Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 63
Futuro - Uma descoberta chocante


Notas iniciais do capítulo

Eu prometi fortes emoções... Então aguenta coração!



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Shara abriu os olhos devagar, sua cabeça estava latejando, ela reconheceu de imediato o lugar onde estava, os aposentos privativos do professor Snape, era até engraçado pensar que ela passava mais tempo lá agora do que em qualquer outro lugar da escola. Ela se sentou, na dúvida de como havia chegado até ali, ela estava no sofá, na versão literal do sofá e não na cama, e se assustou ao notar que não estava sozinha, quer dizer, não por isso exatamente, mas por quem estava ali com ela.

—Draco - ela exclamou para o loiro que estava entretido olhando a estante de livros a sua frente e sequer notou que ela havia despertado.

—Que bom que acordou - ele disse voltando sua atenção para ela, algo estava errado por que ele estava ali? Por que ela estava ali? Onde estava o professor Snape?

—O que aconteceu? - ela perguntou

—Faço a mesma pergunta - ele disse - você desmaiou, no salão principal.

—Quanto tempo estamos aqui? - ela precisava de mais informações, ela se lembrava do comunicado do diretor e das corujas… ela havia recebido uma encomenda, um embrulho bem elaborado e...

—Não muito, uma meia hora talvez - ele disse - você está bem? 

—Acho que sim… onde está o professor Snape? - ela perguntou, tudo ainda soava bastante desajustado. O professor Snape deixaria ela sozinha com Draco em seus aposentos pessoais? Ela achava que não, principalmente depois do que havia acontecido recentemente, aquilo certamente não era o tipo de coisa que ele faria, e isso acendeu um sinal de alerta.

—Com o diretor eu acho - Draco disse vagamente - adianto que ele não está em seu melhor juízo - ele disse se sentando em uma das poltronas a sua frente - certamente deve estar se perguntando isso também - sim ela estava.

—Por que estamos aqui? - tudo parecia tão confuso e sem nenhum sentido.

—Bem… digamos apenas que eu nunca o vi tão preocupado antes, quer dizer, talvez aquele dia com a Hidra, mas ainda assim isso aqui é diferente, algo sério aconteceu Shara e bem até eu posso ver isso… principalmente por que ele me puxou pelo colarinho e me pediu para que eu ficasse de olho em você até que ele voltasse - Draco explicou, enquanto cruzava as pernas, ele tinha postura aristocratica, muito diferente dela que havia sentado sobre as duas pernas.

—Ele não fez isso… digo, ele não faria…- Shara não podia acreditar naquilo, não depois de tudo.

—É estranho, eu sei... mas eu estou aqui não estou? De que outra maneira eu estaria? - Draco deu de ombros, certo isso fazia algum sentido, analisando assim, parecia mesmo sério - bom, isso só mostra o quão grave as coisas devem ser, já que ele simplesmente ignorou tudo aquilo que havia me dito dias atrás ao me deixar entrar aqui e bem me pedindo para ficar literalmente de guarda costas, zelando pelo bem estar da sua protegida - Draco disse de forma divertida, fazendo uma careta - não me iludo, certamente não havia opção melhor, já que eu devia ser a única pessoa disponível - ele sorriu com o canto da boca - de qualquer forma ele fez, agora... por que ele se importa tanto com você heim? - ele perguntou de forma curiosa.

—Draco… eu bem... não sei - ela colocou as duas mãos na cabeça - caramba que dor - ela reclamou - onde está o presente?… eu recebi um embrulho.

—Aquilo? Francamente era uma adaga - ele disse a encarando - sério, quem em sã consciência mandaria algo assim para cá e principalmente para uma garota da sua idade, sabe, parecia ser uma peça bastante antiga, deve estar repleta de magia negra afinal por qual outra razão o professor agiria assim… e você meio que desmaiou ao toca-la o que torna tudo mais suspeito ainda, aquilo tinha remetente? - ele perguntou, Shara pensou sobre aquelas informações, não havia um remetente, mas havia um bilhete, ela se lembrava, e bem não era exatamente por ter tocado a peça que ela havia desmaiado, na verdade Shara havia tido uma visão, sim uma nova visão, sua cabeça doía ainda mais a medida que ela tentava se lembrar daquilo… a adaga, era mesmo uma peça antiga, Draco tinha razão sobre isso, foi usado por Medusa… ela arregalou os olhos a medida que as imagens voltavam a sua mente com bastante nitidez, sim ela havia visto a morte de Medusa e isso sim era algo bastante impactante, ela sentiu vontade de chorar ao se lembrar, aquilo não era o tipo de coisa apropriado para se ver, nem por ela e nem por ninguém e aquilo não era algo que ela pudesse mencionar, não com Draco ele jamais entenderia.

—Não havia um remetente - ela respondeu, era verdade, ele não insistiu, mas o bilhete… o que aquilo queria dizer? Onde estava o professor Snape? Ela queria conversar sobre aquilo.

—Bom… sendo assim, não existe algo que possamos fazer, você ouviu o anúncio do diretor? - ele pediu mudando de assunto e Shara apreciou isso.

—Sobre o clube de duelos você quer dizer? - ela tinha ouvido mas honestamente aquilo não era bem o tipo de coisa que ela se animava em participar, mas era obrigatório, então não havia opção, porém se a intenção daquilo era mesmo preparar os alunos para atacar ou se defender da besta que parecia habitar na câmera secreta, pela sua atual experiência com feras e bestas de grande porte, algo ali lhe dizia que alguns meros feitiços não iriam exatamente fazer alguma diferença, mas ela não iria questionar aquilo.

—Sim, patético não é mesmo, vão nos usar para fazer o trabalho dos adultos, meu pai disse que a criatura pode ser bastante letal - Draco disse e parecia ter um ponto de vista bem crítico também, embora aquele raciocínio passava longe de algo que ela pudesse considerar - o professor Snape tem excelente livros sobre duelos sabia? acabei folheando alguns… aprendi um feitiço novo, quer ver? - ele perguntou animado.

—É… Draco… os livros do professor Snape, são mais avançados e bem você não deveria mexer sabe … sem supervisão - ela disse um pouco sem graça, ele arqueou a sobrancelha em sinal de dúvida.

—As vezes você fala como ele, é assustador acredite - ele disse se levantando - se acha os livros dele avançados, espere só para ver os da biblioteca da minha casa - ele sorriu com malícia - sabe a biblioteca do meu pai é tudo, menos apropriada - ele concluiu - e eu a acesso desde muito antes de aprender a ler e escrever.

—Esta certo as vezes me esqueço, que voce é filho daquele… - ela fez uma pausa - apenas esqueça Draco - ela não queria ofende-lo.

—Não me importo, como disse não sou como ele - ela sorriu - bom achei que pudesse gostar do feitiço, procurei algo que pudesse…. Bom quem sabe, te animar ou te deixar melhor - ele estava corado agora, era evidente.

—Como assim? - ela perguntou o encarando - agora fiquei curiosa, terá que me mostrar - ela insistiu e ele parecia ainda mais animado com isso.

—Claro - ele disse se levantando e lançando o feitiço - Serpensortia - ele disse e uma cobra se materializou no tapete na sala do professor Snape - Shara sorriu com aquilo, mais uma vez Draco tinha razão sobre algo, cobra era mesmo seu animal preferido - eu sei que você gosta, e acho que acertei já que está mesmo sorrindo - ele disse empolgado.

—Sim - ela se aproximou do animal - parece muito real - ela ainda sorria.

—Não se aproxime tanto - Draco disse fazendo a cobra sumir - como é uma feitiço de ataque, ela não vai ser boazinha com você.

—Claro - ela voltou a se sentar - um excelente feitiço Draco, vejo que ocupou bem o seu tempo.

—Sobre isso… sim - Draco se aproximou como se fosse contar um segredo - quer saber algo engraçado que descobri? - ele perguntou, ela assentiu de certa forma curiosa - bem… consegue imaginar o professor Snape tendo algum tipo de relacionamento amoroso? - que pergunta era aquela, ela estranhou.

—É… amoroso? - ela disse, como se aquilo fosse algo impossível, e Draco gargalhou, ela havia visto a mãe de Carla o beijando certa vez, mas não era a mesma coisa, e só de imaginar aquela cena, isso a incomodou.

—Era exatamente essa expressão que esperava que você tivesse, estranho não é? Mas aparentemente ele fez… achei uma carta, de uma mulher, dizendo essas baboseiras românticas que as mulheres dizem quando estão apaixonadas - ele fez uma careta.

— Ei - ela chamou sua atenção, ofendida - Draco, você está me dizendo que mexeu nas coisas pessoais do professor Snape e que leu uma correspondência dele… sério Draco - ela disse braba - e ainda por cima, está desmerecendo algo que foi dito, saiba que os homens podem ser ainda piores - ela cruzou os braços o encarando.

—Ei… calma, não precisa ficar assim tão ofendida - ele disse, fingindo se proteger com um escudo - primeiro, não eu não mexi nas coisas pessoais dele, quer dizer nos livros sim, mas isso é uma estante de livros no meio de uma sala, e a carta estava em um dos livros de duelos, se ele não quisesse que fosse visto deveria guardar em outro lugar, se bem que pelo estado do papel, parecia ter sido esquecido ali a anos, e não eu não li… apenas o que estava no envelope e aquilo já era suficientemente meloso, mas não estou desmerecendo ninguém ok? - ele levantou as mãos pro alto, e ela recuou um pouco.

—Ainda assim não deveria ter mexido - ela o encarou - mas sim é estranho imaginar ele trocando correspondências desse tipo - ela sorriu, deixando o clima mais descontraído.

—Bom de qualquer forma, não deve ter dado certo, afinal… ele está sozinho até hoje, sabe não consigo imaginar o motivo - Draco riu alto.

—Ele não é tão ruim como parece - Shara defendeu.

—Eu sei… - Draco disse sério - ele é muito melhor que meu pai.

—Sinto muito Draco - Shara disse sabendo como Draco se sentia em relação a aquilo.

—Soaria bonito… os nomes, Severo e Maeva - Draco brincou, espera… ele disse?

—Draco… o que disse? - ela deu um salto do sofá, assustando o loiro.

—Sobre o que? - ele perguntou assustado

—Os nomes… Draco! - ela exigiu

—Severo e Maeva? - ele a encarou, evidente que sem entender aquilo, Maeva era o nome da sua mãe, não podia ser coincidência, óbvio que não… ele e sua mãe haviam sido namorados? Ele tinha dito amigos certa vêz… e não namorados.

—Que livro Draco? Vamos me diga em que livro está? - ela perguntou, ela precisava daquela carta, mas antes que Draco pudesse responder, o diretor e o professor entraram no recinto pela rede de Flu, Draco estava acuado e ela… era evidente que algo havia acontecido ali.

—Shara querida, que bom ver que está acordada e que está bem - o diretor disse, Shara não podia acreditar… havia uma carta com teor aparentemente romântico, da sua mãe naquela estante destinada ao professor de poções, ela precisava acessar aquilo, mas era muito azar que eles tivessem chegado justamente na hora em que ela havia recebido aquela informação, não restando tempo habil para aprimorar ou encontrar aquilo - Ficamos preocupados - o diretor concluiu.

—Sr. Malfoy está dispensado - Shara ouviu o professor Snape dizendo a Draco, que de maneira obediente se aproximou da porta - Malfoy, reforço que essa medida, foi uma exceção, ainda está de pé, tudo aquilo que discutimos da vez anterior.

—Claro senhor - Draco disse com certo desgosto lançando um último olhar sobre ela antes de sair…. Não, ela estava tão perto, haviam inúmeros livros naquela estante como ela iria encontrar o livro certo sem ele? Ela passou os olhos pelos livros será que Draco havia deixado algum vestígio de qual foram os livros que ele havia usado, aparentemente não… ela teria que procurar um por um, embora ele tenha dito livro algo sobre um livro de duelos, aquilo ajudava um pouco, certo ela teria que esperar uma outra oportunidade, ela se virou novamente para ambos que estavam ali lhe encarando de maneira suspeita, será que eles haviam dito algo? Ela não estava prestando atenção…

—Desculpe - ela respondeu depois de um certo tempo.

—Parece bastante distraída Epson - o professor Snape disse com um olhar analítico sobre ela, ela teria que improvisar se quisesse ter algum sucesso com aquilo.

—Eu… sim, o que aconteceu? Digo… aquela adaga… - ela tentou parecer interessada, mas ainda assim nenhum assunto poderia prender mais sua atenção do que aquela carta, Shara estava fazendo conexões mentais, então sua mãe gostava do professor Snape? Ela gostava de uma maneira amorosa? Então era por isso que ela confiava tanto nele…

—É incomum que alguém tenha te mandado algo assim - o diretor disse - você desmaiou e isso chama mais a atenção sobre o objeto, tem algo que gostaria de nos contar? - ele perguntou, o diretor parecia saber muito mais do que demonstrava, e de qualquer forma aquilo não era algo que ela quisesse esconder, não deles…

—É… sim… eu tive uma visão - ela disse e ambos a encaravam, esperando que ela evoluísse isso melhor, ela suspirou… não era o tipo de visão que ela esperava ter e isso tornava um pouco difícil, falar a respeito de algo assim - Medusa… eu meio que vi, digo… eu vi a morte dela - Shara tentou encarar qualquer objeto daquela sala como uma forma de distração, ela não queria chorar agora… embora sua mente vagava, entre aquela visão e a carta da sua mãe, ela precisava investigar, afinal algo ali lhe dizia que a carta significaria muito, assim como a adaga, que também estava na visão, poderia aquilo ter alguma conexão?

—Que tipo de visão Epson? - o professor perguntou aparentemente sem paciência, e ela sentiu vontade de perguntar, que tipo de carta era aquela… mas ela não faria, se ela queria mesmo aquela carta ela teria que ser esperta e esperar o momento certo para agir, controle de impulsos, afinal não era ele que havia a ensinado sobre isso? Certo… de volta ao foco.

—Medusa… alguns anos mais velha… - Shara engoliu seco - eu vi, ela e a filha dela Crisa… estavam numa cabana no meio da floresta, a cabana estava sendo cercada, haviam aldeões, muitos aldeões, eles tinham toxas e gritavam coisas terríveis ali, eu vi quando Medusa retirou a adaga, a mesma adaga que recebi - ela sentiu um frio na espinha ao se lembrar - a adaga estava enrolada em uma pano vermelho de baixo de um alçapão no piso de madeira, Medusa pediu para a menina correr para a aldeia, por um caminho alternativo, ela deveria ter uns 7 ou 8 anos no máximo… e estava chorando muito, mas ela obedeceu, a menina ela se parecia muito com Antony - ela disse isso mais baixo - já Medusa, bem ela correu para a floresta, estava escuro… alguém a estava perseguindo a cavalo, e então ela entrou numa lagoa… e ela usou a adaga - Shara resumiu sentindo uma dor forte no peito, como se pudesse sentir aquilo, e a dor de cabeça voltou, o que involuntáriamente fez com que ela levasse as mãos para a cabeça - Medusa, ela tirou a própria vida… eu vi a cor da água misturado com o sangue dela - Shara sabia que estava oscilando ao dizer aquilo, sentindo algumas lágrimas descerem pelo seu rosto - eu desmaiei logo depois, por que a cena… ela foi forte o bastante e eu não… não foi fácil pra mim senhor - ela admitiu o diretor havia mudado a expressão ali, parecia extasiado com tudo aquilo que ela havia dito.

—Sinto muito criança - ele disse, já o professor Snape se aproximou dela.

—Shara - ele chamou, por vezes ele usava o seu primeiro nome agora - tem certeza que é a mesma peça? - ele pediu.

—Sim… eu tenho, eu… vi a adaga, foi terrível - ela colocou as duas mãos no rosto começando a chorar - por que ela faria isso? - Shara perguntou… - a menina, a filha dela e de Antony, eu não sei onde ela foi… mas foi terrível - ela estava soluçando, mas sentiu que o professor Snape a havia puxado contra si, ela não lutou contra aquilo, na verdade ela se sentia bem ali, ela cabia naquele abraço e ela amava aquele lugar, o cheiro dos ingredientes, aquele calor, o batimento cardiaco dele, ela não sabia de conseguiria viver sem tudo aquilo, pensar nisso fez com que sua mente vagasse até aquela carta novamente, talvez por isso ele, o professor se importasse tanto com ela também, já que Shara era a filha da mulher que tentou se relacionar com ele no passado, quem sabe fosse recíproco… ela precisava descobrir.

—Alvo… - o professor disse - como algo assim passou pelas seguranças do castelo? - ele parecia preocupado, irritado ela não sabia.

—Passou… por não ser considerado algo perigoso e isso torna tudo  ainda mais suspeito - o diretor disse circulando o sofá.

—Não é perigoso? Está de brincadeira - ele grunhiu

—Shara querida, o professor mencionou um bilhete, onde está o bilhete? - sim havia um bilhete e até mesmo aquilo era estranho já que o bilhete havia sumido como fumaça assim que ela acabou de ler.

—Ele evaporou - ela disse confusa - eu não sei… uma fumaça ou algo do tipo… estava destinado a mim… dizia "querida Shara, faça bom uso, será útil em breve" o que isso quer dizer? - ela perguntou, notando o olhar desconfiado que o diretor havia dado ao professor Snape.

—Significa que alguém mal intencionado, está se divertindo as nossas custas, fazendo uma brincadeira completamente sem sentido e de muito mal gosto e isso é algo que nós adultos iremos nos preocupar e resolver e de forma nenhuma, e jamais você… está me entendendo? - o professor disse, e Shara ficou na dúvida sobre aquele tom de voz, ele estava bravo ou preocupado? mas ela sabia que não era uma brincadeira… ele estava mentindo sobre isso.

—Sim Severo, tens razão - o diretor se limitou em responder, eles já foram melhores em inventar histórias ela pensou.

—___

Shara havia passado a noite em seu dormitório na Sonserina, ela não havia dormido muito bem, o professor Snape havia lhe proporcionado uma poçao de sono sem sonhos, ele disse que faria bem, e a ajudaria a esquecer, mas ainda assim ela não conseguia dormir, sim havia a adaga, havia o bilhete misterioso, e a visão, mas não era aquilo que a consumia, na verdade ela estava elaborando estratégias de como ela poderia acessar os aposentos do professor Snape e conseguir aquela carta sem que ele desconfiasse, ela tinha acesso livre ao lugar e isso ajudava muito, mas ainda assim, aquilo era algo que ela teria que fazer quando tivesse a certeza de que ele não estaria no recinto, e depois de muito pensar sobre aquilo, ela decidiu que o melhor momento seria na apresentação do clube de duelos dessa tarde já que ele estaria bastante ocupado com aquilo, sendo ele um dos responsáveis pela organização, ela sabia que era obrigatório, então Shara decidiu comparecer no início, para que ele a notasse e sumiria no meio da multidão de alunos já que era para todos os alunos da escola, e isso seria algo fácil, ela era boa em se camuflar,  estava decidido, ela só teria que esperar um pouco mais.

—___

Sua tarde teria sido muito melhor aproveitada se ele estivesse ensinando os alunos do 6° ano, mas ele havia se comprometido e todos os alunos estavam empolgados para participar de um duelo legalmente organizado, já que duelar era estritamente proibido na escola. Hoje seria uma demonstração de como aquele clube funcionaria, então haveria um duelo entre ele e o professor Lockarth publicamente, nada mal ele tinha alguns bons feitiços em mente e Lockhart, bem ele era uma tragédia completa, em outras épocas aquilo seria algo que o teria divertido, afinal não é todos os dias que ele podia humilhar um professor dada a incompetência como ele na frente de toda a escola como ali.

Mas sua mente vagava, agora havia outras preocupações, o que Elza estaria tramando mandando aquela maldita adaga daquela maneira para a menina? Ainda mais com um bilhete que parecia querer induzir algo terrível, a visão certamente havia sido uma grande surpresa tanto para ele como também para o diretor e dado as circunstâncias, aquilo o fez pensar se Elza também não conhecia o passado de Medusa, afinal… não precisava ser um gênio completo para saber o que Maeva havia feito com aquela mesma adaga, dada por Elza, anos atrás, infelizmente a história se repetia, Medusa havia feito aquilo primeiro. A sutil percepção do que aquilo representava, e de como a criança havia reagido e estava impactada ao contar aquilo o fez agir de maneira que certamente ele se arrependeria, já que havia demonstrado afeto por ela na frente do diretor, embora ele não tivesse feito qualquer comentário sobre aquilo, não ainda, Severo sabia o que aquilo significaria, quem sabe ele tivesse que ouvir mais alguns discursos sobre amor e reciprocidade, e aquilo era tudo que ele não queria. Mas honestamente não tinha como não pensar em Maeva ao ouvir o que a criança estava relatando ali, talvez fosse até mais difícil para ele, do que até mesmo para ela que desconhecia alguns pontos, seus devaneios foram interrompidos quando a porta do salão foi aberta.

Ele já estava a postos, enquanto a grande sala começava a encher de alunos curiosos para o embate, ele notou que Potter e Malfoy estavam mais uma vez se estranhando, e que Shara estava com a Srta. Vicente, elas foram uma das primeiras a entrar, mas conforme os alunos foram chegando, elas se posicionaram bem ao fundo, de forma bem discreta ninguém nem sequer as notaria se não estivesse mesmo as procurando.

Gilderoy subiu ao palco como quem fosse dar um espetáculo e ele teve que se conter para não revirar os olhos ali.

—Aproximem-se, aproximem-se! Todos estão me vendo? Todos estão me ouvindo? Excelente! Deixem-me apresentar a vocês meu assistente, Prof. Snape! - ele disse dando um largo sorriso e continuou.

—Não se preocupem, terão seu professor de poções de volta, mesmo depois de eu derrota-lo, não precisam ter medo - francamente Severo teve que rir internamente daquilo, é claro.

Com muito autocontrole Severo subiu ao tablado, não seria bom tirar sua autoridade em frente aos alunos, o duelo falaria por si só, Severo era muito bom em feitiços tanto de ataque como de defesa, anos como comensal da morte o aprimoraram para a batalha, aquilo com Lockhart seria como esmagar uma barata. Severo o encarou, com aquele olhar mortal, que costumava deixar os alunos desesperados. 

—Como vocês podem ver, estamos segurando nossas varinhas, na posição de combate normalmente adotada, quando contarmos até três lançaremos os primeiros feitiços, nenhum de nós está pretendendo matar, é claro! – disse Lockhart. Uma pena pensou Snape enquanto lançava o primeiro feitiço 

—Expelliarmus! - Lockhart foi lançado para o alto, voando até o fundo do palco, colidindo contra a parede, alguns alunos estavam em alvoroço, francamente seria ainda mais fácil do que o esperado.

—Foi uma excelente demonstração obrigado professor Snape, mas se não se importa que eu diga, ficou muito óbvio o que iria fazer, eu não o detive para que os alunos pudessem ver. "claro" pensou Snape, isso era patético, lançando seu olhar frio e ameaçador na direção do inútil do professor de defesa, o que foi possivelmente percebido por ele, já que Lockhart mudou o discurso no mesmo instante.

—Chega de demonstrações vou chamar um par voluntário aqui que tal Harry e Rony?! - ele disse puxando Potter.

—Uma má ideia prof. Lockhart - Disse Snape se aproximando - com a varinha quebrada de Rony ele está completamente sem controle, capaz de mandar o que sobrar do Sr. Potter para ala Hospitalar numa caixa de fósforo - alguns alunos riram - Sugiro Potter e Malfoy - vamos ver o que Malfoy é capaz de fazer com o ilustre Sr.Potter, Snape pensou, já que fora dali eles viviam implicando um com o outro, nada como instigar aquilo um pouco mais, seria interessante.

—Ótima ideia professor, vamos… Harry e Draco - Lockhart fez um gesto para eles subirem - a postos! Em três, dois, um…

—Serpensortia! - Disse Draco e uma cobra preta se materializou de sua varinha, caindo pesadamente no chão, alguns alunos gritaram, recuando do palco. A cara de Harry era uma incógnita, já Severo se perguntou de onde Draco conhecia aquele feitiço, não era muito comum.

—Não se mexa Potter - Disse Snape tranquilamente se aproximando - Vou dar um fim nela para você.

Porém o que se desenrolou na sequência, pegando todos de surpresa foi quando Harry falou a língua das cobras ali sem ressalvas, na frente de todos, a cobra que aparentava estar irritada e prestes a atacar o Sr. Fletchley parou assim que o ouviu e parecia mesmo obedecê-lo, recuando. Agora a sala estava em completo silêncio e Snape achou que seria a deixa para fazer a cobra desaparecer. Snape olhou para Harry de forma analítica, um olhar astuto e calculista, enquanto os murmúrios na sala começavam e Harry desceu do palco e saiu correndo depois que o Sr. Weasley o chamou, o que significava aquilo? Dois alunos na escola, dois ofidioglotas? Ele instantaneamente procurou por Shara, ela certamente teria se identificado com aquilo, mas o curioso era de que ela não estava na sala, onde ela havia ido? Ele acionou o anel, ela estava nas masmorras, prestes a entrar nos seus aposentos pessoais, o que ela estaria aprontando? aquilo certamente não podia ser bom.

—Professor? - Draco disse indignado chamando sua atenção- como…como isso é possível? - ele perguntou, Severo sabia o que ele queria dizer com aquilo, mas ele virou as costas, descendo do palco, deixando o loiro sem nenhuma resposta ali, ele não ficaria ali para finalizar aquilo, Lockhart que o fizesse, era sua responsabilidade, ele precisava ir até os seus aposentos, e precisava ser rápido, seja o que fosse, ficou evidente que Shara havia planejado aquilo e algo ali lhe dizia que não seria bom.

—___

Sair da sala foi fácil, a sala estava abarrotada de alunos e ninguém notaria sua ausência, ela correu, quanto antes ela encontrasse aquilo, melhor seria. Shara entrou nos aposentos do professor, lugar onde ela se sentia bastante a vontade agora, e nem parecia que ela estava fazendo algo de errado ali, bom pelo que tudo indicava a carta era da sua mãe então não poderia ser tão ruim assim, certo? Errado, não havia desculpas para aquilo, era errado e pronto, ela sabia, mas ela não se importava, se aquela era mesmo uma carta da sua mãe e se aquilo era mesmo destinado a ele, e se porventura eles tivessem tido algum tipo de envolvimento amoroso, ela gostaria de saber.

Aquela era uma estante extensa, ela passou os olhos inicialmente catalogando todos os livros de duelos que poderia encontrar ali e para sua surpresa havia muito mais do que ela se lembrava, ela começou de cima para baixo, já que a medida que fosse se cansado, ficaria menos difícil, ela pegou um por um, os folheando com bastante cuidado e os devolvendo na ordem exata de onde ele os havia deixado, ela não queria chamar a atenção para aquilo e ela sabia como ele poderia ser minucioso quanto a esse tipo de organização. Ela estava na metade da estante quase com vontade de desistir quando um pergaminho escorregou de dentro do livro que segurava e caiu rente aos seus pés, ela sentiu seu coração disparar, colocando o livro com cuidado na estante outra vez e juntando aquele envelope que parecia mesmo envelhecido devido ao tempo.

"Para o Severo Snape que conheci, para o Severo Snape que sempre esteve aí, ao verdadeiro Severo Snape, aquele que um dia eu amei" Maeva 

A caligrafia era exatamente a mesma, sim era mesmo dela, Shara estava estacionada ali diante daquele pedaço de papel, Draco tinha razão sobre aquilo também, era mesmo uma correspondência amorosa, então havia um passado entre eles… por que ele escondeu isso dela? Shara levou um susto quando a porta foi aberta de forma brusca, ela escondeu o envelope nas costas, mas seu coração quase saiu pela boca.

—O que significa isso Epson? - ele disse, ela notou que ele não estava com cara de muitos amigos, aquilo simplesmente não estava certo… o que ele estava fazendo ali tão cedo? aquela demonstração não deveria ter sido tão rápida assim… o que aconteceu? - Estou esperando uma resposta - ele se aproximou um pouco como se fosse uma fera selvagem prestes a atacar, ela conseguiu colocar as duas mãos no bolso, em uma delas ela segurava a carta com força.

—Eu… eu achei que… bem, eu só… - ela estava gaguejando e com medo, fazia algum tempo que ela não se sentia tão acuada assim na frente dele, mas isso era diferente.

—Algum problema Epson? Problemas em encontrar as palavras certas? - aquele tom sedoso era o pior e certamente o mais assustador de todos, era um alerta evidente de que ela corria perigo.

—Eu… apenas, eu vim pegar uns livros - ela sabia que ele não iria acreditar nisso - aqueles de poções… para a pesquisa - ela se lembrou, talvez de alguma forma, ele acreditasse naquilo, afinal  ela havia mesmo os pedido.

— Interessante - ele disse com a voz arrastada - você planejou isso não foi? - ele perguntou de forma inquisidora - achou que poderia vir até aqui, até os meus aposentos, enquanto estivesse ocupado, e assim pegar os livros, aqueles que pelo que me lembro, não autorizei - o tom era mortal, isso seria muito, muito ruim, ela sentiu seu estômago embrulhar, sinal típico do quão nervosa ela se encontrava agora -  Epson, você já se provou muito esperta em diversas ocasiões distintas e o que me chama a atenção é que você estando esse tempo todo por aqui, ainda não ter notado que os livros pertinentes a poções, os de caráter avançado que seriam os livros de seu interesse, ficam no meu laboratório pessoal e não aqui na sala, expostos… justamente onde a encontrei procurando… honestamente você quer mesmo, que eu acredite nisso? Que veio para procurar livros? - ele disse sério, claro ela já havia notado, ela estava encurralada, e ele parecia sentir isso.

—Bom… eu não notei, eu… estava procurando, apenas… e - ela estava tentando, mas sabia que isso estava soando muito, muito mal  - me desculpe - ela finalizou, não sabendo mais o que dizer.

—Achou mesmo que poderia me enganar? - ele perguntou, se aproximou um pouco mais e ela deu dois passos para trás encostando na estante, não havia bem para onde correr, ela estava com dificuldade de respirar - esvazie os bolsos, quero saber para que veio - ele ordenou, não ela não havia chegado tão longe assim, para perder aquilo, não daquela maneira, ela gesticulou negativamente, sentindo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

—Por favor senhor… não! - ela implorou.

—Não me obrigue a pegar - ele ainda estava sério, ela sabia que ele faria, ele era muito maior, mais forte e mais ágil do que ela, ele pegaria aquilo facilmente - ESVAZIE os malditos bolsos Epson, eu não vou pedir novamente - ele disse se exaltando, ela sequer se moveu, entao ele a empurrou com força contra a estante, puxando o pergaminho bruscamente e o arrancando com certa violência de suas mãos, aquilo estava perdido, ela ainda tentou pegá-lo uma última vez, mas ele não havia deixado alternativas para ela ali.

—Era da minha mãe - ela chorou - por que não me contou sobre isso? - ela conseguiu dizer.

—O quanto disso você leu? - Shara podia ver um brilho diferente ali, algo que ela ainda não havia visto nele e ela sentiu que realmente havia passado dos limites dessa vez.

—Apenas o envelope - ela admitiu - eu iria devolver… eu só… 

—Fora Epson - ele disse apontando para a porta.

—Não… - ela não queria sair, ela o abraçou com bastante força, envolvendo sua cintura, ele estava tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante,  aquilo era uma tentativa vã de resgatar algo ali, ela não podia ter estragado tudo, não… ela não se perdoaria, mas dessa vez ele não retribuiu, ele se manteve apático e completamente frio.

—FORA - ele gritou - estarei tirando o seu acesso, apartir de agora não podera mais entrar aqui - sim ele estava distante, assim como das primeiras vezes, alguém desconhecido para ela.

—Senhor… eu não… por favor - ela colocou a mão em seu estômago, mas dessa vez ele estava mesmo cumprindo com uma promessa feita por ele tantas outras vezes no passado,  ele não teve clemência, ele a puxou pelo braço a arrastando para fora do recinto, e fechando a porta atrás de si com força, a deixando completamente sozinha ali, no corredor vazio das masmorras e dessa vez ela não lutou… não contra ele e nem contra aquilo,  ela correu… ela havia mesmo arruinado tudo, afinal era o que ela sempre fazia. 

Ela parou no primeiro banheiro que encontrou pelo caminho, apenas para depositar ali todo o seu almoço, ela se lembrou do mal pressentimento que havia sentido no dia anterior, e agora aquilo fazia algum sentido, certamente não havia nada pior no mundo, pelo menos não no mundo dela, do que perde-lo, ele que era o seu único porto seguro, alguém do qual ela havia aprendido a confiar e a amar. Quem sabe a adaga e a visão também não seriam uma espécie de sinal, um sinal claro daquilo que precisava ser feito por ela, aquilo que permitiria com que ela acabasse com toda aquela dor de uma vez por todas, ela que já havia tentado tantas outras vezes antes mas que nunca havia conseguido chegar até o final, pensando bem até que Poseidon estava certo sobre ela, afinal se ela morresse, antes mesmo de ter idade suficiente para ter filhos, ela quebraria a maldição, isso era tão ou mais claro que a luz do sol agora, ela entendeu o que deveria fazer e pelo menos com aquele objeto ela sabia exatamente o que e como faze-lo, ela havia assistido a morte de Medusa, algum sentido haveria naquilo, ela se levantou do chão frio do banheiro, olhando uma última vez para o seu reflexo vazio no espelho, uma despedida, ela sorriu, ela só precisava pegar a adaga, ela sabia que estava na sala do diretor e ela faria, estava determinada, então ela saiu do banheiro.

 


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Notas finais do capítulo

Desculpem o palavrão mas... Agora fudeu
Em tempo, um deslize, uma carta esquecida no meio de um livro e uma montanha russa de emoções, por Merlin, como dizem, foi por um triz. Agradeçam a Draco por isso, ele alavancou o ponto alto da história daqui em diante.

E vcs viram só que Draco aprendeu o feitiço Serpensortia justamente para mostrar pra ela? É muito amor né kkkk eu dou um pulinho toda vez que consigo casar algo do filme e encaixar perfeitamente aqui kkkkkk

Enfim, ela não levou a carta, mas esperta como é, agora ficou fácil demais né? é só questão de ligar alguns pontos e bem... Está na cara. Eu sei que as expectativas sobre isso são altíssimas, e não tem mais como adiar esse momento... Estamos mesmo chegando na tão esperada revelação, ninguém podia imaginar que o mal pressentimento que ela teve, seria sobre isso, afinal... por mais desajustados que sejam, eles estavam se dando bem... Mas Severo reagiu super mal com aquilo que viu, insegurança, incerteza, dúvidas... enfim, sabe se lá... Com ele as coisas são sempre mais difíceis, e a sensação que queria deixar aqui é que realmente se parecesse com um jogo e quando você perde uma rodada precisa voltar algumas casas para trás...

Já Shara, sério... Morri de dó de escrever a última cena, a vida dela foi muito difícil né... quando ela se sente perdendo o pouco que conquistou, outra vez... Ela meio que não tem estrutura, e bem uma adaga ali e uma revelação de como usá-la e tudo isso ao mesmo tempo... só pode ser obra de quem pode mesmo ver o futuro, por que o puta coincidência viu. "Será útil em breve"


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