Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 55
Futuro - Você não é um erro


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo mais longo... Alerta lencinho.
E pra quem gosta de uma interação mais profunda, Shara e Snape. Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809277/chapter/55

—EU… sou o PAI DELA - Ele assumiu, vendo ela empalidecer na sua frente e buscando uma cadeira, algo para se apoiar, era perceptível que ela estava processando aquilo tudo, de início ela não questionou, ela estava fazendo conexões, quem sabe encontrando algum sentido, ele mesmo não podia julgar aquilo já que havia sido tão ou até mesmo mais impactante quando ele descobriu. Ambos ficaram ali em silêncio por um certo tempo.

—Como? - ela perguntou em tom de voz baixo.

—Como o que? Como um homem como eu poderia ter sido capaz de engravidar uma mulher? Bom ponto, posso esclarecer, deseja detalhes? - ele disse de forma maliciosa e provocativa.

—Quem mais sabe? – ela disse o ignorando.

—O diretor obviamente - ele fez questão de dizer, apontando ali o motivo dela ter repousado em seus aposentos e se perguntando o porquê Alvo teria deixado escapar algo assim - Pomfrey, afinal depois de tantas vezes na enfermaria, ficaria difícil ela não ligar os pontos e para minha infelicidade o traste do Antony… a criança, não sabe e nem deve saber - ele a encarou de forma inquisidora, mostrando ali a seriedade de manter a informação em sigilo.

—Sobre a mãe… - ela estava com dificuldade de completar a pergunta - ela é filha de Maeva, não é mesmo? – ela o encarou triste, aquilo era curioso, eles sempre haviam sido discretos, como ela conseguiu chegar em Maeva de forma tão assertiva, bem elas eram bastante próximas naquela época… enfim de qualquer maneira ele também não precisava mais mentir sobre isso.

—Sim - e ele se sentiu aliviado em ter conseguido admitir aquilo, apesar de todas as acusações que ela havia acabado de lhe fazer ali, com conclusões totalmente precipitadas, ainda assim não desmerecia o fato de que ela agia em completa defesa da criança, e sim ela era amplamente confiável.

—Severo, eu não sei o que dizer, eu pensei tantas coisas, eu sinto muito, eu vinha desconfiando sobre Maeva a tempos, a menina é muito parecida com a mãe e agora eu vejo que os traços que me pareciam familiares nela, porém ainda desconhecidos pra mim, são todos... seus, tão óbvio, como eu não notei antes, você sendo gentil com ela, então esse era o grande segredo de Maeva, ela me disse dias antes de fugir que estava envolvida emocionalmente com alguém, mas sem dizer nomes, fiquei tão preocupada na época, ela era como uma filha pra mim Severo - Minerva o encarou, ela estava com os olhos marejados - eu a amava - ela disse por fim se sentando - eu nunca superei, nunca… por que ela foi embora? Poderíamos tê-la protegido! - ela tirou um lenço do bolso de suas vestes - sabe, tudo isso, essa guerra, Maeva, foi difícil para mim, eu sabia que ela havia se envolvido com um comensal, algo dentro de mim gritava sobre isso, embora ela nunca tenha dito, mas era evidente, afinal por qual motivo mais ela esconderia algo assim? ela era tão boa Severo… eu nunca entendi, lembro de ter insistido mas ainda assim ela era discreta, e agora… - ela o olhou, ele não sabia o que dizer ali, ele não era afetuoso e ele não estava pronto para ter esse tipo de conversa com ninguém, ele carregou aquela dor durante anos também, ele havia falhado com Maeva.

—Foi uma decisão dela – ele disse sentindo a decepção em suas palavras, ele nunca havia sido tão sincero sobre o que ela pensava a respeito de tudo aquilo – ela não consultou ninguém Minerva, ninguém – ele concluiu mantendo sua postura vazia de sempre.

—Eu sinto muito, por isso também – ela disse visivelmente emocionada – sabe Severo, que bom que tenha sido você – ela disse com um sorriso discreto no rosto e de certa forma ouvir aquilo, foi um choque.

—De qualquer forma... esta feito – ele olhou para a porta do escritório como se pudesse enxergar através dela – e não me resta opção – ele finalizou.

—Espere - ela parou, colocando as duas mãos na boca, parecendo assombrada - se ela é a filha de Maeva, então isso... isso quer dizer que ela… ela também carrega a marca? – ela perguntou se dando conta do obvio. 

—Sim, ela faz, no ombro direito – ele disse sem rodeios.

—Ela sabe? ... Digo sabe alguma coisa sobre a marca? - ela perguntou preocupada.

—Sim, foi recente na verdade - ele não estava com disposição para contar tudo que havia acontecido até chegar naquele ponto.

—Severo, quando você descobriu? - Minerva o encarou - que ela era sua filha? 

—No primeiro dia de aula - ele admitiu com sarcasmo – acredite, não foi nada difícil - ele sorriu com o canto da boca, se lembrando daquele dia que agora parecia tão distante – obviamente não reagi muito bem - ele disse apenas - nunca desejei ter filhos Minerva - Minerva parecia mais velha agora, havia dor em sua fisionomia.

—Eu compreendo e honestamente peço o seu perdão, eu só… é que tudo isso me pareceu tão inconveniente e eu acabei indo longe demais - ela se levantou - me perdoe - ela pediu enquanto o encarava, não era comum ter pessoas pedindo desculpas para ele.

—Talvez, pudesse ter me perguntado - ele não queria parecer chateado, até por que ele não ligava para o que pensassem a seu respeito, mas era bom deixá-la pelo menos um pouco ressentida - antes de me julgar como a pior espécie de bruxo. 

—Tens toda razão - ela colocou as mãos dela sobre os seus ombros - você fez o certo, sabe com a menina, conquistou sua confiança e veja, ela se afeiçoou a você, já notou a maneira como ela te olha? – ele franziu a sobrancelha, ela estava vendo coisas.

—Ela é desafiadora - Severo a olhou no fundo dos olhos ela entenderia - completamente desafiadora Minerva, penso que estou pagando por todos os meus pecados – ela riu.

—Ela é apenas uma criança - Minerva sorriu – contudo, acho ótimo que seja assim - ela disse de forma divertida o provocando - ele bufou com aquele comentário.

—É sigiloso Minerva - ele reforçou, trazendo seriedade sobre aquilo outra vez.

—Sim... - ela suspirou – Maeva, ela morreu para preservar isso, eu posso ver o que ela fez, seria muito perigoso para a menina se isso fosse exposto - ela parecia pensar - Severo… - ela o encarou - posso abraça-lo? - ela pediu, ele enrijeceu, não... definitivamente não.

—Não vejo necessidade… - antes dele conseguir concluir, ela estava fazendo, e sim era desconcertante.

—Bem… - eles já estavam a um tempo ali - agora devemos voltar, podemos continuar esse assunto em outro momento mais apropriado, antes que achem que nós dois nós matamos aqui dentro - Minerva sorriu concordando. Ao sair do escritório, a criança estava sentada de pernas dobradas sobre a maca, ela os encarou, os dois.

—Ah querida, espero que fique bem logo - Minerva disse se aproximando dela, e Shara olhou para ele de forma desconfiada - Importante que siga as orientações e obedeça ao professor Snape, certamente ele tem as melhores intenções nesse sentido - ela orientou, e Severo percebeu a confusão no rosto da menina, isso o divertia de alguma forma, ele cruzou os braços e sorriu com ironia para ela que o encarou brava.

—Mas a senhora disse que era inadmissível... - ela disse perplexa… - a alguns minutos atrás, apenas...

—Ah aquilo, as vezes eu digo coisas sem sentido, não é mesmo Harry querido? - ela disse de forma divertida, Harry olhou para aquilo de forma sobressaltada.

—É... prefiro não responder isso senhora – ele disse, completamente sem graça.

—Oras não seja bobo – Minerva sorriu para ele – aliás um excelente jogo, estou tão orgulhosa de você, bom preciso ir, falamos em outra hora Severo - ele assentiu, enquanto ela saia.

—O que fez com ela? - Shara perguntou - está enfeitiçada não é mesmo? – aquela expressão era impagável. 

—Isso se parece com algo que eu faria? - ele perguntou a encarando - Digamos apenas – ele rodeou a maca - que ela tenha se dado conta do equívoco que cometeu - ele gesticulou em sinal de dúvida – perdeu alguma coisa Potter? - ele perguntou para o garoto, que o encarava igualmente indignado - ele gesticulou negativamente baixando a cabeça, Severo não se importou - Onde está o Sr. Malfoy? - ele perguntou para Pomfrey.

—Liberado - ela respondeu - Francamente eram apenas alguns arranhões, já Harry terá que passar a noite, sinceramente curar ossos quebrados como o caso da Shara é fácil, agora fazer ossos crescer novamente… - ela estava brava – Deveria ter me esperado – ela esbravejou, o uso de varinha deveria ser algo proibido para aquele paspalho do Lockhart, Severo pensou - Shara está liberada também - ela disse para ele, e depois olhando para a criança - apenas não force a mão pelas próximas 24 horas e ficará tudo bem - ela orientou, ele olhou para a menina que saltou da cama – e tente ser mais cuidadosa com as escadas.

—Escadas? – ele perguntou, aquilo chamou sua atenção.

—Foi o que aconteceu, não foi? – ela disse olhando para Shara – ela se desiquilibrou e caiu das escadas – ela havia mentido, interessante.

—Claro – ele disse olhando para Shara – o que está esperando? – ele perguntou olhando para ela que entendeu aquilo e saltou da maca.

—Eu vou a pé - ela retribuiu o olhar – digo, vou andando professor - ela disse tentando mostrar a indignação de ter sido carregada como foi – e vou sozinha - ela disse visivelmente brava, enquanto caminhava sem olhar para trás.

—Epson - ele chamou, apenas para provoca-la - não pule o jantar - ele orientou - do contrário posso buscá-la onde estiver - ele sabia o quanto isso a irritava, francamente aquele dia merecia um pouco de diversão, ela bufou irritada, e ele sabia que ela não pularia aquela refeição por nada. 

—___

Shara estava terminando sua refeição, o professor sequer havia aparecido no salão principal, por que ele a obrigava a algo que nem mesmo ele faria? A professora Minerva lhe lançava olhares de tempos em tempos e Hermione, parecia querer se comunicar com ela de forma insistente, a mesa da Sonserina estava em completo silencio, os meninos do time não haviam descido, já a mesa da Grifinória era um caos completo, se ela tivesse tido a opção ela não teria saído para nada mais naquele dia.

—Goyle - ela chamou, ao único ali na mesa que falava com ela de vez enquando - você entende um pouco de animais de estimação? - ela perguntou, ele a olhou curioso

—Minha mãe tem vários gatos - ótimo, perfeito ela pensou, era a pessoa certa.

—Ah… que bom, escute, é que Flocos ainda não voltou - ela disse, ela estava começando a ficar apreensiva.

—Aquele seu gato? - ele perguntou

—Isso, saberia me dizer, se é mesmo comum eles ficarem tanto tempo assim fora? - Ela queria ouvir que sim, que era mesmo normal, mas algo lhe dizia que já havia passado muito tempo.

—Bom até onde me lembro, uns 2 ou 3 dias é bem comum mesmo - ele informou, Flocos havia sumido, fazia muito mais que isso, algo estava mesmo errado.

—Obrigada - ela assentiu preocupada.

—Sua mão - ele a olhou - parece bem melhor.

—Sim, ela está - Shara afirmou - apenas preciso deixar repousar algumas horas. 

—Shara - ele a chamou pelo primeiro nome, e ela gostou de como isso soava, já que ele era um garoto legal na maior parte das vezes - não devia ter feito aquilo, sabe… o pai do Draco ele não é muito boa gente - ele disse baixinho - de qualquer forma, você é a menina mais corajosa que conheci - ele disse para ela.

—Ahh obrigada, e sim eu sei… da próxima vez prometo que irei me controlar - ela disse para ele.

—Melhor mesmo é não ter uma próxima vez - ele disse, ele estava certo, ela assentiu - posso te pedir uma coisa? - ele perguntou para ela.

—Claro, quer dizer… se eu puder ajudar - ela devolveu.

—Não é nada demais, apenas gostaria que me chama-se de Gregory - ele sorriu.

—Ah… sim, Gregory - ela sorriu de volta - combinado.

Depois de jantar ela voltou para a sua sala comunal, e por incrível que pareça mesmo com tanta coisa acontecendo na sua cabeça, ela ainda havia conseguido estudar um pouco de feitiços, ela mal podia acreditar mas ela tinha enfim, acabado com todas as atividades em atraso, estava regular outra vez, agora ela só precisava esperar mais um pouquinho, já eram quase 22 hrs e todos estavam praticamente dormindo, era a deixa, que ela precisava para conseguir sair, sim ela havia decidido procurar por Flocos, ela não iria esperar mais nenhuma noite sequer, afinal o que de pior poderia lhe acontecer é ser pega e perder alguns pontos para a sua casa, sendo assim ela arriscaria.

Shara vestiu um jeans preto desbotado e um casaco de moletom da mesma cor e que era duas vezes do seu tamanho, não que ela tivesse muitas outras opções, mas era impressionante como sua vida se resumia naquela cor, poucas eram as peças de outra cor que ela possuía, mas preto estava ótimo, afinal ela queria ser o mais discreta possível e sumir na escuridão, ela sabia que os professores e alunos deviam estar bem ocupados hoje, a maioria deles comemorando, e isso era bom, mas mesmo assim ela optou em descer só de meias evitando qualquer barulho no piso que pudesse a denunciar.

Ela sentou na mesma poltrona que havia ocupado na parte da tarde, enquanto aguardava dar o horário, a sala comunal estava vazia, impressionante como todos podiam mesmo ficar tão deprimidos a ponto de estarem em suas camas tão cedo, isso num sábado a noite.

Shara havia descido as escadas e circulado por alguns corredores pensando por onde deveria começar a procurar quando ela ouviu alguém à espreita a chamando, por que era sempre tão difícil conseguir fazer as coisas sozinha? Ela pensou.

—Ei Epson, aqui - Shara olhou mas de início não viu ninguém, ela precisou se aproximar até identificá-lo.

—Colin?! - era Colin Creevey, Colin assim como ela também era um primeiranista, selecionado para a Grifinória, Shara falava pouco com ele, embora fossem da mesma turma e tivessem algumas coisas em comum, como por exemplo nunca terem ouvido falar de magia antes de receberem suas cartas de Hogwarts, no geral ele não era muito de falar, e ficava na maior parte do tempo, quando não estava em sala de aula ou estudando, ocupado tirando fotos de tudo que via a sua volta, ele era digamos assim, um tanto quanto diferente - shiiii podem nos escutar Colin - ela disse baixinho apontando com o dedo indicador para a boca enquanto se aproximava dele, o que ele estava fazendo ali a esse horário?

—Você também está indo ver o Harry na ala hospitalar? - ele perguntou abaixando o tom de voz como ela havia recomendado e ela teve vontade de rir, afinal sim ele gostava mesmo de tirar fotos, em especial de Harry, ela se lembrou de como Harry costumava ficar desconfortável com isso.

—É… não, eu estou procurando pelo meu gato, e você … então é por isso que você está aqui fora a esse horário? - Ele assentiu positivamente - por que não espera até amanhã de manhã? - ela perguntou curiosa.

—Você está brincando? Você tinha que ter visto a ala hospitalar logo depois do jogo acabar, estava uma loucura, abarrotada de alunos, ele o Harry é famoso você sabe - ele disse como quem estivesse contando uma novidade ali - assim fica muito mais fácil - ele apontou para o corredor vazio - viu, não tem ninguém - ele disse animado - se quiser pode ir comigo.

—É… não obrigada Colin, eu meio que precisei passar na enfermaria mais cedo e acabei conseguindo ver ele - ela informou, sem dar muitos detalhes, e ele não pareceu se importar muito com essa informação - boa sorte então e cuide para não ser pego - ela disse para ele que assentiu.

—Boa sorte com seu gato também… ahh eu fiz umas boas fotos do jogo de hoje e bem eu não vi você na arquibancada, então se quiser eu posso te mostrar amanhã – ele ofereceu – claro só se você quiser, normalmente as pessoas não querem - ele parecia triste - acho que as pessoas não gostam muito de fotografia.

—Ah, eu adoraria Colin – era verdadeiro, ainda mais por que ele era bastante solícito com ela, em todas as vezes que haviam se falado e assim como Gina ele não parecia se importar com o fato de serem de casas tão distintas, ela apreciava isso.

—Então vejo você amanhã Shara - ele disse enquanto saia animado.

—Até lá - ela acenou - enquanto o via virar o corredor sentindo a ala Hospitalar, ela decidiu seguir pelo caminho contrário, caminhando alguns metros dali, quando ela estremeceu, ao ouvir… aquela, aquela voz novamente e parecia tão perto…

"Sangue, eu quero rasgar, eu quero matar, venha até mim…"

Shara se encolheu instantaneamente contra a parede do corredor como se aquilo a pudesse proteger de alguma forma ou ajudá-la a encontrar algum esconderijo ali, mas o que chamou sua atenção ao fazê-lo era que a voz ela notou parecia ainda mais próxima assim, como se estivesse vindo de dentro delas, sim de dentro das paredes, isso era completamente impossível. Seu coração estava acelerado, e Shara tateou as paredes no escuro para ver onde aquilo ia dar, embora algo ali lhe dizia para correr enquanto podia.

"Eu sinto cheiro de sangue… está perto"

Era exatamente a mesma voz assustadora, dizendo as mesmas coisas que ela tinha ouvido pela primeira vez naquela noite, nos aposentos privativos do professor Snape e ela sentiu medo, assim como havia sentido daquela vez, ela se lembrou do que a cobra tinha dito, a grande besta havia acordado, isso não soava bem… Shara retirou a moeda que o professor Snape havia lhe dado do bolso da calça, por muito pouco ela não tinha deixado aquilo no dormitório essa noite, ele havia pedido para que ela a usasse caso ouvisse aquela voz outra vez, mas ela não poderia chamá-lo, não depois de tudo que tinha acontecido, ela estava tão chateada por tudo, e sem falar que ela teria que justificar que estava infringindo mais uma vez e de novo uma regra, por estar fora naquele horário, não hoje… 

"Venha para mim, eu quero sangue…. Eu vou te rasgar" 

Ao tatear a parede ela percebeu que a voz estava se afastando e ela seguiu aproximando seu ouvido ainda mais da parede, aquilo parecia ir sentido a ala hospitalar, o mesmo caminho que Colin havia pego… ela puxou a varinha do coldre, em sinal de alerta.

"Estou quase lá… eu vou te matar"

Espera, Colin… Shara não pensou duas vezes e então ela correu, correu sentido a ala Hospitalar, para onde ele tinha ido. Toda a discrição tinha ido embora em poucos segundos, ela não se importava agora já que ele poderia estar correndo sério perigo assim como ela, ela engoliu em seco.

— Colin… COLIN - ela gritou, ela virou alguns corredores, por que ele não respondia? Ele não havia ido tão longe, e foi então que ela o viu, ela parou… congelou – Não! Colin… - ele estava caído no chão, completamente imóvel, ele não respondeu. Ela se aproximou devagar, não havia mais nenhum sinal da coisa ou de quem pudesse ter feito aquilo com ele, a voz havia sumido também, ela se abaixou e colocou a mão sobre a mão dele, ele estava completamente gelado e rígido.

—Colin, não por favor… acorde - ela o chacoalhou, mas ele estava morto, foi o que ela pensou - ela o chacoalhou mais algumas vezes em meio a um surto de raiva enquanto as lágrimas corriam - Colin! - Se pelo menos ela tivesse ido com ele ou tentado alcançá-lo antes, como poderia ter acontecido tão rápido? podia ter sido com ela… e o que quer que fosse não estaria longe, quem sabe à espreita esperando um próximo ataque, mas ela simplesmente não podia deixá-lo ali assim - Colin eu sinto muito - ela limpou o rosto com as vestes - eu realmente gostaria de sentar e ver as fotos que você tirou… por favor Colin! - ela sabia que ele não responderia mais, ela se sentou contra a parede.

Sentindo que não havia mais nada a fazer e ciente de que qualquer problema com quebra de regras ou qualquer sentimento que ela pudesse nutrir contra o professor Snape pareciam agora algo tão pequeno comparado ao o que havia acabado de acontecer ali, Shara pega a moeda, arrependida por não ter feito isso antes e pela primeira vez ela a segura com bastante força na palma da mão, desejando de forma desesperadora pela presença daquele que a minutos atrás ela detestaria ter por perto, bom pelo menos ele sempre sabia o que fazer, com os olhos marejados e cobertos de lágrimas, ela se aproxima mais uma vez, enquanto espera ao lado do corpo do amigo. 

Não demorou muito, quando ela escutou passos altos e apressados se aproximando dali e virando para o corredor de onde ela e Colin estavam, ela evitou olhar, por medo, e principalmente por vergonha, mas ela sabia que era ele, ela conseguia ver o ondular da vestes negras se aproximando, ele se abaixou do lado deles, colocando as mãos sobre a testa de Colin, sem trocar nenhuma palavra com ela, ele ergue a varinha e lança ali um feitiço.

—Expectro patronum - ele diz, e uma corsa brilhante sai da sua varinha, esse era o mesmo feitiço que ela havia visto Madame Pomfrey fazer aquele dia na ala hospitalar porém com outro animal, era lindo na verdade - Alvo temos uma emergência, preciso da sua presença no corredor próximo a sala de troféus, sentido a ala Hospitalar, agora! - e a Corsa saiu saltitando com o intuito de levar o recado adiante.

Ele volta sua atenção para ela em completo silêncio, como que tentando entender o que havia acontecido ali minutos antes, ela ainda tremia muito, ele segura o seu queixo, como já havia feito inúmeras outras vezes a encarando.

—Esta segura agora - ele disse - foi a voz?… você a ouviu outra vez, não é mesmo? - ele pediu e antes mesmo que ela pudesse responder aquilo - preciso que me escute, quero que guarde essa informação, de momento não seria bom alarmar mais ninguém - ela não entendeu, mas assentiu.

—Eu não sabia o que fazer, então eu corri, mas não cheguei à tempo, eu devia ter vindo antes, eu fiquei com tanto medo… - ela se encolheu - as paredes, eu acho que a besta está nas paredes… - ela estava chorando e sabia que não estava fazendo muito sentido embora ele tenha lançado um olhar analitico sobre as paredes também - nós íamos ver fotos amanhã, eu e o Colin, mas agora, ele está gelado… morto – ela falou, enquanto mais lágrimas desciam livremente, talvez não estivesse fazendo o menor sentido mesmo – ele suspirou.

—Eu me pergunto, porque toda vez que algo ruim acontece nessa escola, você tem que estar envolvida? Como se não bastasse os problemas que você já tem - ele questionou a analisando, enquanto se levantava, e ela balançou a cabeça de forma negativa, ela não sabia…

—Eu… sinto muito – ela sussurra, se encolhendo um pouco mais. Quem sabe assim como com a Hidra, a voz, a besta, ela estivesse ali unicamente para ela, mas então encontrou Colin primeiro, e agora ele tinha morrido, quando quem deveria ter sido atacada e morta era na verdade ela. Ela olhou para o corpo do amigo - Ele morreu, e é tudo culpa minha – Ela disse em meio aos soluços.

—De onde tirou isso? – O professor perguntou, mas ele não entendia - Epson tente se acalmar - ele pediu estendendo a mão para que ela se levantasse também, ela fez.

—Ele não morreu Srta Epson, o Sr. Creevey está na verdade petrificado - Shara ouviu, era a voz do professor Dumbledore, se aproximando deles, ele não estava sozinho, estava com a professora McGonagall e ambos caminhavam apressadamente em sua direção, a professora ao notar de quem se tratava ali solta um grito de pavor, levando as duas mãos até a boca.

— Alvo, do que se trata tudo isso? - ela pergunta agitada.

—Temo que seja mesmo verdade Minerva - ele disse olhando para Colin ali no chão - temo que a câmara secreta tenha sido aberta, mais uma vez - ele parecia não se importar com a sua presença ali entre os adultos e ela se sentiu um tanto quanto desconfortável - Senhores, lamento mas… - ele disse para os dois professores - os alunos dessa escola não estão mais seguros - ele olhou pra ela, o que aquilo significava? Ela sentiu um aperto no peito, uma nova onda de pânico, afinal se ele que era Alvo Dumbledore, dizia que eles corriam perigo, é porque certamente eles corriam perigo.

—Não estamos seguros? - ela pediu quase sussurrando… apenas repetindo o que tinha acabado de ouvir - o que isso quer dizer?

—Acredito que esse não seja o momento mais adequado para discutirmos isso diretor - O professor Snape disse chamando a atenção dele e Shara não pode deixar de notar o olhar de reprovação que o professor havia lançado para ele.

—Alvo, precisamos levar o Colin até a enfermaria - a professora McGonagall disse preocupada - Quanto antes intervirmos melhor.

—Esta certo… Severo - o diretor chamou - peço que acompanhe a Srta. Epson até os seus aposentos enquanto eu e Minerva levaremos Sr. Creevey até a ala Hospitalar, em momento mais oportuno, conversaremos, nós três tenho algumas questões que gostaria de ouvir a opinião de vocês – ele sorriu para ela ao terminar. 

—Sim diretor – o professor disse – Ande Epson, você ouviu, me acompanhe.

—Ele vai ficar bem senhor? - ela perguntou, aflita antes de deixá-lo – sabe ele estava indo ver o Harry na ala Hospitalar.

—E a Srta. estava o acompanhando, suponho? - a professora McGonagall perguntou de forma curiosa.

—Não eu… - todos estavam olhando pra ela agora – bem eu estava apenas procurando pelo meu gato, ele sumiu tem alguns dias. - melhor ser sincera ela pensou – é... por acaso a senhora viu um gato, ele é branco? – meio embaraçoso falar sobre isso agora, mas não era como se ela tivesse planejado aquela conversa.

—Gato? - o professor Snape interveio - Epson que baboseira é essa, desde quando você tem um gato? - ele a encarou como se ela estivesse mentindo sobre aquilo, de fato ele não sabia.

—Eu tenho… Flocos, eu o ganhei, no meu aniversário, na cabana do Hagrid - ela disse na frente de todos - não é invenção professor, se quiser pode perguntar a ele - ela estava ainda mais sem graça.

—Não querida, eu não o vi – a professora respondeu, enquanto o professor Snape ainda a olhava desconfiado – melhor você ir, está ficando tarde. 

—Shara querida - o diretor chamou - talvez exista mais alguma coisa que você queira me contar, sobre o que aconteceu essa noite, antes de ir - o diretor disse olhando diretamente nos seus olhos, ela sentiu a mão do professor Snape repousar de forma sutil sobre o seu ombro e ela entendeu o que ele estava tentando comunicar ali, ele não queria que ela falasse da voz, de qualquer forma ela não faria.

—Não – ela se encolheu e qualquer um teria notado que ela estava mentindo. E foi assim que em silêncio ela caminhou ao lado do seu professor de poções que havia sido incumbido de levá-la de volta à sala comunal, ela estava aliviada, pelo menos Colin o não estava morto, e com certeza a Madame Pomfrey daria um jeito nesse negócio de petrificação, o professor não havia falado nada sobre ela estar fora, sobre o horário, ela achou que teve sorte, sua mente vagava, o que havia sido aquilo? o professor Dumbledore havia dito que os alunos não estariam mais seguros, e que a câmera havia sido mesmo aberta, então os boatos eram mesmo verdadeiros, o que será que eles iriam fazer com isso? Será que eles fechariam a escola? E se isso acontecer pra onde os alunos iriam? para suas casas obviamente, mas para onde ela iria? Isso não estava indo nada bem, ela não queria voltar para aquele lugar horrível, Noah não a perdoaria, e como ela faria para tentar quebrar a maldição de Medusa de lá, e sem falar que o pai de Diaz a pegaria na primeira oportunidade, ela podia sentir o pânico tomar conta dela outra vez.

—Por favor - ela pediu pegando o professor de surpresa - o senhor sabe a verdade ao meu respeito, então, por favor, não deixem que me levem para lá outra vez - ele parecia tão ocupado com sua própria mente, que levou um tempo para responder aquilo.

—Do que está falando agora Epson? - ele perguntou, ela parou de caminhar, o obrigando a fazer o mesmo, enquanto levava a mão até o estômago, tudo aquilo a fazia sentir nauseada e a outra até o colar da sua mãe buscando algum conforto.

—Ao lar… Noah, ele deve estar com muita raiva de mim e… o pai da Carla, quando ele descobrir o que eu sou… uma guardiã… ele vai me caçar ainda mais, e então o pai de Draco vai usar a poção que você vai ter feito para ele e vai me matar num ritual horrível - ela se encostou contra a parede outra vez, ela precisava de um apoio - por favor, não deixem… - ela estava em crise.

—Epson - ele a chamou…

—E então o Noah, ele vai querer terminar aquilo que começou - ela disse fechando os olhos - ele é um monstro, e o pai da Carla, ele vai pegar o colar, ela o segurou com mais força… e pai do Draco… ele vai me humilhar ainda mais, dizendo coisas horríveis - ela não podia controlar.

—Epson… - ela o ouviu dizer pela segunda vez.

—Eles vão me machucar, todos… eles - ela não conseguia parar a adrenalina era insustentável agora.

—CHEGA - ele gritou e aquilo a assustou a obrigando a silenciar, não só o que dizia mas todo aquele caos que havia em sua mente, ela abriu os olhos e ele a olhava de forma intensa - você não vai a lugar algum - ele disse parecendo querer ajudar, mas com aquele tom de voz não ajudava muito.

—Mas o diretor disse, que corremos perigo… e se fecharem a escola - ela apontou em meio às lágrimas - então…

—Então ainda assim, arranjos podem ser feitos - ele disse visivelmente incomodado - o que diretor disse… - ele parecia querer elaborar aquilo melhor… mas ela o interrompeu, seu pensamento estava acelerado.

—O senhor vai fazer a poção? - ela pediu, aquele que era um dos assuntos que ela não podia e nem conseguia superar, o pegando de surpresa mais uma vez, ele não parecia estar preparado para isso, não para falar ou discutir sobre esse assunto… quem sabe nunca estivesse.

—Vamos, creio estar ficando mesmo tarde - ele disse sem responder aquilo e dando alguns passos sentido a sala comunal.

—É claro que vai, eu sei… - ela recuou, dando dois passos para trás - já que a fez para a minha mãe - ela chorou, tudo nela estava a flor da pele agora - o pai do Draco é seu amigo - ela acusou - já que és o padrinho do filho dele, por isso… - ela já tinha ido longe demais, ela precisava sustentar aquilo - por isso deixou ele agir daquele jeito comigo, me tratando como um lixo, me machucando mesmo na sua frente e na frente de todo mundo - ela estava mesmo magoada, aquilo gritava dentro dela.

—O que pensa que está tentando fazer? - ele pediu áspero se aproximando dela - você não sabe o que está dizendo Epson… melhor se calar.

—Diga que não vai fazer a poção? - ela devolveu de forma corajosa - só diga - ela estava quase implorando, por que ele não dizia? - DIGA - ela chorou.

—CHEGA você está passando completamente dos limites - ela sabia que estava, mas ainda assim… ele tinha se tornado um porto seguro e ela estava vendo aquilo desmoronar depois da visita do pai de Draco, aquilo não era apenas sobre o que ela tinha ouvido o diretor dizer, sobre a besta, sobre a câmera secreta e a escola, não era apenas sobre o que aconteceria com ela se algo acontecesse a Hogwarts, mas aquilo era sobre todo o resto, era sobre o seu passado e também sobre o seu futuro, era sobre o que havia sido construído e sobre o que ela esperava que ainda fossem construir, ela sentiu ele segurar o seu braço com força, ela não se opôs, nem lutou contra aquilo, ela tinha criado laços, sim ela o amava de alguma forma, e ela esperava que ele retribuísse algo que ele desconhecia, algo que ela tinha criado em sua cabeça - OLHE PARA MIM - ele pediu, visivelmente alterado, ele era tão duro, ela ergueu os olhos, seus olhares se cruzaram por um longo tempo, ele parecia poder ler seus pensamentos, ela sabia que nunca havia sido tão vulnerável e ao mesmo tempo transparente com ninguém, estava tudo ali, nos seus olhos, era difícil mantê-los abertos, depois de chorar tanto, mas ela era fácil de ler.

—Por que fez a poção para a minha mãe? - ela pediu, havia tanta dor naquela pergunta, ele permanecia sustentando o olhar.

—Eu era o mestre de poções Epson, você sabe o que isso significa? - ele disse, soava tão cruel - então fiz o que era esperado de mim, uma maldita poção - ele respondeu, ainda era difícil acreditar que ele havia condenado sua mãe daquela forma.

—E dos demais… era esperado o que? que eles a encontrassem? - ela perguntou corajosamente - que a caçassem como um animal até ser pega?

—Algo assim - ele disse, algo assim? Aquilo era o bastante.

—Bom então, acho que devo ser grata aos outros… quem sabe numa próxima oportunidade agradecer ao pai de Draco, pelo… seu fracasso, já que de todos você foi o único bem sucedido na missão e se dependesse do seu excelente empenho ela estaria morta… não que ela não esteja - ela sentiu ele apertar ainda mais seu braço, aquilo deixaria marcas com certeza, ela não se importava, já que as marcas que mais doíam, não podiam ser vistas.

—Não fale daquilo que desconhece - ele disse entre os dentes - sua tola.

—Voce podia ter errado a poção, como os demais mestres fizeram… eu ouvi isso também - ela estava sendo ousada - os outros, eles não conseguiram… mas você, você fez - ela acusou.

—Como os demais mestres? - ele riu, era uma risada assustadora, ela estremeceu e sentiu vontade de vomitar ali - os outros Epson, estão todos mortos - ela congelou, como assim mortos? Ela estava processando aquilo tudo, ela não esperava por algo assim - assim como todos que falharam em sua missão seja ela qual fosse, esse é o lorde das trevas Epson, ele não perdoa falhas e não admite o fracasso - ele a encarou de forma fria, havia algo a mais naquela expressão, que não era apenas irá, pela sua petulância - eu não acreditava nessa maldita lenda, nunca acreditei… - ele cuspiu - e muito menos podia saber quem era a guardiã por trás de tudo isso… quando por fim isso era sobre ela, sobre Maeva - ele havia apertado ainda mais seu braço e agora estava mesmo doendo - Maldita Maeva - ele disse com desgosto o nome dela - sempre escondendo o jogo, eu já deveria saber - ele ainda sorria com frieza, seu braço… doía.

—Está… me machucando - ela precisou interromper, ela não aguentava mais, e ele pareceu perceber o que estava fazendo ali a soltando imediatamente, assustado com a força da própria mão, ela se escorou na parede, começando a chorar, ao se dar conta do que havia acabado de ouvir ali, ela se lembrava dele dizendo que não acreditava na lenda, então ele havia feito a poção, achando que aquilo não iria funcionar, e fez a poção sem saber pra quem ele estava preparando, às cegas, mas não que iria fazer alguma diferença pois ele não acreditava que ela funcionaria mesmo, ele fez a poção já que do contrário ele seria morto, como todos os outros e sim aquilo mudava tudo, ela alisou o braço machucado - eu… sinto muito - ela disse, sentindo o colar esquentar em seu peito - eu não pensei… - ela não conseguia concluir.

—Voce nunca pensa, então… não sinta - ele esbravejou para ela, embora havia um olhar de preocupação estampado em seu rosto agora, ele olhava incrédulo para o seu braço, ela sem perceber o estava alisando, já que doía muito.

—O senhor podia ter dito… - ela tentou.

—Eu não lhe devo satisfações sobre a minha vida, sua garota estúpida - ele a cortou imediatamente - me deixe ver o seu braço - ele pediu.

—Está tudo bem - ela se encolheu, agora por vergonha, isso mudava tudo, ele nunca quis matar sua mãe, ela chorava agora de alívio, era difícil explicar aquilo que sentia.

—Isso é um erro - ela o ouviu dizer… sim tudo ali era um erro, sua vida, a da sua mãe, ela podia entender aquilo.

—Sim - ela disse de forma triste - é um erro… e é por isso que às vezes, eu simplesmente sinto vontade… bem, você sabe… - ela disse ao olhar para os próprios pulsos - e então tem vezes que eu sou uma bagunça tão grande e então a dor é tão intensa e tem  o vazio, que me consome - ela apertou o peito - e eu faço aquilo… por que minha vida é um erro e erros não deveriam existir - ela nunca tinha dito isso de maneira tão aberta para ninguém, ela notou que ele a olhava de forma diferente agora - sinto muito - ela disse mais uma vez sem saber ao certo o que dizer, e limpando o rosto da maneira que o desagradava, afinal não havia lenços ali.

—Não… - ele se aproximou, estava perto o bastante e então ela não resistiu, se jogando contra ele, e o abraçando como já havia feito outras tantas vezes. Ele retribuiu, imediatamente, ela podia entendê-lo agora, podia entender seus motivos ao fazer a poção, ele era tão difícil de ler, era tão complicado, mas ela… ela podia ser ainda pior, aquilo que ela acabará de dizer, de revelar, podia comprovar isso - o erro… ao que me refiro Shara - ele disse passando a mão pelos seus cabelos, ele nunca tinha feito isso antes, isso era tão afetuoso, como eles podiam ser tão desajustados, indo do amor ao ódio em apenas alguns instantes, eles eram ao mesmo tempo tão distintos como também eram parecidos…. - não é você, sua vida, eu não deveria tê-la machucado, segurado seu braço como fiz… eu sou seu professor, deveria protegê-la… você estava com medo… - ele disse com certa dificuldade, então ela entendeu, ela se sentia ainda mais envergonhada agora, ela era muito boa em entender as coisas de maneira errada - vamos - ele pediu - você está cansada e eu também - mas ela não queria ir, o colar estava queimando no seu peito, ela sorriu, sabendo o que aquilo significava agora.

—Eu posso… - Se você quiser… - Eles disseram juntos. Ela queria ficar com ele e ele estava oferecendo.

—Sim eu quero, obrigada - ela disse, ela se sentia tão pertencente a aquele lugar agora, era estranho, ele assentiu e eles caminharam em silêncio. Eles não precisavam de um pedido de desculpas formal… ou coisa do tipo, algumas coisas simplesmente podiam ser superadas, com um abraço e com um carinho no cabelo, o colar estava ali e podia provar aquilo, estava quente. Ela parou na frente da porta do seus aposentos, esperando que ele a abrisse. 

—Shara - ele chamou pelo primeiro nome mais uma vez - coloque sua mão no centro da porta - ela não entendeu, mas fez, notando um tipo de magia fluir dali - esse é o seu acesso - ele disse, ela o olhou desconfiada, se aquilo era mesmo o que era… então ele estava liberando acesso livre para ela, ela o encarou confusa - apenas para quando precisar, isso não quer dizer que poderá entrar o tempo todo… - ela o abraçou novamente, ele estava lhe dando a coisa que ela mais desejou em toda a sua vida… uma casa, não importava as circunstâncias, mas era uma casa.

—Obrigada - ela não tinha palavras - isso… significa tanto.

—Eu sei - ele passou a mão no seu cabelo outra vez, ela podia se acostumar com isso facilmente - sem Noah… sem Lucius e sem Edmundo, mais alguém? - ele pediu 

—Sem a Hidra… e sem a besta que petrifica as pessoas - ela acrescentou, aquelas eram todas as criaturas que ela mais temia em sua vida.

—Sem nada disso - ele reforçou, ela ainda o abraçava - não queremos ficar aqui a noite toda, não é mesmo? - ela sorriu com a ironia, eles entraram, o sofá já era uma cama e ela se perguntou em que momento ele havia preparado aquilo? Não importava. Ela estava tão exausta, havia um pijama e ela se preparou para dormir… e assim que se deitou, já com os olhos fechados ela o ouviu perguntar.

—Quanto tempo faz que seu gato sumiu? - era uma pergunta curiosa, vindo dele depois de tudo.

—Quase uma semana senhor - ela disse, sem abrir os olhos, eles pesavam bastante agora, ele não respondeu mais - professor? - ela o chamou para ter certeza de que ele ainda estava ali.

—Sim - ela o ouviu dizer, mas a voz soava tão distante agora - se eu puder pedir uma coisa, eu pediria para nunca mais me carregar no colo da forma como fez hoje, é bastante vergonhoso - ela pediu, mas sem conseguir ouvir a resposta, embora tivesse tido a sensação de ouvi-lo rir… as ondas do mar batiam com força contra as pedras, Shara avistou a sua mãe, ela acenava para ela, ela tinha um nome agora, Maeva… ela estava tendo uma conversa bastante animada com o professor Snape, e ela não quis interrompê-los, ela sorriu olhando para as ondas e sentindo o sol sobre a sua pele, aquele era um dia lindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse final... eu tinha tanto pra escrever sobre ele...
Mas esse final.... ele dando acesso para ela, uma casa! Sendo que aquilo era simplesmente o que ela mais desejou a vida toda. SÉRIO!

Eles brigando são terríveis, mas fazendo as pazes são melhores ainda.

Falta pouco agora... nenhum basilisco poderá abalar aquilo que eles estão construindo :)

Obrigada meninas que comentam! Vocês fazem a diferença para essa história ☺️



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinos Improváveis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.