Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 35
Futuro - A Floresta Proibida Parte I


Notas iniciais do capítulo

Um fato bastante curioso sobre esse capítulo, quando eu decidi que iria escrever uma fic, a algum tempo atrás, esse foi meu primeiro capítulo, simmm eu sei que é estranho, mas essa fanfic começou exatamente nesse capítulo, a trama estava toda desenhada na minha cabeça na época, e era assim que os personagens estavam quando eu comecei, e então eu fui com eles até o final para daí voltar e escrever os primeiros capítulos outra vez, na época não imaginei que levariam tantos capítulos para chegar até aqui... Mas eu amo ver como a história foi se construindo e se modelando a partir daqui... Boa leitura! ;)



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Snape, havia passado parte daquele dia recluso, era seu dia de descanso e ele decidiu fazer jus a aquele momento, os dias agora estavam começando a esfriar, e ele gostava da sensação que as masmorras ficavam naquela época do ano, além de gostar da solitude, coisa rara hoje em dia, ele leu parte da matéria publicada no profeta diário, em partes mentiras e especulações, aquela era uma mídia manipulada e ele lançou o jornal no fogo da lareira sem nenhuma piedade, ele estava se policiando para não ficar checando Shara a todo momento naquele dia, mas ele sabia que ela havia passado parte do dia na sala comunal da Sonserina, e que havia ido fazer a refeição do almoço no salão principal, isso era bom de certa maneira, apenas chamou sua atenção a mudança brusca de emoções, ela estava se sentindo, por vezes agitada e audaciosa, sentimentos que não eram muito comuns e também eram inesperados depois da conversa nada produtiva que eles tiveram mais cedo, enfim ele não entendia nada sobre crianças e seus comportamentos peculiares.

Ele abriu uma garrafa de vinho, e sentou no sofá, haviam ainda algumas leituras que ele gostaria de colocar em dia, quem sabe finalmente ele pudesse evoluir um pouco com aquilo, ele havia decidido fazer as refeições em seus aposentos, para evitar o burburinho dos alunos e também para evitar qualquer possível encontro com Alvo, embora o diretor provavelmente estivesse com seu dia bastante cheio como Minerva bem havia pontuado, havia bastante em suas costas no momento, quando ele ouviu batidas apressadas na sua porta, ninguém nunca ia até lá, poucos eram os que conheciam o caminho até aquele lugar e aqueles que realmente o visitavam como o diretor ou Minerva, costumavam solicitar acesso e o faziam pelo flu, ele estranhou, talvez algum monitor chefe querendo reportar algo, ele levantou praguejando, eles eram instruídos a apenas interrompê-lo se fosse realmente necessário.

—Sr. Malfoy – Snape disse deixando transparecer toda a insatisfação ao abrir a porta e vê-lo ali.

—Um bom lugar para se esconder – Draco disse irritado - quase não encontro.

—Essa era a intenção, infelizmente vejo que não bem sucedida – ele disse ríspido – direto ao ponto, tenho mais o que fazer.

—Não vai me convidar para entrar? – ele pediu de maneira ousada, inclinando o pescoço para tentar enxergar dentro do ambiente, garoto petulante, Severo o empurrou para o corredor, deixando a porta fechar atrás de si.

—Você tem 5 minutos, escolha bem com o que vai ocupar o seu tempo – ele disse de forma letal, cruzando os braços, enquanto o garoto limpava as vestes e o olhava indignado.

—É sobre Shara – ele disse desistindo daquela abordagem.

—Eu pensei ter sido claro quando instrui a manter distância – Severo tentou usar o tom mais ameaçador.

—Bem, talvez devesse me agradecer pela distância não ter sido tão grande assim, já que me permitiu ouvir o que ela e Carla estavam falando mais cedo – Draco soava presunçoso, assim como Lucius muitas vezes no passado, ele sentiu vontade de azara-lo mas ele simplesmente respirou fundo, o que poderia ser dessa vez?

—4 minutos Sr. Malfoy, veja que tens minha atenção – ele disse simulando uma contagem regressiva.

—Shara está lá fora, digo a caminho da floresta proibida agora – ele disse indo realmente direto ao ponto, mas aquela informação não procedia, o que o garoto estava tentando ali? Ele olhou de relance para a pedra no seu anel, apenas confirmando a localização da garota, por sorte ela estava seguindo sua orientação e desde o último confronto ela não havia mais tirado o maldito colar do pescoço, assim pelo menos ele podia mantê-la em certa vigilância, e para seu alívio momentâneo aparentemente, ela se encontrava na biblioteca.

—Sr. Malfoy, estimo sua preciosa informação - ele disse de forma irônica - tenha a certeza que tomarei as devidas providências, mas por hora a Srta. Epson foi vista a pouco fazendo suas tarefas na biblioteca e… - Draco o interrompe, levantando as sobrancelhas desconfiado.

—Não ela não está, eu garanto, pois a vi saindo, ela foi para a floresta, estou avisando por que está escurecendo mais cedo, e depois de tudo que aconteceu ontem, achei que seria importante avisa-lo, já que é perigoso e bem a Carla pode estar armando pra ela, ou algo assim... – Sim por via das dúvidas, ele iria verificar, mas o feitiço não poderia falhar de forma tão grotesca assim, ela estava na biblioteca, e o mais desajustado naquilo tudo era a maneira como aquele garoto arrogante na sua frente parecia se importar com Shara, ele sentiu uma dor de cabeça se aproximar.

—Certo, estarei verificando, agora volte imediatamente para a sala comunal e não preciso mencionar para que não comente com mais ninguém aquilo que me informou – ele disse menos agressivo agora, não seria bom se ele fizesse um alarde sobre aquilo - sei que posso confiar em você - Severo sabia que agindo assim ele teria o garoto nas mãos.

—Sim, é claro senhor! - Draco parecia satisfeito - de fato crianças poderiam ser bastante manipuláveis, ele pensou.

—Draco – ele chamou pelo primeiro nome antes do garoto sair –por que você se importa com ela? – era algo que ele realmente se perguntava, não era típico de um Malfoy agir assim, tinha que a ver algo, e ele não conseguia ver onde estavam as verdadeiras intenções do garoto nisso tudo, já que eram apenas informações e essa não havia sido a primeira vez que ele havia interferido dessa maneira, o menino, ele notou corou de forma considerável ali e esse sim era um péssimo sinal, ele sabia, havia sim segundas intenções mas aquelas eram diferentes, ele não iria permitir… por Merlin ele jamais permitiria.

—Por que o senhor se importa tanto com ela? – o garoto devolveu ousadamente, dando de ombros - eu vejo como o senhor olha pra ela, é diferente.

—Talvez por que ela seja aluna dessa escola e talvez por que sou o chefe da sua casa – Severo o encarou naquele instante tentando orientá-lo a não seguir por aquele caminho, garoto atrevido.

—Ela é minha colega de casa – ele disse simplesmente, se virando e saindo, ambos estavam mentindo, ele suspirou fechando a porta, e acionando mais uma vez o anel que novamente lhe informava que ela continuava na biblioteca. Snape suspirou, ainda assim ele iria verificar.

Cortando caminhos, pelos labirintos bem conhecidos das masmorras, Snape chega com rapidez ao seu destino acessando com facilidade uma das portas que promovem uma entrada secundária da biblioteca, acesso que apenas poucos funcionários e elfos domésticos da escola conheciam, Snape sussurra o feitiço “aponte Shara Epson” e para o seu desespero nada acontece, seu coração começa a acelerar, aquilo não fazia sentido, ao acionar mais uma vez o anel, o mesmo continuava apontando para a biblioteca, havia algo de errado ele podia ver.

Fazendo uma rápida análise do local, Snape identifica de costas sentada em uma das mesas centrais a figura da garota que vinha infernizando a vida de Shara naquela escola desde o primeiro dia que ela pisou os pés ali e que aparentemente estava envolvida com o que quer que fosse que estivesse acontecendo, ela estava, visivelmente sozinha e isso também não era muito comum, ela aparentava ler um dos inúmeros volumes de livros que ela havia espalhado na mesa a sua frente, mas era notável que a mente dela poderia estar em qualquer outro lugar menos concentrada naquela leitura, ele precisava entender o que poderia ter acontecido entre elas, antes de tomar qualquer ação e ir atrás de Shara, Snape se move sorrateiramente até onde a garota está, colocando uma das mãos sobre o seu ombro, a assustando e chamando sua atenção, ela se vira imediatamente em um salto, ficando ainda mais branca do que já era ao reconhecê-lo, isso não era bom.

— Profe.., profe...ssor Snape? – ela disse gaguejando, sim havia algo de errado.

A surpresa estampada no rosto daquela garota, foi o suficiente para que ele se desse conta do que havia acontecido com o colar, mas é claro que o encanto sobre o anel não havia falhado, muito pelo contrário ele estava funcionando de forma adequada, porém e obviamente que o feitiço estava entrelaçado apenas aos objetos em si quando usados, e não a pessoa especifica que os estava utilizando, alguém estava usando o colar, e não era Shara, agora por qual motivo, razão ou circunstância ela havia resolvido tirar o colar? E por que ela havia dado o colar justamente a Diaz a quem ela mais detestava e certamente não confiava era algo que não cabia em nenhuma explicação que ele tentou elaborar, tentando não entrar em pânico, e com a mesma expressão vazia de sempre no rosto, Snape se controla para não assassinar ali mesmo, aquela criatura gaguejante a sua frente. Draco tinha razão, Shara havia ido para a floresta proibida, não existia mais tempo a perder.

—Srta. Diaz, francamente, confesso que esperava mais eloquência da sua parte – ele disse fuzilando a com o olhar - já é tarde e preciso ser direto, estou procurando pela Srta. Epson - Snape era um experiente espião, sem mover qualquer músculo facial, seus olhos conseguiram fazer uma varredura por todo o local, em especial sobre a Srta. Diaz e localizando quase de prontidão o colar, encoberto por baixo de suas vestes.

— Epson?... é o Sr. diz a Shara né... seria essa Epson correto, está procurando a Shara? – ele precisou de muito auto controle naquele momento, garota idiota.

— Srta. Diaz – ele disse fazendo uma pausa prolongada para enfatizar as próximas palavras - nós dois sabemos que não existe outra Epson nessa escola, portanto caso não queira colaborar, terei que pedir para que me acompanhe imediatamente até a sala do Diretor para providenciarmos sua expulsão.

—É expulsão, des.. descu.. desculpe-me professor, honestamente, mas sobre qual pretexto eu seria expulsa? - ela perguntou nervosa.

— Equívoco o meu, por achar que pudesse ser mais esperta - ele disse com ironia - estamos falando de furto aqui, e isso vai contra uma das principais premissas dessa escola - ela o olhou assustada - bem até onde eu sei o colar que se encontra no seu pescoço é extremamente valioso e pertence a Srta Epson, que é quem curiosamente estou procurando – ele cruzou os braços, ele estava começando a ficar irritado com a ausência de informações e com o tempo que ele estava perdendo com ela ali.

—Não... por favor, o Sr. entendeu errado, foi ela que pediu para que eu ficasse com o colar, na verdade ela me pediu para guardá-lo em segurança, e é isso que estou fazendo, eu só estou guardando, assim que ela voltar eu vou devolver, esse é o combinado, eu juro – ela estava verdadeiramente assustada, ao se dar conta do tamanho do problema que agora ela estava envolvida, ele conhecia bem a sua família e o modo como eles agiam, e ele sabia que dela era esperado muito mais do que a perfeição, ela estava com medo de que seus pais soubessem que ela havia sido pega em algo assim, ele podia imaginar o quão ruim isso poderia ser para ela, mas ele não se importava.

—Combinado? – ele riu com o canto da boca, demonstrando sua total descrença em tudo que ela havia dito ali - Diaz, não se dê ao trabalho de mentir pra mim, eu posso ver uma mentira a quilômetros de distância – obviamente que ela estava mentindo ou omitindo informações, o que havia entre elas afinal? ele se lembrou do bilhete na aula de poções, ele não deveria ter deixado passar daquela maneira como fez, ele deveria ter investigado aquilo - Agora me responda, o que você está fazendo com o colar? – Diaz estava congelada – RESPONDA – ele disse levantando a voz, sem sequer se importar com os olhares aguçados a sua volta, e com o fato de que eles estavam na biblioteca, lugar que exigia silêncio.

—Ela me pediu para usar… ela armou pra mim – ela disse, com os olhos vidrados na peça.

—É claro, e quem me garante que não foi o contrário? Talvez seja você que tenha armado para ela – ele disse fuzilando ela com o olhar - Srta. Diaz, vou te ajudar, eu sei que ela foi para a floresta proibida, agora em poucas palavras, já que não tenho tempo para perder com você, eu quero o motivo – ele disse se aproximando a deixando ainda mais desconfortável – caso preferia eu ainda posso extrair isso da sua cabeça, mas pode doer um pouco – ela se assustou ainda mais, ela sabia que ele podia fazer aquilo.

—Certo, ela... – ele a encarou, esperando a resposta – foi buscar um ingrediente para preparar uma poção - ela o olhou, ela estava lutando internamente, em revelar aquilo e ele fez sinal para que ela prosseguisse, ele precisava de mais que apenas aquilo - a poção que resgata memórias do passado – aquilo foi uma surpresa, ele conhecia aquela poção muito bem, obviamente ele mesmo já precisou prepará-la algumas vezes no passado, ele até podia apontar qual ingrediente ela havia ido buscar, mas a pergunta é como ela teve acesso a aquela receita? Já que não era legalizada e não estava nos livros, ele encarou a garota loira a sua frente por um momento, certamente ela havia fornecido aquela informação, a família de Diaz foi responsável por interrogar os prisioneiros de guerra para o lord das trevas, eles usavam de inúmeros artifícios para conseguir as respostas, aquela poção era apenas um deles, porém qual o intuito daquilo? Diaz não pensaria em algo assim por conta própria, havia alguém por trás daquilo, Carla na verdade era apenas um meio para que a poção chegasse até as mãos de Shara, alguém tinha interesse no passado dela, as coisas podiam estar começando a fugir do controle e Shara era ingênua o suficiente para cair de forma tola naquilo, se expondo ainda mais ao perigo e entregado o colar, que ela tanto desejava proteger literalmente nas mãos do inimigo, Shara estava tão cega pelas respostas que ela buscava que mal podia enxergar o abismo a esperando bem na sua frente. Ele estendeu a mão fazendo menção para que Diaz lhe entregasse o colar, ela entendeu e o fez imediatamente, sorte que Diaz não entendia a relevância daquela peça ainda, ele a guardou, ele tinha muito em que se preocupar no momento, Shara estava correndo grande perigo se expondo lá fora daquela maneira, a lua ainda não havia saído, mas ele precisava se apressar se desejasse chegar até ela antes da hidra, que certamente estaria à espreita outra vez e sem mencionar que a floresta por si só era perigosa o suficiente e ela estava sem o colar de proteção, aquilo tinha todas as probabilidades possíveis para dar errado, garota estúpida, ele não sabia mais o que fazer para que ela entendesse que não deveria agir por impulsos dessa maneira, quem sabe “contar a verdade” algo lhe disse, mas não ele não podia fazer aquilo.

— Lamento não ter tempo para continuar o que começamos, mas não se iluda, tão logo eu voltar e estaremos fazendo isso na presença do diretor - ele disse vendo a apreensão no rosto da garota aumentar ainda mais - a propósito estarei indo atrás da Epson agora, é bom você torcer para que esteja tudo bem, pois se ela tiver um único arranhão, sim um arranhão será o bastante, acredite as consequências do seu envolvimento nisso serão ainda piores - ele sorriu, era um prazer aterroriza-la e assistir a mudança de expressão de uma aluna que estava assustada, para uma aluna verdadeiramente em pânico, era uma pena não ter mais tempo para ficar e saborear essa transição de forma mais profunda, mas ainda assim era sempre muito bom ver o efeito que palavras bem colocadas poderiam fazer, e surtir.

—___

Sair da escola até que foi tarefa fácil, passar despercebida entre alunos com fome próximo ao horário do jantar com certeza tinha sido a melhor estratégia, não que ela fosse muito notada, é claro, mas existiam alguns alunos em especial que ela estaria evitando. Shara já estava no pátio externo quando ela se deu conta de que aquilo podia ser uma armadilha, ela não confiava nenhum pouco em Diaz e esse sentimento a manteve em estado de alerta desde o início, haviam segundas intenções, ela sabia, mas essa também podia ser a oportunidade que a loira estava esperando para a denunciar por uma infração grave de regras da escola, mas ela estava com o seu colar agora e da forma como Shara a havia assustado sobre aquilo, ela dificilmente o tiraria do pescoço e enquanto ela o mantivesse por lá, isso serviria como uma garantia, inibindo qualquer tentativa de delação já que a loira também estava completamente presa as ações de Shara, se Shara falhasse a loira falharia junto, agora se tudo ocorresse mesmo como o planejado, Shara encontraria rápido o que estava procurando, as pétalas de Hynodora dourada e voltaria antes mesmo do toque de recolher, ela estava contando com isso, e de certa forma Diaz também.

Um fato bastante curioso, que chamou sua atenção logo no início ao adentrar na floresta proibida foi a movimentação das aranhas, Shara nunca havia reparado, mas elas pelo que tudo indicava costumavam andar em bandos se embrenhando floresta a dentro, e elas vinham do castelo, Shara não tinha medo de aranhas, bem pelo contrário por uma boa parte da sua vida, ela as admirava e por vezes elas foram sua companhia durante as tarefas domésticas que ela fazia no lar e isso não era algo ruim.

Shara estava cronometrando o tempo, fazia um pouco mais de 30 minutos que ela havia saído do terreno protegido da escola agora, já estava escuro o bastante, as aranhas haviam tomado outro caminho, e a floresta era uma imensidão sem fim, e apesar das muitas criaturas que viviam por ali até que o lugar era aparentemente silencioso demais para o seu gosto, e isso deixaria o cenário ainda mais assustador, embora sua maior preocupação era apenas uma criatura em específico, uma criatura com a voz pegajosa e que estava justamente atrás dela, a hidra, Shara se lembrou das mortes que ela leu naquela matéria, engolindo em seco, sim Shara estava com medo e sentir medo não era um dos seus sentimentos favoritos e ela precisava confessar que a ideia de recuar estava começando a se tornar bem atrativa, mas ela não era do tipo que voltava atrás, ela aprendeu cedo a viver em situações de sobrevivência, e nesse sentido os anos no lar trouxeram boas lições de vida e recuar não era uma delas, ela iria até o final naquilo.

Shara não teve muito tempo para se preparar para aquela empreitada, já que tudo estava acontecendo muito rápido em sua vida nesses últimos dias, mas pelo pouco que ela leu, a flor praticamente irradiava luz própria à luz da lua, isso não deveria ser algo tão difícil de se enxergar, outra informação importante é que elas cresciam bem perto da relva, então ela basicamente precisava manter os olhos atentos no chão. Shara caminhava com a varinha em mãos e a postos em constante vigilância, ela podia ouvir sua própria respiração à medida que ia avançando floresta adentro, aquela sensação era realmente diferente de qualquer sensação que ela já havia experimentado antes e além de toda essa tensão que ela estava sentindo ali, uma outra preocupação era tomar cuidado para conseguir memorizar corretamente o caminho de volta, pois se perder naquele lugar era relativamente fácil também e como mecanismo de ajuda Shara marcava as árvores e falava consigo mesma em voz alta de tempos em tempos, já que ouvir a sua própria voz a ajudava a manter o controle.

“Certo… muita atenção, aqui não é o melhor lugar do mundo pra se perder e com certeza também não o melhor momento, foco Shara, encontre as flores o mais rápido possível, colete algumas boas amostras para a poção, cumpra seu objetivo e volte sem grandes problemas, com sorte ninguém nem terá notado a minha ausência, você consegue” ela disse mais para se motivar ali. Ela não podia evitar de levar a mão sobre o peito, de tempos em tempos de forma esporádica, procurando pelo colar, apenas hábito, mas ele não estava lá, e isso também a deixava apreensiva, ela estava completamente desprotegida ali, ela suspirou

Um pio do alto chamou sua atenção. Lá estava a ave misteriosa outra vez, a ave da sua mãe, ela sempre parecia estar lá pra ela agora “não tão desprotegida” ela pensou, a presença do pássaro era um bom presságio certamente. Olhando esperançosamente para o chão, Shara à vista há apenas alguns metros de distância as primeiras amostras das flores que ela veio procurar, e sim elas realmente brilhavam e eram incrivelmente belas, se destacando de forma única naquele breu que era a floresta proibida a noite. Em completa euforia Shara salta em sua direção, mas aquela região tinha muitas raízes robustas das inúmeras árvores que fechavam aquele lugar, e mesmo com todo o cuidado, Shara se desequilibra ao enroscar o seu pé em uma dessas raizes a fazendo tropeçar e deixando cair sua varinha em algum lugar no meio daquela relva escura enquanto sem conseguir se segurar ela cai, e continua caindo e deslizando por algo que parecia um grande buraco nascido do nada no meio de toda aquela escuridão, ela se dá conta de que havia caído em uma grande vale e agora ela se encontrava na parte mais baixa do local, e para voltar ao seu destino, onde as flores estavam, ela precisaria subir até o topo de onde ela havia caído.

— droga! ... Aí doeu… - ela se levanta devagar, tentando apoiar o pé no chão com alguma dificuldade, estava doendo, mas não estava quebrado, apenas um mal jeito que dificultaria um pouco a caminhada de retorno, principalmente agora que ela precisava escalar um pouco, e isso não era bom, esfregando toda aquela sujeira em volta de si e analisando alguns cortes superficiais nas suas vestes. Ela sentiu seu coração acelerar ao olhar em sua volta e perceber que seria quase impossível encontrar sua varinha ali, e isso a desesperou, aquela não era uma varinha qualquer, era igualmente importante, ainda bem que ela não havia trazido o colar, ela tinha o dom de conseguir estragar tudo, ela precisava da varinha, ela colocou as mãos no rosto desesperada, e agora?

Ela até já conseguia imaginar a reação do professor Snape caso ela voltasse dali com vida, uma ideia que agora parecia cada vez mais distante, ele a mataria, sim ele faria, ela quase podia ouvi-lo dizer "mais uma vez Epson" e sim ela fez, ela era uma completa decepção, por fim todos estavam certos ao seu respeito. Pensar nisso fez com que uma onda de pânico começasse a tomar conta de si, ela poderia ser expulsa, sim com toda certeza ela poderia, mas isso era algo que ela queria, não era? Ela não sabia ao certo, com uma dose extra de adrenalina Shara começa a tatear o chão pelas proximidades de onde havia caído, havia bastante relva para procurar, e a ideia de voltar antes do toque de recolher, começou a ficar cada vez mais distante. Mas por ordem de prioridades agora, primeiro ela deveria encontrar a varinha, depois escalar o lugar e por último pegar as flores, ela sentiu algumas lágrimas descerem pelo seu rosto, ela chorava tanto nesses últimos dias.

Depois de um tempo, ela se sentou cansada, desistindo, ela só queria ser uma criança normal, ela só queria saber a verdade, sentindo o desespero tomar conta de si outra vez, ela sabia que já havia se passado um tempo considerável agora, ela havia parado de contar, seu pé parecia ter inchado, e ela tirou os sapatos, e para ajudar estava começando a esfriar, ela se encolheu sentindo a sensação da temperatura baixar à medida que a noite ia avançando, a lua brilhava com força lá no alto, o pássaro a havia perdido de vista fazia algum tempo também e Shara se perguntava se uma situação como aquela poderia piorar?

O vale que ela havia caído, ela notou era bastante arborizado, e as copas das árvores com a pouca visibilidade que o breu daquele lugar proporcionava, poderiam ser tranquilamente confundidas com a relva que estava cobrindo o chão da parte alta do terreno por onde Shara havia andado, quem sabe a ave estaria procurando por ela lá em cima e se distanciado ou até mesmo ido embora ao perceber que ela havia sumido. Ela estava sem a ave, sem o colar e sem a varinha, e então ela chorou, chorou por medo e também por tristeza, chorou pelo vazio e também pela dor quando Shara ouve passos apressados se aproximando de sua direção, eles vinham do meio dos arbustos que estavam mais a sua frente, provavelmente o barulho que ela estava fazendo ali, havia sinalizado sua presença, é claro.

Um calafrio percorre todo o seu corpo, ela sente um leve desconforto na sua cicatriz e pelas experiências anteriores aquilo não podia ser um bom sinal, num impulso de sobrevivência Shara se vira para avaliar as possibilidades de correr e subir novamente ao topo do vale por onde ela havia caído e deslizado mas sem conseguir firmar o pé corretamente no chão e sem sua varinha, aquela não era uma opção viável, ela congela, sentindo o medo agora tomar conta de si e sabendo que seja o que fosse já havia a visto ali e a alcançaria com bastante facilidade agora.

— Ora, ora, ora… veja só o que temos por aqui essa noite - Shara ouve uma voz fria e melosa, era uma voz masculina, aquilo não era a hidra mas ainda assim não soava bem e ela tinha percebido um leve toque de ironia - Admito que eu não estava esperando por visitas assim tão fora de hora, de fato é algo bem incomum por aqui - a voz continuou - Não quero parecer indelicado, mas que mal pergunte o que faz uma garotinha tão nova assim, sozinha na parte mais baixa e perigosa da floresta? por acaso estaria perdida? - Sim, havia mesmo ironia ali, ela estava paralisada, esperando para ver quais seriam os próximos movimentos daquele ser, mas ele aparentemente não se moveu.

Com o coração acelerado Shara olha para a direção de onde a voz estava vindo, tentando não encarar tão enfaticamente o seu locutor. Por mais que sua mente trabalhasse tentando encontrar uma saída, qualquer saída para aquela situação, ela sabia que não teria nenhuma chance, as condições eram todas desfavoráveis. Shara não se move e quase como quem pudesse interpretar a falta de movimento, a criatura continua:

—Sábia escolha garotinha, sabe eu e minha família gostamos muito de sair à noite para caçar, não aqui é claro, não é muito promissor, digamos que sua presença é quase que um presente para o meu clã, compartilho que fazia algum tempo que eu estava mesmo buscando um sangue, assim como posso dizer, mais novo, então se você achar que deve correr, e fugir, bem até seria divertido, mas confesso que prefiro quando as coisas são assim mais tranquilas, e sem falar que é muito menos doloroso para a vítima quando ela mesmo colabora sendo submissa.

Shara se encolhe ao ouvir cada palavra, era evidente que ela estava assustada, ela era a presa, ela havia entendido a analogia da dor, ela queria gritar por ajuda mas ela havia perdido a voz agora, ela levanta novamente os olhos, dessa vez buscando encarar aquela figura aparentemente humana, totalmente pálida que usava roupas bastante antiquadas, com longos cabelos desgrenhados e olhar gélido e penetrante que estava a apenas alguns poucos metros de distância a sua frente, e quanto mais ele se aproximava mais o seu ombro queimava, era aquela sensação outra vez.

— Quem ou o que é você? – ela ousou questionar, com a voz trêmula.

—Bom dificilmente eu costumo me apresentar, mas já que você está sendo tão boazinha pra mim, e facilitando tanto as coisas essa noite, farei essa pequena gentileza, sou um dos descentes de Sanguini, sou um vampiro e atuo há séculos por essa região.

Ele era um vampiro, do pouco que ela havia visto a respeito eles eram criaturas noturnas extremamente ágeis e inteligentes, muitos deles com séculos de vida, e como a própria literatura trouxa informava, sim eles sugavam o sangue de suas vítimas até a morte. Naquele momento ela entendeu que não precisaria mais se preocupar com o discurso de como ela havia perdido sua varinha, não importava, pois não haveria mais necessidade de explicar aquilo, ela não iria sobreviver de qualquer forma, ela iria morrer ali nas mãos de um vampiro na floresta proibida, Shara não podia correr, portanto ela não iria resistir, mas em última tentativa vã ela caminha lentamente para trás como se pudesse se esconder dentro de toda aquela escuridão, ela se encolhe nas árvores, como alguém que procurava desesperadamente por um portal invisível que a levasse de volta até a escola, o movimento é involuntário e sem perceber os galhos afiados da vegetação fechada machucam a pele sensível do seu rosto, ela não se importa, mesmo ao sentir a pequena lâmina de sangue que começa a escorrer pela sua face.

O vampiro se aproxima lentamente, desfrutando daquele momento, ela percebe que ele está sorrindo, ele sentia prazer no medo que ela estava emanando, entre o sorriso sujo é possível ver as garras afiadas dos seus caninos se destacando, dentes desgastados pelo tempo. E a apenas alguns segundos do que seria o ataque, o vampiro para e recua, ele detecta algo novo ali, mudando sua expressão, aqueles segundos pareciam uma eternidade para ela, ela não entendia, mas existe algo diferente no seu olhar, algo ainda mais assustador, o que poderia ser agora?

—Eu posso sentir o cheiro do seu sangue - ele informou - e o sangue de alguém diz muito sobre a sua origem, e de todas as vítimas, nenhuma delas cheira como você e isso torna as coisas ainda mais interessantes, então eu novamente me pergunto, como alguém assim tão especial veio parar aqui sozinha? Me impressiona que Hogwarts não tenha uma proteção especial para você? Sabe, essa é uma noite de muita sorte, no caso a minha sorte… talvez você não saiba mas seu sangue vale mais que os reinos deste mundo - Aquilo era novo, do que ele estava falando? Não estava fazendo nenhum sentido…

— Alguém como eu?... - ela disse tentando ordenar seus pensamentos -  acho que está havendo algum engano  senhor, eu não sou ninguém, de verdade, mesmo… honestamente eu sequer sei sobre o meu passado, eu não tenho nada a oferecer, por favor… por favor acredite em mim eu não sou nada, por favor me deixe ir… - ela implorou chorando, quem sabe ela poderia convencê-lo disso já que era a mais pura verdade.

Shara não conseguia mais controlar as lágrimas que começam a vir à tona ali, desmoronando qualquer fachada que ela estava tentando manter na frente dele e expondo de forma genuína todo medo, toda a fragilidade diante da constatação de quem ela realmente era, ninguém! De repente ela enxerga com clareza de como ela tinha sido estúpida a ponto de se deixar iludir com a ideia de que ela poderia encontrar aquela flor sozinha ali naquele lugar, um dos ingredientes de uma poção que estava num pergaminho antigo, e de preparar a poção para resgatar memórias que a fizesse finalmente conhecer sua mãe, e quem sabe ouvir algo sobre o seu pai, uma busca falsa por algo que não mudaria nada a sua história e quem ela era, eles não iriam voltar de qualquer jeito, nada iria mudar no final e agora ela se encontrava numa floresta cheia de perigos do qual ela havia sido alertada, onde sem preparo algum, e agora sem sua varinha, de fato ela era estúpida demais para viver e estúpida demais para morrer.

Ela ainda era uma criança, e então pelo menos dessa vez ela se comportou como tal, ela chorou de soluçar, com o olhar embaraçado pelas lágrimas ela limpa o rosto com a manga das suas vestes, quando ela ouve a ave novamente, ela olha para o céu, tentando encontrá-la, seu movimento não passa despercebido e é acompanhado pelo olhar aguçado do vampiro, com apenas um movimento e segundos depois Sanguini segura o rosto de Shara em suas mãos, aproximando seus rostos, e olhando diretamente dentro dos seus olhos, ele sussurra:

—Mas que erro o meu, é claro que uma guardiã não caminharia por aí sozinha - ele disse de forma brusca.

— Eu, eu não sei o que você está dizendo, eu… como eu disse eu não sou quem você pensa que eu sou… eu… sou só eu - ela sabia que estava soando confusa.

— É claro - ele sorriu e assim de perto os dentes eram ainda mais horríveis - agora me diga onde está a sua marca? Você tem uma não tem? Todas as guardiãs são marcadas, onde fica a sua?

— Eu não ... Eu juro… por favor eu imploro que me deixe ir.

—Bom se você não se importa, eu mesmo posso encontrá-la, mas aviso que posso ser bastante indelicado ao procurar - ele continuava sorrindo.

O que ele estava sugerindo? O que ele iria fazer? Nesse momento as lágrimas começam a se tornar ainda mais intensas, ele a havia chamado de guardiã, e de que marca ele estava falando ali? Seria aquela marca que ela carregava no seu ombro? A sua marca de nascença e que por sinal mais uma vez estava doendo muito. Shara estava em pânico, e nesse momento ela sente suas mãos começarem a formigar, essa não era a primeira vez que Shara experimentava aquela sensação, tinha sido assim aquela vez no seu primeiro dia na aula de defesa, tinha sido assim aquela vez com Noah, era como se a magia do seu interior estivesse procurando uma forma de sair e parecia que suas mãos estavam prestes a explodir e dessa vez estava ainda mais intenso.

—Estou começando a ficar impaciente, venha, você vem comigo, teremos outras oportunidades para um interrogatório mais informal fora daqui - ele disse enquanto a envolvia em seus braços, foi quando Shara finalmente conseguiu gritar, tentando se desvencilhar dele, se debatendo com certa dificuldade, isso não parecia ser nenhum problema para ele que era muito mais forte e conseguiu prendê-la com bastante facilidade contra si a erguendo sobre seus ombros, ela grita novamente, o mais alto que pode sentindo o pavor de saber  que ninguém os ouviria ali, ele caminha alguns passos… Shara sabia que estava perdido, ela não fazia ideia de onde eles estariam indo, mas estava acabado ali.

—Sanguini - alguém chamou - coloque-a no chão imediatamente - ambos ouviram, não podia ser possível, sua mente certamente estava lhe pregando peças a àquela altura, afinal essa era a voz… mas não podia ser… podia? - eu não pedirei uma segunda vez - ele ordenou, Shara sentiu seu coração disparar e o seu mundo parar naquele exato instante, sim essa era mesmo a voz dele.

—Severo Snape - o vampiro disse se virando - quanto tempo - ele sorria 


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Notas finais do capítulo

Ufa... terminamos com uma boa surpresa aqui :)
Mas teremos um embate... não pense que o vampiro vai entregar o "tesouro" que acabou de achar de mãos beijadas.
E a hidra?

Obrigada por acompanhar até aqui :) amo ler sobre o que vcs estão achando da história.



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