Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 54
Futuro - Quem é você Severo Snape?




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“mas antes que ela pudesse pensar em fazê-lo, ela já havia sido desarmada”

Shara sentiu o impulso da varinha fluir da sua mão, aquela era justamente a mão que havia sido machucada, ela mal conseguia fecha-la, movimentar os dedos parecia uma tarefa bastante difícil, estava inchado agora, aquilo certamente deixaria marcas. Aquele homem havia mesmo a machucado, embora doesse, doía muito mais na alma do que na mão propriamente dita, ela se lembrou de Mancha, até mesmo ela era mais cuidadosa que isso, ela sempre batia na palma da mão, por que por mais que doesse e ficasse vermelho, aquilo sumia em algumas horas, mas ele não, ele tinha feito questão de machuca-la, na frente de todos, ele era um homem horrível.

—Uma das regras mais importantes dessa escola é nunca, em hipótese alguma levantar a varinha com o intuito de atacar um professor – Era a voz do professor Snape, era fria, vazia e sem nenhuma emoção, na verdade nada diferente do habitual – como se você se desse ao trabalho de cumprir alguma das regras – ele mesmo concluiu ao se dar conta do que havia dito, como ele sabia que ela estava ali? Impossível, e como ele havia simplesmente ido até ela, ela duvidava muito que ele tinha deixado o Sr. Malfoy lá plantado e corrido atrás dela, não depois de toda a pose que ela tinha presenciado ele fazer e manter na frente dele era enojador, ela estava paralisada, ainda analisando a mão machucada, agora vazia, sua varinha estava em posse dele, ela resolveu levantar a cabeça para encara-lo, era difícil encontrar palavras ou sequer dizer o que ela sentia ali.

—Eu pedi para me deixar em paz – ela respondeu apenas repetindo aquilo que havia gritado antes, por mais que ela desejasse ficar sozinha, não ser vista por mais ninguém, cuidar por conta própria de toda aquela bagunça que ela se encontrava, e por mais que todas as frustrações viessem à tona e ela desejasse bater nele, empurra-lo ou seja lá o que mais ela poderia fazer para tirá-lo da sua vista, da sua vida e fingir nunca ter confiado e nem se afeiçoado a ele, ela não conseguia, ela queria cuspir cada maldita frustração nele, como ela havia planejado e reproduzido mentalmente, várias e varia vezes durante aquela madrugada sombria em que ela mal havia conseguido pregar os olhos, mas ela simplesmente não conseguia e ele estava ali, bem na sua frente agora, parado mais uma vez, quem sabe até mesmo esperando algum acesso de fúria, para assim arrasta-la para fora, e disciplina-la, como sempre fazia, ela sentiu que o ar estava faltando, seus olhos estavam vermelhos e agora ardiam, ela estava envergonhada pela forma humilhante que havia sido tratada e ainda assim ela não conseguia afasta-lo como ela achava que deveria, ele que deveria tê-lo protegido, mas pelo contrário não havia feito nada -  Vai embora - ela pediu, quase sussurrando, mas ele não se moveu.

—Não me diga o que fazer Epson – ele foi direto – e não seria apropriado, como professor e chefe de casa, deixá-la nesse estado sozinha - ele argumentou, como se estivesse apenas cumprindo um maldito protocolo.

—Claro, bom… talvez devesse rever o que é ou não apropriado professor - ela disse tentando soar grosseira – já que ser tratada de forma humilhante pelo pai de outro aluno e agredida por ele na frente de todos, inclusive do seu chefe de casa, não me parece algo muito adequado também – ela tinha tantos motivos para estar chateada agora, mas se ele queria mesmo falar de protocolos, algo estava bem errado.

—Quem sabe... – ele disse pausadamente e aquilo sempre a intimidava – se você simplesmente conseguisse manter a sua boca fechada, ao invés de se ofender e retribuir a provocação de um maldito comensal da morte como ele, que no seu caso representa ainda mais perigo que o normal  – ele olhou para a sua cicatriz marcada e exposta - sendo ele pai de outro aluno, alguém de sobrenome e consequentemente influente, certamente não teríamos agora mais essa discussão e muito menos uma mão quebrada – ele a encarou se aproximando – mas é claro que mais uma vez – ele reforçou aquilo - você não consegue entender isso – ele concluiu cansado.

—Quebrada? – ela não tinha pensado na hipótese de ter sido tão ruim, embora aquilo estivesse mesmo doendo bastante.

—Obviamente, até eu posso ver isso - ele continuava a encarando, em outras palavras ele havia dito que a culpa era em partes dela, por que as vezes ele agia e se comportava de forma tão diota? Ela não concordava com ele – agora deixe-me ver de perto - ele pediu sinalizando para a sua mão, como ela poderia ter se afeiçoado daquela forma tão intensa a alguém como ele? Por que sua mãe havia confiado em alguém como ele? E por que ele era sempre tão insensível e deveras imprevisível? – Lucius não deveria ter feito o que fez - aquelas palavras a trouxeram de volta para a realidade - ele não tinha o direito de machucá-la, você ou aluno algum - ele parecia estar escolhendo as palavras agora - ele passou completamente dos limites - ele dizia enquanto inspecionava a sua mão com cuidado, ela nem havia notado que ele a havia pego e que agora a estava segurando ali, e por que ela estava deixando? Ela havia remoído cada uma das palavras ditas pelo pai de Draco na noite anterior e agora simplesmente haviam outras tantas para alimentar ainda mais sua motivação, que de boa, nesse caso, não tinha nada e o professor Snape também era culpado.

—Ele passou dos limites quando fez aquelas insinuações sobre a minha mãe ontem a noite professor – ela conseguiu dizer, sentindo o peso daquelas palavras – ele passou dos limites quando a caçou como um animal como deve ter feito e tentou assassina-la – ela não podia mais controlar as lagrimas – quanto a isso – ela disse puxando a mão de volta contra o seu corpo – eu consigo e posso lidar sozinha – ela se afastou dando dois passos para trás – vá embora - ela pediu mais uma vez, era difícil le-lo mas ele parecia poder sentir a dor, a mesma que ela sentia ao pensar naquilo que havia acontecido com a sua mãe.

—Você não deveria ter ouvido o que ouviu – ele ponderou aquilo, depois de um certo tempo – eu posso ver a falha, já que deveria ter lançado um feitiço de privacidade antes de recebe-lo em meus aposentos, contudo... – ela o interrompeu, aquela não era a falha... Era tudo menos aquela.

—falha? Essa é a falha para a o senhor? – ela perguntou perplexa – a única falha que eu vejo... – ela não conseguia continuar, era tão difícil dizer aquilo... ela colocou a mão sobre o estomago prestes a vomitar.

—É perceber que na verdade eu sou como ele? – ele pediu de forma fria, como ele conseguia dizer aquilo? Ser tão frio, depois de tudo, ela fechou os olhos com força – não lembro de ter dito o contrário ou criado falsas expectativas ao meu respeito, bem pelo contrário... - ela não queria ouvir aquilo de novo.

—Você me deu uma maldita moeda... – agora ela gritou, tirando a moeda do bolso – eu pensei em diversas, em tantas maneiras de como poderia devolve-la hoje – ela se aproximou dele, de forma corajosa – por que você me entregou algo assim? algo que me permite aciona-lo em situações de perigo, bom pelo menos foi esse o intuito, já que foi o que me disse, quando na verdade não consegue se posicionar e me defender diante de um homem asqueroso como aquele que estava bem a sua frente – ela finalmente havia conseguido dizer oque sentia, aquilo que ela estava remoendo, ela não entendia, e tão pouco se importando se ela estava se comportando ou se parecendo como uma criança de 5 anos de idade, completamente carente ali – você foi até Londres para... para machucar o Noah, mas... você deixou com que ele, aquele homem horrível me toca-se com aquelas mãos ainda mais imundas – ela conseguiu dizer, se sentindo cada vez mais nauseada – quando certamente sabia que essa maldita cicatriz, estava me machucando – ela chorou – quer saber professor não importa... – ela correu até o vaso se abaixando, não que houvesse muito mais para deixar ali, eles ficaram em silêncio, mas ele ainda estava ali, ela sabia.

—De fato, está quebrado – ela o ouviu dizer – a sua mão, portanto precisará de cuidados especiais – ele pareceu ignorar todo o resto e explicar o óbvio, ela se sentou no chão, puxando as pernas para junto de si, as abraçando com o braço e mão saudável.

—Tudo bem professor, eu vou me recompor e mais tarde estarei indo até a enfermaria – ela disse, sabendo que era aquilo que ele queria ouvir dela e que pelo menos por hora, aquele assunto estaria encerrado.

—Faça isso - ele mandou, enquanto ouvia a porta do banheiro sendo aberta e fechando na sequência, ele havia ido embora e então ela chorou.

—____

—Alvo, estamos falando de um maldito jogo – Severo esbravejou

—Um jogo importante, um jogo da sua casa – Alvo levantou da sua cadeira – como quer que eu justifique isso Severo? – Tudo que ele não queria, pelo menos não agora, era ter que encarar aquele maldito bruxo prepotente outra vez, Lucius havia mesmo passado dos limites, e Severo podia ter auto controle para muitas coisas, mas algumas... e uma em especifico, ele havia compreendido de que não teria nenhum – Está sendo irracional - Alvo completou.

—Eu vou mata-lo Alvo e isso sim não será racional – ele disse em seu tom mais letal – não estou brincando.

—Tenho certeza que o jogo será o bastante para distrai-los – Alvo disse – agora pense em suas cobras, em todo o esforço que elas tem desprendido, foram semanas de dedicação, treinando, elaborando estratégias e imagina em como se sentirão frustrados com a ausência do seu chefe de casa – Alvo o encarava – minha resposta para o seu pedido é não – Severo cerrou os punhos, sabendo que não tinha como discutir aquilo.

—Claro – ele disse se virando, caminhando sentido a porta – como preferir.

—Severo – ele ouviu o diretor chamar – Lucius nunca te incomodou, pelo menos não da forma como estou vendo aqui, aconteceu alguma coisa? – ele perguntou, Severo sequer se virou, ele não podia e nem tão pouco queria encara-lo.

—Ele... – ele disse entre os dentes, passando pela gárgula – a machucou Alvo.

Aquele seria um jogo ruim, ruim em todos os sentidos, sentar ao lado de Lucius depois de tudo que tinha acontecido mais cedo certamente era a parte mais difícil daquilo, como ele pode permitir algo assim? Permitir com que ele tocasse nela como fez, ignorar aquilo, ignorar a dor dela, apenas para cumprir um papel que ele mal sabia para quais fins seriam, já que Alvo nunca havia sido suficientemente claro sobre o que esperava dele no futuro, Severo era apenas mais uma peça naquele jogo de xadrez do diretor, e definitivamente ele tinha dúvidas se estava mesmo fazendo as jogadas certas, sim aquele seria um jogo ruim, e tudo que é ruim, é claro, sempre pode piorar.

—Olá – Antony disse animado, ele vestia um gorro ridículo com as cores da Grifinória e segurava um balde enorme de pipocas.

—O que pensa que está fazendo? – Severo o encarou irritado.

—Me sentando – ele disse sorrindo – quer pipoca? – ele ofereceu, Severo respirou fundo, para aquela que seria uma partida longa.

—Eu detesto pipoca, o simples cheiro me faz ter vontade de azarar aquele que a comer do meu lado – ele disse em tom ameaçador, mas obviamente que aquela maldita ave ignorante não entenderia aquilo.

—Ah uma pena, melhor que sobra mais pra mim – ele sorriu, dando de ombros – eu gostava de comer sementes, sabe antes...– ele sussurrou - quando eu ainda era apenas uma ave – quem visse de fora, parecia que eles estavam ali contando segredos um para o outro e Severo revirou os olhos – mas quando você as coloca no fogo, elas explodem, e isso é fantástico, deveria tentar.

—Acha que eu não sei o sabor que isso tem – Severo disse ríspido – o que está fazendo na ala dos professores, seu animal imbecil? – ele perguntou de uma vez por todas, ainda mais irritado.

—O diretor, ele me pediu que eu fizesse – Antony ainda sorria – acho que deve estar gostando do meu trabalho – ele parecia empolgado – e ele disse que você também precisava de um pouco de distração, e bem achei legal que ele tenha pensando em mim, já que somos amigos – Antony olhava para frente agora, vendo os times entrarem em campo – agora me conta, como que é esse jogo mesmo? – ele perguntou, Severo não podia responder aquilo, ele encarou o diretor que estava sentando no alambrado seguinte, com os piores desejos sobre ele em mente, ele pareceu sentir aquilo, já que olhou para ele no mesmo instante, acenando e sorrindo.

—Quem é o idiota sentado ao seu lado? – Lucius perguntou, Severo o encarou por um momento, se controlando para não perguntar “qual dos lados, você se refere?” já que ambos o irritavam 

Por sorte Madame Hooch entrou em campo, chamando a atenção de todos, o jogo estava prestes a começar, e pela primeira vez ele queria tudo, menos estar ali.

—_____

Shara estava sentada no salão comunal, finalizando algumas poucas atividades que ainda restavam para deixar tudo em dia, já que esse era mesmo o prazo, e na próxima semana começariam suas detenções, haviam algumas, mas ela não queria pensar nisso agora, sua mão estava roxa e bastante inchada, então ela a deixava apoiada sobre o encosto da poltrona na maior parte do tempo, ela deveria ir a enfermaria, ela faria isso mais tarde ou quem sabe amanhã pela manhã, ela simplesmente não queria que Antony ou Madame Pomfrey a vissem naquele estado, para que ela tivesse que explicar algo, era vergonhoso ter que explicar aquilo, assim pelo menos ela poderia inventar que tinha caído da escadaria ou algo do tipo, ela notou alguns poucos alunos começando a chegar, sinalizando assim que o jogo havia terminado, as expressões eram péssimas, era evidente que a Sonserina havia perdido.

Shara não se importava com Quadribol e voltou a se concentrar naquilo que estava fazendo ali, pelo menos aquilo ajudava e era uma boa distração para fazê-la esquecer dos últimos acontecimentos da sua vida, algum tempo depois ela ouviu o estrondo da porta do salão comunal ao ser aberta com força e bater contra a parede de pedras, fazendo com que todos que estivessem ali, parassem o que estavam fazendo e olhassem para aquela direção, o professor Snape havia entrado, ele parecia ainda mais mal humorado do que de costume, e parecia procurar por alguém em especifico, Shara sentiu pena de quem quer que fosse, quando seus olhos se cruzaram e ela teve a nítida sensação que agora ele a estava fuzilando com o olhar enquanto caminhava apressadamente em sua direção, espera, aquilo era com ela? ela se assustou e aquilo fez seu coração disparar, qual era o sentido daquilo? ela não havia feito absolutamente nada de errado agora, não dessa vez, ela nem havia saído dali a tarde toda, será que ele queria continuar aquilo que eles estavam discutindo no banheiro? Ela torceu para que não, ela não sabia exatamente o que fazer e como se portar, aquilo era novo, ele parou na sua frente, confirmando que era mesmo com ela, todos os olhos estavam sobre eles ali e ela se levantou, encabulada.

—Aconteceu alguma coisa... senhor? – ela perguntou engolindo em seco.

—Epson - ele ralhou e num impulso ele a ergueu do chão e a colocou por cima do seu ombro, como se ela fosse um saco de legumes - faremos do meu jeito agora - ele disse enquanto saia, ele era louco ou o que? Ela não havia conseguido sequer resistir já que havia ficado completamente sem reação com aquela atitude inesperada e sem falar na expressão de pavor que os demais alunos estavam fazendo para ela agora.

—Ei me solta - ela pediu - o que pensa que está fazendo? - ela pediu, ele era mesmo louco, ele havia passado pelo quadro e passado apressado pelos demais alunos que estavam chegando pelo corredor principal, isso era terrível.

—Fazendo aquilo que deveria ter feito antes - ele disse dando pouca informação.

—O senhor é louco, me coloca no chão, do que está falando? - ela pediu, batendo nas suas costas com a mão que lhe restava, obviamente não surtiu efeito algum - eu não tenho 5 anos de idade - ela estava irritada agora – me coloca no chão agora – ela ordenou.

—Talvez quando parar de agir como uma criança dessa idade - ele disse – eu possa pensar numa abordagem diferente, por hora quero que aprenda a lição – ele a acusou.

—Que lição? eu sequer sai da sala comunal - ela alegou - do que está falando? Eu não fiz nada... me deixa descer! – ela tentou, se debatendo, aquela era uma cena em tanto.

—Não fez nada - ele repetiu em tom mortal – e é por não fazer nada que estamos indo até a enfermaria agora, já que lembro ter sido claro sobre isso - ele informou, então era isso? Ele estava agindo dessa forma completamente irracional por causa disso?

—O que? – ela não podia creditar – eu disse que iria mais tarde, depois de me recompor – era difícil falar com ele naquela posição – me deixe descer – ela estava começando a sentir ainda mais raiva.

—Pois me parece bem recomposta – ele esbravejou – e pare de se mexer, do contrário posso tornar isso tudo ainda pior – ele ameaçou, não tinha como ficar pior, tinha?

—Você não sabe o que estou sentindo, como pode me dizer que estou recomposta – ela estava passada, ele era completamente maluco – eu deveria decidir quando ir a enfermaria e não...

—Acho melhor ponderar suas palavras Epson, acredite não estou no meu melhor humor – ele era insuportável, ela desistiu – boa escolha – ele respondeu depois de um tempo a fazendo revirar os olhos.

—Severo Snape – Shara ouviu a professor Minerva andar apressada atrás deles pelo corredor – o que significa tudo isso? – ela perguntou perplexa para ele – Srta. Epson? – ela a encarou por um momento sem entender.

—Eu quero descer – ela pediu novamente, quem sabe com a professora Minerva ela teria alguma chance – me põe no chão.

—Severo, coloque a aluna no chão, isso é inadmissível – a professora disse em sua ajuda.

—Minerva não se meta – ele havia as ignorado.

—Isso é completamente inapropriado Severo – ela disse em tom de repreensão – um professor não pode se comportar dessa maneira, o que pensa que está fazendo? – Shara quase respondeu aquilo, haviam outras coisas que ela gostaria de acrescentar, sobre o que um professor podia ou não fazer, mas achou melhor não.

—Vá cuidar dos seus leões Minerva e deixe que eu me responsabilizo pelas minhas cobras – ele devolveu – a propósito você não deveria estar comemorando? – ele tinha sido sarcástico.

—Isso não diz respeito as casas e não misture as coisas – ela bufou, enquanto continuava os acompanhando, Shara não sabia o que era pior, o desconforto de ser carregada daquela maneira, ser carregada daquela maneira, os dois professores discutindo por ela estar sendo carregada daquela maneira ou os olhares dos alunos por vê-la sendo carregada daquela maneira, talvez tudo, ela havia desistido de pedir e de tentar se desvencilhar, eles estavam entrando na enfermaria e ele simplesmente a soltou em cima de uma maca, como quem largava um objeto, ela estava vermelha de vergonha e de raiva, talvez mais de raiva agora, ele era um completo idiota.

—Severo Snape – a professor Minerva chamou sua atenção, a única parte divertida daquilo tudo era vê-lo sendo repreendido pela professora de transfiguração bem na sua frente, embora ele não parecesse se importar – precisamos conversar – ela disse irritada – deve haver uma boa explicação para isso – ela disse enquanto a encarava, Shara apenas deu de ombros.

—Só um instante Minerva – ele disse a deixando ainda mais enfurecida – Pomfrey eu sei que está bastante ocupada, apenas se certifique de que ela não saia sem ser atendida, já que sabemos que ela possui uma certa resistência em fazer as coisas certas  - Shara ficou ainda mais vermelha, Pomfrey ela notou estava administrando algo em Harry que não parecia muito bem, mas a olhava de forma curiosa da maca a sua frente, já do seu lado estava Draco, ele havia sentado e estava com praticamente a mesma expressão, ela cruzou os braços em sinal de revolta, fechando a cara, se esquecendo por um momento do motivo ao qual havia sido arrastada até ali, a sua mão quebrada, e o ato de dobra-la com tanta rapidez, fez com que a dor explodisse, ela teve que se controlar para não gritar, o professor foi o único que pareceu notar – garota tola – ele disse a encarando – Pomfrey preciso de uma poção para dor – ele pediu sem tirar os olhos dela.

—Severo elas ficam naquela estante, na parte de baixo – Pomfrey havia dito para ele, que se movimentou para pega-las.

—Onde está o imprestável do seu ajudante? – ela ouviu o professor perguntar enquanto voltava com uma poção.

—Passando mal no banheiro – ela disse revirando os olhos – me parece que comeu demais durante o jogo – ela explicou.

—É claro que comeu, aquele animal não sabe fazer outra coisa além de falar e comer – ele disse visivelmente irritado - Epson – o professor chamou sua atenção – beba e espere ser atendida, qualquer movimento seu que esteja em desacordo com essa simples orientação e eu lhe garanto as consequencias serão ainda piores – ele sorriu, com malicia, fazendo seu corpo todo estremecer, ele era terrível, a professora Minerva se aproximou dele, estava mais do que evidente o quanto ela estava incomodada ali.

—Popy querida, vamos usar seu escritório por um instante, preciso ter uma conversinha em privado com o professor Snape – ela pediu, gesticulando para que ele fosse primeiro. Ele parecia ainda mais irritado por estar sendo abordado daquela maneira e Shara não pode deixar de admirar a coragem da professora Minerva ao fazê-lo, pela primeira vez, ela queria ser uma mosquinha para ouvir o que a professora teria para dizer sobre tudo aquilo, bom pelo menos algo estava valendo a pena ali, ela pensou de forma divertida, mas ainda assim ela não queria sorrir, ela continuava aborrecida por todo o vexame que havia acabado de passar, ele era um completo idiota e ela estava torcendo para  que a professora fosse o suficiente dura com ele.  

—____

Assim que a porta do escritório de Pomfrey foi fechada, Severo a trancou, lançando um feitiço de privacidade, assim além de não serem interrompidos, nada do que fosse dito ali poderia ser ouvido do lado de fora. Ele achou por bem não arriscar, não dessa vez.

—Do que se trata tudo isso Severo? – ele notou que ela estava bastante exaltada, e ele definitivamente não tinha paciência para surtos como aquele, ela estava exagerando.

—Eu posso fazer exatamente a mesma pergunta Minerva – ele disse cruzando os braços na frente dela – Até onde eu sei, é problema meu e não seu a maneira como trato os meus alunos.

—Errado, Severo, muito errado, antes de serem seus alunos, ele são alunos dessa escola, e portanto devem ser respeitados como tal e aquilo que presenciei lá fora é tudo menos isso – ela disse de forma incisiva o encarando – ficarei responsável pela menina daqui em diante e assim que ela for liberada, por seja lá o que, ela volta comigo – ela estava bufando agora, ele estreitou as sobrancelhas o que ela estava tentando fazer?

—O que você está tentando me dizer Minerva? Eu sou o diretor da casa Sonserina e EU decido sobre o que fazer com ela – ele também sabia ser enfático e por Merlin aquele não era o dia e nem o momento para ser provocado.

—Severo, você acha que eu sou idiota? Todos esses anos de experiência não te dizem nada? Eu sei o que está fazendo. Eu posso ver a maneira como olha para ela nas refeições, eu vi como tem conquistado a confiança dela dia após dia, durante todo esse tempo, a forma como ela te abraçou aquele dia na arquibancada, durante aquele treino de Quadribol, ela sequer queria vir comigo, justo você... por favor, Alvo deixou escapar dia desses que havia permitido com que ela dormisse em seus aposentos, ela, uma aluna, nos aposentos de um professor... eu nunca pensei que ele, o diretor pudesse ser tão ingênuo ao ponto de não enxergar suas intenções. Como pode Severo? ela é apenas uma criança, ela mal acaba de fazer 11 anos.

Ele precisou de um minuto ou dois para processar aquilo que tinha acabado de ouvir dela, ele entendeu perfeitamente o que ela estava tentando dizer ali, e principalmente onde ela queria chegar com tudo aquilo, sim ela o estava acusando de algum tipo de assédio, contra uma menor. De tudo que tinha acontecido, ela simplesmente juntou as peças e deduziu isso, deduziu o pior.

—Está me acusando... – ela não o deixou continuar.

—Ela volta comigo Severo – ela reforçou - eu nunca pensei... – aquela foi a vez dele a cortar, ele não podia permitir que ela continuasse.

—Minerva muito cuidado com o que você vai dizer - ele disse levantando a voz - Você não tem nenhuma prova, e está completamente equivocada, eu nunca pensei que fizesse tão mal julgamento de mim – ele disse se sentindo ofendido, ele sabia da fama que possuía entre os alunos e isso tão pouco o incomodava, mas pensar que ela, depois de todos esses anos, poderia estaria cogitando algo assim, era demais para ele.

—Eu não preciso de mais nada Severo - ela estava determinada - isso é o bastante.

—Como ousa… - ele disse a desafiando e ela o cortou de forma seca, empunhando a varinha em sua direção. Aquilo estava indo longe demais.

—Você acha que pode me intimidar Severo, pois saiba que não pode, só por que aquela criança não tem quem lute por ela, só por que ela está sozinha, não significa que um...

—Não continue Minerva – Ele estava sentindo que estava perdendo o controle da situação - Abaixe a varinha ou…

—Ou o que? – ela o encarava - Quem você pensa que é Severo para se comportar dessa maneira? Ande, diga...  quem? – ela praguejou.

—Você não tem o direito - ele cuspiu – não sabe o que está falando.

—Eu sou uma das diretoras dessa escola – ele nunca tinha visto Minerva naquele estado, ela estava irreconhecível – quem você acha que é para tratar uma aluna dessa maneira? Oras carrega-la no colo... da forma como fez – ela ergueu a varinha um pouco mais, tentando intimida-lo – isso acaba agora Severo – ela completou.

—Vai se arrepender Minerva – ele disse de forma fria, sentindo que estava à beira de um colapso.

—Me arrepender de confronta-lo? Numa situação como essas... acho que não – ela permaneceu firme – quando você sequer consegue ter um argumento plausível... estou tão decepcionada Severo – ela parecia se segurar ali, ele respirou fundo, virando as costas para ela – não consegue me olhar nos olhos – ela provocou – entendo.

—Você está errada – ele disse, não havia nada a mais a dizer.

—Errada? Não é o que me parece... eu achei que te conhecia, mas não... afinal quem é você SEVERO SNAPE? – ela elevou a voz.

—Eu... já que quer mesmo saber Minerva – ele se virou lentamente para ela – EU... sou o PAI DELA – ele disse devolvendo no mesmo tom de voz, enquanto a encarava, apenas para observar a pouca cor que lhe restava desaparecer aos poucos  – sim.. é isso que sou O PAI DELA – ele repetiu mais uma vez, estava feito.


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Notas finais do capítulo

EU... sou o PAI DELA.
Ops... o cerco esta fechando, muita coisa aconteceu nesse capitulo eu sei.
Começou tenso, a gente fica com raiva eu sei, depois um pouco divertido (Antony sempre nos proporcionando os melhores momentos) e termina assim... EU... sou o PAI DELA.

O que acharam? :)



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