Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 17
Futuro - A lenda




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Era sábado à tarde e Shara havia retirado alguns livros de interesse na biblioteca mais cedo naquele mesmo dia, a temperatura estava bastante agradável lá fora a convidando para uma leitura ao ar livre e ela já havia decidido que o seu lugar preferido para esse tipo de atividade era mesmo sentada em baixo de uma grande arvore longe de todo aquele burburinho do castelo, havia uma arvore em especial que dava vista ao lago negro, a paisagem daquele lugar era exuberante e além do fato de que existia uma incrível conexão com a natureza naquele ambiente que ela não sabia explicar, embora desde muito cedo Shara sempre se sentiu atraída por espaços abertos assim, com rios e lagos, a agua sobretudo era como um refúgio de paz.

Ela tinha combinado com Beta de se encontrarem logo depois do almoço, elas fariam isso juntas, já Gina não estava muito animada essa manhã, e Shara achou melhor não insistir, hoje seriam só as duas e tudo bem, Beta também amava a leitura, mas ficou evidente que suas preferências de lugares adequados para essa finalidade eram completamente outros, já que Shara precisou ser um pouco persuasiva ao convence-la que aquilo era mesmo uma boa ideia, ela caminhava em direção ao seu destino com um sorriso genuíno no rosto, fazia dias que ela não se sentia tão bem, aquela havia sido uma boa noite de sono, os sonhos ruins haviam ido embora como num passe de mágica, sim esse trocadilho era ótimo agora que ela podia fazer magica de verdade, mas era evidente que um dos motivos reais dessa melhoria repentina foi a conversa promissora que ela conseguiu ter com um adulto pela primeira vez na sua vida, o professor Snape, sim ela sabia que se ela conta-se isso dessa forma certamente ninguém acreditaria, e ela riu daquilo de forma leve, caminhando por entre o pátio externo e tentando encobrir o livro que ela carregava consigo para a leitura dessa tarde embaixo de sua veste.

—Oi Beta – Beta tinha chego antes dela, no mínimo para inspecionar se o lugar era mesmo adequado, Shara se aproximou estendendo uma toalha sobre a grama macia antes de se sentar e se encostar na arvore embaixo da sombra.

—Shara... que livro é esse? - foi certeiro, Beta apontou para o livro grosso e de característica duvidosa que Shara agora havia deixado exposto, sim era um livro da sessão restrita e não ela não tinha pego sem autorização como estava escrito no olhar que Beta estava lhe direcionando.

—Bem, não me julgue antes de eu explicar ok? - Shara disse bastante animada.

—Certamente deve haver uma boa explicação – Beta proferiu revirando os olhos e não parecendo tão animada com aquilo, Beta se comunicava muito bem com o corpo e ela havia cruzado os braços em sinal de repreensão, aguardando uma resposta apropriada que justificasse aquilo.

—Bom, eu meio que abordei o professor Binns hoje depois do café - Shara disse um pouco sem graça - e disse que precisava de um passe para a pesquisa dele, e ele me cedeu um.

— Você o que? - Beta estava indignada, era inevitável não perceber o quanto Beta se importava com as regras da escola - a pesquisa é sobre a história dos elfos domésticos e todos os livros sobre esse tema estão na parte livre da biblioteca, como você conseguiu um passe assim tão fácil?

—Bem não foi nada difícil na verdade, ontem passei a tarde na biblioteca, fazendo uma pesquisa de poções e notei a seção restrita, e acontece que tem um tema em especifico que vem me assombrando desde a minha visita no Beco Diagonal aquele dia, algo que de certa forma tem a ver comigo, eu acho, sei lá algo no meu passado e que eu gostaria de investigar, desculpe não posso dar mais informações – ela sorriu sem graça - e bem eu realmente não achei nada útil e que pudesse verdadeiramente me ajudar na parte livre, eu juro que busquei por isso a semana toda mas encontrei apenas trechos da história muito vagos, então pensei que valeria a tentativa, me informei sobre como eu poderia conseguir um passe e eu simplesmente tentei a sorte e deu certo, isso não é ótimo? – Shara sorriu para a amiga que continuava séria.

—Ah é e quem te contou sobre o passe? - Beta disse desconfiada – pelo menos isso eu posso saber? – ela parecia chateada.

—Hermione - Shara deu de ombros.

—Hermione? Você está dizendo que Hermione Granger da Grifinoria te disse como pegar um passe ilícito? E você quer que eu acredite nisso?

—Bem, ela disse que eu precisava de um passe, não que ela tenha dito como eu poderia fazer para conseguir um, você é minha amiga então poderia pelo menos parecer um pouco mais compreensiva? – era a vez de Shara demonstrar insatisfação, e ela percebeu a expressão séria no olhar da amiga amenizar um pouco, o que a fez optar em ignorar qualquer tipo de atrito e continuar de onde tinha parado -  bem você sabe que ela de todos os alunos dessa escola é quem mais frequenta a biblioteca, certamente que ela saberia e bem ela já havia me oferecido ajuda antes, então sim estou falando da Hermione Granger da Grifinória – Shara sorriu com o desfecho – ei, relaxe ok? o professor Binns nem percebeu a pequena mudança de direção.

—Ele não percebe nada a anos… essa que é a verdade – Beta disse de forma mais descontraída - Shara você sabe que trapaceou né? E sabe o que eu penso sobre isso? É contra as regras, desculpe não quero te chatear com isso, e com as minhas manias, eu sei que exagero as vezes, mas desde que nos tornamos amigas não posso deixar de me preocupar com você, e se alguém descobrir? - Beta era muito zelosa e protetora, e a verdade é que Shara também não estava acostumada e nem preparada com nada disso, mas ela resolveu dar tempo ao tempo, e apreciar o cuidado que a amiga estava tendo com ela.

—Tudo bem, mas pense não é como se eu tivesse cometendo um crime certo? ou você queria que eu fosse até o chefe da minha casa, o professor Snape no caso e pedisse gentilmente para que ele me ajudasse a quebrar as regras aqui? - Shara disse começando a rir – bem nós duas sabemos muito bem o que iria acontecer comigo depois disso, podemos usar a imaginação e pensar em várias formas criativas de assassinato pois seria algo nessa linha.  

—De fato, bem observado – a amiga respirou fundo, fazendo um esforço para deixar passar – e sobre o que é esse livro para que tenha valido tanto a pena se arriscar assim?

—É um livro sobre lendas bruxas - Shara disse analisando a capa empoeirada do livro, ela ainda não havia aberto ou lido nada nele - ainda não sei ao certo se vai servir, é um tema bastante difícil de encontrar por sinal, mas ao passar o olho pelo enunciado foi o que mais se enquadrou com a minha busca, você sabe que não tive muito tempo para selecionar o livro já que a madame Pince meio que não saia do meu pé.

—Hummm talvez ela tenha desconfiado, o que você disse pra ela? - Beta perguntou interessada.

—A verdade, que estava fazendo uma pesquisa sobre lendas bruxas - Shara disse - afinal não havia como eu encontrar o livro naquele lugar sozinha, precisei pedir ajuda e tive que explicar sobre o tema que eu estava procurando, aquela sessão é enorme sabia? Tem livros de temas que nunca imaginei em vida, meio sombrio e tudo mais.

—É por isso que se chama sessão restrita, por que é restrita, não é para crianças, ouvi dizer que Hogwarts possui o maior acervo de livros de artes das trevas, livros que foram apreendidos em batidas do ministério, coisa nada boa de se ler – Beta disse como se estivesse lhe confidenciando um segredo - enfim direto ao ponto, eu penso que ela sabe que você trapaceou, e nesse caso dê sorte se ela não comentar com o professor Snape a respeito, transformando sua metáfora bem animada em realidade.

—Beta, por favor... antes de falar com você eu estava bem resolvida e tranquila quanto a isso, agora dito dessa forma, confesso que você está me deixando apavorada, por que ela falaria com o professor Snape sobre isso, se eu tinha um passe? O que tem de errado nisso? - Shara estava começando a ficar preocupada, ela não queria estragar tudo outra vez, justo agora que aparentemente as coisas estavam começando a melhorar para o seu lado.

—Por motivos óbvios, alunos do primeiro e do segundo ano não tem permissão para ganhar passes – como assim não tinham? De onde Beta tirou aquilo? essa informação Hermione havia omitido e dito dessa forma realmente não soava nada bem, e sim Madame Pince parecia mesmo desconfiada, mas se não havia permissão por que ela deixou Shara retirar o livro? A menos que fosse para entrega-la mais tarde, Beta tinha razão, ela iria contar ao professor Snape - e segundo e não menos obvio é por que o seu passe era do professor Binns que no caso não leciona esse assunto - Beta argumentou com ar de vitória.

—Acho que Hermione esqueceu de comentar sobre isso comigo – Shara soltou o livro na toalha, movendo sua cabeça para trás e encostando parte dela na arvore em sinal de decepção – bem agora está feito, Por que Hermione não comentou sobre isso?  

—Hermione deve ter alguma autorização especial da professora Mcgonagall, e nem deve ter lembrando que sua condição era diferente da dela – Beta disse, e fazia sentido.

—Bom nesse caso acho que vou ler esse livro logo de uma vez, antes que me obriguem a devolvê-lo e me concedam outras detenções por que provavelmente é o que vai acontecer – Shara congelou com a hipótese, nesse caso era melhor ser expulsa da escola, que ter que enfrentar novas detenções com o professor Snape.

—Da próxima vez, cogite a hipótese de perguntar para a sua amiga aqui - Beta disse convencida - tenha certeza que eu não deixaria passar informações assim tão importantes como essa.

—Tudo bem, eu entendi, me desculpe ok? - Shara disse levantando as duas mãos - eu não pensarei duas vezes, e bem isso foi impulsivo eu sei e admito, mas era igualmente importante e prometo que eu não farei nada do tipo de novo, mais alguma coisa? – havia um pouco de ironia ali.

—Certo, vou fingir que acredito, agora vamos ao que interessa de fato, já que no meu caso eu realmente estou aqui com a finalidade de estudar sobre a história dos elfos domésticos e adiantar parte da pesquisa para o dever de História da Magia - Beta disse tirando um livro da sua bolsa e começando a leitura ignorando a amiga, e Shara aproveitou a deixa para se acomodar adequadamente e fazer o mesmo, não adiantava entrar em pânico, pelo menos não ainda.

O livro era denso ela notou, e o assunto muito avançado para a sua idade,  o vocabulário era difícil e os temas eram sombrios e confusos, as páginas estavam amareladas pelo tempo era nítido que aquele livro não tinha sido tocado ou aberto a um bocado de anos, seguindo a lista do sumário por hora Shara optou em passar por cima e ignorar todos os demais assuntos, caramba eram mesmo assustadores e de dar calafrios, e ir direto ao ponto da sua procura, Medusa… a lenda de Medusa, havia um capítulo todo dedicado apenas para esse tema, certamente muito mais informação reunida ali do que naqueles pequenos trechos somados em todos os livros que ela encontrou e que na verdade não diziam muita coisa.

Não era uma história agradável de se ler, e não era bem um romance como o Sr. Olivaras parecia querer transparecer naquele dia, e Shara sentiu seu estomago embrulhar na medida que aquilo ia avançando, conforme relatos Medusa foi uma bruxa de beleza ímpar, chamando a atenção do Deus Poseidon que era casado com a Deusa Atena, não conseguindo o que pretendia, Poseidon arrastou Medusa e a violentou, mas ao invés dele ser punido, Medusa foi culpada por Atena por profanar seu espaço sagrado e amaldiçoada, segundo o livro a maldição que Medusa recebeu nada tinha a ver com os cabelos de cobra e homens sendo transformados em pedra como dizia a mitologia trouxa, mas ela recebeu uma marca, que seria passada por gerações por toda a sua linhagem, onde todas as mulheres nascidas a partir de então também carregariam consigo a mesma maldição.

Segundo relatos do livro Poseidon realmente se apaixonou por Medusa, e como ele era grande em poder, sendo o Deus dos mares, numa tentativa tola de amenizar o castigo da sua amada, ele cedeu parte do seu domínio, dividindo assim agua doce de salgada e transformando Medusa em rainha das aguas, e tudo que era água doce, rios e lagos, passou a ser controlado por ela inclusive as criaturas marinhas que ali habitam, para selar essa transição, ele construiu um monumento, também conhecido como a fonte de Medusa, que seria a origem de todas as coisas, porém sua localização era desconhecida.

O livro dizia que assustadoras criaturas marinhas guardavam um portal que leva até o seu destino e de que o espírito de Medusa pairava sobre aquelas águas até os dias de hoje, ansiando por retaliação, Medusa se tornou uma bruxa ainda mais forte, porém amargurada e cheia de vingança, matando todos que tentasse chegar perto e Shara imaginou algo como o Sr.Binns um fantasma, porém um fantasma não muito feliz e amigável nesse caso, e imaginar isso a fez pensar em quem arriscaria sua vida para ir até lá e enfrentar a fúria dela, principalmente com o intuito de extrair um pouco dessa água, já que o Sr. Olivaras havia dito que o núcleo da sua varinha tinha essa composição, Shara engoliu em seco, desejando por um momento poder possuir uma varinha tradicional como todos os outros, já que nada daquilo soava bem.

A lenda falava também de uma filha, fruto desse relacionamento invasivo, e um fato tanto quanto curioso a respeito disso, que a história trazia era de que antes de partir, sabendo que Medusa carregava um filho seu, Poseidon deixou um presente para a criança, como prova do seu mais singelo arrependimento, um colar de proteção eterna, que aparentemente Medusa o manteve guardado em um baú tal como um tesouro, já que não era um colar qualquer, Shara não conseguiu se aprofundar mais no assunto, pois assim que virou a página e viu a imagem do que supostamente teria sido esse colar impressa naquele livro empoeirado de anos ela empalideceu, fechando o livro com um baque e o deixando deslizar do seu colo, aquilo era loucura, não podia, não tinha como ser... Aquele colar estava conectado a lenda, assim como sua varinha... Shara estava tremendo, e com dificuldade ela tirou o colar do seu pescoço e passou a analisa-lo com mais atenção, sim era exatamente o mesmo colar da imagem, isso era impossível, ela ergueu o colar contra a luz, para analisa-lo ainda melhor, sentindo um frio percorrer sua espinha, será que o dono daquele estabelecimento duvidoso no Beco Diagonal havia reconhecido a peça, já que ele havia demonstrado interesse por ele.

—Algum problema Shara? - Beta perguntou - você está agindo de uma forma um pouco estranha.

—Beta você acredita que lendas podem ser reais? - Shara perguntou sem rodeios.

—Bem é pouco provável, normalmente são histórias inventadas e que não se podem provar ou algo assim, por que? – Shara não sabia como explicar aquilo, de alguma forma Shara sabia que era real, e que não era apenas uma história inventada como Beta estava dizendo ou como o professor Snape havia enfatizado naquele dia, e pensando nisso, ela lembrou que ele também havia pedido descrição da parte dela quanto ao assunto e sim ele tinha razão, ela estava começando a achar que havia mesmo uma trama por trás de tudo aquilo, pois quem seria aquela senhora que havia deixado uma varinha certamente tão cobiçada a sua disposição de forma tão fácil? E por que a varinha teria escolhido ela? Talvez por causa do colar já que havia uma conexão? e se aquela mulher na verdade apenas quisesse encontra-la para justamente pegar o colar, será que foi com o intuito de proteger aquele colar que sua mãe ou seus pais morreram? O que aquele colar significava realmente? Eram muitas suposições...

—Bem, lembra que te contei que recebi uma carta da minha mãe antes de vir pra Hogwarts né? – Beta era sua amiga, Shara confiava nela, ela tentaria ser discreta quanto a isso e fornecer pouca informação, mas a verdade era que Shara precisava dividir esse anseio com alguém.

—Como posso esquecer, com aquela ave nos encarando todas as vezes que saímos do castelo - Beta disse apontando para uma das árvores ao longe – a ave, ela nos assombra, é assustador acredite - sim era verdade a ave estava sempre por perto a fazendo lembrar do dia que havia recebido a carta da sua mãe, embora ela nunca mais tivesse feito contato tão próximo, mas o estranho era que mesmo quando Shara não podia ver, ela podia sentir, era como se a ave estivesse cuidando dela de alguma forma, a uma certa distância, será que a ave sabia de algo? Por favor Shara, é só um pássaro, não comece a delirar.

—Bem certo, havia um colar junto com a carta, esse daqui - Shara disse pendendo o cordão com o dedo no ar e deixando o pingente a mostra, o erguendo para que a amiga o pudesse avaliar, Beta se aproximou um pouquinho apreciando a peça, e as meninas  estavam tão imersas naquilo que nenhuma delas notou que Carla havia saído do castelo e estava caminhando na direção delas, as observando de forma curiosa e num impulso involuntário Shara sentiu o colar sendo aspirado e voar da sua mão, sem entender o que havia acontecido ela se levantou rapidamente, e Beta fez o mesmo.

—Olha só o que temos aqui - Diaz estava sorrindo com malicia – um colar nobre, que curioso.

—Ei me devolva isso - Shara respondeu quase gritando e se aproximando da outra garota – é meu e você não tem permissão para pega-lo, devolva agora...

—Ou o que? - Diaz disse zombando – a proposito gostou da sua detenção de ontem a noite? Notei que voltou tarde, sabe posso tranquilamente te proporcionar outras experiências tão agradáveis como aquela, já que... como é mesmo o termo? Você é a nova Justiceira de Hogwarts? – ela disse gargalhando fazendo referência a forma como o professor Snape a havia chamado.

—Eu sei que foi você… agora me devolva isso.

—É claro que você sabe, eu nunca fiz a menor questão de esconder, agora, essa peça é muito bonita sabia? interessante até eu conheço um artefato quando ele tem valor, e o que um colar assim tão valioso estaria fazendo nas mãos de uma garotinha ridícula como você? Espere você o roubou?

—Me devolva isso agora, era da minha mãe! - Shara estava visivelmente irritada.

—Olha só Diaz... nós não queremos confusão está bem? - Beta tentou intervindo - apenas devolva o colar da Shara ok? Se não terei que chamar um dos professores.

—A fala sério Vicente, você acha que eles vão acreditar que essa peça pertencia de fato a essa garota repugnante – Diaz disse voltando sua atenção para ela - você não tem nada garota, nada… não teria como ter um colar com esse valor e isso nem sequer combina com você – ela falou esnobando.

—Carla estou avisando, devolva o colar da minha mãe - Shara não mediria esforços para recupera-lo.

—Da sua mãe? Sério? Aquela que morreu e que você nem sequer sabe - Carla disse – sabe eu bem que imaginei que um passeio aqui fora iria me fazer bem mas confesso que não imaginei o quão bem isso seria - Carla disse apreciando a peça e virando em sinal de que estaria voltando para o castelo sem a menor intenção de devolve-lo.

—Não… - Shara correu até ela quase a alcançando quando sentiu uma barreira invisível a fazendo tropeçar e cair com força contra no chão.

—Eu te disse que conhecia muitos outros feitiços, não disse? - Carla gritou de longe, e então desapareceu escola a dentro.

—Shara… Shara - Beta disse se aproximando - eu sinto muito por isso - Shara se levantou se limpando, ela estava imunda e haviam alguns arranhões nas mãos também, ela ouviu a ave piar de longe como que dizendo que estava ali para ela, mas de adiantaria, ela havia perdido o colar da sua mãe, de Medusa ou seja lá o que fosse aquilo.

—Era um colar importante - Shara sentiu uma lágrima escorrendo pelo seu rosto - eu… o perdi, como posso ser tão estupida assim?

—Não… você não fez nada, ela fez... espera, vamos contar a um dos professores - Beta disse tentando encorajar a amiga - eles vão pegá-lo de volta, eu tenho certeza, e Diaz vai ser punida por isso.

—Beta pare pra pensar, Carla tem razão nesse aspecto, veja eu não sou ninguém, e ninguém mais viu o colar antes, eu o mantinha por baixo da roupa, então ninguém vai acreditar em mim… - Shara disse enquanto outras lágrimas vinham – e olhe só pra mim, olhe o meu estado, estou imunda!

—Não diga isso Shara e bem eu vi… não é mesmo? eu posso provar que o colar é seu - Beta disse segurando as mãos da amiga tentando acalma-la.

—Você é minha amiga, e eu agradeço por isso… mas Carla é influente, ela tem posses e é popular… vão achar que estou apenas de implicância com ela e que você está me ajudando - Shara estava devastada - Não vai dar certo de qualquer forma, eu terei que pensar em outra maneira, algo que eu tenha que fazer sem envolver um adulto... – Shara estava pensando.

—Não! não... nada de impulsos lembra? Shara, pense bem, você tem certeza que mais ninguém nessa escola tenha visto esse colar? - Beta disse - qualquer pessoa ajudaria nesse caso.

—Espera… - Sim o professor Snape, e ele havia dito, bem na verdade a compelido a informa-lo imediatamente se alguma coisa acontecesse entre as duas outra vez, porém isso foi ontem à noite, como justificar que em apenas algumas horas depois, ela e Diaz haviam conseguido se envolver em problemas novamente,  ela suspirou - Sim uma única pessoa nessa escola viu esse colar antes, um dos professores - Shara disse colocando as duas mãos no rosto em sinal de desapontamento.

—Mas isso é ótimo Shara, então vamos até esse professor - Beta disse a puxando pelo braço - vamos o que estamos esperando?

—É complicado – Shara disse – é o professor Snape – e Beta parou.

—Certo entendo – Beta não entendia, não honestamente, certamente que ela estava imaginando que Shara estava apenas com medo de ir até ele, bem normal afinal qualquer aluno teria de fato, mas não era bem esse o caso, não dessa vez – mas ainda assim é nossa melhor opção, não é? – ela disse com um pouco menos de empolgação.

—É acho que sim – Era uma decisão difícil, não havia convicção na sua voz o que não passou despercebido por Beta.

—Bom, se toda essa situação fosse comigo e esse colar fosse a única lembrança da minha mãe que eu nem sequer conheci, eu faria de tudo para ter o colar de volta, mesmo que isso signifique ter que acionar o professor Snape – Beta estava tentando encoraja-la.

—Você tem razão, eu vou fazer isso... hoje é sábado, onde os professores ficam nos finais de semana? – Era uma boa pergunta, Shara não sabia como encontra-lo.

—O professor Flitwick nos disse para procura-lo em seus aposentos, se fosse algo urgente e um dos monitores não pudesse ajudar, o professor Snape deve ter feito o mesmo, certo?

—Não... ele não fez, acho que ele não gosta muito de ser incomodado – Shara disse desanimada.

—Eu acho que ele não gosta de pessoas... francamente – Shara sabia que Beta estava exagerando um pouco – certo então vamos tentar a sala de poções, soube que ele faz as poções da escola, deve haver uma demanda, e bem ele deve usar o tempo do final de semana pra isso, suponho, com sorte podemos encontra-lo por lá.

—Certo, mas talvez eu deva me recompor antes – Shara disse analisando as suas vestes sujas.

—De forma alguma vai parecer mais realista assim – Beta disse, convocando os livros que haviam ficado pra trás e a puxando – eu fico com esse, vou colocar na minha bolsa, não queremos antecipar outro problema agora – sim o livro da sessão restrita, ainda tinha mais isso.

As meninas caminharam em silencio até as masmorras, não havia muito a ser dito ali, Shara estava desolada, aquela descoberta tinha sido algo tão impactante a alguns minutos atrás, o fato de saber que ela possuía uma joia tão rara que validava a veracidade de uma lenda, e que ao mesmo tempo ela havia conseguido perde-la em questão de segundos após sua descoberta era devastador, se sua mãe tivesse dado a vida por aquilo, Shara não passaria de uma decepção completa.

—Ninguém atende – Shara mal havia se dado conta que elas já estavam na frente da porta a alguns minutos e que mesmo batendo insistentemente ninguém havia atendido – acho que não está.

—Beta me devolva ou livro – Shara disse olhando para a porta sem esperanças de encontra-lo por lá – tenho uma ideia.

—Espera… o que? O que você tem em mente Shara? - Beta disse preocupada.

—Não é nada demais, eu agradeço muito Beta a ajuda, você é uma amiga incrível, mas eu não quero te causar problemas, apenas confie em mim, eu sei o que tenho que fazer, e prometo que se eu não tiver sucesso, hoje à noite no jantar eu vou aborda-lo e contar o que aconteceu, promessa!

—Shara... eu deveria impedi-la, eu sei que sim, mas você parece decidida, então por favor só tome cuidado… - Beta disse segurando sua mão com força, ela era uma boa amiga, Shara nunca tinha tido uma amizade assim antes e nesses momentos ela podia ver que podia contar com ela, Shara sorriu de forma discreta retribuindo aquele apoio e então pegando o livro Shara tomou coragem e partiu em direção a sala comunal da sua casa, ela só teria que esperar o tempo certo, se Carla fosse esconder o colar em algum lugar certamente que seria no meio dos seus próprios pertences, Shara só precisava esperar chegar próximo a hora do jantar quando ninguém estivesse mais no quarto e então ela procuraria em todos os lugares possíveis.

Shara havia trocado o livro e passado o resto daquele dia lendo, ou melhor fingindo ler na sala comunal, é claro que ela não conseguia se concentrar, ela precisava ser rápida, aquela era a oportunidade e quando ela notou que o último aluno saiu, ela subiu até o seu dormitório e começou a vasculhar, com cuidado para não deixar vestígios, aquela garota tinha muitas coisas, tudo tão sofisticado, tinha inúmeras joias, muito mais do que ela já tinha visto em qualquer outro lugar, mas seu colar não estava lá, Shara queria poder chorar, e não lhe restava outra alternativa a não ser interromper o jantar do professor Snape, conforme ela havia prometido para amiga e para ele no dia anterior, foi quando ela ouviu um barulho atrás de si e antes mesmo de se virar, havia escuridão e silêncio.


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Notas finais do capítulo

Uauuuu esse capitulo revelou bastante coisa, confesso que foi difícil elaborar o enredo sobre a lenda, eu queria muito usar Medusa pois na mitologia grega ela é uma das personagens mais complexas e cativantes (ela era má) e misturando um pouco da mitologia original com o enredo fictício vai ser incrível descrever a nossa protagonista daqui pra frente, muita água vai rola, literalmente!
E poxa, ela ia mesmo procurar o professor Snape... o que será que aconteceu com ela agora?



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