Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 116
Futuro - Uma parte de mim: Magia Antiga


Notas iniciais do capítulo

Ao som de:
All For You (feat. Karen Harding) Wilkinson



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—Foi quando a enorme cobra emergiu da água, e quando tudo parecia estar perdido... num gesto surpreendente de bravura e heroísmo, ele sacou a lendária espada de Godric Gryffindor e corajosamente a usou para derrotá-la, golpeando-a mortalmente na cabeça enquanto o veneno jorrava por todos os lados – Beta disse animada, saltando do galho da árvore onde estava sentada e recriando dramaticamente o momento - Incrível, não é?

—Eu não sei... - Shara ponderou sobre a apresentação com incerteza - E também não sabemos se foi exatamente assim... Quer dizer, foi heroico, claro, estamos falando do Harry... Mas há inúmeras versões diferentes dessa história que é difícil determinar qual delas é a verdadeira.... Ainda mais quando todos na escola só falam sobre isso, sabe... o corajoso Harry Potter e o basilisco mortal... E Existem simplesmente tantas maneiras de contar, mas nada que seja confiável de fato – ela comentou.

—Talvez devesse apenas perguntar ao Harry  – Gina sugeriu, a amiga ruiva estava sentada na grama observando tudo com bastante atenção e até aquele momento sem manifestar nenhuma opinião – eu estava lá, contudo nesse momento desacordada, e mesmo que estivesse consciente, não era eu... pelo menos não antes de Riddle me libertar, ou melhor, antes de Harry desfazer o que restava da influência dele em mim – ela parecia cansada – eu lamento por isso... – seus olhos contemplavam o chão – e lamento por tanta coisa na verdade... eu fui tão fraca e tão ingênua... nada disso teria acontecido se eu... – Gina suspirou com alguma dificuldade – era estranho tê-lo na minha mente sabe, como pude permitir algo assim e por tanto tempo? Como pude achar que poderia lidar com isso sozinha? – ela perguntou confusa.

—Já falamos sobre isso Gina – Shara interrompeu – e você não teve culpa... Riddle, ele é o único culpado nisso tudo, ele é persuasivo, é manipulador... e ele é, bem Voldemort – ela sussurrou sendo repreendida pelo olhar de Beta – certo, aquele que não se deve nomear – ela corrigiu revirando os olhos – bom... talvez devêssemos apenas falar de outro assunto… 

—Não… por favor eu gostaria que continuassem, eu preciso lidar sabe? e aceitar o que aconteceu... e é importante que façam, precisa soar natural pra mim assim como soa para vocês - Gina disse pegando as duas amiga de surpresa com aquele pedido inusitado - a medi bruxa que consultei, aquela que trata das questões da mente, ela me orientou a seguir em frente… sem fugas – Gina sorriu com timidez, aquilo era uma espécie de terapeuta ou algo assim do mundo trouxa, mas aquela não era uma profissão muito comum no mundo bruxo, já que os bruxos se sentiam auto suficientes para tratar de questões como essas, apenas mais um dos inúmeros preconceitos de classes… onde bruxos são melhores que os trouxas e bla bla bla… mas Shara se questionava se todos ali não precisavam de alguma terapia na verdade... faria bem de certa forma.

—Certo – Beta retomou o ar de narradora – deixem comigo... – ela piscou para Gina – e foi assim... que ela, a nobre e bela donzela indefesa foi salva por ele... pelo maior e mais bem intencionado herói de todos os tempo, ele... o menino que sobreviveu, e que vem sobrevivendo a criaturas terríveis, o magnífico e o honroso Harry Potter – Beta continuou como se estivesse apresentando um espetáculo e como se elas fossem a plateia, aquele era um lado interessante da amiga que Shara desconhecia, e honestamente era bom, Beta tinha alguma vocação para dramaturgia, Shara gargalhou alto… vendo a descontração da morena, e aquilo fez Gina sorrir também.

—Quem é você e o que fez com a nossa amiga nerd? – Shara perguntou de forma divertida – será que devemos nos preocupar? – Shara olhou para Gina, fingindo estar preocupada.

—Eu não sei... penso ser um sintoma clássico de abstinência – Gina provocou – algo meio alucinógeno, um sinal sabe… desencadeado pelos traumas recentes que ela sofreu tadinha, me refiro a ausência das provas de final de ano… aquilo foi demais para ela – Gina sussurrou entrando na brincadeira – e portanto deve estar sendo mesmo difícil... ter que lidar com tanto tempo livre, menos biblioteca… sem ter que se ocupar com qualquer outra coisa que não sejam seus livros didáticos, resumos, tomar notas e coisas do tipo... – Gina sorriu – se preferir, posso te indicar uma profissional altamente qualificada, a minha medi bruxa, ela tem sido ótima e certamente poderá te ajudar a superar - e essa foi a vez de Gina piscar.

—Definitivamente não estou tendo problemas com isso...  – Beta disse ao se sentar do lado da ruiva, e alisar suas vestes de forma possessiva, numa tentativa de encobrir qualquer constrangimento – e se querem mesmo saber, estou lidando muito bem com toda essa situação…  – Agora ela parecia nervosa – é apenas estranho não ter que se dedicar a algo, afinal foi um ano todinho voltado a isso né? nos preparando e esperando por esse momento… para no fim... – então ela colocou as duas mãos no rosto – por que ele fez isso? Por que o diretor... fez isso comigo? – Shara e Gina trocaram olhares curiosos, e Shara teve que se controlar para não reforçar que a ideia sobre a indicação da medi bruxa era de grande valia, e isso respondia sua dúvida, sobre todos precisarem mesmo de alguma terapia.

—Bom... não é como se todo o conhecimento adquirido nesse ano letivo fosse de fato perdido – Shara disse numa tentativa de consolar a amiga – apenas não teremos que provar o que sabemos num pedaço de pergaminho, e sermos avaliados por isso... e não é tão ruim assim... Veja, ainda teremos mais seis anos intermináveis de provas pela frente... e tem os NIEMs e o NOMs e tudo isso vai te ocupar por muito tempo no futuro... Você vai ver... apenas pense nisso.

—Não se o Harry resolver salvar o mundo bruxo todos os anos consecutivos dessa maneira – ela lamentou – ano passado ele salvou a pedra filosofal o que é quase a mesma coisa…

—Não acho que ele possa – Shara refutou, embora sim Beta estivesse certa sobre isso, mas honestamente Shara esperava que os próximos anos fossem mais tranquilos.

—Tem razão... esse ainda não é o fim - ela tirou a mão do rosto - eu posso e eu vou superar isso – Beta disse, numa tentativa de auto afirmação – pelo menos toda essa história nos rendeu algum conhecimento adicional - ela informou, encarando as amigas... nitidamente esperando que uma delas perguntasse algo sobre isso, para que ela pudesse fornecer mais detalhes.

—E que tipo de conhecimento seria esse? - Shara perguntou, segurando a vontade de revirar os olhos, Beta sorriu animada. 

—Bom... já que estamos com um pouco mais de tempo livre eu o aproveitei para ler... e não me olhem assim, isso não é material didático – ela pontuou, elas haviam feito um trato sobre usar esse tempo extra para entretenimento, que basicamente resumia em se ocupar com aleatoriedades e atividades de cunho não estudantil, e de preferência juntas… mas o que dizer quando a leitura era uma diversão para a amiga?

—Prossiga – Gina incentivou.

—Certo... eu li um pouco sobre a história dos fundadores de Hogwarts e em relação a Gryffindor, sobre a sua espada... – ela esclareceu – bom… ela definitivamente não é uma espada qualquer, os livros, grande parte deles pelo menos... a descrevem como sendo uma criação, algo forjado por duendes, e bem sabemos que os duendes eram os grandes responsáveis por cuidar das minas de tesouros, e também por fabricar esse tipo de artefato no passado, contudo há rumores, em textos antigos e não muito conhecidos, em suma... uma lenda, que diz que na verdade ela foi forjada por magia antiga, sim exatamente isso… estamos falando da magia ancestral, muito temida pelos bruxos da antiguidade e de certa forma por nossa sociedade atual… - Beta informou, vendo a expressão de desconfiança de Gina, aquela era uma informação curiosa de fato e Shara não podia negar que isso despertou seu interesse por razões mais do que obvias.

—Rumores…  - Gina repetiu - que certamente não são verdadeiros, afinal... magia ancestral é magia proibida e o diretor não manteria um objeto assim aqui, não na escola… mesmo que fosse de um dos fundadores… você sabe o ministério faz batidas recorrentes, algo assim não teria passado despercebido por eles, que com certeza já a teriam confiscado a algum tempo - ela parecia bastante convicta, mas havia um lado do diretor que poucos conheciam, e o conhecendo pela ótica do seu pai… sempre haviam tramas dentro de tramas, nada que a surpreendesse de fato e camuflar a magia de uma espada, certamente era o menor dos seus problemas, se assim ele o desejasse.

—Eu pensei nisso também e deveria fazer sentido mas - Beta afirmou como quem estivesse repensando algo - existe um fato estranho e muito peculiar sobre as características da espada que me fizeram pensar que talvez… quem sabe… a lenda pudesse ser verdadeira - ela disse estudando as amigas e como ninguém se opôs ela continuou - pois bem… o artefato possui a capacidade de absorver substâncias, como no caso o sangue do basilisco ou absorver o poder de quem quer que ela tenha derrotado, e isso a fortalece, e a torna cada vez mais forte, faz dela um arsenal poderosíssimo, temido por ser quase indestrutível e… bem esse é exatamente o mesmo princípio atuante na magia antiga - ela esclareceu o seu ponto… Shara processou aquela informação, aquilo era algo completamente novo para ela, tanto quanto era inesperado… ninguém nunca havia mencionado sobre essa pequena implicação, certo talvez ela nunca tenha se interessado ou questionado a respeito… mas se essas eram as razões pelas quais sua magia era proibida, temida, rastreada e contida… então era mesmo ruim... espera... Beta havia dito indestrutível?

—Beta - Shara chamou, tentando processar um pouco melhor aquilo que acabará de descobrir a respeito de algo tão pessoal e quem sabe ganhar um pouco mais de informação - poderia esclarecer melhor… essa parte da magia antiga - ela instigou - eu nunca ouvi esse termo antes - Shara mentiu - é apenas curioso… de certa forma - isso era verdadeiro.

—Bom, obviamente que são apenas especulações, todo esse negócio sobre a espada - Beta reforçou diante do seu interesse repentino - mas objetos forjados por magia ancestral eles tem potenciais mágicos muito mais elevados do que qualquer objeto tradicional, já que a magia ancestral, vem de uma classe específica de bruxos… antigos Deuses por se dizer… - ela a encarou - nada que tenha se provado verdadeiro, mas existem rumores de que hajam descendentes dessa classe no nosso meio até hoje - Beta esclareceu, e Shara engoliu em seco – enfim o que quero dizer, que isso... faz de uma simples espada um instrumento mortal, capaz de derrotar um basilisco, quando quase mais nada no mundo é... bem basiliscos você sabe, são criaturas mágicas muito raras, podendo viver em cativeiro por milharesu e milhares de anos... E esse mesmo basilisco, oriundo de Salazar o que por si só, já é bastante coisa, foi derrotado pela espada com certa facilidade se forem ver… então, faz bastante sentido - ela concluiu - não acham? - Beta perguntou, sim fazia de alguma forma… ela estava certa.

—Não sei - Gina refletiu sobre o assunto - penso que se fosse o caso, a magia já teria sido identificada, meu pai trabalha no ministério e eles tem simplesmente meios de rastreá-la, é altamente sensível e volátil, diferente da nossa… que deixa rastros - ela falava das características da espada, mas Shara se lembrou de quando Dumbledore havia justificado as razões pelas quais sua magia estava sendo suprimida, Gina tinha mesmo razão sobre os meios legais de rastreio… era justamente isso que eles estavam evitando.

—Não quando a magia for controlada - Beta disse de forma assertiva - eu li isso nos livros também - ela admitiu - e sem falar que objetos não são suscetíveis a isso por serem inanimados e completamente isentos de emoções… contudo um bruxo ou uma bruxa madura, poderia facilmente passar despercebida… se souber usá-la de maneira acometida - ela informou e Shara achou curioso que Beta soubesse tanto sobre o assunto, ao mesmo tempo em que se questionava sobre o por que ninguém havia dito nada daquilo para ela… doía saber que mesmo depois de tanto tempo, as pessoas que ela mais confiava ainda escondiam verdades sobre sua natureza, omitindo partes importantes da sua história.

 _Certo... – Shara disse, e algo começava a se formar em sua mente, se aquilo fosse a verdade, havia uma maneira de descobrir...  – é... eu preciso ir, acabei de lembrar que tenho um compromisso…

—É domingo à tarde - Beta disse em tom de acusação - o que poderia ser um compromisso no domingo à tarde? - ela perguntou indignada.

—É… uma mentoria na verdade, não é divertido eu sei – ela se justificou, mentindo descaradamente sobre o por que estava se retirando – mas não posso simplesmente dizer não ao... professor Snape ainda mais com tempo extra, vocês sabem… estou evitando problemas – ela concluiu, ciente de que isso bastaria… enquanto se afastava das amigas, deixando-as para trás e então Shara correu em direção ao castelo…

—Boa sorte - ela ouviu Gina gritar para ela… - Shara acenou, mas ela precisava muito mais de honestidade do que de sorte propriamente dito, certo quem sabe ela precisasse dos dois…

—_

—Antony – Shara chamou, ela estava praticamente sem fôlego quando entrou na enfermaria, o localizando perto do armazém de medicamentos, ele estava etiquetando os recipientes completamente concentrado em sua função…

—Merlin Shara – Antony se virou assustado – por acaso o mundo está acabando lá fora ou algo do tipo? – ele perguntou levando a mão ao coração – não vejo o que mais possa justificar um comportamento assim…

—A adaga... Eu preciso que me entregue a adaga – ela foi direta e ele a analisou com certa desconfiança, a última vez que Shara havia visto aquele artefato, coincidentemente havia sido naquela noite terrível na presença de Elza, a adaga havia sido uma de suas exigências na verdade, ela precisava dela para o ritual e Shara nunca entendeu ao certo o motivo pelo qual Elza o havia enviado até ela no castelo, mas agora que Elza estava morta, aquilo não fazia mais nenhuma diferença, contudo a adaga ainda poderia se mostrar útil e Shara tinha certeza que Antony tinha sido o responsável por trazê-la de volta, já que havia sido incumbido de levá-la.

—Adaga… você está se referindo a aquela adaga, aquele artefato antigo que foi usado… - ele parou sem poder concluir aquilo, sim era isso mesmo… usado para matar, mortes marcantes a contar a de sua própria mãe, a mesma adaga que Elza pretendia usar para tirar a sua vida no ritual da lua e conquistar ainda mais poder com a imortalidade - por que? Ou melhor para que? – ele cerrou os olhos, numa tentativa de compreender as motivações dela por trás daquele pedido altamente suspeito.

—Uma tese  – Shara disse, sem elaborar muito, alguns feitiços bem aplicados sobre ela bastariam, e lhe dariam clareza sobre as implicações e consequências da magia antiga, esclarecimentos práticos e necessários, Shara só precisava de um objeto e a adaga era esse objeto…

—Uma tese – ele repetiu não muito satisfeito - e qual exatamente seria essa sua tese? - ela suspirou… era previsível que ele não a entregasse tão facilmente, dado ao seu histórico e tudo mais.

—Você nunca se perguntou... – ela o analisou - o por que sua magia é tão forte?  – Shara questionou, vendo a expressão no rosto dele mudar completamente – o por que é tão poderoso? Um mago… uma magia perigosamente intensa - ele havia paralisado completamente ali - sabe… o por que você foi o único a conseguir derrotar Elza naquela noite, derrubando suas barreias, barreiras que ela se orgulhava em dizer que havia levado anos para levantar, sendo ela igualmente forte e extremamente poderosa… você nunca pensou… nisso? - ela o encarou - você era um simples aldeão no passado Antony antes de ser amaldiçoado por Atena… talvez devesse apenas se questiona sobre… - e dada a reação dele, aquilo era algo que ele já sabia, sim ele havia escondido a verdade dela, assim como todos os outros.

—Eu, sim… tenho uma tese - ele respondeu de forma vaga, estando desconcertado e usando o mesmo argumento que ela havia fornecido anteriormente.

—É claro que você tem - Shara afirmou não se importando em demonstrar sua decepção ali - agora… se puder me entregar a adaga… e então acho que terminamos por aqui.

—A adaga, ela não… não está comigo - ele informou.

—Está mentindo - ela acusou prontamente - assim como você vem mentindo sobre outros assuntos não é mesmo? - ela perguntou o estudando e vendo-o oscilar.

—Eu lhe garanto… que não estou mentindo sobre isso - ele ficou sério, mas sobre todo o resto sim ele estava, ela bufou consternada - afinal por qual motivo eu manteria algo assim, um artefato com magia antiga comigo? - ele perguntou, numa tentativa de convence-la, como se aquilo bastasse, mas não bastava.

—Bom… se não está com você, é por que talvez a tenha entregue ao diretor - sim certamente ele havia feito, da vez passada, quando Shara havia decidido ir atrás da adaga, por razões distintas das atuais era justamente na sala dele… que ela estava guardada… e foi usando a adaga que o diretor, ou Elza sob os efeitos de polisuco havia cortado o seu braço e bebido o seu sangue… um calafrio percorreu sua espinha, ao se lembrar daquela memória macabra.

—Não… eu não fiz, na verdade eu não a vi mais, não depois daquele dia, quando a levei a pedido de Dumbledore… - e então ele estava mentindo outra vez, Shara se virou para a porta…

—Tudo bem Antony… eu posso pegá-la mesmo assim - Shara se afastou …

—Shara - ela o ouviu gritar o seu nome, mas ela estava determinada, e ele não seria páreo para fazê-la desistir de confirmar verdades que lhe haviam sido omitidas… ela estava indo até o diretor, que aliás também era um grande mentiroso, talvez ele fosse o maior de todos eles ali…

—_

Shara parou na frente da gárgula, torcendo para que a senha de entrada ainda fosse a mesma usada por ela a tempos atrás, mas por sorte ou ironia do próprio destino a gárgula se abriu sem que ela dissesse uma única palavra quase como se o diretor estivesse a aguardando para um encontro premeditado, Shara entrou deixando-a levar até o topo… e assim que chegou na frente da porta de entrada da sala dele, sem pensar duas vezes ela a abriu, com convicção de que aquilo era algo previamente organizado por ele, afinal aquele era Alvo Dumbledore e ele sempre sabia das coisas, mas para sua surpresa ele não estava sozinho, ele estava no meio do que parecia ser uma reunião pedagógica, seu pai também estava na sala, sentando enquanto usava uma pena mágica que fazia anotações, já a professora Mcgonagall parecia estar dizendo algo, ambos se viraram para encará-la quase que ao mesmo tempo.

—O que significa isso? - seu pai perguntou, não parecendo nada satisfeito em vê-la ali e muito menos com a sua ousada intromissão, sim… ela sequer havia batido na porta, Merlin será que ela havia deduzido errado… afinal por que a gárgula a havia dado o acesso - espero que tenha uma boa razão para isso… do contrário…

—Shara - o diretor interrompeu em boa hora, ela não gostaria mesmo de saber o que seu pai estava imaginando para ela, caso a razão não fosse boa o bastante - precisa de algo criança? - ele perguntou e os olhos azuis dele sempre tão profundos e compenetrados, demonstravam aquilo que ela já suspeitava, sim ele parecia saber as motivações daquele encontro… e ele não havia se oposto, mesmo estando ocupado.

—Eu sim… eu vim… buscar algo na verdade - ela respondeu, acuada... em especial por ter a presença do seu pai naquela sala, mas agora que ela já havia ido até eles e interrompido seja lá o que fosse, ela não poderia recuar, seria ainda pior e não faria sentido.

—Buscar algo? - seu pai estreitou o olhar em sua direção - buscar algo aqui – ele gesticulou - nessa sala… - ele reforçou, fazendo uma pausa para estudá-la - apenas faça isso valer a pena… - aquilo era uma ameaça, faltando apenas a compensação no final “do contrário…” como ele havia dito antes, mas Shara havia entendido.

—Severo - a professora de transfiguração interveio em sua ajuda - dê algum crédito a ela, tenho certeza de que é importante - e então ela olhou em sua direção… Shara não sabia se aquilo ajudava e não sabia o que exatamente ela queria dizer com um crédito e muito menos a sua definição de importante… nesse caso, ela engoliu em seco.

—Claro - ele disse de forma maliciosa… esperando que ela continuasse.

—Me desculpem - Antony disse ao passar pela porta… lançando um olhar de “você é mesmo uma peste terrível” em sua direção - eu tentei impedi-la e avisei que não estava aqui… mas ela é insistente e as vezes, ela só ouve aquilo que quer - ele justificou, fazendo o seu pai lhe lançar um olhar bastante assassino que ela tentou ignorar… Shara suspirou, aquilo piorava ainda mais com tanta plateia... diferente de Beta, ela não buscava aplausos em um espetáculo.

—Antony está certo criança - o diretor disse em confirmação - o que procura, de fato não está aqui - mas acontece… que ela sequer havia dito… como… como ele fazia aquilo? Como ele podia saber? e essa foi a vez da professora Mcgonagall o encar numa tentativa de entender o enigma...

—Do que se trata isso Alvo? - ela perguntou, diretamente para ele… e não para ela, numa interação bastante curiosa - talvez pudesse esclarecer - e aquele não era bem um pedido, era uma ordem.

—Shara busca a adaga - o diretor respondeu e de forma objetiva - contudo a adaga, ela não está em minhas posses - ele afirmou, mas Shara podia sentir a magia ancestral fluindo naquela sala, aquilo era algo que ela havia aperfeiçoado, principalmente depois de ter passado um tempo suprimindo sua magia, quase que como se o fato dessa ausência ter sido essencial para apurar e aprimorar os seus sentidos, a deixando mais sensível.

—Ela já estava de saída… - seu pai se levantou, visivelmente irado… aquela era a deixa que ele havia dado para ela sumir, desaparecer… mas agora estava feito e ela não iria sair dali sem o artefato ou pelo menos sem cuspir suas frustrações sobre o que estava sentindo… então ela o ignorou… se concentrando em encarar o diretor.

—Talvez o senhor tenha apenas se esquecido de onde a tenha colocado - ela disse para ele e aquela era uma forma razoável e bastante educada de dizer que ela sabia que ele estava mentindo, porém sem que fosse dito dessa maneira.

—A minha idade pode não ser muito favorável - ele piscou - mas garanto a você que não me esqueceria de algo assim - ele ajustou os óculos meia lua, talvez ele não soubesse, mas Shara podia senti-la, e havia magia antiga ali…. e isso tornava tudo muito suspeito, a menos que existisse outro objeto… sim… quem sabe ela pudesse aproveitar o momento, um tanto quanto oportuno e comprovar um outra grande suspeita ali, Beta lhe agradeceria e Gina iria ficar assombrada talvez ainda mais pela sua audácia.

—Se é o que diz... então quem sabe, talvez exista algo aqui… - Shara encarou a espada de Godric Gryffindor que estava presa e exposta em uma das paredes… a espada que havia sido usada por Harry recentemente para matar o basilisco na câmara secreta, e ao faze-lo Shara podia sentir a vibração ficando cada vez mais intensa à medida que ela se dava conta da verdade e num ato quase que involuntário… ela ergueu uma das mãos em direção a ela…

—Epson - ela ouviu seu pai repreender… mas como se soubesse exatamente o que fazer ela sustentou aquilo, sem precisar fazer uso da varinha, a espada trepidou chamando a atenção de todos, e obedecendo o seu comando silencioso, ela se soltou do apoio que a prendia, voando diretamente para as suas mãos… e assim que o cabo dela se chocou contra a palma de sua mão Shara sentiu uma explosão de magia, aquela era uma sensação única e completamente diferente de tudo que ela já sentiu.

—Isso é…. impossível - a professora Minerva olhava para a cena completamente perplexa com o que havia acabado de ver - apenas um aluno… um legitimo Grifinório poderia convocá-la, ainda assim… não dessa maneira - seu pai recuou assustado, ele parecia processar aquilo, mas não sem deixar transparecer o quanto estava horrorizado, sim haviam muitas objeções da parte dele sobre aquela casa… ela entendia.

—Alvo… - ele disse o nome do diretor, agora era ele que buscava por respostas - explique isso… - o diretor olhou para Shara e sorriu.

—Talvez a criança possa fazê-lo - ele literalmente havia passado a palavra para ela, a deixando ainda mais consternada com toda a situação, visto que se sentia completamente manipulada daquela forma… pois bem, se era o que ele queria… ela faria… a sua maneira, é claro.

—Sim… um Grifinório leal - Shara reforçou as colocações da sua professora de transfiguração, ela estava certa… ou isso ou… - mas como esse não é o caso aqui, então talvez seja a segunda opção… magia antiga - Shara entregou com certa ironia, e a professora Minerva cedeu, sentando em uma das cadeiras, ela parecia não conseguir acreditar naquilo que ouvia - e mesmo não pertencendo a mesma casa e mesmo não sendo da mesma genealogia familiar, a espada certamente pode reconhecer minha magia, assim como também posso reconhecer a dela, algo que temos em comum, e sem fazer distinção das nossas diferenças, afinal é um mero objeto, ele está fadado a obedecer o meu comando… - ela afirmou, era lógico e Beta se orgulharia dela por isso - mas é claro que o senhor já sabia disso - ela o acusou, ao depositar a espada em cima da mesa dele, apenas alguns centímetros de distância de onde ele estava, ele não se moveu.

—Sim criança - ele admitiu sem ressalvas - vejo também que já que pode controlá-la… me refiro a sua própria magia - e esse comentário fez Shara olhar para as próprias mãos, sim aquilo estava mesmo diferente - aliás muito perspicaz de sua parte, não imaginei que pudesse identificar algo assim - ele disse sem parecer surpreso, o que para ela era muito cinismo, precisando exercer todo o controle de impulsos que possuía, o que segundo seu pai não era nada, mas segundo ela… naquele momento era bastante - Gryffindor foi descendente direto de Hefesto, o Deus do fogo - ele confirmou algo que aparentemente só ele naquela sala, sabia, o seu pai o estudou de forma profunda… estava consternado assim como a professora Minerva - sendo assim, isso fazia de Godric um portador legítimo de magia ancestral, assim como você também é Shara, sim… ele era um semi Deus como alguns outros preferem chamar, não gosto desse termo.

—Está admitindo - seu pai disse de forma arrastada e agora ele soava terrivelmente incomodado com aquela descoberta - que esse tempo todo… que sabia a respeito disso… e que tem mantido um artefato como esses… tão poderoso, volátil exposto de forma indulgente em suas paredes… - ele cuspiu - e que basta uma garotinha estúpida de apenas 11 anos de idade entrar aqui e levantar as mão e ela simplesmente… sai voando em sua direção… - ele disse ao lhe lançar um olhar que dizia “por que tem que ser sempre você” - começo mesmo a questionar sua sanidade mental… - ele se voltou ao diretor outra vez.

— Acalme-se Severo - o diretor pediu sinalizando com as mãos - mais uma vez estou bastante ciente das consequências de meus atos e não estamos falando de uma garotinha qualquer, não é mesmo? - … seu pai bufou.

—Claro…

—Severo está certo - Minerva parecia sair de uma espécie de transe - e isso explica - McGonagall o olhou zangado - sim, explica o fato de ter mandado a espada para Potter naquela noite… explica como ele conseguiu matar o basilisco daquela maneira… com apenas um golpe… isso explica… - ela fez uma pausa - Ele é apenas uma CRIANÇA… - ela disse exaltada… mas se recompôs imediatamente, certamente pelo fato de ter outra criança assistindo… - quando, iria nos contar a verdade sobre isso? - e agora havia decepção em sua voz… e Shara a entendia, ela também se sentia assim por outros tantos motivos, mas se sentia… decepcionada.

—A verdade é apenas um ponto de vista - ele disse de maneira enigmática… Shara olhou a espada inerte sobre a mesa, não era um ponto de vista, ela era uma arma poderosa, e ele a mantinha por perto não à toa, ele sabia que ela poderia ser útil em determinado momento… assim como se provou ser com o basilisco a dias atrás… a magia ancestral na espada no caso, era útil independente do que lhe custasse, essa era a mesma magia que Shara carregava em seu sangue, e esse era o único interesse dele por trás de tudo ali, desde o começo… suas mãos vacilaram, seu coração acelerou com aquela constatação… então aquela era a verdade que ele tanto defendia.

—Existe uma razão para ser temida… a magia - Shara disse, sua voz parecia querer vacilar - pois dependendo do tempo, do aperfeiçoamento e do que for enfrentar, ela poderá se tornar perigosamente indestrutível, não é? - o diretor assentiu em concordância, ela respirou fundo - nesse caso, eu… realmente posso me tornar isso, aquilo que tanto temem… ser perigosa - ela olhou para o seu pai que agora a analisava - assim como foi com a minha mãe anos atrás, e como foi com Elza… assim como é com você - ela se virou para estudar Antony, que desviou o olhar constrangido - assim como têm sido com a Hidra no lago negro - Shara raciocinou, aquela não era apenas uma constatação de o porquê Elza parecia ser tão poderosa, de o por que o seu pai sendo um bruxo poderoso e habilidoso, um ex comensal da morte temido não havia conseguido tocar em sua magia, e nem de o por que apenas Antony havia conseguido, sendo ele o mais forte dentre todos ali… ou sobre o por que a própria Hidra era considerada tão forte e indestrutível na água… e muito menos de o por que a espada havia sido o bastante para matar o basilisco, uma arma mortal, não… aquilo era muito mais que tudo isso, aquilo era uma constatação de que o diretor não se importava com quem quer que fosse, desde que o objetivo fosse alcançado, que nesse caso era vencer a guerra - nós somos uma arma para você… somos úteis - ela o encarou - e os bruxos nos temem, com razão… e somos perseguidos com razão… não apenas pela lenda, já que a mesma é conhecida por poucos… mas sim pela magia ancestral que carregamos, mas o senhor nos tem mantido por perto… fornecendo pouca ou nenhuma informação, nos dado uma falsa proteção em troca… para depois usar aquilo que temos e aquilo que podemos fazer… a partir do ponto em que podemos controlar - ela concluiu… sentido seu ar falhar… era isso, sempre foi sobre isso

—Sim e não… - o diretor disse calmamente

—Minha mãe - Shara cuspiu em um rompante não se importando com o fato de o estar acusando deliberadamente agora - o senhor a usou… a manipulou… a manteve tão próxima, a perdeu e procurou por ela… por todo aquele tempo, pois ela... ou melhor a sua magia eram indiscutivelmente úteis para a Ordem - Shara cuspiu ao perceber as tramas por trás daquilo  - ela era uma arma… uma arma, assim como um objeto qualquer, preso em uma parede, prestes a ser usado na primeira oportunidade - Shara encarou a espada, a professora Minerva olhou dela para o diretor e seu pai fez o mesmo… o lugar ficou constrangedoramente silencioso, Shara fechou os olhos com a falta de negação da parte dele…

—Alvo diga que isso não é verdade - aquela era a voz de McGonagall, carregada de decepção e de dor, mas acontece que era… nem ele podia negar.

—Sua mãe fez uma escolha Shara - ela o ouviu dizer, e uma lágrima sutil escapou de seus olhos - Maeva escolheu o lado pelo qual lutar, não a obriguei a isso, ninguém aqui fez - ele foi firme, era uma escolha sim, Shara podia ver isso... sua mãe era uma bruxa decente e era evidente que ela o faria… aquele era o lado certo por razões inquestionáveis… contudo ainda assim era errado e desonesto da parte dele não ter exposto suas verdadeiras motivações… era simplesmente frustrante, revoltante e tantas outras coisas mais…

—Ela não teve escolhas senhor… ela nunca pode escolher - ela cuspiu outra verdade, e não podendo mais controlar, seus olhos se encheram de lágrimas, sua mãe era uma peça premiada em um jogo de interesses - eu repudio isso… tudo… - ela respirou fundo, liberando mais lágrimas - eu… - Shara esfregou as mãos, sentido sua magia aflorar, agora podendo controlá-la - eu o odeio e odeio tudo que isso representa… - ela disse olhando nos olhos dele… que se levantou, apoiando as duas mãos a mesa...

—Está dispensada criança – ele disse... então era isso? Apenas isso... patético.

—Com prazer... – ela se virou e seu pai se posicionou ao lado dela, sua mão tocou seu ombro, um toque gentil… ele estava se retirando com ela, ela entendeu aquilo.

—Maeva não teve escolhas, mas ainda assim ela não teria feito absolutamente nada diferente do que fez - Antony pontuou, Shara quase se esqueceu que ele continuava na sala, mas ela estava tão frustrada agora que discutir aquilo não era mais uma opção - não podemos ser injustos Shara e você... Bem você está sendo aqui - ele havia dito, Merlin… Antony havia escolhido a palavra errada e se posicionado em momento inadequado.

—Injusto? - ela devolveu se virando para ele - injusto foi você nunca ter dito a verdade a ela… - Shara quase gritou, seus olhos queimando e ele novamente desviou o olhar, ele não podia sustentar aquilo por pura covardia - mas é claro que isso é algo que você não faria não é mesmo Antony?… afinal esse é você… você foge das conversas difíceis… dos problemas… - ele a encarou se sentindo ofendido, mas ele havia pedido por aquilo e neste momento não havia mais nenhum controle de impulsos.

—Fica fácil dizer isso, quando se tem apenas 11 anos de idade - ele também estava na defensiva agora…

—Bem, não é como se tivessem sido os melhores anos da minha vida, você sabe… não foram 11 anos fáceis Antony - ela devolveu ao destacar o que ele e todos ali já conheciam.

—Não foram 1000 anos fáceis… - ele zangou-se e Shara nunca o havia visto agir daquela forma.

—CHEGA - seu pai gritou para ambos…. – OS DOIS... FORA! – ele mandou

—Você mente quando convém… - ela sussurrou, era tarde demais para parar.

—Pela milésima vez, eu não menti… - agora ele a encarava havia muito mais em seus olhos - como bem pode ver a maldita adaga não está aqui e eu não sei onde ela possa estar, eu não a peguei… e eu não menti sobre o que acha que menti a sua mãe, eu… omiti fatos admito… mas uma omissão que foi necessária, afinal qual o sentido de revelar algo assim para ela, para você… já não basta todo o resto Shara, a lenda, os perigos e tudo mais… eu estava apenas a protegendo, protegendo você… a sua história, a dela… já foi cruel o bastante - Antony disse em sua defesa, mas ainda assim ele mentia… - você é uma garotinha insolente e me envergonha...

—Eu… não me refiro a adaga… - ela o cortou - “afinal por qual motivo eu manteria um artefato repleto de magia ancestral comigo?” Não foi o que me disse a pouco na enfermaria? - ela perguntou em tom de acusação - pois bem, eu me refiro a outro artefato… a esfera de Atena… é um artefato repleto de magia ancestral, perigoso e você o mantém consigo… talvez devesse se envergonhar disso também - ela expos e Antony recuou… suspirando.

—Estou perto de azara-los – aquele era o pior tom de voz, usado pelo seu pai e qualquer um com alguma sanidade mental, teria parado no mesmo instante, mas Antony ergueu a mão para ele...

—Um instante Severo – Antony disse com ousadia - está certa, eu menti sobre isso… menti, está satisfeita? - ele ergueu as mãos em confissão - eu a devolveria… assim que o ritual fosse realizado eu a devolveria… eu apenas, a mantive comigo, pois assim que me tornasse mortal novamente, eu poderia usa-la, admito minha fraqueza… eu a usaria sim, uma única vez… com um único intuito… eu queria me certificar sobre o futuro, o futuro que planejo ao lado de Catie e então eu contaria a ela a verdade ao meu respeito e depois faria a proposta… o casamento - ele informou - esse é o meu tempo e essa é a minha vida e eu escolho o que fazer com ela… mas pelo seu olhar, vejo que está me julgando - sim e ela estava, não pelo tempo que ele entregaria em troca de uma maldita visão… ele estava certo sobre o tempo ser dele afinal… mas aquilo era sobre o impacto que isso causaria na vida de sua amiga agora completamente apaixonada por ele, e isso a deixou com ainda mais raiva.

—Covarde - ela o acusou - sabe Antony … precisa sustentar melhor suas escolhas, ou você se torna mortal e vive como um, e bem… convenhamos mas nós simplesmente não sabemos como será o futuro e ainda assim não deixamos de fazer escolhas… ou simplesmente esqueça Catie - ela disse com grosseria - o coração dela não é um brinquedo… ou o que pensa em fazer com aquilo que ver na visão, caso o futuro não se revele ser aquilo que espera, caso não seja tão promissor... heim?… deixá-la…? - ela apontou o dedo para ele, aparentemente era o que ele pensava fazer - COVARDE - ela exclamou com ainda mais ênfase, aquela era mais uma das muitas decepções em um único dia… então sem dizer mais nada ela se virou e saiu… seus olhos estavam ofuscados pelas lágrimas, e ela se viu perdida, assim que a gárgula a libertou no corredor vazio… - hipócrita - ela disse em voz alta… num rompante de frustração... todos eles...

—Não… - ele disse - definitivamente você não vai sair assim, sem ouvir algumas verdades a respeito - Antony havia ido atrás dela… ela bufou... se virando para ele - você não sabe como é viver a minha vida miserável - ele estava bravo… muito bravo - eu já perdi pessoas demais, e não vou sustentar isso… e se eu souber que a perderei no meio do caminho… me chame do que quiser, mas eu não irei…

—Essa é a vida real Antony… - Shara viu seu pai se aproximando agora ainda mais impaciente - é meio decepcionante eu sei - ela explodiu - pessoas reais morrem Antony, pessoas que você ama MORREM - ela gritou para ele.

—Acredite Shara, eu sei muito bem disso… e é por isso que não posso, é por isso que… - ele bufou - o que espera que eu… - e então ele parou de falar, suas feições mudaram drasticamente, seu olhar parecia de puro desespero agora, indo além dela… e pela ausência de seja lá o que ele fosse dizer, Shara fez…

—Bom já que disse… eu espero… - ela estudou Antony atordoado, e seu pai sinalizou negativamente com a cabeça em sua direção, mas ela não iria parar agora - honestamente eu espero… que seja homem o suficiente e conte a verdade a ela, conte a Catie… conte sobre o seu passado, conte sobre sua história com Medusa, conte sobre a filha que vocês tiveram… seja honesto, encare a realidade… e faça isso… faça antes do ritual… ela merece saber - Shara disse por fim… ouvindo o barulho de algo caindo atrás de si… Shara se virou assustada, livros… haviam livros espalhados pelo chão, então ela olhou e encontrou os olhos da amiga, Catie os havia deixado cair… ela havia ouvido...

—Quem é Medusa? - Catie perguntou confusa - você tem uma filha? - ela parecia pensar sobre isso… - que ritual? - ela olhava diretamente para Antony com um semblante triste, Shara fechou os olhos, estava tão obcecada em dizer o que sentia, que havia ignorado os sinais… e agora havia simplesmente estragado tudo, de novo… seu pai estava assistindo a apenas alguns metros, ele havia tentado alertá-la… ele caminhou até sua direção, dessa vez a puxando pelo braço, num toque não mais tão gentil…

—É o bastante por hoje - ele disse num rosnado e ela se deixou levar… sendo arrastada por ele, sim ele estava certo, era o bastante... aquela era uma parte dela que deveria mesmo ser temida, e não ela não falava de sua magia. 


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Notas finais do capítulo

Merlin... isso que dá quando se constrói um enredo tão longo, cheio de plots... e de pontas soltas.
Fico na obrigação de responder cada uma delas, e esse capitulo fala basicamente da magia antiga e de o por que ela é considerada tão perigosa por todos, e Beta traz isso a tona, de forma tão espontânea sendo apenas um conhecimento adicional, mas isso era algo que não havia sido respondido até então, eu sabia que entrelaçar isso com as suspeitas (e depois confirmação) sobre Godric Gryffindor e sua espada, seria um desafio em tanto, ousado até... contudo casou perfeitamente já que esse é basicamente o principio da espada, sim isso é exatamente o que ela faz, e por essa razão que ela foi usada (anos depois) para derrotar as horcrux, já que ela absorveu as propriedades do veneno de basilisco, que como sabemos em a câmara secreta foi fundamental para destruir o diário de Tom Riddle. Então tudo se encaixou, e nessa fic isso se tornou o principio da magia antiga e justifica também o poder de todos que a possuem (Maeva, Elza, Antony a hidra... enfim) Check nessa parte haha

E aqui vemos Dumbledore usado pela primeira vez o termo "semi Deus" isso dá quase um Crossover com Percy Jackson (ok não eu não vou fazer isso, mas seguindo a logica Shara e ele seriam parentes hahaha - Poseidon seu safadinho, deixa Atena saber disso, sabemos que ela é má kkk)

Enfim, dito isso temos verdades duras de engolir aqui e é com muito prazer que apresento um capitulo onde coloco todas as minhas percepções e frustrações sobre Dumbledore na mesa, sim... é assim que eu o enxergo (já disse isso antes) manipulador SIM, lembrando que esse é meu ponto de vista, sinta-se a vontade para discordar... e aqui as tramas ficam claras, literalmente para leigo ver, não sei dizer se defendo, vejo que em toda a narrativa (no cânon original por exemplo) ele tenha suas razões... mas é desonesto, como Shara pontuou.

E para fechar, meu coração doeu em escrever esse embate de Shara com Antony... e aqui sim eu defendo tanto ela como defendo ele, enfim... façam terapia todos vocês!

E não podíamos encerrar essa história, com um romance entre Antony e Catie sem que ela descobrisse a verdade sobre o passado dele, não seria justo... e agora ela vai saber e ok isso foi da pior forma possível, mas obriga Antony a contar, espero que ele faça e que ela o perdoe.

Obrigaduuu



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