobre o fato de Harry ouvir a voz "assassina" mas como Snape tá pouco se importando (podem notar) não vai mudar em nada haha. Ufa!

Harry sorry, vc é legal e tudo mais... mas deu uma bola fora aqui heim (completamente sem intenção, te entendemos, quem não perde a paciência com um professor tão opressor como ele né?) Lembrando que Snape continua sendo Snape... e aqui nesse ponto podemos ver como Snape mudou com Shara, apenas com ela, já que o contraste com os demais alunos é grande.

E esse caos todo, papéis e bagunça pelo chão... era para ser cômico, espero que tenha dado certo! hahaha
"E como quer que eu chegue do outro lado?" consigo ler na voz dele...

Pansy , vc não deveria ter dito aquilo, tadinha da Shara, mas real... Tadinha de vc agora (pq adoramos um pai vingativo)

Agora esse final, gente... eu reescrevi várias e várias vezes, não queria que fosse repetitivo em relação ao capítulo anterior, se soou assim, perdão... mas como foi difícil.

Mas era o momento perfeito para uma revelação como "você é minha filha" né? complicado, muito complicado.
Porém, a declaração de Snape ali, de qualquer maneira, achei emblemático demais, muito mais forte do que simplesmente dizer eu te amo, e ele a comparando com Maeva sendo tudo de bom!

Shara é sua poção de vida! ()
Desculpem mas nada supera isso.

E fiquem com a imagem de pai e filha, dormindo tranquilamente juntos :)



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